‘Até o Último Homem’: o retorno de Mel Gibson ao panteão hollywoodiano

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O ataque japonês à Pearl Harbor em dezembro de 1941 marca a adesão americana à Segunda Guerra Mundial, como o principal país dos Aliados na luta contra os países do Eixo. A entrada dos Estados Unidos na guerra despertou nos jovens o desejo do alistamento voluntário, mas nem todos queriam ir para o front para […]

POR Ana Carolina Garcia29/01/2017|5 min de leitura

‘Até o Último Homem’: o retorno de Mel Gibson ao panteão hollywoodiano

Andrew Garfield concorre ao Oscar de melhor ator por seu trabalho como Desmond Doss (Foto: Divulgação).

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O ataque japonês à Pearl Harbor em dezembro de 1941 marca a adesão americana à Segunda Guerra Mundial, como o principal país dos Aliados na luta contra os países do Eixo. A entrada dos Estados Unidos na guerra despertou nos jovens o desejo do alistamento voluntário, mas nem todos queriam ir para o front para matar. Foi o caso de Desmond Doss, jovem que sonhava estudar medicina e seguia à risca os preceitos de sua religião.

 

Adventista do Sétimo Dia, Doss enfrentou uma grande batalha para convencer seus superiores de que seria capaz de ir para a guerra sem encostar num rifle sequer, apenas salvando vidas como médico de sua companhia. Sua história invadiu as telas de cinema brasileiras na última quinta-feira, dia 26, com “Até o Último Homem” (Hacksaw Ridge – 2016).

 

Conduzido com maestria por Mel Gibson, que aprimorou suas técnicas de direção desde “Apocalypto” (Idem – 2006), este longa contém um teor religioso muito forte, pois a fé surge como sua força motora através do protagonista Objetor de Consciência que decidiu ir para o front não para matar, mas para salvar vidas. Com isso, a fé surge também em forma de discussões éticas e morais.

 

Andrew Garfield (Doss) e Teresa Palmer (Dorothy Schutte) em cena (Foto: Divulgação).
Andrew Garfield (Doss) e Teresa Palmer (Dorothy Schutte) em cena (Foto: Divulgação).

 

“Até o Último Homem” tem como única fraqueza o roteiro simplório que tem como base a fórmula do melodrama clássico sobre heroísmo americano, mas que não mantém o ritmo narrativo, sendo um tanto arrastado em seu primeiro ato, que apresenta a história pregressa de Desmond Doss (Andrew Garfield) em Lynchburg, no estado americano da Virginia. A trama começa a encorpar no segundo ato, ambientado no treinamento do protagonista no exército, engrenando, de fato, no terceiro, quando Doss chega ao Japão para a última grande batalha da Segunda Guerra: a Batalha de Okinawa, com foco na Cordilheira Hacksaw, local onde o franzino e desacreditado soldado testemunhou uma carnificina, tornando-se o herói improvável ao arriscar a própria vida para salvar 75 homens, entre americanos e japoneses.

 

Chamada pelas tropas americanas de inferno, a Cordilheira Hacksaw era ponto estratégico para conquistar Okinawa e, consequentemente, o Japão. E é a partir dela que “Até o Último Homem” deixa de ser um melodrama clássico para se tornar um genuíno filme de guerra, que chama a atenção por sequências de batalhas executadas com primor, mais realistas e impactantes que a inicial de “O Resgate do Soldado Ryan” (Saving Private Ryan – 1998).

 

A violência surge na tela na potência máxima para mostrar ao espectador toda a barbárie da guerra, fazendo o possível para coloca-lo no meio da batalha para tentar lhe conceder a sensação de sufocamento das tropas num terreno hostil e de pura carnificina, onde não havia nada além da dor impulsionada pelo desejo de lutar por seus ideais, em ambos os lados – e isto inclui o tradicional ritual suicida da classe guerreira japonesa, o Suppuku, mais conhecido no ocidente como haraquiri.

 

Vince Vaughn como Sargento Howell, um dos homens salvos por Doss na Cordilheira Hacksaw (Foto: Divulgação).
Vince Vaughn como Sargento Howell, um dos homens salvos por Doss na Cordilheira Hacksaw (Foto: Divulgação).

 

Tecnicamente impecável, o filme também chama a atenção pela integração e dedicação de seu elenco, que inclui o estreante Milo Gibson (Lucky Ford), filho de Mel Gibson, num papel pequeno. Mas a grata surpresa aqui atende pelo nome de Andrew Garfield. Popularmente conhecido como Peter Parker / Homem-Aranha dos longas dirigidos por Marc Webb, Garfield oferece à plateia a melhor atuação de sua carreira, equilibrando a fragilidade com a força oriunda da fé, capaz não de mover a Cordilheira Hacksaw, mas de desbravá-la com honra e dignidade numa situação em que a vida humana pouco importava.

 

No entanto, é possível traçar um paralelo entre as trajetórias do protagonista e de seu diretor. Assim como Doss recebe o respeito após o escárnio, “Até o Último Homem” representa a recuperação do prestígio de Mel Gibson e o seu retorno ao panteão hollywoodiano, que o colocara na geladeira após sucessivos escândalos pessoais. É o acerto de contas do ator e cineasta com uma indústria que muito lucrou com seus trabalhos, não apenas em termos de cifras, mas também de obras memoráveis que têm lugar cativo na história da cinematografia, como “Coração Valente” (Braveheart – 1995), que lhe rendeu as estatuetas do Oscar de melhor direção e filme, e o polêmico “A Paixão de Cristo” (The Passion of the Christ – 2004), que o colocou no olho do furacão religioso.

 

* “Até o Último Homem” concorre a seis estatuetas do Oscar: melhor filme, direção para Gibson, ator para Garfield, edição, edição de som e mixagem de som. A 89a edição do Oscar será realizada no dia 26 de fevereiro, domingo de Carnaval, no Dolby Theatre em Los Angeles.

 

Assista ao trailer oficial:

O ataque japonês à Pearl Harbor em dezembro de 1941 marca a adesão americana à Segunda Guerra Mundial, como o principal país dos Aliados na luta contra os países do Eixo. A entrada dos Estados Unidos na guerra despertou nos jovens o desejo do alistamento voluntário, mas nem todos queriam ir para o front para matar. Foi o caso de Desmond Doss, jovem que sonhava estudar medicina e seguia à risca os preceitos de sua religião.

 

Adventista do Sétimo Dia, Doss enfrentou uma grande batalha para convencer seus superiores de que seria capaz de ir para a guerra sem encostar num rifle sequer, apenas salvando vidas como médico de sua companhia. Sua história invadiu as telas de cinema brasileiras na última quinta-feira, dia 26, com “Até o Último Homem” (Hacksaw Ridge – 2016).

 

Conduzido com maestria por Mel Gibson, que aprimorou suas técnicas de direção desde “Apocalypto” (Idem – 2006), este longa contém um teor religioso muito forte, pois a fé surge como sua força motora através do protagonista Objetor de Consciência que decidiu ir para o front não para matar, mas para salvar vidas. Com isso, a fé surge também em forma de discussões éticas e morais.

 

Andrew Garfield (Doss) e Teresa Palmer (Dorothy Schutte) em cena (Foto: Divulgação).
Andrew Garfield (Doss) e Teresa Palmer (Dorothy Schutte) em cena (Foto: Divulgação).

 

“Até o Último Homem” tem como única fraqueza o roteiro simplório que tem como base a fórmula do melodrama clássico sobre heroísmo americano, mas que não mantém o ritmo narrativo, sendo um tanto arrastado em seu primeiro ato, que apresenta a história pregressa de Desmond Doss (Andrew Garfield) em Lynchburg, no estado americano da Virginia. A trama começa a encorpar no segundo ato, ambientado no treinamento do protagonista no exército, engrenando, de fato, no terceiro, quando Doss chega ao Japão para a última grande batalha da Segunda Guerra: a Batalha de Okinawa, com foco na Cordilheira Hacksaw, local onde o franzino e desacreditado soldado testemunhou uma carnificina, tornando-se o herói improvável ao arriscar a própria vida para salvar 75 homens, entre americanos e japoneses.

 

Chamada pelas tropas americanas de inferno, a Cordilheira Hacksaw era ponto estratégico para conquistar Okinawa e, consequentemente, o Japão. E é a partir dela que “Até o Último Homem” deixa de ser um melodrama clássico para se tornar um genuíno filme de guerra, que chama a atenção por sequências de batalhas executadas com primor, mais realistas e impactantes que a inicial de “O Resgate do Soldado Ryan” (Saving Private Ryan – 1998).

 

A violência surge na tela na potência máxima para mostrar ao espectador toda a barbárie da guerra, fazendo o possível para coloca-lo no meio da batalha para tentar lhe conceder a sensação de sufocamento das tropas num terreno hostil e de pura carnificina, onde não havia nada além da dor impulsionada pelo desejo de lutar por seus ideais, em ambos os lados – e isto inclui o tradicional ritual suicida da classe guerreira japonesa, o Suppuku, mais conhecido no ocidente como haraquiri.

 

Vince Vaughn como Sargento Howell, um dos homens salvos por Doss na Cordilheira Hacksaw (Foto: Divulgação).
Vince Vaughn como Sargento Howell, um dos homens salvos por Doss na Cordilheira Hacksaw (Foto: Divulgação).

 

Tecnicamente impecável, o filme também chama a atenção pela integração e dedicação de seu elenco, que inclui o estreante Milo Gibson (Lucky Ford), filho de Mel Gibson, num papel pequeno. Mas a grata surpresa aqui atende pelo nome de Andrew Garfield. Popularmente conhecido como Peter Parker / Homem-Aranha dos longas dirigidos por Marc Webb, Garfield oferece à plateia a melhor atuação de sua carreira, equilibrando a fragilidade com a força oriunda da fé, capaz não de mover a Cordilheira Hacksaw, mas de desbravá-la com honra e dignidade numa situação em que a vida humana pouco importava.

 

No entanto, é possível traçar um paralelo entre as trajetórias do protagonista e de seu diretor. Assim como Doss recebe o respeito após o escárnio, “Até o Último Homem” representa a recuperação do prestígio de Mel Gibson e o seu retorno ao panteão hollywoodiano, que o colocara na geladeira após sucessivos escândalos pessoais. É o acerto de contas do ator e cineasta com uma indústria que muito lucrou com seus trabalhos, não apenas em termos de cifras, mas também de obras memoráveis que têm lugar cativo na história da cinematografia, como “Coração Valente” (Braveheart – 1995), que lhe rendeu as estatuetas do Oscar de melhor direção e filme, e o polêmico “A Paixão de Cristo” (The Passion of the Christ – 2004), que o colocou no olho do furacão religioso.

 

* “Até o Último Homem” concorre a seis estatuetas do Oscar: melhor filme, direção para Gibson, ator para Garfield, edição, edição de som e mixagem de som. A 89a edição do Oscar será realizada no dia 26 de fevereiro, domingo de Carnaval, no Dolby Theatre em Los Angeles.

 

Assista ao trailer oficial:

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