‘Eu me vi cadeirante, não me deprimi e fui dançar’

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Lú Rufino, de 42 anos, é ativista dos direitos das pessoas com deficiência. Aos oito meses de idade foi diagnosticada com poliomielite, também conhecida como paralisia infantil, uma doença que atualmente está erradicada no Brasil. “Eu tive poliomielite aos 8 meses de idade e nunca foi para mim motivo de tristeza, depressão e tudo mais. […]

POR Pedro Henrique Leite26/01/2017|6 min de leitura

‘Eu me vi cadeirante, não me deprimi e fui dançar’

Lu Rufino, porta-bandeira

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Lú Rufino, de 42 anos, é ativista dos direitos das pessoas com deficiência. Aos oito meses de idade foi diagnosticada com poliomielite, também conhecida como paralisia infantil, uma doença que atualmente está erradicada no Brasil.

“Eu tive poliomielite aos 8 meses de idade e nunca foi para mim motivo de tristeza, depressão e tudo mais. Eu percebi que poderia utilizar a deficiência ao meu favor e nunca contra mim”, revelou.

Durante toda a vida necessitou do auxílio de muletas ou bengalas. Foi há 3 anos, porém, que tornou-se cadeirante por uma atrofiação da coluna devido ao acúmulo de 7 hérnias de disco:

Lu Rufino é abraçada pelo ex prefeito César Maia
Lu Rufino é abraçada pelo ex-prefeito César Maia

“No momento em que eu me vi cadeirante, ao invés de me deprimir, fui dançar. Faço dança do ventre e sou integrante de uma companhia de dança para pessoas com deficiência”, contou.

O que para os outros seria um fator negativo, Luciene reverteu ao seu favor:

“Fui a primeira brasileira campeã mundial de jiu-jitsu e com este título ganhei a minha primeira bolsa de estudo para fazer a faculdade de Pedagogia”.

Logo em seguida pós-graduou-se em  psicopedagogia, realizou um curso de notório em Teologia e fez parceria com a FUNLAR (Fundação Municipal Lar Escola Francisco de Paula) para trabalhar com pessoas com necessidades especiais.

Rufino foi também professora e supervisora da Fundação Xuxa Meneghel por cinco anos. Por lá atuou com PNES  e crianças abaixo da linha da pobreza. Formada em Conciliação  pelo 18° Juizado Especial Criminal do  Tribunal de Justiça com curso de Extensão com a Justiça Federal do Estado do Rio de  Janeiro, atualmente é estudante de direito e acumula ao todo cerca de 60 diplomas entre cursos, graduações e palestras.

Xuxa e Lu Rufino
Xuxa e Lu Rufino

Atua nos últimos anos como palestrante em diversas instituições de ensino sobre a Lei 13.146, sobre acessibilidade e motivação intra e interpessoal, vida sexual da pessoa com deficiência, ECA , e administra um projeto social com 160 crianças na comunidade do Barbante.

Lu ao lado de sua equipe.

É também gerente bancária e presidente do núcleo da pessoa com deficiência do PTB Mulher RJ. Em 2016, participou das Paralimpíadas do Rio de Janeiro como suplente do Conselho Tutelar.

É mãe de um menino de 7 anos, não tem empregada, administra sua casa sozinha e admite ser namoradeira:

“Moro com meu filho, cuido da minha casa sem qualquer ajuda, sou namoradeira como toda mulher sadia, viajo com meu carro adaptado e ainda há os que me chamam de deficiente”.

Mesmo ao acumular tantas vitórias, tarefas e funções, Lu Rufino passou a integrar o Carnaval:

“O convite no Carnaval surgiu no final de 2015 quando o Império da Zona Oeste falaria sobre superação. Um amigo que trabalha comigo no Conselho Tutelar me apresentou ao presidente da escola. Conversarmos, expliquei meu trabalho e na mesma hora ele me convidou para fazer parte da agremiação como destaque ou porta-bandeira”, contou.

Lu Rufino e Linclon Pereira, casal de mestre-sala e porta-bandeira do Império da Zona Oeste
Lu Rufino e Linclon Pereira, casal de mestre-sala e porta-bandeira do Império da Zona Oeste

Em 2017 será pela primeira vez porta-bandeira da escola de samba Embaixadores da Alegria, única do mundo totalmente voltada à pessoa com deficiência, e destaque da Unidos de Cosmos,  agremiação que pertence a Série D do Carnaval carioca. Lu explicou ao SRzd Carnaval que a folia é uma forma de atrair olhares à causa que tanto defende:

“Eu não trabalho só com o Carnaval, o Carnaval é a oportunidade que a gente tem para chamar a atenção da causa da pessoa com deficiência”, explicou.

Para comemorar 10 anos de Sapucaí, a Embaixadores da Alegria, escola que abre os desfiles das campeãs, contará com uma porta-bandeira doutrinada, dedicada e que ensaia para fazer bonito. Lu não quer ser apenas mais uma:

“Eu não quero apenas passar pela Avenida. Eu quero mostrar para o público um bom trabalho”, comentou.

Lu Rufino na Unidos de Cosmos, escola onde é a terceira porta-bandeira.
Lu Rufino na Unidos de Cosmos, escola onde é a terceira porta-bandeira.

Lu dançará ao lado de Lincoln Pereira, mestre-sala da Embaixadores desde a sua fundação. O casal é ensaiado pelo “Síndico da Passarela”, José Carlos Machine:

“Nossa parceria é humilde e é de verdade. Ela me pediu para treiná-la e eu aceitei. Isso prova que nós podemos superar tudo na vida, basta ter força de vontade e garra. Não é o Lincoln, não é a Lu, é a superação, a dança e a arte. Que isso sirva de exemplo para os que estão no mesmo sistema que ficam em casa incomodando a família dizendo que o mundo acabou. O mundo não acabou para ninguém e isso eles estão superando no samba. O samba traz essa força, essa energia. Eles vêm lá de Campo Grande só para ensaiar uma hora. Eu tenho um preço pelo meu trabalho mas para eles eu faço de graça”, concluiu Machine.

Lincoln Pereira, Lu Rufino e Machine.
Lincoln Pereira, Lu Rufino e Machine.

De acordo com o Ministério da Saúde, o último caso de poliomielite registrado no Brasil aconteceu em 1989. Atualmente, a cobertura vacinal brasileira contra pólio é acima dos 95% – considerada um exemplo para o restante do mundo.

Segundo o Portal da Saúde do SUS, poliomielite é uma doença infecto-contagiosa viral aguda, caracterizada por um quadro de paralisia flácida, de início súbito. O déficit motor instala-se subitamente e sua evolução, frequentemente, não ultrapassa três dias. Acomete em geral os membros inferiores, de forma assimétrica, tendo como principal característica a flacidez muscular, com sensibilidade conservada e arreflexia no segmento atingido.

Veja a mensagem de Lu Rufino para todos os deficientes físicos:

 

Lú Rufino, de 42 anos, é ativista dos direitos das pessoas com deficiência. Aos oito meses de idade foi diagnosticada com poliomielite, também conhecida como paralisia infantil, uma doença que atualmente está erradicada no Brasil.

“Eu tive poliomielite aos 8 meses de idade e nunca foi para mim motivo de tristeza, depressão e tudo mais. Eu percebi que poderia utilizar a deficiência ao meu favor e nunca contra mim”, revelou.

Durante toda a vida necessitou do auxílio de muletas ou bengalas. Foi há 3 anos, porém, que tornou-se cadeirante por uma atrofiação da coluna devido ao acúmulo de 7 hérnias de disco:

Lu Rufino é abraçada pelo ex prefeito César Maia
Lu Rufino é abraçada pelo ex-prefeito César Maia

“No momento em que eu me vi cadeirante, ao invés de me deprimir, fui dançar. Faço dança do ventre e sou integrante de uma companhia de dança para pessoas com deficiência”, contou.

O que para os outros seria um fator negativo, Luciene reverteu ao seu favor:

“Fui a primeira brasileira campeã mundial de jiu-jitsu e com este título ganhei a minha primeira bolsa de estudo para fazer a faculdade de Pedagogia”.

Logo em seguida pós-graduou-se em  psicopedagogia, realizou um curso de notório em Teologia e fez parceria com a FUNLAR (Fundação Municipal Lar Escola Francisco de Paula) para trabalhar com pessoas com necessidades especiais.

Rufino foi também professora e supervisora da Fundação Xuxa Meneghel por cinco anos. Por lá atuou com PNES  e crianças abaixo da linha da pobreza. Formada em Conciliação  pelo 18° Juizado Especial Criminal do  Tribunal de Justiça com curso de Extensão com a Justiça Federal do Estado do Rio de  Janeiro, atualmente é estudante de direito e acumula ao todo cerca de 60 diplomas entre cursos, graduações e palestras.

Xuxa e Lu Rufino
Xuxa e Lu Rufino

Atua nos últimos anos como palestrante em diversas instituições de ensino sobre a Lei 13.146, sobre acessibilidade e motivação intra e interpessoal, vida sexual da pessoa com deficiência, ECA , e administra um projeto social com 160 crianças na comunidade do Barbante.

Lu ao lado de sua equipe.

É também gerente bancária e presidente do núcleo da pessoa com deficiência do PTB Mulher RJ. Em 2016, participou das Paralimpíadas do Rio de Janeiro como suplente do Conselho Tutelar.

É mãe de um menino de 7 anos, não tem empregada, administra sua casa sozinha e admite ser namoradeira:

“Moro com meu filho, cuido da minha casa sem qualquer ajuda, sou namoradeira como toda mulher sadia, viajo com meu carro adaptado e ainda há os que me chamam de deficiente”.

Mesmo ao acumular tantas vitórias, tarefas e funções, Lu Rufino passou a integrar o Carnaval:

“O convite no Carnaval surgiu no final de 2015 quando o Império da Zona Oeste falaria sobre superação. Um amigo que trabalha comigo no Conselho Tutelar me apresentou ao presidente da escola. Conversarmos, expliquei meu trabalho e na mesma hora ele me convidou para fazer parte da agremiação como destaque ou porta-bandeira”, contou.

Lu Rufino e Linclon Pereira, casal de mestre-sala e porta-bandeira do Império da Zona Oeste
Lu Rufino e Linclon Pereira, casal de mestre-sala e porta-bandeira do Império da Zona Oeste

Em 2017 será pela primeira vez porta-bandeira da escola de samba Embaixadores da Alegria, única do mundo totalmente voltada à pessoa com deficiência, e destaque da Unidos de Cosmos,  agremiação que pertence a Série D do Carnaval carioca. Lu explicou ao SRzd Carnaval que a folia é uma forma de atrair olhares à causa que tanto defende:

“Eu não trabalho só com o Carnaval, o Carnaval é a oportunidade que a gente tem para chamar a atenção da causa da pessoa com deficiência”, explicou.

Para comemorar 10 anos de Sapucaí, a Embaixadores da Alegria, escola que abre os desfiles das campeãs, contará com uma porta-bandeira doutrinada, dedicada e que ensaia para fazer bonito. Lu não quer ser apenas mais uma:

“Eu não quero apenas passar pela Avenida. Eu quero mostrar para o público um bom trabalho”, comentou.

Lu Rufino na Unidos de Cosmos, escola onde é a terceira porta-bandeira.
Lu Rufino na Unidos de Cosmos, escola onde é a terceira porta-bandeira.

Lu dançará ao lado de Lincoln Pereira, mestre-sala da Embaixadores desde a sua fundação. O casal é ensaiado pelo “Síndico da Passarela”, José Carlos Machine:

“Nossa parceria é humilde e é de verdade. Ela me pediu para treiná-la e eu aceitei. Isso prova que nós podemos superar tudo na vida, basta ter força de vontade e garra. Não é o Lincoln, não é a Lu, é a superação, a dança e a arte. Que isso sirva de exemplo para os que estão no mesmo sistema que ficam em casa incomodando a família dizendo que o mundo acabou. O mundo não acabou para ninguém e isso eles estão superando no samba. O samba traz essa força, essa energia. Eles vêm lá de Campo Grande só para ensaiar uma hora. Eu tenho um preço pelo meu trabalho mas para eles eu faço de graça”, concluiu Machine.

Lincoln Pereira, Lu Rufino e Machine.
Lincoln Pereira, Lu Rufino e Machine.

De acordo com o Ministério da Saúde, o último caso de poliomielite registrado no Brasil aconteceu em 1989. Atualmente, a cobertura vacinal brasileira contra pólio é acima dos 95% – considerada um exemplo para o restante do mundo.

Segundo o Portal da Saúde do SUS, poliomielite é uma doença infecto-contagiosa viral aguda, caracterizada por um quadro de paralisia flácida, de início súbito. O déficit motor instala-se subitamente e sua evolução, frequentemente, não ultrapassa três dias. Acomete em geral os membros inferiores, de forma assimétrica, tendo como principal característica a flacidez muscular, com sensibilidade conservada e arreflexia no segmento atingido.

Veja a mensagem de Lu Rufino para todos os deficientes físicos:

 

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