Halloween no Carnaval: comemorar o quê?

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Como muitos de nós sabemos, parte da identidade nacional, ou seja, o que nos identifica como povo são nossas expressões populares, a nossa capacidade de criar, exercitar e de conservar nossa cultura. Uma nação que cria, e não somente importa ou copia o que vem de fora do país, se eterniza como construtores de uma […]

POR Redação SRzd30/10/2016|4 min de leitura

Halloween no Carnaval: comemorar o quê?
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Como muitos de nós sabemos, parte da identidade nacional, ou seja, o que nos identifica como povo são nossas expressões populares, a nossa capacidade de criar, exercitar e de conservar nossa cultura.

Uma nação que cria, e não somente importa ou copia o que vem de fora do país, se eterniza como construtores de uma história verdadeira, tradicional, tecida dentro de uma linha do tempo que, cedo ou tarde, fará com que o presente se orgulhe do passado. Quinhentos anos é um tempo mais que suficiente para nos livrarmos do colonialismo.

É como diz o ditado do mestre da cultura popular, Plínio Marcos:

“Um povo que não ama e não preserva suas formas de expressão mais autênticas jamais será um povo livre”

Dentro dessa exposição de ideias, deixo claro que nada tenho contra o dia 31 de outubro, que é mundialmente conhecido como o Dia das Bruxas ou, como muitos gostam de chamar, “Halloween”, que acontece nos países anglo-saxônicos, e acentuadamente nos Estados Unidos. O que me espanta são a super valorização e a comemoração dessa data por muitos aqui no Brasil em detrimento a tantas outras riquezas do nosso folclore. Esse “complexo de vira-lata” está quase sempre abrindo portas que precedem uma enxurrada de produto dos países desenvolvidos a ser comercializado diante da fragilidade comercial, cultural e de identidade de alguns países subdesenvolvidos como o Brasil.

O folclore brasileiro e suas tradições são um dos mais ricos do mundo, devido à diversidade de povos que contribuiram (ou pelo menos tentaram) para a formação do Brasil. Essa contribuição acabou adequando nossa realidade através de um convívio inter-racial criando um povo verdadeiro, porém nem sempre consciente de sua cultura e identidade.

Essa troca de saberes nos deu uma identidade cultural riquíssima formando dentre tantas “brasilidades” o invejável folclore brasileiro, que se expressa através de um conjunto de expressões culturais populares.

Dentro desse importante seguimento cultural, temos nossas danças, festas, comidas típicas, brincadeiras, lendas e mitos que expressam nossa identidade nacional, construída por cerca de quinhentos anos, estratificando nossos sonhos, anseios, criatividade e esperança de termos uma cultura própria oriunda de índios, brancos, negros e amarelos.

Temos muitas coisas a mostrar, a festejar e não precisamos importar cultura que nos falseia, cultura que somente fomenta o comércio e o codinome “macaquito”… As nossas bonecas não são Barbie, Parker, entre outras, que não identificam nossas crianças e nossas coisas. As brincadeiras infantis estão cada vez mais virtuais e distantes. Hoje são raros os folguedos populares. Nossas crianças vivem a caçar “pokemon” dentro de um mundo irreal. Esconde-esconde, Bolinha de gude, taco, pião, mão na mula, mãe da rua, carrinho de rolimã, entre outros, que aguçavam a criatividade, o desenvolvimento, a sintonia com a natureza, com os animais e com os próprios amigos, não existem mais. As crianças estão cada vez mais ilhadas num mundo próprio, comercial, frio e virtual.

Quanto ao nosso folclore é a mesma coisa…

As festas juninas estão acabando, as quadrilhas, as fogueiras, a culinária típica da época…

O jongo, que precedeu o nosso bom e velho samba, o samba de roda, a catira, o baião, o frevo, e o samba estão se modernizando ou esvaziando. Isso tudo acaba perdendo sua identidade, sua essência e suas características hereditárias sem necessidade, talvez e até por causa do comércio, da maldita gana de transformar tudo em dinheiro, em lucro de alguns que teimam em comercializar tudo o que veem pela frente.

Quando perguntamos de elementos de nosso folclore como Mãe D’Água, Curupira, Mula-sem-cabeça, Lobisomem, Boitatá, Saci Pererê, Negrinho do Pastoreio e Boto cor de rosa, muitas crianças não sabem do que estamos falando.

Haja visto que os folguedos e brincadeiras como soltar pipas, estilingue, esconde-esconde, rodar pião, pega-pega, bolinhas de gude, que antes rolavam no chão livres estão sumindo. Já não há mais festas como antes para comemorarmos o tempo da colheita, talvez até de uma colheita cultura.

Pois essa, está escassa! É melhor importar…

Eu soltava papagaios
Eu rodava o meu pião
Mas um dia minha infância
Subiu com meu balão!

*Dicá é ativista negro, embaixador e cidadão samba paulistano de 2004, é compositor, batuqueiro, passista e fundador da Velha Guarda da Rosas de Ouro de Vila Brasilândia, junto com a embaixatriz do samba Maria Helena. É pesquisador cultural e estudioso da cultura popular brasileira e afrodescendente.

Como muitos de nós sabemos, parte da identidade nacional, ou seja, o que nos identifica como povo são nossas expressões populares, a nossa capacidade de criar, exercitar e de conservar nossa cultura.

Uma nação que cria, e não somente importa ou copia o que vem de fora do país, se eterniza como construtores de uma história verdadeira, tradicional, tecida dentro de uma linha do tempo que, cedo ou tarde, fará com que o presente se orgulhe do passado. Quinhentos anos é um tempo mais que suficiente para nos livrarmos do colonialismo.

É como diz o ditado do mestre da cultura popular, Plínio Marcos:

“Um povo que não ama e não preserva suas formas de expressão mais autênticas jamais será um povo livre”

Dentro dessa exposição de ideias, deixo claro que nada tenho contra o dia 31 de outubro, que é mundialmente conhecido como o Dia das Bruxas ou, como muitos gostam de chamar, “Halloween”, que acontece nos países anglo-saxônicos, e acentuadamente nos Estados Unidos. O que me espanta são a super valorização e a comemoração dessa data por muitos aqui no Brasil em detrimento a tantas outras riquezas do nosso folclore. Esse “complexo de vira-lata” está quase sempre abrindo portas que precedem uma enxurrada de produto dos países desenvolvidos a ser comercializado diante da fragilidade comercial, cultural e de identidade de alguns países subdesenvolvidos como o Brasil.

O folclore brasileiro e suas tradições são um dos mais ricos do mundo, devido à diversidade de povos que contribuiram (ou pelo menos tentaram) para a formação do Brasil. Essa contribuição acabou adequando nossa realidade através de um convívio inter-racial criando um povo verdadeiro, porém nem sempre consciente de sua cultura e identidade.

Essa troca de saberes nos deu uma identidade cultural riquíssima formando dentre tantas “brasilidades” o invejável folclore brasileiro, que se expressa através de um conjunto de expressões culturais populares.

Dentro desse importante seguimento cultural, temos nossas danças, festas, comidas típicas, brincadeiras, lendas e mitos que expressam nossa identidade nacional, construída por cerca de quinhentos anos, estratificando nossos sonhos, anseios, criatividade e esperança de termos uma cultura própria oriunda de índios, brancos, negros e amarelos.

Temos muitas coisas a mostrar, a festejar e não precisamos importar cultura que nos falseia, cultura que somente fomenta o comércio e o codinome “macaquito”… As nossas bonecas não são Barbie, Parker, entre outras, que não identificam nossas crianças e nossas coisas. As brincadeiras infantis estão cada vez mais virtuais e distantes. Hoje são raros os folguedos populares. Nossas crianças vivem a caçar “pokemon” dentro de um mundo irreal. Esconde-esconde, Bolinha de gude, taco, pião, mão na mula, mãe da rua, carrinho de rolimã, entre outros, que aguçavam a criatividade, o desenvolvimento, a sintonia com a natureza, com os animais e com os próprios amigos, não existem mais. As crianças estão cada vez mais ilhadas num mundo próprio, comercial, frio e virtual.

Quanto ao nosso folclore é a mesma coisa…

As festas juninas estão acabando, as quadrilhas, as fogueiras, a culinária típica da época…

O jongo, que precedeu o nosso bom e velho samba, o samba de roda, a catira, o baião, o frevo, e o samba estão se modernizando ou esvaziando. Isso tudo acaba perdendo sua identidade, sua essência e suas características hereditárias sem necessidade, talvez e até por causa do comércio, da maldita gana de transformar tudo em dinheiro, em lucro de alguns que teimam em comercializar tudo o que veem pela frente.

Quando perguntamos de elementos de nosso folclore como Mãe D’Água, Curupira, Mula-sem-cabeça, Lobisomem, Boitatá, Saci Pererê, Negrinho do Pastoreio e Boto cor de rosa, muitas crianças não sabem do que estamos falando.

Haja visto que os folguedos e brincadeiras como soltar pipas, estilingue, esconde-esconde, rodar pião, pega-pega, bolinhas de gude, que antes rolavam no chão livres estão sumindo. Já não há mais festas como antes para comemorarmos o tempo da colheita, talvez até de uma colheita cultura.

Pois essa, está escassa! É melhor importar…

Eu soltava papagaios
Eu rodava o meu pião
Mas um dia minha infância
Subiu com meu balão!

*Dicá é ativista negro, embaixador e cidadão samba paulistano de 2004, é compositor, batuqueiro, passista e fundador da Velha Guarda da Rosas de Ouro de Vila Brasilândia, junto com a embaixatriz do samba Maria Helena. É pesquisador cultural e estudioso da cultura popular brasileira e afrodescendente.

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