Pindorama estreia no Carnaval Virtual recontando a História do Brasil

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A GRESV Pindorama já tem enredo para sua estreia no Grupo de Acesso do Carnaval Virtual. A escola foi fundada no ano passado numa parceria entre Leonardo Antan, Thiago Avis e Rodrigo Brasil. O nome escolhido junto com as cores verde, azul e branco ressalta a preocupação da agremiação em retratar temáticas ligadas às estranhas […]

POR Carnaval Virtual26/04/2017|6 min de leitura

Pindorama estreia no Carnaval Virtual recontando a História do Brasil

Foto: Divulgação

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A GRESV Pindorama já tem enredo para sua estreia no Grupo de Acesso do Carnaval Virtual. A escola foi fundada no ano passado numa parceria entre Leonardo Antan, Thiago Avis e Rodrigo Brasil. O nome escolhido junto com as cores verde, azul e branco ressalta a preocupação da agremiação em retratar temáticas ligadas às estranhas do Brasil, sua História e seus personagens.

O enredo escolhido seguirá essa linha. Com o título “Lá vem o Brasil descendo a ladeira”, a alegoria criada narrará a trajetória do menino Brasil, um jovem morador de comunidade que não sabe sua origem até a poderosa mãe de santo do morro revelar, através dos búzios, tudo sobre o nascimento do menino. A partir daí se cria uma analogia entre o menino Brasil e a história do nosso país, que será contada como se fosse o lugar onde o garoto vive.

“A aposta é num desfile que junte um cárater histórico e crítico, mas com muito bom humor, para marcar presença em nossa estreia no carnaval virtual”, apostam os membros da Pindorama.

A sinopse abaixo serve como um prólogo da história a ser contada, a primeira das quatro cenas em que são divididas o enredo contando as história dos dois Brasis.

Confira:

Sinopse – Um breve prólogo

Por Leonardo Antan e Thiago Avis

Cena 1.

O sol nasce. O menino desce as escadas com sua bola no pé.

– Lá vem o Brasil descendo a ladeira! – avistou a Maria com a lata d’água na cabeça.

– Quem desce do morro não morre não asfalto! – gritava seu Manuel da padaria.

Era assim todo dia que o Brasil descia do morro com sua camisa amarelo canário e sua companheira redonda. Cabelo preto escorrido, a face negra, os olhos claros, em seu rosto trazia a herança negro-branco-indígena. Um jovem cheio de esperança para o seu futuro, mas com uma grande bagagem no seu passado também. Ele carregava em si a ancestralidade de todas as culturas. E não é de hoje que ele vem descendo morro a baixo. Lá se vão séculos.

Ele tenta equilibrar-se com o peso de ser quem é, de trazer consigo a memória de tantos povos, mas ele ainda não sabe o que fazer com ela. A verdade é que nosso menino apesar de já estar na idade escolar, não aprendeu a ler uma linha sequer. O Brasil só sabe as coisas de ouvir dizer, ingênuo como ele só, acredita em qualquer história que lhe contam.

Sua vida mudou no dia em que feliz, fazendo embaixadinhas com sua bola, ele seguia morro abaixo mais uma vez. Até que a mãe de santo mais respeitada, e temida, do morro inteiro parou diante dele. O menino gelou com a visão daquele senhora a sua frente com todas as suas guias. Ela o encarou e, então, disse:

– Vem cá, Brasil! Deixa eu ler a sua mão, menino, que grande destino reservaram pra você?!

O jovem sonhador gelou na mesma hora. Órfão, ele não sabia nem de seu passado, quem eram seus pais. Como poderia saber de seu futuro?

O Brasil havia crescido no meio de uma família portuguesa, seu Tio Manuel jurava de pés juntos que seu pai era um tal de Cabral, que havia chegado numa caravela.

Mas como ele podia pertencer aquela família? Ele não podia provar, mas desconfiava que sua verdadeira família não era aquela. Como ele tão escuro podia ter saído dali?

– Você não quer saber a sua história? – a imponente mãe de santo disse o chamando.

O jovem menino verde-e-amarelo pegou sua bola e seguiu a senhora. Chegando em seu terreiro, ela abriu os búzios que revelavam toda a verdade desconhecida do menino. A história que o Brasil não conhecia de si mesmo, que não estava no seu registro, que não estava nos livros didáticos. A história marginal do Brasil.

– Isto aqui o que é? – perguntou o pequeno sonhador diante do oráculo.

– Não se engane, não menino. Os portugueses que dizem ter parido você, são apenas uma parte da sua história. Muito antes deles

chegarem a esse morro, aqui já era habitado por um povo guerreiro e valente. Uma sociedade organizada, feita por muitos e muitos povos, de diferentes culturas e hábitos. Era a sua irmã mais velha, que se chamava Pindorama.

– Eu tenho irmã? Porque os portugueses nunca me falaram?

– Sim, sua irmã era uma jovem linda, vivia livre pelas matas. Para ela todo dia era carnaval. Muito diziam que ela era intocada, virginal, mas sempre foi uma moça livre e dona de si mesma. Quem inventou isso foi o responsável por acabar com ela. Esses que dizem que são seus verdadeiros pais, mas não se engane. Eles não são. Pelo menos não completamente.

– De onde eu vim então?

– A verdade é que, no final, só restaram os portugueses aqui pelo morro, mas muitos povos passaram e quiseram reivindicar sua paternidade. Você é um menino precioso, Brasil, tem o coração puro e muitas riquezas que não sabe que possuí. Espanhóis, franceses, holandeses… todos queriam um pedaço de você quando ainda era um bebê. Mas não ache que sua irmã foi apenas uma moça indefesa e sucumbiu ao cruel português. Nessa história não existe bem ou mal, todos possuem dois lados. Sua irmã Pindorama teve aliados, mas não resistiu. Jesuítas, bandeirantes, imigrantes, ladrões de toda espécie, africanos escravizados, reis fugidos e nobres guerreiras. Muitos passaram por aqui e todos deixaram esse legado em você, eles fazem de você quem você é. Mesmo com todas os problemas.

– Quem eu sou então?

– Você é filho de todos, Brasil. Traz em seu rosto todas as nações, todos os povos. Não que seu nascimento tenho sido pacífico como alguns acreditam. Mas ficou a versão dos vencedores que ficaram para contar sua história. Só pode se mudar o futuro, quando se conhece o passado.

Cai o pano. Amarelo, azul, verde e branco.

A GRESV Pindorama já tem enredo para sua estreia no Grupo de Acesso do Carnaval Virtual. A escola foi fundada no ano passado numa parceria entre Leonardo Antan, Thiago Avis e Rodrigo Brasil. O nome escolhido junto com as cores verde, azul e branco ressalta a preocupação da agremiação em retratar temáticas ligadas às estranhas do Brasil, sua História e seus personagens.

O enredo escolhido seguirá essa linha. Com o título “Lá vem o Brasil descendo a ladeira”, a alegoria criada narrará a trajetória do menino Brasil, um jovem morador de comunidade que não sabe sua origem até a poderosa mãe de santo do morro revelar, através dos búzios, tudo sobre o nascimento do menino. A partir daí se cria uma analogia entre o menino Brasil e a história do nosso país, que será contada como se fosse o lugar onde o garoto vive.

“A aposta é num desfile que junte um cárater histórico e crítico, mas com muito bom humor, para marcar presença em nossa estreia no carnaval virtual”, apostam os membros da Pindorama.

A sinopse abaixo serve como um prólogo da história a ser contada, a primeira das quatro cenas em que são divididas o enredo contando as história dos dois Brasis.

Confira:

Sinopse – Um breve prólogo

Por Leonardo Antan e Thiago Avis

Cena 1.

O sol nasce. O menino desce as escadas com sua bola no pé.

– Lá vem o Brasil descendo a ladeira! – avistou a Maria com a lata d’água na cabeça.

– Quem desce do morro não morre não asfalto! – gritava seu Manuel da padaria.

Era assim todo dia que o Brasil descia do morro com sua camisa amarelo canário e sua companheira redonda. Cabelo preto escorrido, a face negra, os olhos claros, em seu rosto trazia a herança negro-branco-indígena. Um jovem cheio de esperança para o seu futuro, mas com uma grande bagagem no seu passado também. Ele carregava em si a ancestralidade de todas as culturas. E não é de hoje que ele vem descendo morro a baixo. Lá se vão séculos.

Ele tenta equilibrar-se com o peso de ser quem é, de trazer consigo a memória de tantos povos, mas ele ainda não sabe o que fazer com ela. A verdade é que nosso menino apesar de já estar na idade escolar, não aprendeu a ler uma linha sequer. O Brasil só sabe as coisas de ouvir dizer, ingênuo como ele só, acredita em qualquer história que lhe contam.

Sua vida mudou no dia em que feliz, fazendo embaixadinhas com sua bola, ele seguia morro abaixo mais uma vez. Até que a mãe de santo mais respeitada, e temida, do morro inteiro parou diante dele. O menino gelou com a visão daquele senhora a sua frente com todas as suas guias. Ela o encarou e, então, disse:

– Vem cá, Brasil! Deixa eu ler a sua mão, menino, que grande destino reservaram pra você?!

O jovem sonhador gelou na mesma hora. Órfão, ele não sabia nem de seu passado, quem eram seus pais. Como poderia saber de seu futuro?

O Brasil havia crescido no meio de uma família portuguesa, seu Tio Manuel jurava de pés juntos que seu pai era um tal de Cabral, que havia chegado numa caravela.

Mas como ele podia pertencer aquela família? Ele não podia provar, mas desconfiava que sua verdadeira família não era aquela. Como ele tão escuro podia ter saído dali?

– Você não quer saber a sua história? – a imponente mãe de santo disse o chamando.

O jovem menino verde-e-amarelo pegou sua bola e seguiu a senhora. Chegando em seu terreiro, ela abriu os búzios que revelavam toda a verdade desconhecida do menino. A história que o Brasil não conhecia de si mesmo, que não estava no seu registro, que não estava nos livros didáticos. A história marginal do Brasil.

– Isto aqui o que é? – perguntou o pequeno sonhador diante do oráculo.

– Não se engane, não menino. Os portugueses que dizem ter parido você, são apenas uma parte da sua história. Muito antes deles

chegarem a esse morro, aqui já era habitado por um povo guerreiro e valente. Uma sociedade organizada, feita por muitos e muitos povos, de diferentes culturas e hábitos. Era a sua irmã mais velha, que se chamava Pindorama.

– Eu tenho irmã? Porque os portugueses nunca me falaram?

– Sim, sua irmã era uma jovem linda, vivia livre pelas matas. Para ela todo dia era carnaval. Muito diziam que ela era intocada, virginal, mas sempre foi uma moça livre e dona de si mesma. Quem inventou isso foi o responsável por acabar com ela. Esses que dizem que são seus verdadeiros pais, mas não se engane. Eles não são. Pelo menos não completamente.

– De onde eu vim então?

– A verdade é que, no final, só restaram os portugueses aqui pelo morro, mas muitos povos passaram e quiseram reivindicar sua paternidade. Você é um menino precioso, Brasil, tem o coração puro e muitas riquezas que não sabe que possuí. Espanhóis, franceses, holandeses… todos queriam um pedaço de você quando ainda era um bebê. Mas não ache que sua irmã foi apenas uma moça indefesa e sucumbiu ao cruel português. Nessa história não existe bem ou mal, todos possuem dois lados. Sua irmã Pindorama teve aliados, mas não resistiu. Jesuítas, bandeirantes, imigrantes, ladrões de toda espécie, africanos escravizados, reis fugidos e nobres guerreiras. Muitos passaram por aqui e todos deixaram esse legado em você, eles fazem de você quem você é. Mesmo com todas os problemas.

– Quem eu sou então?

– Você é filho de todos, Brasil. Traz em seu rosto todas as nações, todos os povos. Não que seu nascimento tenho sido pacífico como alguns acreditam. Mas ficou a versão dos vencedores que ficaram para contar sua história. Só pode se mudar o futuro, quando se conhece o passado.

Cai o pano. Amarelo, azul, verde e branco.

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