‘Barbie’: mundo real ou cor-de-rosa?

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Criada por Ruth Handler, a primeira presidente da Mattel, em 1959, a boneca Barbie se tornou um dos objetos mais cobiçados por crianças de todo o mundo, estabelecendo uma relação de carinho para com o consumidor que, desde então, tem passado de uma geração para outra. Nas décadas seguintes, à medida que se popularizava, a […]

POR Ana Carolina Garcia19/07/2023|5 min de leitura

‘Barbie’: mundo real ou cor-de-rosa?

“Barbie” é protagonizado por Margot Robbie (Foto: Divulgação / Crédito: Warner Bros.).

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Criada por Ruth Handler, a primeira presidente da Mattel, em 1959, a boneca Barbie se tornou um dos objetos mais cobiçados por crianças de todo o mundo, estabelecendo uma relação de carinho para com o consumidor que, desde então, tem passado de uma geração para outra. Nas décadas seguintes, à medida que se popularizava, a boneca chegou à telinha e à telona, mas não com a ansiedade observada atualmente, pois “Barbie” (Barbie – 2023, Reino Unido / EUA) é um dos filmes mais aguardados do ano. Dirigido por Greta Gerwig, o longa entra em cartaz na próxima quinta-feira (20), lutando contra dois gigantes: “Oppenheimer” (Oppenheimer – 2023, Reino Unido / EUA), de Christopher Nolan, outra estreia dessa semana, e “Missão: Impossível – Acerto de Contas – Parte Um” (Mission: Impossible – Dead Reckoning Part One – 2023, EUA), de Christopher McQuarrie, já no circuito exibidor.

“Barbie” é dirigido por Greta Gerwig (Foto: Divulgação).

Narrado por Helen Mirren, “Barbie” começa referenciando o clássico “2001: Uma Odisséia no Espaço” (2001: A Space Odyssey – 1968, Reino Unido / EUA), de Stanley Kubrick, para mostrar como a criação da boneca mudou as brincadeiras infantis e a percepção de seu público-alvo sobre a sociedade. Em seguida, leva os espectadores à uma viagem à Barbieland, o mundo paralelo onde Barbies e Ken’s vivem sob suas próprias regras, sem espaço para preocupação nem tristeza. Mas isso muda quando a Barbie Estereotipada (Margot Robbie) começa a ter pensamentos sobre morte e a observar celulites em suas pernas. E a única maneira de solucionar a questão é ir ao mundo real e encontrar a pessoa que está influenciando sua realidade perfeita, levando Ken (Ryan Gosling) como “bagagem”.

Com roteiro de Gerwig e Noah Baumbach, o longa se desenvolve de maneira a apresentar a colisão inevitável entre dois mundos: o real, dominado por homens, e o cor-de-rosa, comandado pelas Barbies, que veem seus Ken’s como figuras coadjuvantes que beiram à irrelevância – Allan (Michael Cera) é o excluído que não se encaixa em nenhum dos grupos. A partir disso, permite que o drama e a crítica à sociedade ganhem seu próprio espaço. Neste contexto, a própria boneca é colocada em xeque por ter instituído um padrão de beleza que a maioria das mulheres não consegue alcançar, criando problemas emocionais naquelas que se sentem incomodadas com a própria aparência, como por exemplo, a secretária do CEO da Mattel, Gloria (America Ferrera).

Guiada pela comicidade, a chegada de Barbie e Ken a Los Angeles aborda o choque cultural com propriedade, principalmente para Ken, que se surpreende pelo fato de os homens do mundo real não precisarem de nenhuma mulher para sobreviver – na Barbieland, a situação é inversa. Obcecado pelo patriarcado, Ken decide instituir suas próprias mudanças, levado pela vaidade e ambição, sendo mais um elemento potencializador dos problemas na Barbieland. Ou seja, o universo cor-de-rosa da Barbie era perfeito até a intervenção masculina.

Ryan Gosling e Greta Gerwig em cena de “Barbie” (Foto: Divulgação / Crédito: Warner Bros.).

Isso funciona graças ao jogo cênico de Margot Robbie e Ryan Gosling, que conseguem assimilar com perspicácia as características dos bonecos que originaram seus personagens. Contudo, é Gosling quem realmente se destaca em todo o longa, oferecendo uma atuação mais consistente que a de Robbie, perfeita enquanto Barbie Estereotipada, mas fraca quando o drama oriundo da crise existencial da protagonista precisa dominar a narrativa. Além disso, “Barbie” tem um destaque negativo em seu elenco, Will Ferrell, que interpreta o CEO da Mattel, personagem que nada agrega à trama, pois surge em cena e passa um bom tempo “esquecido” até retornar aleatoriamente, expondo ainda mais as fragilidades do roteiro.

Inconsistente no conteúdo, “Barbie” chama a atenção ao se preocupar com representatividade e inclusão por meio de Barbies variadas, bem como pelo design de produção primoroso, que recria cenários nos mínimos detalhes, inclusive texturas de cada material utilizado, concedendo o visual de brinquedo necessário – no mundo real, com direito à rápida aparição da bandeira brasileira. Há de se destacar, também, a caracterização do elenco, que faz jus à história da boneca e suas diferentes fases e estilos.

Utilizando a trilha sonora como elemento impulsionador de comicidade, especialmente quando remete à fase das boy band’s, “Barbie” funciona quando se propõe a oferecer entretenimento puro e simples, perdendo potência quando decide dialogar de forma séria – porém, forçada e superficial, importante ressaltar – com os espectadores sobre o papel da mulher na sociedade, guiado pela crise existencial da protagonista, que não deseja Ken como acessório nem namorado, completamente dividida entre o mundo real e a Barbieland. Ou seja, o longa entretém quando não se leva a sério, permitindo que a plateia embarque na diversão propiciada pelas memórias de infância, identificando a maneira com a qual movimentava suas bonecas e acessórios pelos cenários comercializados pela Mattel, construindo tramas próprias nas quais a Barbie podia assumir quaisquer funções (assista ao trailer oficial legendado):

Criada por Ruth Handler, a primeira presidente da Mattel, em 1959, a boneca Barbie se tornou um dos objetos mais cobiçados por crianças de todo o mundo, estabelecendo uma relação de carinho para com o consumidor que, desde então, tem passado de uma geração para outra. Nas décadas seguintes, à medida que se popularizava, a boneca chegou à telinha e à telona, mas não com a ansiedade observada atualmente, pois “Barbie” (Barbie – 2023, Reino Unido / EUA) é um dos filmes mais aguardados do ano. Dirigido por Greta Gerwig, o longa entra em cartaz na próxima quinta-feira (20), lutando contra dois gigantes: “Oppenheimer” (Oppenheimer – 2023, Reino Unido / EUA), de Christopher Nolan, outra estreia dessa semana, e “Missão: Impossível – Acerto de Contas – Parte Um” (Mission: Impossible – Dead Reckoning Part One – 2023, EUA), de Christopher McQuarrie, já no circuito exibidor.

“Barbie” é dirigido por Greta Gerwig (Foto: Divulgação).

Narrado por Helen Mirren, “Barbie” começa referenciando o clássico “2001: Uma Odisséia no Espaço” (2001: A Space Odyssey – 1968, Reino Unido / EUA), de Stanley Kubrick, para mostrar como a criação da boneca mudou as brincadeiras infantis e a percepção de seu público-alvo sobre a sociedade. Em seguida, leva os espectadores à uma viagem à Barbieland, o mundo paralelo onde Barbies e Ken’s vivem sob suas próprias regras, sem espaço para preocupação nem tristeza. Mas isso muda quando a Barbie Estereotipada (Margot Robbie) começa a ter pensamentos sobre morte e a observar celulites em suas pernas. E a única maneira de solucionar a questão é ir ao mundo real e encontrar a pessoa que está influenciando sua realidade perfeita, levando Ken (Ryan Gosling) como “bagagem”.

Com roteiro de Gerwig e Noah Baumbach, o longa se desenvolve de maneira a apresentar a colisão inevitável entre dois mundos: o real, dominado por homens, e o cor-de-rosa, comandado pelas Barbies, que veem seus Ken’s como figuras coadjuvantes que beiram à irrelevância – Allan (Michael Cera) é o excluído que não se encaixa em nenhum dos grupos. A partir disso, permite que o drama e a crítica à sociedade ganhem seu próprio espaço. Neste contexto, a própria boneca é colocada em xeque por ter instituído um padrão de beleza que a maioria das mulheres não consegue alcançar, criando problemas emocionais naquelas que se sentem incomodadas com a própria aparência, como por exemplo, a secretária do CEO da Mattel, Gloria (America Ferrera).

Guiada pela comicidade, a chegada de Barbie e Ken a Los Angeles aborda o choque cultural com propriedade, principalmente para Ken, que se surpreende pelo fato de os homens do mundo real não precisarem de nenhuma mulher para sobreviver – na Barbieland, a situação é inversa. Obcecado pelo patriarcado, Ken decide instituir suas próprias mudanças, levado pela vaidade e ambição, sendo mais um elemento potencializador dos problemas na Barbieland. Ou seja, o universo cor-de-rosa da Barbie era perfeito até a intervenção masculina.

Ryan Gosling e Greta Gerwig em cena de “Barbie” (Foto: Divulgação / Crédito: Warner Bros.).

Isso funciona graças ao jogo cênico de Margot Robbie e Ryan Gosling, que conseguem assimilar com perspicácia as características dos bonecos que originaram seus personagens. Contudo, é Gosling quem realmente se destaca em todo o longa, oferecendo uma atuação mais consistente que a de Robbie, perfeita enquanto Barbie Estereotipada, mas fraca quando o drama oriundo da crise existencial da protagonista precisa dominar a narrativa. Além disso, “Barbie” tem um destaque negativo em seu elenco, Will Ferrell, que interpreta o CEO da Mattel, personagem que nada agrega à trama, pois surge em cena e passa um bom tempo “esquecido” até retornar aleatoriamente, expondo ainda mais as fragilidades do roteiro.

Inconsistente no conteúdo, “Barbie” chama a atenção ao se preocupar com representatividade e inclusão por meio de Barbies variadas, bem como pelo design de produção primoroso, que recria cenários nos mínimos detalhes, inclusive texturas de cada material utilizado, concedendo o visual de brinquedo necessário – no mundo real, com direito à rápida aparição da bandeira brasileira. Há de se destacar, também, a caracterização do elenco, que faz jus à história da boneca e suas diferentes fases e estilos.

Utilizando a trilha sonora como elemento impulsionador de comicidade, especialmente quando remete à fase das boy band’s, “Barbie” funciona quando se propõe a oferecer entretenimento puro e simples, perdendo potência quando decide dialogar de forma séria – porém, forçada e superficial, importante ressaltar – com os espectadores sobre o papel da mulher na sociedade, guiado pela crise existencial da protagonista, que não deseja Ken como acessório nem namorado, completamente dividida entre o mundo real e a Barbieland. Ou seja, o longa entretém quando não se leva a sério, permitindo que a plateia embarque na diversão propiciada pelas memórias de infância, identificando a maneira com a qual movimentava suas bonecas e acessórios pelos cenários comercializados pela Mattel, construindo tramas próprias nas quais a Barbie podia assumir quaisquer funções (assista ao trailer oficial legendado):

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