A Unidos do Viradouro fechou a noite de ensaios técnicos na Marquês de Sapucaí neste sábado (11) com saldo bastante positivo: essa é a opinião de colunistas do Portal SRzd. Com enredo que remete à infância, sob título “E todo menino é um rei”, a vermelha e branca de Niterói toma como base a obra de mesmo nome, composta por Nelson Rufino e Zé Luiz, imortalizada na voz de Roberto Ribeiro, para tentar brigar pelo título da Série A no desfile oficial, na sexta-feira, 24 de fevereiro.

Menino de oito anos faz rir e emocionar

No treino desta noite a agremiação levou cerca de 1.800 componentes e teve vários pontos altos: a começar pela comissão de frente, coreografada pelo paulistano Anderson Rodrigues: 15 dançarinos, inclusive um mirim, vieram representando príncipes, princesas e vilões. O menino Théo, de oito anos, foi o protagonista e fez o público dar risadas e também se emocionar.

“Ele foi o Menino Rei. O que mostramos nesta noite foi 60 por cento de nossa coreografia oficial. Não vou usar elemento alegórico com roda, mas teremos um elemento surpresa. Os componentes farão essa parte da surpresa. Vai ser muito legal, vai emocionar a todo mundo quando verem o final da coreografia”, contou Anderson ao SRzd, avisando em seguida que Théo faz parte do elenco oficial para o “Dia D”.

‘Primeiro casal dez, nota dez’

O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, representado por Alessandra Chagas e Diego Machado, teve boa evolução. Interpretou os personagens “A Bela e a Fera”. Em entrevista ao SRzd, ela falou do retorno à escola após se ausentar por um Carnaval, dançando pela Curicica:

“Vou para o quinto ano com a Viradouro. Já fui campeã em 2014 e quero repetir. Não é segredo que é uma escola forte e com pavilhão pesado. Ensaiamos todos os dias para garantir pontuação máxima”.

Diego também fez suas considerações: “Fiquei muito feliz que, entre outros dançarinos, eu fui o escolhido para dançar com Alessandra. Encontrei uma parceira por completo. Já estamos com tudo esquematizado. Nossa roupa já está pronta e embalada, mas é surpresa”, disse o rapaz, que tem passagem por Império Serrano, Vila Isabel, Mocidade, entre outras agremiações.

Ambos receberam elogios da equipe técnica do SRzd. Que diga o mestre Manoel Dionísio, comentarista deste quesito no portal: “Por esta noite, eles fizeram por merecer nota dez. Hoje, a Viradouro foi a escola que mais se destacou. Saímos muito felizes com o que vimos. Estão prontos e se fizerem o mesmo no desfile oficial, irão gabaritar”.

Thais Romi, que também tem experiência como porta-bandeira, resumiu a performance do primeiro casal: “Alessandra e Diego vieram encantadores. Ela soube representar muito bem uma porta-bandeira vestida de princesa. Ela é raçuda, entrou no personagem. Foi muito bonito. Eu daria nota dez”.

Daniel Ghanem, ex-julgador e atualmente coreógrafo, completou com sua análise mais profunda: “Venho batendo numa tecla que é a utilização do espaço cênico. Fizeram uma apresentação limpa, correta, com emoção. Tem apenas a questão da centralização da dança: eles dançaram com movimentos muito próximos e tenho certeza de que essa não é a apresentação oficial. No dia do desfile, a saia da porta-bandeira geralmente é grande e claro, ele não vai poder se aproximar dela. Eles já sabem disso, são experientes e tenho certeza que não terão problemas. É um casal que promete muito. Fizeram excelente apresentação neste ensaio”.

Samba funciona e anima sambistas. Canto da comunidade se destaca

O samba, de autoria do mesmo time de compositores de 2016 (em homenagem ao Alabê de Jerusalém), é considerado de fácil assimilação, “para frente”, que “puxa a comunidade para cantar”. Interpretado por Zé Paulo Sierra e com a participação de Dominguinhos do Estácio, ganhou ainda mais força neste ensaio. Hélio Ricardo Rainho, colunista do SRzd, fez questão de frisar:

“A Viradouro é uma escola com envergadura, passou pelo Grupo Especial por muito tempo e foi campeã. Já tem uma certa força e confiança e já está acostumado a disputar um patamar elevado. Não cabe na Série A. Veio de Niterói e justificou sua apresentação no ensaio técnico. O enredo é muito sublime, com elementos sugestivos e que contagiam. Passou bem, na minha opinião, o canto da escola foi o primeiro ponto alto. Também teve evolução perfeita. O saldo foi positivo, a escola veio com cabeça erguida e já mostra o que pretende fazer no desfile oficial. Este é o caminho”.

Dominguinhos veio em um tripé no primeiro setor, sendo homenageado pela Viradouro,  e com um microfone, também cantou com o carro de som.

Bateria tem boa cadência e também revela ser quesito forte

Em 2016, apenas três baterias da Série A receberam 40 pontos dos jurados: Cubango, Viradouro e Paraíso do Tuiuti. Mestre Maurão, anteriormente na Cubango, veio para a Viradouro e substituiu Mestre Paulinho. Com cadência de 147 batidas por minuto, possui 260 ritmistas e novos elogios da crítica: “A avaliação que faço é muito boa. Passou muito bem”, completou o colunista Cadu Zugliani. Ao SRzd, Maurão prometeu dar continuidade para manter pontuação máxima.

Outro destaque no ensaio foi a rainha Raíssa Machado, que interpretou uma personagem do filme X-Men: a “Tempestade”, com uma fantasia que pode ter sido a mais bonita até agora, segundo opinião de sambistas.

Diretor de Harmonia e Carnaval faz balanço geral da Viradouro

A poucas semanas do desfile oficial, a Viradouro foi impactada por muitas mudanças do ponto de vista de gestão. Fala-se até mesmo no afastamento do até então presidente, o compositor Gustavo Clarão. Ninguém afirma nem nega, mas é o que se diz nos bastidores da agremiação.

Ano passado, a vermelha e branca fez reforços importantes. Por exemplo, a contratação de Dudu Falcão e Alex Fab, que se somaram a Pablo Fernandes e Miltinho Souza na supercomissão de Harmonia e Carnaval.

Em entrevista ao SRzd, Falcão resumiu os pontos altos da escola: “Quando entramos, encontramos um recurso humano muito bom. É uma comunidade com chão e que se faz presente o tempo todo. Nós apenas trabalhamos. A escola vem sendo castigada e com históricos não tão bons em termos de resultados de alguns quesitos. Mas há uma crescente. O chão já existia, apenas mexemos com a autoestima e a escola voltou a sonhar. Nossa comissão de frente é um ponto alto. O Anderson é premiado em São Paulo e vai tentar repetir isso aqui no Rio. Temos o primeiro casal já consagrado dentro da escola, um bom samba com carro de som forte. Uma bateria nota dez. A escola, num todo, está equilibrada”.

Desfile pode custar entre R$ 1mi e R$ 2mi

O dirigente também revelou ao SRzd que no barracão de alegorias está tudo quase pronto e que a Viradouro, antes com crise financeira e sem barracão, deu uma “virada” e pretende entrar na briga pelo título:

“Até 30 de outubro não tínhamos barracão, mas contratamos pessoas, corremos atrás e isso nos ajudou a resolver alguns problemas, tanto é que o Carnaval da Viradouro está quase pronto: em no máximo cinco dias, tudo estará finalizado. Se no desfile oficial a gente reproduzir tudo que fizemos nos ensaios técnicos, inclusive de quadra e de rua, iremos gabaritar e conquistar o título da Série A”.

Dudu encerrou a entrevista falando sobre o custo total do desfile de 2017: “Fizemos o Carnaval da Viradouro em dois meses e com isso, tudo ficou muito caro. Posso dizer que o custo ficará entre R$ 1 milhão e R$ 2 milhões”.

Carnavalesco Jorge Silveira analisa os principais quesitos da Viradouro

O SRzd ouviu do carnavalesco Jorge Silveira, que também assina o desfile da Dragões da Real, agremiação paulistana, os desafios que mais o preocuparam. Ele, que agora respira aliviado, aproveitou e comentou pontos fortes:

“O barracão está praticamente pronto, com muita coisa já embalada. Estamos revendo tudo, fazendo testes. Hoje fico aliviado, mas ao longo dos meses, tive alguns desafios. A maior complicação foi o fato da Viradouro ter duas alegorias em um barracão e outras duas em outro barracão, em lugares diferentes. Isso duplica o grau de complexidade do projeto. Acaba tendo que dobrar a segurança, a estrutura, todos os gastos são dobrados e em ano de crise, isso fica puxado. Ficar em dois lugares ao mesmo tempo, comandar duas equipes é puxado, mas fora isso, a escola deu total condição para fazer o trabalho e a gente vai levar cerca de 2 mil crianças para a Avenida (os dois mil componentes)”.

Acerca do desfile oficial, o artista fez outras revelações: “Sem dúvida temos sempre que melhorar em algum aspecto. O ensaio é uma oportunidade de ouro para isso. Mas teremos no desfile oficial uma leitura fácil, com fantasias leves e que ajudarão a evolução; também um samba que a comunidade abraçou. Dois momentos serão emocionantes: a abertura da escola, colorida e com muitos efeitos. Na última alegoria, faremos uma homenagem às personalidades que fizeram os 70 anos da Viradouro: estará presente a Família Monassa, antigos mestres de bateria e muitas outras pessoas que fizeram e fazem parte da história da escola. Irão celebrar a festa de aniversário da Viradouro”, destacou.

Em breve você conferirá mais fotos, vídeos e as análises dos colunistas do SRzd para o ensaio técnico da Unidos do Viradouro.

Confira mais fotos do ensaio técnico da Viradouro: