Perfil: Felipe Nascimento e o seu samba de ‘doutor’

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O Carnaval do Rio de Janeiro de 2017 vai apresentar uma leva de passistas masculinos entre 18 e 25 anos que pode fazer história.  São talentos espalhados em várias escolas de samba consagradas. É o caso de Felipe Santos do Nascimento, 24 anos, mais conhecido com Felipe Nascimento. Tão jovem e já é professor de samba no pé, […]

POR Sidney Rezende07/01/2017|6 min de leitura

Perfil: Felipe Nascimento e o seu samba de ‘doutor’

Felipe Nascimento. Foto: J.M.Arruda

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O Carnaval do Rio de Janeiro de 2017 vai apresentar uma leva de passistas masculinos entre 18 e 25 anos que pode fazer história.  São talentos espalhados em várias escolas de samba consagradas. É o caso de Felipe Santos do Nascimento, 24 anos, mais conhecido com Felipe Nascimento.

Tão jovem e já é professor de samba no pé, dança de salão e promotor de saúde na clínica da família Josuete Sant’anna de Oliveira. Ele próprio tem um projeto de dança de salão voltado para idosos. É uma parceria com o Nasf (Núcleo de Apoio à Clínica da Família), e essa aula é totalmente gratuita.

“Com o intuito de movimentar e melhorar a saúde dos idosos, o núcleo foi criado por mim e não tem fins lucrativos e sim sentimental (amor à arte)”, diz Nascimento.

Mas como foi sua trajetória?

Felipe Nascimento. Foto: Arquivo pessoal
Felipe Nascimento. Foto: Arquivo pessoal

“Aos meus 7 anos de idade, tinha acabado de me mudar para Bento Ribeiro com a minha família, no ano de 1999. Meu tio chegou na minha casa com um jornal dizendo que teria um projeto no Brasil Novo, na rua Dona Clara, em Madureira. Esse projeto era apadrinhado por Viviane Araújo, seus professores eram Nilce Fran, Bisteca, Valci Pelé e Del Freire. Sabendo disso, minha mãe ficou louca, pois era tudo que ela queria quando era pequena e nunca pôde por falta de apoio na família. E, então, ela disse que tudo que ela não teve nós iriamos ter, e foi isso que ela fez, colocou meu irmão Diego Nascimento embaixo do braço e foi a Madureira atrás da tão sonhada vaga. Chegando lá, não tinha mais vaga, mas teria uma reunião. O segurança falou para ela comparecer no dia seguinte, poderia haver alguma desistência e ele poderia entrar no lugar. Antes mesmo de sair dali, o segurança pediu para meu irmão sambar na rua para ver se ele sambava mesmo. O Diego sambou e encantou o segurança. E, assim, começou a nossa história com o ‘projeto primeiro passo’. Minha mãe foi e conseguiu uma vaga para o meu irmão. Eu tive que ficar de fora por limite de idade, mas toda semana estava lá, sempre fazendo tudo que meu irmão fazia, desde pequeno o copiava. Assim, no ano seguinte, conseguiram diminuir o limite de idade, trocaram de sede, indo para o Sesc de Madureira, e eu consegui entrar; muito tímido, mas apaixonado pela arte e sempre atrás do meu irmão”, fala sorrindo.

Felipe Nascimento soube traçar sua própria história com perseverança, mas os obstáculos ainda estavam por vir. O primeiro foi se destacar como passista na “Império do Futuro”. Ele desfilou “queimando em febre”. Doente, mas sem deixar de sentir aquele momento.

“Nunca fui ruim da cabeça e nem doente do pé” 

E o segundo obstáculo estava logo ali, na Caprichosos de Pilares. Mas os “mestres” estavam lá para corrigir eventuais erros. O comando era de Del Freire, Valci Pelé e Nilce Fran.

Felipe Nascimento. Foto: Felipe Araujo
Felipe Nascimento. Foto: Felipe Araujo

Quem pensa que Felipe se restringia suas participações só à Caprichosos está muito enganado. Ele conta: “Continuamos em outras, como Tradição e Aprendizes do Salgueiro, e ficávamos em uma maratona no Carnaval sempre apoiado pelos meus pais, que sempre cortaram um dobrado para nos levar ali. Morávamos em 16 em Bento Ribeiro e sempre foi meu pai que bancou a casa. Mesmo com isso tudo, nunca deixou de colocar um real e apostar na gente. Ele fazia muitos biscates para ter como pagar. Às vezes, não conseguia ver a gente para dar o dinheiro da roupa das nossas apresentações e da fantasia da Tradição que era paga”, relembra emocionado.

Em 2004, começou a história de amor de Felipe Nascimento com a Portela:  “Desfilamos na ala de mestre-sala e porta-bandeira do Galo. No ano seguinte, já estávamos na ala de passistas como ‘passista mirim’. E sem deixar a Caprichosos de Pilares e o Aprendizes do Salgueiro”.

A vida do sambista é cheia de emoções. Nosso herói puxa pela memória um momento especial. “Em uma apresentação da Portela na Cidade do Samba, em que fizemos o número de dança de salão que já éramos iniciados pelo Sandro Santos, tivemos um convite para fazer parte da casa de dança do Carlinhos de Jesus, que, infelizmente, só fiquei pouco tempo pela minha situação financeira. Anos se passaram e vieram viagens para a Argentina, onde fui por dois anos com Queila Mara. Nos últimos dois anos, fui com Nilce Fran (Carnaval de San Luis). No ano passado, com o fim do Carnaval de San Luis, fui convidado para ir a um Carnaval da Argentina, mas em outra cidade, como passista pandeirista. Fiquei muito feliz pelo reconhecimento e, mais ainda, pela premiação que foi me dada de melhor passista do Grupo Especial pelo Prêmio Passista Samba no Pé”.

Felipe Nascimento. Foto: Arquivo pessoal
Felipe Nascimento. Foto: Arquivo pessoal

Felipe não gosta de nenhuma informação importante que não seja lembrada. Quando terminamos o perfil, ele lembrou: “Ah,  esqueci de mencionar que estou no terceiro período da faculdade e cursando Administração”.

Muito bem, Felipe Nascimento, o povão te espera na Avenida no Carnaval 2017 para curtir o seu samba de “doutor”.

Felipe Nascimento. Foto: Justin Scott Parr
Felipe Nascimento. Foto: Justin Scott Parr

O Carnaval do Rio de Janeiro de 2017 vai apresentar uma leva de passistas masculinos entre 18 e 25 anos que pode fazer história.  São talentos espalhados em várias escolas de samba consagradas. É o caso de Felipe Santos do Nascimento, 24 anos, mais conhecido com Felipe Nascimento.

Tão jovem e já é professor de samba no pé, dança de salão e promotor de saúde na clínica da família Josuete Sant’anna de Oliveira. Ele próprio tem um projeto de dança de salão voltado para idosos. É uma parceria com o Nasf (Núcleo de Apoio à Clínica da Família), e essa aula é totalmente gratuita.

“Com o intuito de movimentar e melhorar a saúde dos idosos, o núcleo foi criado por mim e não tem fins lucrativos e sim sentimental (amor à arte)”, diz Nascimento.

Mas como foi sua trajetória?

Felipe Nascimento. Foto: Arquivo pessoal
Felipe Nascimento. Foto: Arquivo pessoal

“Aos meus 7 anos de idade, tinha acabado de me mudar para Bento Ribeiro com a minha família, no ano de 1999. Meu tio chegou na minha casa com um jornal dizendo que teria um projeto no Brasil Novo, na rua Dona Clara, em Madureira. Esse projeto era apadrinhado por Viviane Araújo, seus professores eram Nilce Fran, Bisteca, Valci Pelé e Del Freire. Sabendo disso, minha mãe ficou louca, pois era tudo que ela queria quando era pequena e nunca pôde por falta de apoio na família. E, então, ela disse que tudo que ela não teve nós iriamos ter, e foi isso que ela fez, colocou meu irmão Diego Nascimento embaixo do braço e foi a Madureira atrás da tão sonhada vaga. Chegando lá, não tinha mais vaga, mas teria uma reunião. O segurança falou para ela comparecer no dia seguinte, poderia haver alguma desistência e ele poderia entrar no lugar. Antes mesmo de sair dali, o segurança pediu para meu irmão sambar na rua para ver se ele sambava mesmo. O Diego sambou e encantou o segurança. E, assim, começou a nossa história com o ‘projeto primeiro passo’. Minha mãe foi e conseguiu uma vaga para o meu irmão. Eu tive que ficar de fora por limite de idade, mas toda semana estava lá, sempre fazendo tudo que meu irmão fazia, desde pequeno o copiava. Assim, no ano seguinte, conseguiram diminuir o limite de idade, trocaram de sede, indo para o Sesc de Madureira, e eu consegui entrar; muito tímido, mas apaixonado pela arte e sempre atrás do meu irmão”, fala sorrindo.

Felipe Nascimento soube traçar sua própria história com perseverança, mas os obstáculos ainda estavam por vir. O primeiro foi se destacar como passista na “Império do Futuro”. Ele desfilou “queimando em febre”. Doente, mas sem deixar de sentir aquele momento.

“Nunca fui ruim da cabeça e nem doente do pé” 

E o segundo obstáculo estava logo ali, na Caprichosos de Pilares. Mas os “mestres” estavam lá para corrigir eventuais erros. O comando era de Del Freire, Valci Pelé e Nilce Fran.

Felipe Nascimento. Foto: Felipe Araujo
Felipe Nascimento. Foto: Felipe Araujo

Quem pensa que Felipe se restringia suas participações só à Caprichosos está muito enganado. Ele conta: “Continuamos em outras, como Tradição e Aprendizes do Salgueiro, e ficávamos em uma maratona no Carnaval sempre apoiado pelos meus pais, que sempre cortaram um dobrado para nos levar ali. Morávamos em 16 em Bento Ribeiro e sempre foi meu pai que bancou a casa. Mesmo com isso tudo, nunca deixou de colocar um real e apostar na gente. Ele fazia muitos biscates para ter como pagar. Às vezes, não conseguia ver a gente para dar o dinheiro da roupa das nossas apresentações e da fantasia da Tradição que era paga”, relembra emocionado.

Em 2004, começou a história de amor de Felipe Nascimento com a Portela:  “Desfilamos na ala de mestre-sala e porta-bandeira do Galo. No ano seguinte, já estávamos na ala de passistas como ‘passista mirim’. E sem deixar a Caprichosos de Pilares e o Aprendizes do Salgueiro”.

A vida do sambista é cheia de emoções. Nosso herói puxa pela memória um momento especial. “Em uma apresentação da Portela na Cidade do Samba, em que fizemos o número de dança de salão que já éramos iniciados pelo Sandro Santos, tivemos um convite para fazer parte da casa de dança do Carlinhos de Jesus, que, infelizmente, só fiquei pouco tempo pela minha situação financeira. Anos se passaram e vieram viagens para a Argentina, onde fui por dois anos com Queila Mara. Nos últimos dois anos, fui com Nilce Fran (Carnaval de San Luis). No ano passado, com o fim do Carnaval de San Luis, fui convidado para ir a um Carnaval da Argentina, mas em outra cidade, como passista pandeirista. Fiquei muito feliz pelo reconhecimento e, mais ainda, pela premiação que foi me dada de melhor passista do Grupo Especial pelo Prêmio Passista Samba no Pé”.

Felipe Nascimento. Foto: Arquivo pessoal
Felipe Nascimento. Foto: Arquivo pessoal

Felipe não gosta de nenhuma informação importante que não seja lembrada. Quando terminamos o perfil, ele lembrou: “Ah,  esqueci de mencionar que estou no terceiro período da faculdade e cursando Administração”.

Muito bem, Felipe Nascimento, o povão te espera na Avenida no Carnaval 2017 para curtir o seu samba de “doutor”.

Felipe Nascimento. Foto: Justin Scott Parr
Felipe Nascimento. Foto: Justin Scott Parr

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