Disney+: a nova aposta para a expansão do império

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A The Walt Disney Company confirmou no início da semana que a Disney+ será lançada no Brasil em 17 de novembro deste ano. O anúncio da chegada à América Latina e ao Caribe demonstra a vontade de dominar o mercado e fazer frente às outras plataformas de streaming, principalmente à Netflix, a maior companhia do […]

POR Ana Carolina Garcia21/08/2020|6 min de leitura

Disney+: a nova aposta para a expansão do império

A Disney+ será lançada no Brasil em 17 de novembro deste ano (Foto: Divulgação – Assessoria).

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A The Walt Disney Company confirmou no início da semana que a Disney+ será lançada no Brasil em 17 de novembro deste ano. O anúncio da chegada à América Latina e ao Caribe demonstra a vontade de dominar o mercado e fazer frente às outras plataformas de streaming, principalmente à Netflix, a maior companhia do setor.

 

A definição da data foi acompanhada pelo anúncio de que a Disney+ será a única plataforma digital a disponibilizar o conteúdo produzido pelas marcas Disney, Pixar, Marvel, Star Wars e National Geographic, o que, por si só, é uma pancada sobre a concorrência. Isto se deve ao fato de o estúdio do Mickey ser o mais rentável da atualidade – mais de US$ 10 bilhões somente em bilheterias. E tanto lucro é reflexo da preocupação da Disney em oferecer títulos voltados para toda a família, englobando faixas etárias distintas desde os seus primórdios.

 

Ao custo de US$ 6,99 nos Estados Unidos, a mensalidade da Disney+ ainda não foi definida para o mercado brasileiro. Também não se sabe se o pacote que inclui Hulu e ESPN+ será disponibilizado, bem como o PVOD. Divisor de opiniões, o PVOD é considerado uma ameaça às salas de exibição enquanto espaços de socialização que proporcionam experiência cinematográfica sem igual. Esta questão tem dominado Hollywood desde o lançamento prévio de “Trolls 2” (Trolls World Tour – 2020), agendado para o circuito, no início da pandemia do novo coronavírus, que causou a interrupção de centros de produção e o fechamento das salas, causando imenso prejuízo ao cinema como um todo. A discussão se potencializou quando a Warner Bros. e a própria Disney seguiram os passos do concorrente, lançando respectivamente “SCOOBY! O Filme” (Scoob! – 2020) e “Mulan” (Idem – 2020) em PVOD – a versão live-action do clássico de animação da Casa do Mickey entrará em cartaz nos países nos quais a Disney+ ainda não chegou.

 

“Mulan” será lançado diretamente na Disney+ nos países em que a plataforma estiver em atividade (Foto: Divulgação).

 

“Acreditamos muito no valor da experiência da sala de exibição em geral para grandes filmes. Também percebemos que, seja por causa da mudança e evolução da dinâmica do consumidor ou por causa de certas situações como a COVID, talvez tenhamos de fazer algumas alterações nessa estratégia geral apenas porque os cinemas não estão abertos ou não estão abertos na medida em que precisam ser financeiramente viáveis”, disse Bob Chapek, CEO da The Walt Disney Company, em maio deste ano.

 

Duramente criticada pelos exibidores, dentro e fora dos Estados Unidos, a Universal Pictures fechou acordo com a AMC Theatres, maior rede de cinema do mundo, para ficar com uma parcela do lucro obtido pelo aluguel dos filmes, algo recebido com certo ceticismo pela indústria, inclusive pela Disney. Na verdade, o ceticismo da Casa do Mickey pode ser visto como recusa, ao menos, no primeiro momento. Afinal, não há motivo para abrir mão do lucro em bilheterias quando se pode ganhar mais até mesmo no aluguel em PVOD disponibilizado pela Disney+, que lançou “Mulan” por US$ 29,99.

 

Considerando os valores dos alugueis em PVOD, que permite que mais de uma pessoa assista ao filme, e o dos ingressos individuais das salas de exibição, é provável que a Disney não fará nenhum esforço para modificar o modelo tradicional de cinema. Nem mesmo para encurtar a janela de exibição, conforme o acordo firmado entre a Universal e a AMC. Basta lembrar que “Vingadores: Ultimato” (Avengers: Endgame – 2019) ficou em cartaz durante meses, arrecadando cerca de US$ 2,797 bilhões em todo o mundo, tornando-se a maior bilheteria da História. A Disney não joga para perder e, por esta razão, hoje é um império que controla aproximadamente 27% da indústria cinematográfica – parcela alcançada graças à compra da Fox por US$ 71,3 bilhões em 2018.

 

“Walt Disney” está disponível no catálogo da Globoplay (Foto: Divulgação).

Fundada em 1923, sob o nome de Disney Brothers Studio, a The Walt Disney Company começou a partir do sonho de Walt Disney, que, ao lado do irmão Roy, dedicou sua vida à magia de um mundo criado para levar alegria ao público. Visionário, Walt se tornou uma das mentes brilhantes da indústria do entretenimento antes de completar 30 anos de idade. Sua trajetória é contada em “Walt Disney” (Idem – 2015), de Sarah Colt.

 

Disponível no catálogo da Globoplay, o documentário conta como criador e criatura se misturaram, sobretudo quando a empresa passou de estúdio para conglomerado também turístico – a Walt Disney World, em Orlando, no estado americano da Flórida, é um dos destinos mais procurados por turistas de todo o mundo. Contando com a eficiente montagem de Tony Lazzerini, “Walt Disney” permite ao espectador compreender o homem por trás do mito, bem como sua obstinação em criar algo maior que sua própria vida.

 

Dividido em duas partes, o documentário mostra a preocupação de Walt Disney em buscar novas tecnologias, recuperando o dinheiro investido com o lucro obtido em bilheterias, como “O Vapor Willie” (Steamboat Willie – 1928), que apresentou o camundongo Mickey e sua namorada, Minnie, com recursos sonoros numa época em que a inserção de som em produções cinematográficas dava seus primeiros passos. Divisor de águas para o cinema de animação, o curta deixou o público do Colony Theater, em Nova York, enlouquecido na noite de estreia, colocando seu realizador no primeiro time de Hollywood, fazendo dele um dos poucos a conquistar sucesso e fortuna durante a recessão causada pela quebra da bolsa de Nova York em 1929.

 

“Walt Disney” é uma produção necessária para melhor compreensão da construção do império Disney, que, sempre atento às novas demandas do público e, consequentemente, do mercado, chega às plataformas digitais em escala global para ficar. Sacudindo a indústria do entretenimento, a Disney+ é uma aposta audaciosa e certeira da Casa do Mickey, oferecendo produções originais e colocando em risco a situação confortável da Netflix enquanto gigante do streaming.

 

Leia também:

‘Mulan’: Disney anuncia lançamento em VOD

Acordo entre Universal Pictures e AMC Theatres pode afetar modelo tradicional de cinema

Estúdios de Hollywood adiam, novamente, lançamentos por causa da Covid-19

Cinema e o cenário pós-pandemia

Disney pode seguir os passos da Universal

‘Trolls’: da alegria ao imbróglio

Hollywood e o impacto do novo Coronavírus

Disney+ disponibiliza clássicos com alerta de conteúdo

Disney compra a Fox por US$ 71,3 bilhões

A The Walt Disney Company confirmou no início da semana que a Disney+ será lançada no Brasil em 17 de novembro deste ano. O anúncio da chegada à América Latina e ao Caribe demonstra a vontade de dominar o mercado e fazer frente às outras plataformas de streaming, principalmente à Netflix, a maior companhia do setor.

 

A definição da data foi acompanhada pelo anúncio de que a Disney+ será a única plataforma digital a disponibilizar o conteúdo produzido pelas marcas Disney, Pixar, Marvel, Star Wars e National Geographic, o que, por si só, é uma pancada sobre a concorrência. Isto se deve ao fato de o estúdio do Mickey ser o mais rentável da atualidade – mais de US$ 10 bilhões somente em bilheterias. E tanto lucro é reflexo da preocupação da Disney em oferecer títulos voltados para toda a família, englobando faixas etárias distintas desde os seus primórdios.

 

Ao custo de US$ 6,99 nos Estados Unidos, a mensalidade da Disney+ ainda não foi definida para o mercado brasileiro. Também não se sabe se o pacote que inclui Hulu e ESPN+ será disponibilizado, bem como o PVOD. Divisor de opiniões, o PVOD é considerado uma ameaça às salas de exibição enquanto espaços de socialização que proporcionam experiência cinematográfica sem igual. Esta questão tem dominado Hollywood desde o lançamento prévio de “Trolls 2” (Trolls World Tour – 2020), agendado para o circuito, no início da pandemia do novo coronavírus, que causou a interrupção de centros de produção e o fechamento das salas, causando imenso prejuízo ao cinema como um todo. A discussão se potencializou quando a Warner Bros. e a própria Disney seguiram os passos do concorrente, lançando respectivamente “SCOOBY! O Filme” (Scoob! – 2020) e “Mulan” (Idem – 2020) em PVOD – a versão live-action do clássico de animação da Casa do Mickey entrará em cartaz nos países nos quais a Disney+ ainda não chegou.

 

“Mulan” será lançado diretamente na Disney+ nos países em que a plataforma estiver em atividade (Foto: Divulgação).

 

“Acreditamos muito no valor da experiência da sala de exibição em geral para grandes filmes. Também percebemos que, seja por causa da mudança e evolução da dinâmica do consumidor ou por causa de certas situações como a COVID, talvez tenhamos de fazer algumas alterações nessa estratégia geral apenas porque os cinemas não estão abertos ou não estão abertos na medida em que precisam ser financeiramente viáveis”, disse Bob Chapek, CEO da The Walt Disney Company, em maio deste ano.

 

Duramente criticada pelos exibidores, dentro e fora dos Estados Unidos, a Universal Pictures fechou acordo com a AMC Theatres, maior rede de cinema do mundo, para ficar com uma parcela do lucro obtido pelo aluguel dos filmes, algo recebido com certo ceticismo pela indústria, inclusive pela Disney. Na verdade, o ceticismo da Casa do Mickey pode ser visto como recusa, ao menos, no primeiro momento. Afinal, não há motivo para abrir mão do lucro em bilheterias quando se pode ganhar mais até mesmo no aluguel em PVOD disponibilizado pela Disney+, que lançou “Mulan” por US$ 29,99.

 

Considerando os valores dos alugueis em PVOD, que permite que mais de uma pessoa assista ao filme, e o dos ingressos individuais das salas de exibição, é provável que a Disney não fará nenhum esforço para modificar o modelo tradicional de cinema. Nem mesmo para encurtar a janela de exibição, conforme o acordo firmado entre a Universal e a AMC. Basta lembrar que “Vingadores: Ultimato” (Avengers: Endgame – 2019) ficou em cartaz durante meses, arrecadando cerca de US$ 2,797 bilhões em todo o mundo, tornando-se a maior bilheteria da História. A Disney não joga para perder e, por esta razão, hoje é um império que controla aproximadamente 27% da indústria cinematográfica – parcela alcançada graças à compra da Fox por US$ 71,3 bilhões em 2018.

 

“Walt Disney” está disponível no catálogo da Globoplay (Foto: Divulgação).

Fundada em 1923, sob o nome de Disney Brothers Studio, a The Walt Disney Company começou a partir do sonho de Walt Disney, que, ao lado do irmão Roy, dedicou sua vida à magia de um mundo criado para levar alegria ao público. Visionário, Walt se tornou uma das mentes brilhantes da indústria do entretenimento antes de completar 30 anos de idade. Sua trajetória é contada em “Walt Disney” (Idem – 2015), de Sarah Colt.

 

Disponível no catálogo da Globoplay, o documentário conta como criador e criatura se misturaram, sobretudo quando a empresa passou de estúdio para conglomerado também turístico – a Walt Disney World, em Orlando, no estado americano da Flórida, é um dos destinos mais procurados por turistas de todo o mundo. Contando com a eficiente montagem de Tony Lazzerini, “Walt Disney” permite ao espectador compreender o homem por trás do mito, bem como sua obstinação em criar algo maior que sua própria vida.

 

Dividido em duas partes, o documentário mostra a preocupação de Walt Disney em buscar novas tecnologias, recuperando o dinheiro investido com o lucro obtido em bilheterias, como “O Vapor Willie” (Steamboat Willie – 1928), que apresentou o camundongo Mickey e sua namorada, Minnie, com recursos sonoros numa época em que a inserção de som em produções cinematográficas dava seus primeiros passos. Divisor de águas para o cinema de animação, o curta deixou o público do Colony Theater, em Nova York, enlouquecido na noite de estreia, colocando seu realizador no primeiro time de Hollywood, fazendo dele um dos poucos a conquistar sucesso e fortuna durante a recessão causada pela quebra da bolsa de Nova York em 1929.

 

“Walt Disney” é uma produção necessária para melhor compreensão da construção do império Disney, que, sempre atento às novas demandas do público e, consequentemente, do mercado, chega às plataformas digitais em escala global para ficar. Sacudindo a indústria do entretenimento, a Disney+ é uma aposta audaciosa e certeira da Casa do Mickey, oferecendo produções originais e colocando em risco a situação confortável da Netflix enquanto gigante do streaming.

 

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‘Mulan’: Disney anuncia lançamento em VOD

Acordo entre Universal Pictures e AMC Theatres pode afetar modelo tradicional de cinema

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