Como a beleza do céu em noite enluarada, a Safira se destaca pela feição misteriosa e rara. Poderíamos estar falando da pedra preciosa encontrada nos Estados Unidos, Índia e Austrália, mas nos referimos a Ellen Beatriz, nossa personagem da série de reportagens ‘Perfil SRzd Carnaval’.
Diferentemente da pedra azul conhecida pelo seu poder tranquilizante e por ser bastante usada em rituais de meditação e concentração, a ‘Safira do Samba’ é uma explosão de energia e se revela nos palcos e quadras de escolas de samba um verdadeiro furacão. Inquieta, Ellen Beatriz começou sua carreira ainda muito nova. Aos 10 anos, já fazia parte do projeto ‘o sonho de Beija-Flor’, onde frequentava religiosamente as aulas todas as terças-feiras e sábados.
Ficava em casa achando que estava imitando a classe de Tia Nilce sambando e sonhando com a hora que eu iria ser passista dela
A contragosto da mãe, Ellen sempre sonhou em ser dançarina. Apoiada pelo pai, que a conduzia até suas aulas de jazz, samba e dança do ventre, a menina sonhadora foi se formando uma artista. Na escola, era a CDF da turma. Tímida as vezes, só deixava a vergonha de lado quando era hora de dançar.
Foi sambando na ala de passistas mirins que ela permaneceu até completar 18 anos. Convidada pela Inocentes de Belford Roxo, em 2012, ela virou passista da Tina Bombom, coreógrafa da ala.
De lá, a ‘Safira do Samba’ foi direto para o Império Serrano, onde desfilou como passista em 2013 e 2014. Tão boa foi a sua atuação que, em 2015, foi convidada para integrar a coordenação da ala de passistas da Verde e Branco de Madureira. Escola que ela revela ser a sua de coração. “Tinha esperado muitos anos da minha vida para estar no Império. Quando eu era criança, meu pai nunca quis me levar e nem me deixar ir. Aquele era o meu momento. É um enorme prazer estar à frente das minhas meninas e dos meus rapazes”, disse Ellen.
Como ídolos, ela revela ter Tia Nilce e Do Valci como os artistas que a inspiraram em sua trajetória de sucesso. “Sempre foram minhas referências. Admirava em segredo, me escondia na multidão para vê-los dançar. Ficava em casa achando que estava imitando a classe de Tia Nilce sambando e sonhando com a hora que eu iria ser passista dela. Eu achava lindo, deslumbrante”, revelou Safira.
Moradora de Bento Ribeiro, aos 22 anos, a passista se divide entre o trabalho de correspondente bancária e a faculdade de Recursos Humanos, além dos compromissos diários que uma sambista tem como: ensaios, montagem de coreografias e cuidados com o corpo.
O fôlego de Ellen Beatriz parece ser tão grande quanto a sua trajetória. Além de fazer parte da coordenação da ala de passistas da Império Serrano, ela está no quadro fixo de passistas da Portela, já foi musa da Vigário Geral e tem uma história bonita também com a Arranco do Engenho de Dentro, onde já desfilou todo o seu talento.