Sobô Nirê Mafá – Malandros apresenta o seu enredo 2023
15ª colocada no carnaval passado, o GRESV Malandros divulgou o enredo que levará para a disputa do Grupo Especial do Carnaval Virtual em 2023. “Sobô Nirê Mafá – Salve a coroa de Reis Malunguinho”, de autoria de Marlon Sanderson e Daniele Cabral, é o enredo que a vermelha e branca do Rio de Janeiro/RJ falará […]
POR Carnaval Virtual29/04/2023|7 min de leitura
15ª colocada no carnaval passado, o GRESV Malandros divulgou o enredo que levará para a disputa do Grupo Especial do Carnaval Virtual em 2023. “Sobô Nirê Mafá – Salve a coroa de Reis Malunguinho”, de autoria de Marlon Sanderson e Daniele Cabral, é o enredo que a vermelha e branca do Rio de Janeiro/RJ falará do último líder malunguinho, João Batista, e toda a falange da Jurema.
Confira abaixo a sinopse do enredo:
“Sobô Nirê Mafá – Salve a coroa de Reis Malunguinho”
Justificativa:
O enredo da GRESV MALANDROS irá exaltar a figura de Mestre João Batista, mais conhecido como o último líder Malunguinho. No Kimbundo, o termo “malungo” significa amigo, companheiro de bordo. O nome Malunguinho era dado ao líder dos malungos na revolução Pernambucana, mas depois viria a ser o nome de uma das principais falanges de entidades da Jurema Sagrada no Nordeste brasileiro.
“Sobô Nirê, Reis Malunguinho” – Essa é sua saudação. Malunguinho é saudado como reis, no plural, por não representar apenas um, mas vários reis. Em nossa escola, saudaremos Malunguinho em suas diversas facetas. Malunguinho é guerreiro, é caboclo, é juremeiro, é exu, e é herói nacional. Sua essência vive em cada um que luta pelos direitos de sua gente, e cada novo líder também ascende como um Novo Malungo em nossa sociedade.
“Ô Malunguinho me afirme o ponto, ô Malunguinho me abra a mesa. Eu quero um ponto nessa casa, quero um ponto de defesa”.
Sinopse:
GUERREIRO
“19 Malunguinhos, catucando o passado me embrenhei pela mata. Catucá, de Beberibe a Goiana, Quilombo vivo dentro de nós. Malunguinho. Divindade Quilombola. Rei da mata!”
Lutas pernambucanas, revoltas e reviravoltas! É neste solo que nasce o Quilombo de Catucá! Recanto de resistência e acolhimento de pretos escravizados. Terra de lutas conquistadas e liberdades alcançadas. Templo da diversidade de fé e das manifestações de axé! E as mãos que lideram os sonhos desse povo são as mãos de João Batista, o Malunguinho, chefe a guerrear em favor de seu povo. Sob sua liderança, os exímios guerreiros do quilombo desenvolveram táticas contra invasores. Fronte a sobrevivência do existir, estrepes fincados!
CABOCLO
“Na mata tem um caboclo com a preaca na mão, o nome dele é Malunguinho, não mexa com ele não. Malunguinho na mata é rei”
Um dia, em uma invasão mata adentro, Malunguinho foi ferido e escapou de ser morto ao entrar na floresta. Lá, foi resgatado pelos indígenas, cujos saberes lhe curaram a alma, sararam as feridas e extirparam mazelas. Neste período, a aldeia foi sua nova casa, e foi um tempo de grande aprendizado! Assim, a miscigenação de suas raízes soberanas pretas com a cultura indígena lhe despertou para a ciência mística da Jurema, e Malunguinho assume a missão de proteger as matas de Catucá e de combater a intolerância que derramava sangue de seus irmãos.
EXU
“Portão de ferro, portão de ouro. Corra, corra, Malunguinho, traga a chave do tesouro”.
Abre caminhos! Destranca estradas! Temido por senhores brancos, Malunguinho é o portador da chave mágica que quebrava grilhões e correntes e que soltava irmãos de cor dos cativeiros e senzalas. A liberdade ecoou! Trunqueiro! Exu é mensageiro! Faz o elo do povo à linha da Jurema e aos encantados da floresta. Ninguém entra ou sai nas cidades de Jucá, um dos reinos encantados da Jurema, sem a permissão de Malunguinho! Salve aquele que guarda a porteira!
JUREMEIRO
“Malunguinho tá de ronda, quem mandou foi o Jucá. Malunguinho tá de ronda, que a Jurema manda, ô que a Jurema manda”.
Pise no chão e nos côcos! Sinta a essência da natureza! Ouça o som que ecoa dos maracás e as vibrações dos tambores. A beleza está no milagre da vida, em cada gira para saudar o segundo líder quilombola mais importante desse país. Todo mundo que cultua a Jurema sagrada também cultua Malunguinho. Ele é mestre de nossa nação, desta terra-terreiro que toma ponto de luz através das velas do seu altar. Salve Reis Malunguinho!
HERÓI
“Malunguinho é rei para mim. Malunguinho é rei!”
União de todos pelo mesmo objetivo. Isto é Kipupa! E assim, chega o povo do terreiro para saudar o Herói. Cachimbadas, oferendas e pandeiradas na mata, em um ambiente de revelações e curas espirituais. No chão de Pernambuco, conserva-se a memória de um povo ao relembrar a luta de Malunguinho, o eterno Mestre João. Os Juremeiros entram na gira a bailar feito corpos festivos. O fogo desmiuça a erva e lança a ciência da sagrada fumaça no céu, feito prece alentada nas folhas. Eis o verdadeiro poder do escolhido pela Jurema Sagrada e da espiritualidade encantada! Vamos “kipupar”!
NOVOS MALUNGOS
“Dos terreiros, matéria e espírito. Juremas enraizando outros futuros. Malungo, sangue afro-pernambucano. Descendência guerrilheira. Poesia, militância, negritude. Pelos séculos a mesma luta aflorando outros negros. Malunguinho, Mestre guerreiro!”
É eterna a luta por direitos do povo preto neste país haja vista o racismo epistêmico em nossa cruel sociedade. Até quando novos malungos serão mortos? Morrem no encontro da bala perdida nas favelas e vielas, na miséria das ruas, descriminalizados e marginalizados. Todo dia um quilombo é apedrejado, vilipendiado. Até quando o preconceito irá imperar?
Que a esperança feito fumaça no braseiro Ponto riscado em terreiro fortaleça cada malungo No coração de cada irmão, o legado de Mestre João Seja entoado em um brado de amor, luta e resistência!
Salve a coroa do Reis Malunguinho! Sobô Nirê Mafá! Trunfa Riá!
AGRADECIMENTOS:
Agradecemos ao Juremeiro e Mestre em Ciências da Religião Alexandre L’Omi L’Odò, por toda consultoria e assessoramento prestado à equipe da escola durante o trabalho de pesquisa e confecção da sinopse.
FELIPE PERES CALHEIROS. Malunguinho – Documentário para TV. YouTube, 19 de setembro de 2015. Disponível em: https://youtu.be/SHWQ5Ou-_hg
JOÃO BATISTA; DIOGO MENDES e LUÍS OTÁVIO. Malunguinho – O Guerreiro do Catucá, O Rei da Jurema. YouTube, 07 de abril de 2014. Disponível em: https://youtu.be/OvQpnTpMIno.
L’ODÒ, Alexandre L’Omi. Juremologia: uma busca etnográfica para sistematização de princípios da Jurema Sagrada. Dissertação de mestrado apresentada no PPGCR da UNICAP. Recife, 2017
POETA MALUNGO. 19 Malunguinhos. Poema recitado no documentário “Malunguinho – O guerreiro de Catucá, o Rei da Jurema”, de João Batista, Diogo Mendes e Luís Otávio. Disponível em: https://youtu.be/OvQpnTpMIno.
15ª colocada no carnaval passado, o GRESV Malandros divulgou o enredo que levará para a disputa do Grupo Especial do Carnaval Virtual em 2023. “Sobô Nirê Mafá – Salve a coroa de Reis Malunguinho”, de autoria de Marlon Sanderson e Daniele Cabral, é o enredo que a vermelha e branca do Rio de Janeiro/RJ falará do último líder malunguinho, João Batista, e toda a falange da Jurema.
Confira abaixo a sinopse do enredo:
“Sobô Nirê Mafá – Salve a coroa de Reis Malunguinho”
Justificativa:
O enredo da GRESV MALANDROS irá exaltar a figura de Mestre João Batista, mais conhecido como o último líder Malunguinho. No Kimbundo, o termo “malungo” significa amigo, companheiro de bordo. O nome Malunguinho era dado ao líder dos malungos na revolução Pernambucana, mas depois viria a ser o nome de uma das principais falanges de entidades da Jurema Sagrada no Nordeste brasileiro.
“Sobô Nirê, Reis Malunguinho” – Essa é sua saudação. Malunguinho é saudado como reis, no plural, por não representar apenas um, mas vários reis. Em nossa escola, saudaremos Malunguinho em suas diversas facetas. Malunguinho é guerreiro, é caboclo, é juremeiro, é exu, e é herói nacional. Sua essência vive em cada um que luta pelos direitos de sua gente, e cada novo líder também ascende como um Novo Malungo em nossa sociedade.
“Ô Malunguinho me afirme o ponto, ô Malunguinho me abra a mesa. Eu quero um ponto nessa casa, quero um ponto de defesa”.
Sinopse:
GUERREIRO
“19 Malunguinhos, catucando o passado me embrenhei pela mata. Catucá, de Beberibe a Goiana, Quilombo vivo dentro de nós. Malunguinho. Divindade Quilombola. Rei da mata!”
Lutas pernambucanas, revoltas e reviravoltas! É neste solo que nasce o Quilombo de Catucá! Recanto de resistência e acolhimento de pretos escravizados. Terra de lutas conquistadas e liberdades alcançadas. Templo da diversidade de fé e das manifestações de axé! E as mãos que lideram os sonhos desse povo são as mãos de João Batista, o Malunguinho, chefe a guerrear em favor de seu povo. Sob sua liderança, os exímios guerreiros do quilombo desenvolveram táticas contra invasores. Fronte a sobrevivência do existir, estrepes fincados!
CABOCLO
“Na mata tem um caboclo com a preaca na mão, o nome dele é Malunguinho, não mexa com ele não. Malunguinho na mata é rei”
Um dia, em uma invasão mata adentro, Malunguinho foi ferido e escapou de ser morto ao entrar na floresta. Lá, foi resgatado pelos indígenas, cujos saberes lhe curaram a alma, sararam as feridas e extirparam mazelas. Neste período, a aldeia foi sua nova casa, e foi um tempo de grande aprendizado! Assim, a miscigenação de suas raízes soberanas pretas com a cultura indígena lhe despertou para a ciência mística da Jurema, e Malunguinho assume a missão de proteger as matas de Catucá e de combater a intolerância que derramava sangue de seus irmãos.
EXU
“Portão de ferro, portão de ouro. Corra, corra, Malunguinho, traga a chave do tesouro”.
Abre caminhos! Destranca estradas! Temido por senhores brancos, Malunguinho é o portador da chave mágica que quebrava grilhões e correntes e que soltava irmãos de cor dos cativeiros e senzalas. A liberdade ecoou! Trunqueiro! Exu é mensageiro! Faz o elo do povo à linha da Jurema e aos encantados da floresta. Ninguém entra ou sai nas cidades de Jucá, um dos reinos encantados da Jurema, sem a permissão de Malunguinho! Salve aquele que guarda a porteira!
JUREMEIRO
“Malunguinho tá de ronda, quem mandou foi o Jucá. Malunguinho tá de ronda, que a Jurema manda, ô que a Jurema manda”.
Pise no chão e nos côcos! Sinta a essência da natureza! Ouça o som que ecoa dos maracás e as vibrações dos tambores. A beleza está no milagre da vida, em cada gira para saudar o segundo líder quilombola mais importante desse país. Todo mundo que cultua a Jurema sagrada também cultua Malunguinho. Ele é mestre de nossa nação, desta terra-terreiro que toma ponto de luz através das velas do seu altar. Salve Reis Malunguinho!
HERÓI
“Malunguinho é rei para mim. Malunguinho é rei!”
União de todos pelo mesmo objetivo. Isto é Kipupa! E assim, chega o povo do terreiro para saudar o Herói. Cachimbadas, oferendas e pandeiradas na mata, em um ambiente de revelações e curas espirituais. No chão de Pernambuco, conserva-se a memória de um povo ao relembrar a luta de Malunguinho, o eterno Mestre João. Os Juremeiros entram na gira a bailar feito corpos festivos. O fogo desmiuça a erva e lança a ciência da sagrada fumaça no céu, feito prece alentada nas folhas. Eis o verdadeiro poder do escolhido pela Jurema Sagrada e da espiritualidade encantada! Vamos “kipupar”!
NOVOS MALUNGOS
“Dos terreiros, matéria e espírito. Juremas enraizando outros futuros. Malungo, sangue afro-pernambucano. Descendência guerrilheira. Poesia, militância, negritude. Pelos séculos a mesma luta aflorando outros negros. Malunguinho, Mestre guerreiro!”
É eterna a luta por direitos do povo preto neste país haja vista o racismo epistêmico em nossa cruel sociedade. Até quando novos malungos serão mortos? Morrem no encontro da bala perdida nas favelas e vielas, na miséria das ruas, descriminalizados e marginalizados. Todo dia um quilombo é apedrejado, vilipendiado. Até quando o preconceito irá imperar?
Que a esperança feito fumaça no braseiro Ponto riscado em terreiro fortaleça cada malungo No coração de cada irmão, o legado de Mestre João Seja entoado em um brado de amor, luta e resistência!
Salve a coroa do Reis Malunguinho! Sobô Nirê Mafá! Trunfa Riá!
AGRADECIMENTOS:
Agradecemos ao Juremeiro e Mestre em Ciências da Religião Alexandre L’Omi L’Odò, por toda consultoria e assessoramento prestado à equipe da escola durante o trabalho de pesquisa e confecção da sinopse.
FELIPE PERES CALHEIROS. Malunguinho – Documentário para TV. YouTube, 19 de setembro de 2015. Disponível em: https://youtu.be/SHWQ5Ou-_hg
JOÃO BATISTA; DIOGO MENDES e LUÍS OTÁVIO. Malunguinho – O Guerreiro do Catucá, O Rei da Jurema. YouTube, 07 de abril de 2014. Disponível em: https://youtu.be/OvQpnTpMIno.
L’ODÒ, Alexandre L’Omi. Juremologia: uma busca etnográfica para sistematização de princípios da Jurema Sagrada. Dissertação de mestrado apresentada no PPGCR da UNICAP. Recife, 2017
POETA MALUNGO. 19 Malunguinhos. Poema recitado no documentário “Malunguinho – O guerreiro de Catucá, o Rei da Jurema”, de João Batista, Diogo Mendes e Luís Otávio. Disponível em: https://youtu.be/OvQpnTpMIno.