Perfil: Renata Calixto, a história de uma passista desde a infância

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Como é a vida de uma passista que começou seu ofício aos 5 anos de idade? Hoje vamos contar a história de uma destas artistas do samba. A nossa personagem é Renata Calixto. Dançarina de samba, afro, jazz, ballet espanhol e clássico. Hoje, modelo fotográfico. Ela é formada em administração e pós-graduada em gestão de […]

POR Redação SRzd07/12/2016|8 min de leitura

Perfil: Renata Calixto, a história de uma passista desde a infância
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Como é a vida de uma passista que começou seu ofício aos 5 anos de idade?

Hoje vamos contar a história de uma destas artistas do samba. A nossa personagem é Renata Calixto. Dançarina de samba, afro, jazz, ballet espanhol e clássico. Hoje, modelo fotográfico.

Ela é formada em administração e pós-graduada em gestão de negócios pela UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), dedica-se ao samba desde a infância.

Olhando para o passado, Renata hoje sorri, do que na época foi um “drama”. Isto aconteceu em 1987. “A minha mãe não tinha com quem me deixar, resolveu então me levar de mascote da ala com sainha, sutiã prata, sapatilha e argolas verdes. Bem preocupada de eu chorar, pois era muito manhosa , mas na hora eu sambei do início ao fim. Todos ficaram encantados com minha performance”.

Dois anos depois, tornou-se integrante da ala das crianças no GRES Unidos da Ponte. “Comecei na Ponte com o Machine (o síndico da Sapucaí) sendo meu primeiro diretor, sou grata pelos ensinamentos e hoje somos muito amigos”, conta.

Renata Calixto. Foto: Leo Cordeiro
Renata Calixto. Foto: Leo Cordeiro

Ela não podia imaginar que dez anos depois seria destaque de carro e finalista do concurso de rainha de bateria na Mangueira, uma das suas grandes paixões. “Minha família toda é mangueirense e meu tio Geraldo Vila era conselheiro lá, então ele me levava para a quadra e eu ‘enganava’ a idade para participar do concurso de Rainha da Bateria. Concorri com rainhas consagradas como: Fabiane Oliveira, Valéria, Tânia Bisteka (minha madrinha na Mangueira e atual chefe do barracão da escola) e devo todo aprendizado, swing e samba no pé ‘rasgado’ a cada uma delas, pois sambar com a bateria da Mangueira e sustentar o ritmo do corpo não é para qualquer uma. Eram sempre dez finalistas e três saiam para a corte (uma rainha e duas princesas) e as outras sete desfilavam no carro alegórico. Fui para a final do concurso em todas as vezes que concorri, mas, como não entrava para a corte, desfilava nos carros”.

Ela fica animada quando se recorda do enredo “O Olimpo é Verde e Rosa”, de 1997. “Eu vim de musa em um dos carros com os atletas da natação, carro das argolas das Olimpíadas e todo espelhado, material foi caindo ao longo do desfile, ficando espelhos e vidros no chão, minha sandália, e sambei tanto que cheguei na dispersão descalça e com sangue nos pés, pois o carro era todo espelhado e o material foi caindo ao longo do desfile e só percebi os ferimentos no final do desfile.”

Por causa da Mangueira, os convites se multiplicaram. Primeiro, foi para ser rainha de bateria no Acadêmicos de Vigário Geral, destaque de carro.

“Meu irmão era mestre de bateria da Vigário e os componentes da bateria me queriam como rainha. Assumi o posto a pedidos, pois não tinha a menor pretensão na época, mas rolou. Fui muito ajudada pelo carnavalesco Cahe Rodrigues (atualmente na Imperatriz). Curiosidade: “A rainha que me cedeu o posto pegou no meu braço e disse:

“Você é a menina que tomou meu lugar? Até que é bem bonita e samba bem, que seja feliz no cargo. Eu, muito menina, fiquei sem saber o que responder, hoje sou amiga e muito grata a Elizabeth Cunha – Bethinha (atual presidente) que insiste que eu volte para a escola”, conta.

O convite para desfilar pela Caprichosos aconteceu em 1999. “Minha família frequentava a escola, meu irmão era diretor de bateria, comecei como passista, mas antes do desfile ganhei o concurso com mais de 30 participantes”.

Um episódio curioso aconteceu na Caprichosos. “O senhor Fernando Leandro, presidente na época, chamou meus pais e os convenceu para que eu desfilasse de seios de fora , ‘vestida’ de Eva, pois o enredo era Ivo Pitanguy e falava de beleza. Meus pais reclamaram bastante, mas permitiram devido à seriedade do antigo e saudoso patrono”.

Não demorou e Renata Calixto tornou-se madrinha da bateria da Ponte, e dois anos depois, destaque de carro no Porto da Pedra, na Santa Cruz, na Em Cima da Hora e na Portela.

“Como sou do samba, fiquei uma época desfilando a convite dos amigos, então saía nas escolas por pura diversão, pois não podia frequentar minha escola de coração (Mangueira), devido à distância e ter que terminar faculdade, monografia e ainda trabalhar”.

De 2010 até 2014, a mangueirense teve uma história de amor com a Beija-Flor. “No primeiro dia que sambei na ala de passistas, a diretoria me aprovou, mas disse não ter vaga, me colocaram numa segunda ala de passistas (uma espécie de stand by). Um belo dia de ensaio, o tio Laíla perguntou meu nome pelo microfone com a escola toda ouvindo. E na semana seguinte me chamou no palco e disse: ‘Quero você na nossa ala de passistas, você é uma mulata completa: bonita, samba bem, canta o samba e sabe se apresentar, a Beija Flor precisa de você lá’. Fiquei muito honrada, saí da escola, mas o Laíla é um mestre do Carnaval para mim e tem um senso crítico muito apurado. Além de gente fina demais. Sou fã!”.

Em 2015, foi destaque de carro e finalista do Concurso Musa da Orquestra na Vila Isabel, musa da União de Jacarepaguá e destaque de chão do Acadêmicos da Rocinha.

Renata Calixto. Foto: Leo Cordeiro
Renata Calixto. Foto: Leo Cordeiro

“Fui convidada a participar do concurso de musa na Vila Isabel. Meu pai é da bateria lá há mais de 10 anos, participei, fui para a final e desfilei no carro da bailarina. Curiosidade: Confeccionei uma fantasia para a final do concurso na Vila Isabel, mas, na semana do concurso, a diretoria resolveu que usássemos apenas biquíni branco de lycra e um diretor de destaques da União de Jacarepaguá me convidou para ser musa com a roupa que usaria na final do concurso, pois era representando Oxum, e ali ganhei um presente, significando um orixá tão bonito e ligado a fertilidade e ao amor. Senti uma energia fora do normal e fui abençoada. No desfile, meu sutiã caiu, mas sambei mesmo assim até o final com os braços na frente dos seios”.

Neste ano, Renata Calixto foi destaque de carro Abre-Alas no Paraíso do Tuiuti e passista/mulata show na Mangueira.

“Moro na Pavuna, mas minha família é amiga do presidente Renato Thor e tenho um carinho enorme pela comunidade do Tuiuti. Desfilei no abre-alas da escola com muita disposição e amei. Já na Mangueira, estava adulta e mais independente, então voltei a frequentar a quadra, assistia as meninas sambando nos eventos e pensava só para mim: ‘Minha vida no Carnaval não terá sentido se eu não for passista da Mangueira’. Estava há 3 anos tentando fazer o teste para a ala de passistas, mas como é a ala mais premiada de todas, a fila de espera é grande. E eu não conseguia nem fazer o teste. Ano passado relatei minha vontade à atual diretora Queila Mara e ela mais uma vez não permitiu que eu fizesse o teste. Trocamos telefone e ela me deixou no stand by. Confesso que desanimei e pedi ao carnavalesco Leandro que me colocasse no carro alegórico, mas uma semana depois, recebi uma mensagem da Queila dizendo que havia uma vaga e se eu toparia fazer parte da ala de passistas. Ri, chorei, enviei mensagem para os amigos e familiares, pois não acreditava na concretização de um sonho de Carnaval! O primeiro ensaio que foi na rua e o da Sapucaí eu senti tudo que você possa imaginar: ri, fiquei ‘out’, chorei, sambei e parei para olhar a escola em volta coração na boca e outrora nos pés [risos]. Hoje não me vejo em outro lugar, nem em outra escola, lá aprendi o verdadeiro samba no pé no passado e para lá voltei, e está o meu coração. Lá encontrei a felicidade (namoro há 3 meses o vice-presidente de Patrimônio Neto Dória, filho do ex-presidente Dória e sobrinho de outro ex-presidente Carlos Dória, e meu filho Marlon Gabriel Calixto é um dos intérpretes da Mangueira do Amanhã com 13 anos de idade). Não meço sacrifícios por não morar no morro e vivo mais tempo na Mangueira do que na Pavuna. Sou Mangueira sim, e o amor nunca tem fim”.

Como se vê, no samba, cada um constrói sua história de vida. O amor ao samba ocupa cada segundo, cada hora e cada dia de quem realmente abraça este ofício.

Como é a vida de uma passista que começou seu ofício aos 5 anos de idade?

Hoje vamos contar a história de uma destas artistas do samba. A nossa personagem é Renata Calixto. Dançarina de samba, afro, jazz, ballet espanhol e clássico. Hoje, modelo fotográfico.

Ela é formada em administração e pós-graduada em gestão de negócios pela UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), dedica-se ao samba desde a infância.

Olhando para o passado, Renata hoje sorri, do que na época foi um “drama”. Isto aconteceu em 1987. “A minha mãe não tinha com quem me deixar, resolveu então me levar de mascote da ala com sainha, sutiã prata, sapatilha e argolas verdes. Bem preocupada de eu chorar, pois era muito manhosa , mas na hora eu sambei do início ao fim. Todos ficaram encantados com minha performance”.

Dois anos depois, tornou-se integrante da ala das crianças no GRES Unidos da Ponte. “Comecei na Ponte com o Machine (o síndico da Sapucaí) sendo meu primeiro diretor, sou grata pelos ensinamentos e hoje somos muito amigos”, conta.

Renata Calixto. Foto: Leo Cordeiro
Renata Calixto. Foto: Leo Cordeiro

Ela não podia imaginar que dez anos depois seria destaque de carro e finalista do concurso de rainha de bateria na Mangueira, uma das suas grandes paixões. “Minha família toda é mangueirense e meu tio Geraldo Vila era conselheiro lá, então ele me levava para a quadra e eu ‘enganava’ a idade para participar do concurso de Rainha da Bateria. Concorri com rainhas consagradas como: Fabiane Oliveira, Valéria, Tânia Bisteka (minha madrinha na Mangueira e atual chefe do barracão da escola) e devo todo aprendizado, swing e samba no pé ‘rasgado’ a cada uma delas, pois sambar com a bateria da Mangueira e sustentar o ritmo do corpo não é para qualquer uma. Eram sempre dez finalistas e três saiam para a corte (uma rainha e duas princesas) e as outras sete desfilavam no carro alegórico. Fui para a final do concurso em todas as vezes que concorri, mas, como não entrava para a corte, desfilava nos carros”.

Ela fica animada quando se recorda do enredo “O Olimpo é Verde e Rosa”, de 1997. “Eu vim de musa em um dos carros com os atletas da natação, carro das argolas das Olimpíadas e todo espelhado, material foi caindo ao longo do desfile, ficando espelhos e vidros no chão, minha sandália, e sambei tanto que cheguei na dispersão descalça e com sangue nos pés, pois o carro era todo espelhado e o material foi caindo ao longo do desfile e só percebi os ferimentos no final do desfile.”

Por causa da Mangueira, os convites se multiplicaram. Primeiro, foi para ser rainha de bateria no Acadêmicos de Vigário Geral, destaque de carro.

“Meu irmão era mestre de bateria da Vigário e os componentes da bateria me queriam como rainha. Assumi o posto a pedidos, pois não tinha a menor pretensão na época, mas rolou. Fui muito ajudada pelo carnavalesco Cahe Rodrigues (atualmente na Imperatriz). Curiosidade: “A rainha que me cedeu o posto pegou no meu braço e disse:

“Você é a menina que tomou meu lugar? Até que é bem bonita e samba bem, que seja feliz no cargo. Eu, muito menina, fiquei sem saber o que responder, hoje sou amiga e muito grata a Elizabeth Cunha – Bethinha (atual presidente) que insiste que eu volte para a escola”, conta.

O convite para desfilar pela Caprichosos aconteceu em 1999. “Minha família frequentava a escola, meu irmão era diretor de bateria, comecei como passista, mas antes do desfile ganhei o concurso com mais de 30 participantes”.

Um episódio curioso aconteceu na Caprichosos. “O senhor Fernando Leandro, presidente na época, chamou meus pais e os convenceu para que eu desfilasse de seios de fora , ‘vestida’ de Eva, pois o enredo era Ivo Pitanguy e falava de beleza. Meus pais reclamaram bastante, mas permitiram devido à seriedade do antigo e saudoso patrono”.

Não demorou e Renata Calixto tornou-se madrinha da bateria da Ponte, e dois anos depois, destaque de carro no Porto da Pedra, na Santa Cruz, na Em Cima da Hora e na Portela.

“Como sou do samba, fiquei uma época desfilando a convite dos amigos, então saía nas escolas por pura diversão, pois não podia frequentar minha escola de coração (Mangueira), devido à distância e ter que terminar faculdade, monografia e ainda trabalhar”.

De 2010 até 2014, a mangueirense teve uma história de amor com a Beija-Flor. “No primeiro dia que sambei na ala de passistas, a diretoria me aprovou, mas disse não ter vaga, me colocaram numa segunda ala de passistas (uma espécie de stand by). Um belo dia de ensaio, o tio Laíla perguntou meu nome pelo microfone com a escola toda ouvindo. E na semana seguinte me chamou no palco e disse: ‘Quero você na nossa ala de passistas, você é uma mulata completa: bonita, samba bem, canta o samba e sabe se apresentar, a Beija Flor precisa de você lá’. Fiquei muito honrada, saí da escola, mas o Laíla é um mestre do Carnaval para mim e tem um senso crítico muito apurado. Além de gente fina demais. Sou fã!”.

Em 2015, foi destaque de carro e finalista do Concurso Musa da Orquestra na Vila Isabel, musa da União de Jacarepaguá e destaque de chão do Acadêmicos da Rocinha.

Renata Calixto. Foto: Leo Cordeiro
Renata Calixto. Foto: Leo Cordeiro

“Fui convidada a participar do concurso de musa na Vila Isabel. Meu pai é da bateria lá há mais de 10 anos, participei, fui para a final e desfilei no carro da bailarina. Curiosidade: Confeccionei uma fantasia para a final do concurso na Vila Isabel, mas, na semana do concurso, a diretoria resolveu que usássemos apenas biquíni branco de lycra e um diretor de destaques da União de Jacarepaguá me convidou para ser musa com a roupa que usaria na final do concurso, pois era representando Oxum, e ali ganhei um presente, significando um orixá tão bonito e ligado a fertilidade e ao amor. Senti uma energia fora do normal e fui abençoada. No desfile, meu sutiã caiu, mas sambei mesmo assim até o final com os braços na frente dos seios”.

Neste ano, Renata Calixto foi destaque de carro Abre-Alas no Paraíso do Tuiuti e passista/mulata show na Mangueira.

“Moro na Pavuna, mas minha família é amiga do presidente Renato Thor e tenho um carinho enorme pela comunidade do Tuiuti. Desfilei no abre-alas da escola com muita disposição e amei. Já na Mangueira, estava adulta e mais independente, então voltei a frequentar a quadra, assistia as meninas sambando nos eventos e pensava só para mim: ‘Minha vida no Carnaval não terá sentido se eu não for passista da Mangueira’. Estava há 3 anos tentando fazer o teste para a ala de passistas, mas como é a ala mais premiada de todas, a fila de espera é grande. E eu não conseguia nem fazer o teste. Ano passado relatei minha vontade à atual diretora Queila Mara e ela mais uma vez não permitiu que eu fizesse o teste. Trocamos telefone e ela me deixou no stand by. Confesso que desanimei e pedi ao carnavalesco Leandro que me colocasse no carro alegórico, mas uma semana depois, recebi uma mensagem da Queila dizendo que havia uma vaga e se eu toparia fazer parte da ala de passistas. Ri, chorei, enviei mensagem para os amigos e familiares, pois não acreditava na concretização de um sonho de Carnaval! O primeiro ensaio que foi na rua e o da Sapucaí eu senti tudo que você possa imaginar: ri, fiquei ‘out’, chorei, sambei e parei para olhar a escola em volta coração na boca e outrora nos pés [risos]. Hoje não me vejo em outro lugar, nem em outra escola, lá aprendi o verdadeiro samba no pé no passado e para lá voltei, e está o meu coração. Lá encontrei a felicidade (namoro há 3 meses o vice-presidente de Patrimônio Neto Dória, filho do ex-presidente Dória e sobrinho de outro ex-presidente Carlos Dória, e meu filho Marlon Gabriel Calixto é um dos intérpretes da Mangueira do Amanhã com 13 anos de idade). Não meço sacrifícios por não morar no morro e vivo mais tempo na Mangueira do que na Pavuna. Sou Mangueira sim, e o amor nunca tem fim”.

Como se vê, no samba, cada um constrói sua história de vida. O amor ao samba ocupa cada segundo, cada hora e cada dia de quem realmente abraça este ofício.

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