‘Cano Serrado’: ação e consequência numa terra sem lei

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Não foram poucas as vezes que o cinema brasileiro levou às telas histórias sobre corrupção policial e suas consequências. Nesta quinta-feira (25) chega ao circuito mais um título sobre este problema que há anos acomete o país: “Cano Serrado” (2022), de Erik de Castro.   “Cano Serrado” mostra a trajetória de duas equipes policiais de […]

POR Ana Carolina Garcia24/08/2022|3 min de leitura

‘Cano Serrado’: ação e consequência numa terra sem lei

“Cano Serrado” é o último filme de Rubens Caribé (Foto: Divulgação).

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Não foram poucas as vezes que o cinema brasileiro levou às telas histórias sobre corrupção policial e suas consequências. Nesta quinta-feira (25) chega ao circuito mais um título sobre este problema que há anos acomete o país: “Cano Serrado” (2022), de Erik de Castro.

 

“Cano Serrado” é dirigido por Erik de Castro (Foto: Divulgação).

“Cano Serrado” mostra a trajetória de duas equipes policiais de cidades distintas, mas ligadas pelo desaparecimento de dois agentes que atuam na capital, Luca (Jonathan Haagensen) e Manuel (Paulo Miklos), que viajaram para um evento religioso no interior. No caminho, ao se distanciarem do ônibus fretado por membros da igreja, conhecem a ira da outra equipe, liderada pelo Sargento Sebastião (Rubens Caribé), homem cego pelo ódio que tem como principal objetivo vingar o assassinato do irmão caminhoneiro. E a falta de notícias de Luca e Manuel leva seus colegas a procurá-los na vastidão do cerrado.

 

Classificado como filme de ação policial, “Cano Serrado” se aproxima gradualmente de um gênero bastante popular durante a Hollywood clássica, o faroeste, apresentando uma trama calcada no conflito do bem contra o mal, protagonizado por homens cujas atitudes nem de longe podem ser chamadas de heroicas. A violência gráfica explode na tela, preparando o espectador para o confronto final de maneira a remetê-lo aos faroestes de John Wayne, inclusive na maneira com a qual a paisagem é explorada pela fotografia, que, também, nem de longe pode ser comparada às dos filmes de John Ford.

 

Essa aproximação a um dos gêneros cinematográficos mais populares do passado, especialmente quando a indústria hollywoodiana vivia um conflito entre permanecer conservadora ou se abrir à liberdade da juventude chamada por muitos de transviada, demonstra a influência do cinema made in Hollywood neste longa que marca o último trabalho de Rubens Caribé.

 

Com a responsabilidade de ser um dos protagonistas de “Cano Serrado”, Caribé compôs seu personagem de maneira linear, permitindo que o ódio o guiasse, mas sem nenhum conflito interno ou moral, mesmo quando suas ações são questionadas pela própria filha. Na tentativa de explorar a irascibilidade de Sebastião, o ator entrega um personagem superficial. Mesmo assim, seu trabalho levanta ainda mais questionamentos sobre a necessidade de exames psicológicos mais contundentes no momento da admissão na polícia. Com isso, os destaques do longa são Haagensen, policial atormentado pelo remorso, e Fernando Eiras (delegado Marcos), homem que se apresenta como se fosse acima de qualquer suspeita.

 

“Cano Serrado” é, no fim das contas, um filme sobre ação e consequência numa terra sem lei, onde a única justiça a vigorar é aquela feita pelas próprias mãos, mostrando o despreparo que se destaca e fortalece num sistema corrompido.

Não foram poucas as vezes que o cinema brasileiro levou às telas histórias sobre corrupção policial e suas consequências. Nesta quinta-feira (25) chega ao circuito mais um título sobre este problema que há anos acomete o país: “Cano Serrado” (2022), de Erik de Castro.

 

“Cano Serrado” é dirigido por Erik de Castro (Foto: Divulgação).

“Cano Serrado” mostra a trajetória de duas equipes policiais de cidades distintas, mas ligadas pelo desaparecimento de dois agentes que atuam na capital, Luca (Jonathan Haagensen) e Manuel (Paulo Miklos), que viajaram para um evento religioso no interior. No caminho, ao se distanciarem do ônibus fretado por membros da igreja, conhecem a ira da outra equipe, liderada pelo Sargento Sebastião (Rubens Caribé), homem cego pelo ódio que tem como principal objetivo vingar o assassinato do irmão caminhoneiro. E a falta de notícias de Luca e Manuel leva seus colegas a procurá-los na vastidão do cerrado.

 

Classificado como filme de ação policial, “Cano Serrado” se aproxima gradualmente de um gênero bastante popular durante a Hollywood clássica, o faroeste, apresentando uma trama calcada no conflito do bem contra o mal, protagonizado por homens cujas atitudes nem de longe podem ser chamadas de heroicas. A violência gráfica explode na tela, preparando o espectador para o confronto final de maneira a remetê-lo aos faroestes de John Wayne, inclusive na maneira com a qual a paisagem é explorada pela fotografia, que, também, nem de longe pode ser comparada às dos filmes de John Ford.

 

Essa aproximação a um dos gêneros cinematográficos mais populares do passado, especialmente quando a indústria hollywoodiana vivia um conflito entre permanecer conservadora ou se abrir à liberdade da juventude chamada por muitos de transviada, demonstra a influência do cinema made in Hollywood neste longa que marca o último trabalho de Rubens Caribé.

 

Com a responsabilidade de ser um dos protagonistas de “Cano Serrado”, Caribé compôs seu personagem de maneira linear, permitindo que o ódio o guiasse, mas sem nenhum conflito interno ou moral, mesmo quando suas ações são questionadas pela própria filha. Na tentativa de explorar a irascibilidade de Sebastião, o ator entrega um personagem superficial. Mesmo assim, seu trabalho levanta ainda mais questionamentos sobre a necessidade de exames psicológicos mais contundentes no momento da admissão na polícia. Com isso, os destaques do longa são Haagensen, policial atormentado pelo remorso, e Fernando Eiras (delegado Marcos), homem que se apresenta como se fosse acima de qualquer suspeita.

 

“Cano Serrado” é, no fim das contas, um filme sobre ação e consequência numa terra sem lei, onde a única justiça a vigorar é aquela feita pelas próprias mãos, mostrando o despreparo que se destaca e fortalece num sistema corrompido.

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