‘Depois a Louca Sou Eu’: pânico e ansiedade sem rodeios
Adaptação cinematográfica do livro homônimo de Tati Bernardi, “Depois a Louca Sou Eu” (2020) entra em cartaz na próxima quinta-feira, dia 25, abordando assuntos sérios com toques de humor. Dirigido por Júlia Rezende, de “Ponte Aérea” (2015) e “De Pernas Pro Ar 3” (2019), o longa é protagonizado por Débora Falabella, atualmente no horário nobre […]
POR Ana Carolina Garcia23/02/2021|3 min de leitura
Adaptação cinematográfica do livro homônimo de Tati Bernardi, “Depois a Louca Sou Eu” (2020) entra em cartaz na próxima quinta-feira, dia 25, abordando assuntos sérios com toques de humor. Dirigido por Júlia Rezende, de “Ponte Aérea” (2015) e “De Pernas Pro Ar 3” (2019), o longa é protagonizado por Débora Falabella, atualmente no horário nobre com a reprise da novela “A Força do Querer” (2017), na Rede Globo.
“Depois a Louca Sou Eu” conta a história de Dani (Falabella), publicitária que sofre com crises de pânico e ansiedade desde a infância. Sonhando em publicar um livro, Dani faz inúmeras tentativas de levar uma vida “normal”, segundo ela própria, mas sem sucesso. Em meio a isso, conhece Gilberto (Gustavo Vaz), psicanalista que sofre com os mesmos problemas e, assim como ela, tenta encontrar uma maneira para driblá-los.
Contando com roteiro enxuto, o filme traça o perfil da protagonista desde cedo, mostrando que ela, de certa maneira, é “produto do meio” de uma família com problemas similares, mas varridos para debaixo do tapete – a depressão do avô, a neurose da avó e o dramalhão da mãe que tem a filha como propriedade, sufocando-a sempre que possível. Com isso, encontra espaço para tecer uma leve crítica àqueles que preferem fugir da verdade por comodismo, postergando o tratamento adequado ao optar pelo caminho mais fácil, pautado no “se não for loucura, é encosto”. Além disso, aborda com eficiência a questão do uso indiscriminado de medicamentos prescritos, mostrando ao espectador os benefícios e malefícios encontrados numa cartela de tarja preta.
Mantendo o ritmo ágil da narrativa, “Depois a Louca Sou Eu” tem como grande trunfo a versatilidade de Débora Falabella, que mergulha no universo da personagem de maneira a esmiuçá-lo, expondo não apenas o pânico e a ansiedade, mas toda a carência afetiva, incompreensão e baixa autoestima que a atormentam e afetam sua vida pessoal e profissional. É uma composição interessante por não colocar a protagonista como uma “coitadinha”, mas, sim, como uma mulher capaz de dar a volta por cima e que usa a autodepreciação como escudo de proteção, algo que ganha força no jogo cênico com Gustavo Vaz, que, apesar do tom cômico, faz de Gilberto a única pessoa capaz de compreender Dani, que também conta com outra intérprete que rouba a cena, Duda Batista, responsável por dar vida à personagem na infância.
Equilibrando satisfatoriamente drama e comédia, “Depois a Louca Sou Eu” acerta ao tratar sem rodeios problemas psicológicos que, cada vez mais, afetam pessoas de todas as idades e nacionalidades, sobretudo em tempos tão sombrios e de pandemia como o atual.
Adaptação cinematográfica do livro homônimo de Tati Bernardi, “Depois a Louca Sou Eu” (2020) entra em cartaz na próxima quinta-feira, dia 25, abordando assuntos sérios com toques de humor. Dirigido por Júlia Rezende, de “Ponte Aérea” (2015) e “De Pernas Pro Ar 3” (2019), o longa é protagonizado por Débora Falabella, atualmente no horário nobre com a reprise da novela “A Força do Querer” (2017), na Rede Globo.
“Depois a Louca Sou Eu” conta a história de Dani (Falabella), publicitária que sofre com crises de pânico e ansiedade desde a infância. Sonhando em publicar um livro, Dani faz inúmeras tentativas de levar uma vida “normal”, segundo ela própria, mas sem sucesso. Em meio a isso, conhece Gilberto (Gustavo Vaz), psicanalista que sofre com os mesmos problemas e, assim como ela, tenta encontrar uma maneira para driblá-los.
Contando com roteiro enxuto, o filme traça o perfil da protagonista desde cedo, mostrando que ela, de certa maneira, é “produto do meio” de uma família com problemas similares, mas varridos para debaixo do tapete – a depressão do avô, a neurose da avó e o dramalhão da mãe que tem a filha como propriedade, sufocando-a sempre que possível. Com isso, encontra espaço para tecer uma leve crítica àqueles que preferem fugir da verdade por comodismo, postergando o tratamento adequado ao optar pelo caminho mais fácil, pautado no “se não for loucura, é encosto”. Além disso, aborda com eficiência a questão do uso indiscriminado de medicamentos prescritos, mostrando ao espectador os benefícios e malefícios encontrados numa cartela de tarja preta.
Mantendo o ritmo ágil da narrativa, “Depois a Louca Sou Eu” tem como grande trunfo a versatilidade de Débora Falabella, que mergulha no universo da personagem de maneira a esmiuçá-lo, expondo não apenas o pânico e a ansiedade, mas toda a carência afetiva, incompreensão e baixa autoestima que a atormentam e afetam sua vida pessoal e profissional. É uma composição interessante por não colocar a protagonista como uma “coitadinha”, mas, sim, como uma mulher capaz de dar a volta por cima e que usa a autodepreciação como escudo de proteção, algo que ganha força no jogo cênico com Gustavo Vaz, que, apesar do tom cômico, faz de Gilberto a única pessoa capaz de compreender Dani, que também conta com outra intérprete que rouba a cena, Duda Batista, responsável por dar vida à personagem na infância.
Equilibrando satisfatoriamente drama e comédia, “Depois a Louca Sou Eu” acerta ao tratar sem rodeios problemas psicológicos que, cada vez mais, afetam pessoas de todas as idades e nacionalidades, sobretudo em tempos tão sombrios e de pandemia como o atual.