Com o adiamento dos desfiles, como ficam os profissionais envolvidos no Carnaval e no Festival de Parintins?
O Festival de Parintins sempre foi um grande exportador de artistas para o Carnaval brasileiro. Parte da elaboração e dos movimentos das alegorias e esculturas tem a assinatura de parintinenses. Com o adiamento dos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro e de São Paulo para o feriado de Tiradentes, em 21 de […]
POR Guilherme Queiroz23/02/2022|10 min de leitura
O Festival de Parintins sempre foi um grande exportador de artistas para o Carnaval brasileiro. Parte da elaboração e dos movimentos das alegorias e esculturas tem a assinatura de parintinenses.
O SRzd conversou com alguns dos envolvidos para conferir qual foi a melhor saída encontrada para que a elaboração de ambas as festas não saia prejudicada.
A posição dos bois Garantido e Caprichoso
Membro da Direção Geral do Espetáculo do Boi Garantido, Mencius Melo declarou que o projeto será iniciado pelos profissionais que permaneceram na cidade amazonense e que posteriormente vai contar com as pessoas que estão envolvidas com o Carnaval até abril.
“A gente sabe que existe um efeito cascata nas decisões do Rio de Janeiro e São Paulo. Acreditamos que possamos conciliar. Não são todos os artistas do Festival que estão no Carnaval, mas a gente vai conseguir tocar o projeto a partir do que a gente tem em Parintins e quando as equipes chegarem em sua plenitude de formação, elas entram para dar um suporte ainda mais forte para a construção de todo o projeto artístico”, avaliou.
É possível fazer esse planejamento
“Vamos ajustar o calendário para poder trabalhar com os artistas para que não tenhamos perdas. Uma boa parte desses artistas optaram por não fazer o Carnaval, em razão da pandemia, então vamos ter uma mão de obra que vai poder gerar o projeto de arena. É possível fazer esse planejamento”, concluiu.
Ericky Nakanome, presidente do Conselho de Artes do Boi Caprichoso, ressaltou o impacto da pandemia entre todos os trabalhadores envolvidos nas festas.
“Estamos esperando um Festival extremamente atípico. A pandemia fez com que a comunidade parintinense pensasse o Festival não apenas como festa, mas como potencialidade econômica necessária, e durante este período nós vimos uma crescente das consequências sociais. Hoje há um cenário de trabalhadores que não aceitam a ideia de ganhar apenas uma cesta básica, porque possuem contas para pagar. E essa versão de 2022 tem uma alteração: existe uma rede de trabalhadores que criou uma corrente de após o Festival de Parintins eles irem para o Festival das Tribos Indígenas de Juruti, seguirem para o Festival de Ciranda de Manacapuru e seguida migrarem para as escolas de samba de todo o país. Essa corrente foi quebrada pela pandemia. E com esse adiamento, os quatro meses de confecção do Festival de Parintins vão virar apenas dois meses, podendo comprometer as questões estéticas”, opinou.
Estamos fazendo um boi flexível
Nakanome falou também que o boi-bumbá permanece pronto para enfrentar qualquer situação neste 2022: “Estamos fazendo um boi flexível, grandioso, belo, mas ao mesmo tempo líquido no sentido de se organizar o calendário e o formato que poderá ser feito neste ano”.
Por fim, o artista afirmou que os contextos de cada um dos profissionais envolvidos nas festas devem ser analisados: “Existem três cenários: o primeiro é referente aos artistas que já concluíram seus trabalhos no Carnaval e podem vir agora após fevereiro, o segundo é relacionado aos profissionais que só precisam de um tempo mínimo para fazer a conclusão e a terceira é a respeito das pessoas que vão precisar ficar nas escolas de samba até o desfile de maneira física. Todas essas situações estão sendo dialogadas”.
Mocidade Alegre e Imperatriz Leopoldinense liberam seus profissionais
A presidente da Mocidade Alegre, uma das mais campeãs escolas de samba de São Paulo, Solange Cruz, revelou que a maior parte da sua equipe será dispensada no fim deste mês, retornando dias antes da realização dos desfiles em abril.
“A maioria vai embora no dia 28 de fevereiro e volta nas duas semanas antes dos desfiles para fazer a montagem. Algumas pessoas ficam em São Paulo, mas a maioria vai embora no final deste mês, afinal, eles tem compromisso também com os bois. Nos programamos para isso”, disse.
Cátia Drumond, presidente da Imperatriz Leopoldinense desde 2020, também seguiu a mesma linha adotada pela dirigente paulistana e assegurou que o adiamento não gera nenhum tipo de problema com os seus artistas parintinenses.
“Meu barracão estava com um bom andamento para fevereiro e vamos finalizá-lo. Uma parte [dos profissionais] vai no início de março e volta no fim do mês para fazer o Carnaval aqui no Rio de Janeiro”, informou.
Netto Barbosa, artista plástico, alegorista do Boi Garantido e das escolas de samba Mocidade Alegre e Independente Tricolor, ambas em São Paulo, disse que os seus trabalhos na capital paulista já estão em conclusão.
“No meu caso, a data não afetou o processo em vista ao acordo em busca de alternativa feito entre diretoria e artistas, onde prevaleceu o bom senso em liberar os artistas logo após a conclusão do último carro. No entanto, essa não é a situação da maioria dos artistas que chegaram agora e estão trabalhando no Carnaval, a mudança de data impacta sim, pois os artistas entram nos galpões dos bumbás dia 1º de março e no mês de abril os trabalhos nos galpões estão em ritmo acelerado, tempo em que a mudança de data vai fazer os artistas ainda estarem trabalhando no Carnaval. Isso inviabiliza a participação no festival de muitos artistas, tirando a oportunidade de trabalho de muitos profissionais. Sem falar no grande planejamento estrutural que existe por trás desse grande evento que vai requerer uma nova análise e adequação, inclusive de pessoas que se programam antecipadamente. O calendário cultural do país segue uma linha de planejamento e qualquer alteração de fatores causa um grande impacto. No final das contas, os artistas são os mais prejudicados pois eles terão de se desdobrar para cumprir compromissos que foram firmados anteriormente com essas duas culturas, sem levar em consideração esse imprevisto”, externou o profissional.
Nenhuma diretoria de escola de samba pretende prejudicar os bumbás
“Mas vivencio o dia a dia dos artistas de Parintins e conheço sua capacidade de assimilar dificuldades e transformá-las em vantagem, por isso não tenho dúvida que tanto o Carnaval e o Festival estarão bem assistidos por esses profissionais, eles acharão uma alternativa à contento, considerando que nenhuma diretoria de escola de samba pretende prejudicar os bumbás de Parintins”, ponderou.
Algles Ferreira, artista plástico e alegorista no Boi Caprichoso e do Acadêmicos do Salgueiro, falou da apreensão que sentiu quando houve o anúncio do adiamento do Carnaval e explicou qual foi a decisão tomada pela presidente da vermelha e branca.
“Essa decisão do adiantamento da data de desfile das escolas de samba nos deixou preocupados. Éramos sabedores que poderia ser adiado por conta dessa nossa variante, mas sempre pensamos positivo até mesmo os dirigentes das agremiações transmitiam essa positividade de um desfile na data. Recebemos a notícia do adiamento pelo próprio presidente do Salgueiro, André Vaz, e na mesma hora eu particularmente já pensei em nossa festa e todos preparativos feitos por nossa diretoria, por nosso Conselho de Artes do boi. Todos os artistas do Caprichoso que atuam no Carnaval do Rio já tinham sidos contactados pelo Conselho de Artes, para falar do início da temporada bovina em Parintins e que estariam aguardando nosso retorno após o Carnaval pra repassar a carga de trabalho de cada artista, sendo que a nova data do desfile é em abril, justamente o mês em que em Parintins os bumbás iniciam seu trabalhos”, declarou.
Essa decisão do adiantamento nos deixou preocupados
“Ficou acordado que agora no início do mês de março nós vamos retornar para Parintins e vamos retornar uma semana antes dos desfiles para que possamos finalizar os trabalhos”, revelou.
O Festival de Parintins sempre foi um grande exportador de artistas para o Carnaval brasileiro. Parte da elaboração e dos movimentos das alegorias e esculturas tem a assinatura de parintinenses.
O SRzd conversou com alguns dos envolvidos para conferir qual foi a melhor saída encontrada para que a elaboração de ambas as festas não saia prejudicada.
A posição dos bois Garantido e Caprichoso
Membro da Direção Geral do Espetáculo do Boi Garantido, Mencius Melo declarou que o projeto será iniciado pelos profissionais que permaneceram na cidade amazonense e que posteriormente vai contar com as pessoas que estão envolvidas com o Carnaval até abril.
“A gente sabe que existe um efeito cascata nas decisões do Rio de Janeiro e São Paulo. Acreditamos que possamos conciliar. Não são todos os artistas do Festival que estão no Carnaval, mas a gente vai conseguir tocar o projeto a partir do que a gente tem em Parintins e quando as equipes chegarem em sua plenitude de formação, elas entram para dar um suporte ainda mais forte para a construção de todo o projeto artístico”, avaliou.
É possível fazer esse planejamento
“Vamos ajustar o calendário para poder trabalhar com os artistas para que não tenhamos perdas. Uma boa parte desses artistas optaram por não fazer o Carnaval, em razão da pandemia, então vamos ter uma mão de obra que vai poder gerar o projeto de arena. É possível fazer esse planejamento”, concluiu.
Ericky Nakanome, presidente do Conselho de Artes do Boi Caprichoso, ressaltou o impacto da pandemia entre todos os trabalhadores envolvidos nas festas.
“Estamos esperando um Festival extremamente atípico. A pandemia fez com que a comunidade parintinense pensasse o Festival não apenas como festa, mas como potencialidade econômica necessária, e durante este período nós vimos uma crescente das consequências sociais. Hoje há um cenário de trabalhadores que não aceitam a ideia de ganhar apenas uma cesta básica, porque possuem contas para pagar. E essa versão de 2022 tem uma alteração: existe uma rede de trabalhadores que criou uma corrente de após o Festival de Parintins eles irem para o Festival das Tribos Indígenas de Juruti, seguirem para o Festival de Ciranda de Manacapuru e seguida migrarem para as escolas de samba de todo o país. Essa corrente foi quebrada pela pandemia. E com esse adiamento, os quatro meses de confecção do Festival de Parintins vão virar apenas dois meses, podendo comprometer as questões estéticas”, opinou.
Estamos fazendo um boi flexível
Nakanome falou também que o boi-bumbá permanece pronto para enfrentar qualquer situação neste 2022: “Estamos fazendo um boi flexível, grandioso, belo, mas ao mesmo tempo líquido no sentido de se organizar o calendário e o formato que poderá ser feito neste ano”.
Por fim, o artista afirmou que os contextos de cada um dos profissionais envolvidos nas festas devem ser analisados: “Existem três cenários: o primeiro é referente aos artistas que já concluíram seus trabalhos no Carnaval e podem vir agora após fevereiro, o segundo é relacionado aos profissionais que só precisam de um tempo mínimo para fazer a conclusão e a terceira é a respeito das pessoas que vão precisar ficar nas escolas de samba até o desfile de maneira física. Todas essas situações estão sendo dialogadas”.
Mocidade Alegre e Imperatriz Leopoldinense liberam seus profissionais
A presidente da Mocidade Alegre, uma das mais campeãs escolas de samba de São Paulo, Solange Cruz, revelou que a maior parte da sua equipe será dispensada no fim deste mês, retornando dias antes da realização dos desfiles em abril.
“A maioria vai embora no dia 28 de fevereiro e volta nas duas semanas antes dos desfiles para fazer a montagem. Algumas pessoas ficam em São Paulo, mas a maioria vai embora no final deste mês, afinal, eles tem compromisso também com os bois. Nos programamos para isso”, disse.
Cátia Drumond, presidente da Imperatriz Leopoldinense desde 2020, também seguiu a mesma linha adotada pela dirigente paulistana e assegurou que o adiamento não gera nenhum tipo de problema com os seus artistas parintinenses.
“Meu barracão estava com um bom andamento para fevereiro e vamos finalizá-lo. Uma parte [dos profissionais] vai no início de março e volta no fim do mês para fazer o Carnaval aqui no Rio de Janeiro”, informou.
Netto Barbosa, artista plástico, alegorista do Boi Garantido e das escolas de samba Mocidade Alegre e Independente Tricolor, ambas em São Paulo, disse que os seus trabalhos na capital paulista já estão em conclusão.
“No meu caso, a data não afetou o processo em vista ao acordo em busca de alternativa feito entre diretoria e artistas, onde prevaleceu o bom senso em liberar os artistas logo após a conclusão do último carro. No entanto, essa não é a situação da maioria dos artistas que chegaram agora e estão trabalhando no Carnaval, a mudança de data impacta sim, pois os artistas entram nos galpões dos bumbás dia 1º de março e no mês de abril os trabalhos nos galpões estão em ritmo acelerado, tempo em que a mudança de data vai fazer os artistas ainda estarem trabalhando no Carnaval. Isso inviabiliza a participação no festival de muitos artistas, tirando a oportunidade de trabalho de muitos profissionais. Sem falar no grande planejamento estrutural que existe por trás desse grande evento que vai requerer uma nova análise e adequação, inclusive de pessoas que se programam antecipadamente. O calendário cultural do país segue uma linha de planejamento e qualquer alteração de fatores causa um grande impacto. No final das contas, os artistas são os mais prejudicados pois eles terão de se desdobrar para cumprir compromissos que foram firmados anteriormente com essas duas culturas, sem levar em consideração esse imprevisto”, externou o profissional.
Nenhuma diretoria de escola de samba pretende prejudicar os bumbás
“Mas vivencio o dia a dia dos artistas de Parintins e conheço sua capacidade de assimilar dificuldades e transformá-las em vantagem, por isso não tenho dúvida que tanto o Carnaval e o Festival estarão bem assistidos por esses profissionais, eles acharão uma alternativa à contento, considerando que nenhuma diretoria de escola de samba pretende prejudicar os bumbás de Parintins”, ponderou.
Algles Ferreira, artista plástico e alegorista no Boi Caprichoso e do Acadêmicos do Salgueiro, falou da apreensão que sentiu quando houve o anúncio do adiamento do Carnaval e explicou qual foi a decisão tomada pela presidente da vermelha e branca.
“Essa decisão do adiantamento da data de desfile das escolas de samba nos deixou preocupados. Éramos sabedores que poderia ser adiado por conta dessa nossa variante, mas sempre pensamos positivo até mesmo os dirigentes das agremiações transmitiam essa positividade de um desfile na data. Recebemos a notícia do adiamento pelo próprio presidente do Salgueiro, André Vaz, e na mesma hora eu particularmente já pensei em nossa festa e todos preparativos feitos por nossa diretoria, por nosso Conselho de Artes do boi. Todos os artistas do Caprichoso que atuam no Carnaval do Rio já tinham sidos contactados pelo Conselho de Artes, para falar do início da temporada bovina em Parintins e que estariam aguardando nosso retorno após o Carnaval pra repassar a carga de trabalho de cada artista, sendo que a nova data do desfile é em abril, justamente o mês em que em Parintins os bumbás iniciam seu trabalhos”, declarou.
Essa decisão do adiantamento nos deixou preocupados
“Ficou acordado que agora no início do mês de março nós vamos retornar para Parintins e vamos retornar uma semana antes dos desfiles para que possamos finalizar os trabalhos”, revelou.