Netinho de Paula diz que levou tapa, chute e murro de policiais: ‘o negro cresceu sendo humilhado’

  • Icon instagram_blue
  • Icon youtube_blue
  • Icon x_blue
  • Icon facebook_blue
  • Icon google_blue

Único apresentador negro nos programas de entretenimento do fim de semana na televisão aberta brasileira, Netinho de Paula revelou como conquistou seu espaço nos meios de comunicação destacando que o grande problema desta questão está nas decisões das direções artísticas das emissoras. “Os diretores não pensam na diversidade e privilegiam amigos. Não há bom senso. Como […]

POR Redação SRzd27/06/2020|4 min de leitura

Netinho de Paula diz que levou tapa, chute e murro de policiais: ‘o negro cresceu sendo humilhado’

Netinho de Paula. Foto: Reprodução

| Siga-nos Google News

Único apresentador negro nos programas de entretenimento do fim de semana na televisão aberta brasileira, Netinho de Paula revelou como conquistou seu espaço nos meios de comunicação destacando que o grande problema desta questão está nas decisões das direções artísticas das emissoras.

“Os diretores não pensam na diversidade e privilegiam amigos. Não há bom senso. Como eu quebrei essas barreiras? Sempre foi financeiramente, guardando recursos e comprando os horários. Em nenhum dos canais que participei a oportunidade foi dada por valorização artística. Sempre tive bons patrocinadores, sempre dei uma boa audiência. Com a gente tudo é mais difícil e complicado. Nossa luta é perene”, disse o artista de 49 anos em entrevista ao programa “No Mundo do Samba”.

No comando do “É da Gente”, exibido desde novembro nas tardes de domingo da RedeTV, Netinho – que estava afastado da televisão há sete anos – afirmou que a representatividade dos negros da televisão teve uma melhora nos últimos anos, mas que ainda tem muito para ser conquistado.

“Na publicidade e no jornalismo avançamos bastante. Estamos tendo provas disso. Recentemente a maior emissora do país colocou historicamente apresentadores negros para se manifestarem contra o preconceito no mundo e no Brasil em um único programa. A luta é muito grande. Cabe a nós não deixarmos essa luta morrer e continuar falando e cobrando o tempo todo”, completou.

Netinho de Paula. Foto: Reprodução
Netinho de Paula. Foto: Reprodução

Questionado sobre os ataques raciais e atos violentos ocorridos contra negros nas últimas semanas no Brasil e no mundo, Netinho relembrou momentos difíceis vivenciados na infância e adolescência.

“A gente que é negro e da periferia cresceu sendo muito humilhado pela polícia. Meu irmão foi morto pela polícia de maneira banal. Na minha juventude, nos anos 80, eu estava com meu instrumento indo tocar com os amigos, e que toda vez, tinha o tapa, o chute, o murro. Não tinha pra onde reclamar. A gente até fazia brincadeira disso. Naturalizamos. Depois começamos a ter uma certa mudança governamental e musical onde começamos a mostrar que isso precisava mudar. Começamos a ter poder com as nossas músicas. O rap muito mais, mas nós do Negritude Junior sempre nos posicionávamos. Hoje conseguimos explicitar as atrocidades que acontecem com a juventude negra e periférica. O que é televisionado hoje, nós não conseguimos fazer nos anos 80 e 90.  Hoje tem mais celular do que pessoas. Tudo é gravado. E quando não é com o negro, acontece também com jovens brancos da periferia. Temos que expor, demonstrar, filmar e denunciar esses atos. Não basta mais termos amigos brancos que não são racistas. Precisamos dos amigos brancos que são anti-racistas. Os últimos acontecimentos fizeram com que os brancos brasileiros se posicionassem contra o racismo. Isso foi uma grande conquista para a humanidade”, explicou.

O programa também contou com a presença de Francine Carvalho (empresária e musa da Gaviões da Fiel/Tom Maior, e rainha de bateria da X-9 de Santos).

Assista:










Único apresentador negro nos programas de entretenimento do fim de semana na televisão aberta brasileira, Netinho de Paula revelou como conquistou seu espaço nos meios de comunicação destacando que o grande problema desta questão está nas decisões das direções artísticas das emissoras.

“Os diretores não pensam na diversidade e privilegiam amigos. Não há bom senso. Como eu quebrei essas barreiras? Sempre foi financeiramente, guardando recursos e comprando os horários. Em nenhum dos canais que participei a oportunidade foi dada por valorização artística. Sempre tive bons patrocinadores, sempre dei uma boa audiência. Com a gente tudo é mais difícil e complicado. Nossa luta é perene”, disse o artista de 49 anos em entrevista ao programa “No Mundo do Samba”.

No comando do “É da Gente”, exibido desde novembro nas tardes de domingo da RedeTV, Netinho – que estava afastado da televisão há sete anos – afirmou que a representatividade dos negros da televisão teve uma melhora nos últimos anos, mas que ainda tem muito para ser conquistado.

“Na publicidade e no jornalismo avançamos bastante. Estamos tendo provas disso. Recentemente a maior emissora do país colocou historicamente apresentadores negros para se manifestarem contra o preconceito no mundo e no Brasil em um único programa. A luta é muito grande. Cabe a nós não deixarmos essa luta morrer e continuar falando e cobrando o tempo todo”, completou.

Netinho de Paula. Foto: Reprodução
Netinho de Paula. Foto: Reprodução

Questionado sobre os ataques raciais e atos violentos ocorridos contra negros nas últimas semanas no Brasil e no mundo, Netinho relembrou momentos difíceis vivenciados na infância e adolescência.

“A gente que é negro e da periferia cresceu sendo muito humilhado pela polícia. Meu irmão foi morto pela polícia de maneira banal. Na minha juventude, nos anos 80, eu estava com meu instrumento indo tocar com os amigos, e que toda vez, tinha o tapa, o chute, o murro. Não tinha pra onde reclamar. A gente até fazia brincadeira disso. Naturalizamos. Depois começamos a ter uma certa mudança governamental e musical onde começamos a mostrar que isso precisava mudar. Começamos a ter poder com as nossas músicas. O rap muito mais, mas nós do Negritude Junior sempre nos posicionávamos. Hoje conseguimos explicitar as atrocidades que acontecem com a juventude negra e periférica. O que é televisionado hoje, nós não conseguimos fazer nos anos 80 e 90.  Hoje tem mais celular do que pessoas. Tudo é gravado. E quando não é com o negro, acontece também com jovens brancos da periferia. Temos que expor, demonstrar, filmar e denunciar esses atos. Não basta mais termos amigos brancos que não são racistas. Precisamos dos amigos brancos que são anti-racistas. Os últimos acontecimentos fizeram com que os brancos brasileiros se posicionassem contra o racismo. Isso foi uma grande conquista para a humanidade”, explicou.

O programa também contou com a presença de Francine Carvalho (empresária e musa da Gaviões da Fiel/Tom Maior, e rainha de bateria da X-9 de Santos).

Assista:










Notícias Relacionadas

Ver tudo