Yaô D’Angola é o enredo da Estrela Guia para o Carnaval Virtual 2023
O GRESV Estrela Guia anunciou o enredo que levará em busca de seu primeiro título no Grupo Especial do Carnaval Virtual. De autoria do carnavalesco Thiago Santos, a escola de Santos/SP irá apresentar o enredo “Yaô D’Angola”, uma viagem pela galinha d’angola, animal sagrado no Candomblé. Confira abaixo a sinopse do enredo divulgada pela agremiação: […]
POR Carnaval Virtual07/05/2023|6 min de leitura
O GRESV Estrela Guia anunciou o enredo que levará em busca de seu primeiro título no Grupo Especial do Carnaval Virtual.
De autoria do carnavalesco Thiago Santos, a escola de Santos/SP irá apresentar o enredo “Yaô D’Angola”, uma viagem pela galinha d’angola, animal sagrado no Candomblé.
Confira abaixo a sinopse do enredo divulgada pela agremiação:
YAÔ D’ANGOLA
Em 2023 o GRESV Estrela Guia canta na avenida virtual a guiné, a galinhola, a pintada, a galinha d’angola. Essa ave originária da África tem nos rituais de candomblé importante simbolismo. Sem ela não existiria vida. É o elemento primordial nos mitos de criação. O alimento de deuses e de homens, a oferenda que propicia o axé e o equilíbrio. Relaciona-se com o começo e com o fim, com a vida e a morte. Nosso enredo é inspirado em três itãs que narram a presença da galinha no momento da criação da terra, de sua criação para espantar morte entre os homens e de sua criação para a prática ritualística da iniciação pelas mãos de Oxum.
SINOPSE
“E no jacutá de preto velho Há uma festa de yaô No jacutá de preto velho Há uma festa de yaô Oi, tem nega de Ogum De Oxalá, de Iemanjá Mucama de Oxossi é caçador Ora viva Nanã, Nanã buruku Mucama de Oxossi é caçador Ora viva Nanã, Nanã buruku Yô, yoô Yô, yoô”
Yaô Pixinguinha
Um dia, o Senhor do infinito, Olorum, chamou à sua presença Oxalá. Disse-lhe que queria criar a terra e pediu-lhe que realizasse tal tarefa. Para a missão, deu-lhe uma concha marinha com areia, uma pomba e uma galinha d’angola. Oxalá desceu e espalhou a areia da concha. Soltou a pomba pelo ar e sobre a terra pôs a galinha que começou a ciscar espalhando a areia que viera na concha e a terra firme se fez por toda parte.
Após a criação do Mundo, Oxalá criou o homem com o barro do fundo da lagoa onde vivia Nanã Buruku. Depois de criado, o homem que até então era imortal, povoou toda a Terra. Cada natureza da terra, cada mistério, tudo era governado pelos orixás. Com atenção e oferendas, tudo o homem conquistava. Mas os seres humanos começaram a se imaginar com os poderes que eram próprios dos orixás. Cansado dos desmandos dos humanos, Oxalá decidiu que os homens deveriam morrer. Cada um num certo tempo, numa certa hora. Então criou Icu, a Morte.
A Morte, assim, andou entre os humanos que desesperados recorreram a Oxalá, rogando-lhe que os ajudasse. Oxalá, então, mandou que fizessem oferendas, que ofertassem uma galinha preta e o pó de giz efum. Fizeram tudo como ordenado. Com o giz pintaram as pontas das penas da galinha preta e em seguida a soltaram no mercado de Exu. Quando a morte viu aquele estranho bicho, assustou-se e imediatamente foi-se embora, deixando em paz o povo. Foi assim que Oxalá fez a galinha-d’angola entre os homens, capaz de espantar a morte.
A civilização humana prosperou e se dividiu em muitos reinos. A ganancia humana criou conquistadores e conquistados, que escravizados cruzavam o oceano que ligava o Reino do Congo na África e a Capitania de Pernambuco no Brasil. Foi assim, nos porões de navios, dividindo espaço entre muitos engradados de galinhas d’angola, que de forma ilegal, chegavam a praia de Porto de galinhas, para o deleite dos senhores dos engenhos de açúcar, os braços pretos para o trabalho forçado nas lavouras de cana e a exótica ave que era uma deliciosa iguaria que empapuçava o paladar colonial.
A chegada dos escravizados no novo continente transformou os ritos aos Orixás. Entre muitos lugares, as roças das terras da Bahia tornaram-se lugares sagrados de iniciação. Mães e pais de santo contavam a seus filhos muitos itãs entre eles um de que Oxun recebeu de Oxalá, a ordem de iniciar o primeiro ser humano no culto aos Orixás. Oxun tratou de seguir todos os preceitos à risca e era Orunmilá, através da consulta ao oráculo, quem traduzia as orientações de Oxalá. Ao fim da cerimônia, verificou-se uma total mudança do iniciado que transformou-se num ser excepcional, com plena dedicação ao culto. Oxun, percebendo que jamais seria possível a obtenção de um ser humano de tantas qualidades, intercedeu junto ao Grande Orixá para que o sacerdote fosse preservado do toque da morte.
Oxalá negou-se a interferir, novamente, no processo de vida e morte, mas que tinha Oxum os mesmos poderes para consagrar símbolos que perpetuassem o ser humano criado. Este símbolo deveria representar o ser humano em qualquer situação, deveria estar em todos os rituais em honra aos Orixás. Representaria, com sua presença, a todos que um dia receberam o sagrado, a ligação entre o seu orí com a sua essência primordial.
Oxum, e os outros orixás escolheram a etun (galinha d’angola). Oxum então, modelou um cone ao qual acrescentou vários elementos e símbolos sacros, e o fixou sobre a cabeça da ave, dando a ela a representação do adoxu, representando aquele que recebeu o ósu. Oxalá então disse que a partir daquele dia, este símbolo nunca mais poderia deixar de existir e de ser usado por todos aqueles que seriam iniciados, para a transmissão de axé em todos os rituais. Qualquer ritual em que ela não estiver presente, não teria validade. Esta ave seria o símbolo dos iniciados, por isso ela nasceria com o ósu, bem como a pintura do efun em sua honra.
A primeira saída dos yaôs no ritual do Oruncó, consiste em saírem do roncó catulados, raspados, adoxados e com o corpo coberto de pintinhas brancas. Simbolicamente renascidos como galinhas d’angola. Eles se movem de cabeça baixa e agrupados em fila e o nome precisa ser pronunciado em voz alta. Dentro do candomblé, cabe à galinha as funções de criar a vida, transferir o axé dos orixás, alimentar o ideal de plenitude, restabelecer o equilíbrio da alma e afugentar a morte.
E yô, yoô Yô, yoô No terreiro de preto velho, iaiá Vamos saravá A quem meu pai? Xangô
Yaô Pixinguinha
O GRESV Estrela Guia anunciou o enredo que levará em busca de seu primeiro título no Grupo Especial do Carnaval Virtual.
De autoria do carnavalesco Thiago Santos, a escola de Santos/SP irá apresentar o enredo “Yaô D’Angola”, uma viagem pela galinha d’angola, animal sagrado no Candomblé.
Confira abaixo a sinopse do enredo divulgada pela agremiação:
YAÔ D’ANGOLA
Em 2023 o GRESV Estrela Guia canta na avenida virtual a guiné, a galinhola, a pintada, a galinha d’angola. Essa ave originária da África tem nos rituais de candomblé importante simbolismo. Sem ela não existiria vida. É o elemento primordial nos mitos de criação. O alimento de deuses e de homens, a oferenda que propicia o axé e o equilíbrio. Relaciona-se com o começo e com o fim, com a vida e a morte. Nosso enredo é inspirado em três itãs que narram a presença da galinha no momento da criação da terra, de sua criação para espantar morte entre os homens e de sua criação para a prática ritualística da iniciação pelas mãos de Oxum.
SINOPSE
“E no jacutá de preto velho Há uma festa de yaô No jacutá de preto velho Há uma festa de yaô Oi, tem nega de Ogum De Oxalá, de Iemanjá Mucama de Oxossi é caçador Ora viva Nanã, Nanã buruku Mucama de Oxossi é caçador Ora viva Nanã, Nanã buruku Yô, yoô Yô, yoô”
Yaô Pixinguinha
Um dia, o Senhor do infinito, Olorum, chamou à sua presença Oxalá. Disse-lhe que queria criar a terra e pediu-lhe que realizasse tal tarefa. Para a missão, deu-lhe uma concha marinha com areia, uma pomba e uma galinha d’angola. Oxalá desceu e espalhou a areia da concha. Soltou a pomba pelo ar e sobre a terra pôs a galinha que começou a ciscar espalhando a areia que viera na concha e a terra firme se fez por toda parte.
Após a criação do Mundo, Oxalá criou o homem com o barro do fundo da lagoa onde vivia Nanã Buruku. Depois de criado, o homem que até então era imortal, povoou toda a Terra. Cada natureza da terra, cada mistério, tudo era governado pelos orixás. Com atenção e oferendas, tudo o homem conquistava. Mas os seres humanos começaram a se imaginar com os poderes que eram próprios dos orixás. Cansado dos desmandos dos humanos, Oxalá decidiu que os homens deveriam morrer. Cada um num certo tempo, numa certa hora. Então criou Icu, a Morte.
A Morte, assim, andou entre os humanos que desesperados recorreram a Oxalá, rogando-lhe que os ajudasse. Oxalá, então, mandou que fizessem oferendas, que ofertassem uma galinha preta e o pó de giz efum. Fizeram tudo como ordenado. Com o giz pintaram as pontas das penas da galinha preta e em seguida a soltaram no mercado de Exu. Quando a morte viu aquele estranho bicho, assustou-se e imediatamente foi-se embora, deixando em paz o povo. Foi assim que Oxalá fez a galinha-d’angola entre os homens, capaz de espantar a morte.
A civilização humana prosperou e se dividiu em muitos reinos. A ganancia humana criou conquistadores e conquistados, que escravizados cruzavam o oceano que ligava o Reino do Congo na África e a Capitania de Pernambuco no Brasil. Foi assim, nos porões de navios, dividindo espaço entre muitos engradados de galinhas d’angola, que de forma ilegal, chegavam a praia de Porto de galinhas, para o deleite dos senhores dos engenhos de açúcar, os braços pretos para o trabalho forçado nas lavouras de cana e a exótica ave que era uma deliciosa iguaria que empapuçava o paladar colonial.
A chegada dos escravizados no novo continente transformou os ritos aos Orixás. Entre muitos lugares, as roças das terras da Bahia tornaram-se lugares sagrados de iniciação. Mães e pais de santo contavam a seus filhos muitos itãs entre eles um de que Oxun recebeu de Oxalá, a ordem de iniciar o primeiro ser humano no culto aos Orixás. Oxun tratou de seguir todos os preceitos à risca e era Orunmilá, através da consulta ao oráculo, quem traduzia as orientações de Oxalá. Ao fim da cerimônia, verificou-se uma total mudança do iniciado que transformou-se num ser excepcional, com plena dedicação ao culto. Oxun, percebendo que jamais seria possível a obtenção de um ser humano de tantas qualidades, intercedeu junto ao Grande Orixá para que o sacerdote fosse preservado do toque da morte.
Oxalá negou-se a interferir, novamente, no processo de vida e morte, mas que tinha Oxum os mesmos poderes para consagrar símbolos que perpetuassem o ser humano criado. Este símbolo deveria representar o ser humano em qualquer situação, deveria estar em todos os rituais em honra aos Orixás. Representaria, com sua presença, a todos que um dia receberam o sagrado, a ligação entre o seu orí com a sua essência primordial.
Oxum, e os outros orixás escolheram a etun (galinha d’angola). Oxum então, modelou um cone ao qual acrescentou vários elementos e símbolos sacros, e o fixou sobre a cabeça da ave, dando a ela a representação do adoxu, representando aquele que recebeu o ósu. Oxalá então disse que a partir daquele dia, este símbolo nunca mais poderia deixar de existir e de ser usado por todos aqueles que seriam iniciados, para a transmissão de axé em todos os rituais. Qualquer ritual em que ela não estiver presente, não teria validade. Esta ave seria o símbolo dos iniciados, por isso ela nasceria com o ósu, bem como a pintura do efun em sua honra.
A primeira saída dos yaôs no ritual do Oruncó, consiste em saírem do roncó catulados, raspados, adoxados e com o corpo coberto de pintinhas brancas. Simbolicamente renascidos como galinhas d’angola. Eles se movem de cabeça baixa e agrupados em fila e o nome precisa ser pronunciado em voz alta. Dentro do candomblé, cabe à galinha as funções de criar a vida, transferir o axé dos orixás, alimentar o ideal de plenitude, restabelecer o equilíbrio da alma e afugentar a morte.
E yô, yoô Yô, yoô No terreiro de preto velho, iaiá Vamos saravá A quem meu pai? Xangô