Perfil: Alex Coutinho, o menino do interior que o samba acolheu

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Rio 40 graus Cidade maravilha Purgatório da beleza E do caos… Cantarolou o refrão acima? Para contar a história do coreógrafo de passistas Alex Coutinho não vamos recorrer só à letra eternizada pela carioquíssima Fernanda Abreu. Vamos gelar o termômetro. Vamos viajar para Estocolmo, Suécia, 22 graus abaixo de zero neste janeiro de 2017. Lá, mora […]

POR Sidney Rezende09/01/2017|8 min de leitura

Perfil: Alex Coutinho, o menino do interior que o samba acolheu

Alex Coutinho. Foto: Eduardo Hollanda

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Rio 40 graus
Cidade maravilha
Purgatório da beleza
E do caos…

Cantarolou o refrão acima? Para contar a história do coreógrafo de passistas Alex Coutinho não vamos recorrer só à letra eternizada pela carioquíssima Fernanda Abreu. Vamos gelar o termômetro. Vamos viajar para Estocolmo, Suécia, 22 graus abaixo de zero neste janeiro de 2017. Lá, mora a passista Mayra Almén, amiga de Alex.

Frio de Estocolmo, Suécia. Foto: Mayra Almén
Frio de Estocolmo, Suécia. Foto: Mayra Almén

Ela sugeriu ao SRzd fazer um perfil deste menino do interior que o samba acolheu. Hoje, no Paraíso do Tuiuti. E lá fomos atrás dele.

Quem é você?

“Sou Alex Coutinho, ao contrário do que a grande maioria pensa, eu não nasci na Cidade Maravilhosa, e, sim, no interior do Rio de Janeiro. Nasci em uma cidade chamada Cambuci. E sempre admirei o Carnaval somente pelo que eu via na televisão. Eu me lembro quando brincávamos eu os meus irmãos Alessandro, Leandra e Miltinho. Nossos pais nos levavam para pular o Carnaval no centro da nossa cidade”, recorda com ternura.

Neste início começava a nascer as “referências”, uma delas, um mestre. “Eu admirava o meu professor Júnior Gabril que sempre vinha de lá para desfilar na Viradouro. Em 2001 para 2002, minha tia me chamou para vir morar com ela na cidade de Duque de Caxias. Foi uma alegria, pois sempre quis vir para o Rio”, diz.

Mas não foi fácil como muitos imaginam. “Foi um período difícil no qual sofri muito com saudades dos meus pais, irmãos e amigos e foi quando passei em frente à quadra da Grande Rio e minha tia me inscreveu para o projeto de casais de mestre-sala e porta-bandeira. Achei curioso ter o segmento da porta-bandeira da Pimpolhos. Estava em casa. Gostei demais e dali não parei. No Carnaval de 2002, deixei de desfilar para poder passar uns dias com a minha família (pois já trabalhava com 13 anos). Mas, de 2002 para 2003, conheci na Grande Rio pessoas mais velhas que me levavam para o samba em outras escolas e me apaixonei, entre elas, pelo Paraíso do Tuiuti”, nesta hora os olhos de Alex Coutinho brilham mais forte.

“Tuiuti foi a 1ª escola que desfilei, no Carnaval de 2003, já como passista; foi com um amigo chamado Robson, também de Caxias, e com uma diretora que admiro e respeito, a Renata, embora não esteja mais no samba”, lembra.

E aí nosso astro não parou mais. “Nos anos seguintes, desfilei em diversas agremiações como Porto da Pedra, Unidos da Tijuca, Vila Isabel, Rocinha, Cubango, Inocentes de Belford Roxo, entre outras. Mas nunca deixei de participar e desfilar pelo Tuiuti, que sempre foi onde me sentia em casa. E 2008 chegou. Neste ano, algo novo aconteceu. Eu entrei de passista no Salgueiro e com auxílio do mestre e professor Carlinhos que amadureci. Graças a essa experiência, fui notado pelo presidente do Tuiuti, Renato Thor. Ele me convidou para coordenar a ala de passistas do Tuiuti e fui aos poucos aprendendo e criando responsabilidades”.

Alex Coutinho. Foto: Produção +Carnaval
Alex Coutinho. Foto: Produção +Carnaval

Mas nada foi fácil. Você já leu esta frase aqui e em todos os demais perfis que contam a trajetória de sucesso de alguém. “Não foi fácil, pois lidar com o ser humano e com as vaidades é uma tarefa difícil, mas tive um braço direito e esquerdo, e tenho até hoje, que é o Thor que nunca deixou faltar nada para que pudesse progredir”.

Mas será que tem muita diferença trabalhar com uma escola do Grupo Especial e outra agremiação com menor estrutura? “Os profissionais que trabalham na Série A não têm tanta visibilidade. Nós decidimos divulgar a ala com a criação de uma festa de passistas como uma grande confraternização que já dura 3 anos de sucesso. De lá para cá, o samba me apresentou uma pessoa, Jorge Amarelloh, que chegou para somar e, mais ainda, me moldar para ser um profissional mais qualificado”.

O trabalho de Alex Coutinho já é reconhecido dentro do meio que atua, e, agora, também fora dele: “Fomos agraciados com sete prêmios conquistados só no ano de 2016. Tem novidades nesta nova era aos passistas do Tuiuti e tive que me desligar após 9 anos como passista do Salgueiro para me dedicar à coordenação e, com isto, o menino que veio do interior está, aos poucos, conquistando bairros, cidades e o mundo”, gargalha sem perder a modéstia.

Alex Coutinho e Ala de Passsitas. Foto: Produção + Carnaval
Alex Coutinho e Ala de Passsitas. Foto: Produção + Carnaval

“Só este ano, fiz viagens a quatro cidades e dois países. Tenho como minha base a Tia Mery, da Porto da Pedra (pelo carinho que ela cuidava dos integrantes da ala); Aldione Senna (pela emoção que me ensinou a colocar no meu samba); Carlinhos do Salgueiro (meu mestre, que formou o profissional que sou); e Renato Thor (Todas as minhas conquistas foram por ele confiar em mim)”, lembra nomes importantes da sua trajetória, mas consciente que está esquecendo muitos outros.

“Hoje tenho duas famílias. Uma, que é a minha base, mas convive pouco comigo e, a outra, que são meus amigos que o samba me deu, o meu companheiro que o samba me deu. Só tenho a agradecer a Deus por tudo e pedir sabedoria e humildade para continuar a trilhar o meu caminho”, conclui.

Bem, se o Carnaval deste ano está com cara de 40 graus, e Alex Coutinho tem fãs até 22 graus abaixo de zero, o que a amiga Mayra Almén pensa dele?

“Eu conheci o Alex através do trabalho dele como diretor de ala de passistas do Tuiuti. Trabalhando com Alex num projeto, fiquei impressionada com o profissionalismo e humildade dele. Para mim, ele é um dos melhores profissionais com quem já trabalhei no Rio. Ele tem uma competência extraordinária, e uma extensa folha de serviços no mundo do samba. O meu desejo é ver o Alex como uma referência internacional da cultura brasileira no exterior”.

Para o menino do interior que o samba acolhe, transitar num planeta inóspito que pode oferecer 22 graus abaixo de zero, ou mais, com picos 40, 41, 42 graus, é quase nada. O jogo está só começando para ele.

Rio 40 graus
Cidade maravilha
Purgatório da beleza
E do caos…

Cantarolou o refrão acima? Para contar a história do coreógrafo de passistas Alex Coutinho não vamos recorrer só à letra eternizada pela carioquíssima Fernanda Abreu. Vamos gelar o termômetro. Vamos viajar para Estocolmo, Suécia, 22 graus abaixo de zero neste janeiro de 2017. Lá, mora a passista Mayra Almén, amiga de Alex.

Frio de Estocolmo, Suécia. Foto: Mayra Almén
Frio de Estocolmo, Suécia. Foto: Mayra Almén

Ela sugeriu ao SRzd fazer um perfil deste menino do interior que o samba acolheu. Hoje, no Paraíso do Tuiuti. E lá fomos atrás dele.

Quem é você?

“Sou Alex Coutinho, ao contrário do que a grande maioria pensa, eu não nasci na Cidade Maravilhosa, e, sim, no interior do Rio de Janeiro. Nasci em uma cidade chamada Cambuci. E sempre admirei o Carnaval somente pelo que eu via na televisão. Eu me lembro quando brincávamos eu os meus irmãos Alessandro, Leandra e Miltinho. Nossos pais nos levavam para pular o Carnaval no centro da nossa cidade”, recorda com ternura.

Neste início começava a nascer as “referências”, uma delas, um mestre. “Eu admirava o meu professor Júnior Gabril que sempre vinha de lá para desfilar na Viradouro. Em 2001 para 2002, minha tia me chamou para vir morar com ela na cidade de Duque de Caxias. Foi uma alegria, pois sempre quis vir para o Rio”, diz.

Mas não foi fácil como muitos imaginam. “Foi um período difícil no qual sofri muito com saudades dos meus pais, irmãos e amigos e foi quando passei em frente à quadra da Grande Rio e minha tia me inscreveu para o projeto de casais de mestre-sala e porta-bandeira. Achei curioso ter o segmento da porta-bandeira da Pimpolhos. Estava em casa. Gostei demais e dali não parei. No Carnaval de 2002, deixei de desfilar para poder passar uns dias com a minha família (pois já trabalhava com 13 anos). Mas, de 2002 para 2003, conheci na Grande Rio pessoas mais velhas que me levavam para o samba em outras escolas e me apaixonei, entre elas, pelo Paraíso do Tuiuti”, nesta hora os olhos de Alex Coutinho brilham mais forte.

“Tuiuti foi a 1ª escola que desfilei, no Carnaval de 2003, já como passista; foi com um amigo chamado Robson, também de Caxias, e com uma diretora que admiro e respeito, a Renata, embora não esteja mais no samba”, lembra.

E aí nosso astro não parou mais. “Nos anos seguintes, desfilei em diversas agremiações como Porto da Pedra, Unidos da Tijuca, Vila Isabel, Rocinha, Cubango, Inocentes de Belford Roxo, entre outras. Mas nunca deixei de participar e desfilar pelo Tuiuti, que sempre foi onde me sentia em casa. E 2008 chegou. Neste ano, algo novo aconteceu. Eu entrei de passista no Salgueiro e com auxílio do mestre e professor Carlinhos que amadureci. Graças a essa experiência, fui notado pelo presidente do Tuiuti, Renato Thor. Ele me convidou para coordenar a ala de passistas do Tuiuti e fui aos poucos aprendendo e criando responsabilidades”.

Alex Coutinho. Foto: Produção +Carnaval
Alex Coutinho. Foto: Produção +Carnaval

Mas nada foi fácil. Você já leu esta frase aqui e em todos os demais perfis que contam a trajetória de sucesso de alguém. “Não foi fácil, pois lidar com o ser humano e com as vaidades é uma tarefa difícil, mas tive um braço direito e esquerdo, e tenho até hoje, que é o Thor que nunca deixou faltar nada para que pudesse progredir”.

Mas será que tem muita diferença trabalhar com uma escola do Grupo Especial e outra agremiação com menor estrutura? “Os profissionais que trabalham na Série A não têm tanta visibilidade. Nós decidimos divulgar a ala com a criação de uma festa de passistas como uma grande confraternização que já dura 3 anos de sucesso. De lá para cá, o samba me apresentou uma pessoa, Jorge Amarelloh, que chegou para somar e, mais ainda, me moldar para ser um profissional mais qualificado”.

O trabalho de Alex Coutinho já é reconhecido dentro do meio que atua, e, agora, também fora dele: “Fomos agraciados com sete prêmios conquistados só no ano de 2016. Tem novidades nesta nova era aos passistas do Tuiuti e tive que me desligar após 9 anos como passista do Salgueiro para me dedicar à coordenação e, com isto, o menino que veio do interior está, aos poucos, conquistando bairros, cidades e o mundo”, gargalha sem perder a modéstia.

Alex Coutinho e Ala de Passsitas. Foto: Produção + Carnaval
Alex Coutinho e Ala de Passsitas. Foto: Produção + Carnaval

“Só este ano, fiz viagens a quatro cidades e dois países. Tenho como minha base a Tia Mery, da Porto da Pedra (pelo carinho que ela cuidava dos integrantes da ala); Aldione Senna (pela emoção que me ensinou a colocar no meu samba); Carlinhos do Salgueiro (meu mestre, que formou o profissional que sou); e Renato Thor (Todas as minhas conquistas foram por ele confiar em mim)”, lembra nomes importantes da sua trajetória, mas consciente que está esquecendo muitos outros.

“Hoje tenho duas famílias. Uma, que é a minha base, mas convive pouco comigo e, a outra, que são meus amigos que o samba me deu, o meu companheiro que o samba me deu. Só tenho a agradecer a Deus por tudo e pedir sabedoria e humildade para continuar a trilhar o meu caminho”, conclui.

Bem, se o Carnaval deste ano está com cara de 40 graus, e Alex Coutinho tem fãs até 22 graus abaixo de zero, o que a amiga Mayra Almén pensa dele?

“Eu conheci o Alex através do trabalho dele como diretor de ala de passistas do Tuiuti. Trabalhando com Alex num projeto, fiquei impressionada com o profissionalismo e humildade dele. Para mim, ele é um dos melhores profissionais com quem já trabalhei no Rio. Ele tem uma competência extraordinária, e uma extensa folha de serviços no mundo do samba. O meu desejo é ver o Alex como uma referência internacional da cultura brasileira no exterior”.

Para o menino do interior que o samba acolhe, transitar num planeta inóspito que pode oferecer 22 graus abaixo de zero, ou mais, com picos 40, 41, 42 graus, é quase nada. O jogo está só começando para ele.

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