Considerando resultados de outras premiações, pode-se dizer que Guillermo del Toro ocupa uma posição confortável na corrida pelo Oscar de melhor direção por seu trabalho em “A Forma da Água” (The Shape of Water – 2017). Isto se deve às suas vitórias nos dois principais termômetros da categoria, o Globo de Ouro e o DGA […]
POR Ana Carolina Garcia02/03/2018|13 min de leitura
Considerando resultados de outras premiações, pode-se dizer que Guillermo del Toro ocupa uma posição confortável na corrida pelo Oscar de melhor direção por seu trabalho em “A Forma da Água” (The Shape of Water – 2017). Isto se deve às suas vitórias nos dois principais termômetros da categoria, o Globo de Ouro e o DGA Award, concedidos respectivamente pela Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood (Hollywood Foreign Press Association – HFPA) e pelo Sindicato dos Diretores dos Estados Unidos (Directors Guild of America – DGA).
Os cinco indicados ao prêmio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood (Academy of Motion Picture Arts and Sciences – AMPAS) são: Guillermo del Toro por “A Forma da Água”, Christopher Nolan por “Dunkirk” (Idem – 2017), Greta Gerwig por “Lady Bird – A Hora de Voar” (Lady Bird – 2017), Jordan Peele por “Corra!” e Paul Thomas Anderson por “Trama Fantasma” (Phantom Thread – 2017).
No entanto, apesar de ser o segundo maior prêmio da indústria hollywoodiana, o Globo de Ouro influencia na campanha rumo à estatueta, mas não no resultado propriamente dito, ao contrário do DGA Awards. O prêmio do Sindicato é considerado o maior indicativo da categoria porque parte de seus membros também integra a AMPAS e com direito a voto.
É importante ressaltar que todos os diretores indicados também assinaram os roteiros de seus respectivos filmes, sendo Guillermo del Toro o único a dividir a função de roteirista, pois contou com a parceria de Vanessa Taylor. E neste quesito, Jordan Peele venceu o WGA Award, concedido pelo Sindicato de Roteiristas (Writers Guild of America – WGA), de melhor roteiro original. O WGA de roteiro adaptado foi entregue a James Ivory por “Me Chame pelo Seu Nome” (Call Me By Your Name – 2017). Considerando que o roteiro é a espinha dorsal de qualquer projeto cinematográfico, pode-se dizer que o fato dos cineastas assumirem as duas funções influenciou diretamente nos resultados dos longas.
Conduzindo “A Forma da Água” com muita competência, Guillermo del Toro brinda o público com um trabalho que tem a delicadeza como elemento imprescindível para o desenvolvimento de sua trama. Abordando temas universais como preconceito, solidão, compaixão, amizade e respeito às diferenças em tom fabular, o cineasta faturou 21 prêmios até agora, somente como diretor deste filme.
Estreando como diretor, Jordan Peele é o adversário direto de Guillermo del Toro. O cineasta chamou a atenção de Hollywood por realizar um filme original que aborda o perigo de mentes perturbadas usando a hipocrisia de uma sociedade racista como fio condutor de sua trama. “Corra!” é um filme ousado e dirigido com segurança e eficiência por Peele, que já faturou 20 prêmios referentes ao seu trabalho de direção neste longa, entre eles, o DGA Award de diretor estreante.
Concorrente de peso, Christopher Nolan conquistou 13 prêmios até o momento pela direção de “Dunkirk”. Em seu projeto mais audacioso, o diretor domina plenamente a técnica cinematográfica, utilizando uma narrativa não linear para apresentar a Batalha de Dunquerque, uma das mais sangrentas da Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945), sob a ótica de quatro personagens, porém sem conceder a nenhum deles o status de protagonista. É um trabalho de direção seguro e habilidoso, sem dúvida alguma, o melhor de sua carreira.
Em seu primeiro trabalho de direção solo, Greta Gerwig tem a seu favor os diversos movimentos em prol das mulheres em Hollywood, uma vez que muitos deles misturam as temáticas, como o “Time’s Up”, que luta não apenas contra os casos de assédio sexual, mas também a favor de igualdade salarial e mais espaço para mulheres na indústria controlada prioritariamente por homens. Neste ponto, e somente neste, é uma concorrente cujas chances não podem ser subestimadas e que já ganhou 16 prêmios como diretora de “Lady Bird – A Hora de Voar”. Porém, em termos de direção é o desempenho mais fraco dentre os cinco indicados, pois o resultado do longa é inconsistente e desprovido de emoção.
Considerado a zebra da categoria, Paul Thomas Anderson tem poucas chances, mas não pode ser subestimado, sobretudo por não ter sido “testado” no DGA e no Globo de Ouro. Com seis prêmios recebidos até o momento pela direção de “Trama Fantasma”, Anderson realizou um trabalho preciso e requintado que em muito remete ao cinema clássico, explorando com competência cada detalhe de uma complexa trama sobre relações de poder, dependência emocional, sentimentos reprimidos e hipocrisia.
Neste cenário, pode-se dizer que quem tem mais chances de vencer o Oscar de melhor direção é Guillermo del Toro, tendo Jordan Peele no seu encalço. Os dois são seguidos de perto por Christopher Nolan e Greta Gerwig, principalmente devido à campanha de inclusão e representatividade, enquanto Paul Thomas Anderson corre por fora como a zebra desta edição.
A 90ª cerimônia de entrega do Oscar será realizada no próximo domingo, dia 26, no Dolby Theatre em Los Angeles. Apresentada por Jimmy Kimmel, a maior festa do cinema mundial será transmitida ao vivo pelo canal por assinatura TNT.
Confira um pequeno perfil dos indicados:
– Guillermo del Toro:
Nascido em 09 de outubro de 1964 em Guadalajara, Jalisco (México), Guillermo del Toro começou a se interessar por cinema ainda na infância, inclusive por departamentos técnicos como efeitos especiais e maquiagem. Começou sua carreira aos 20 anos de idade num trabalho não creditado como assistente de produção do longa “El corazón de la noche” (Idem – 1984), de Jaime Humberto Hermosillo. Estreou como diretor e roteirista em meados da década de 1980 com o curta-metragem “Doña Lupe” (Idem – 1986). Nesta época, já havia fundado sua primeira companhia, a Necropia. O sucesso chegou com seu primeiro longa-metragem, o horror “Cronos” (Idem – 1993), que marca ainda o início da parceria do cineasta com o ator Ron Perlman, o protagonista dos filmes da série “Hellboy” (Idem – iniciada em 2004). Premiado em Cannes, “Cronos” chamou a atenção de Hollywood e, anos mais tarde, del Toro estreou na capital do cinema com “Mutação” (Mimic – 1997), estrelado por Mira Sorvino. De volta ao México, fundou a produtora Tequila Gang e começou a alternar trabalhos em seu país natal e nos Estados Unidos, atuando principalmente como diretor, produtor e roteirista. Dentre eles, “A Espinha do Diabo” (El espinazo del diablo – 2001), “Blade II – O Caçador de Vampiros” (Blade II – 2002), “O Labirinto do Fauno” (El laberinto del fauno – 2006) e “A Colina Escarlate” (Crimson Peak – 2015). Concorrendo ao Oscar nas categorias de melhor filme, direção e roteiro original, del Toro foi indicado anteriormente à estatueta dourada de roteiro original pelo já citado “O Labirinto do Fauno”.
* Entre os 21 prêmios já recebidos por seu trabalho na direção de “A Forma da Água”, estão: os já citados Globo de Ouro e DGA Award; o David Lean Award, do BAFTA Awards; o Austin Film Critics Award, da Austin Film Critics Association; o Critics Choice Award, da Broadcast Film Critics Association Awards; o KCFCC Award, da Kansas City Film Critics Circle Awards; o Sierra Award, da Las Vegas Film Critics Society Awards; o LAFCA Award, da Los Angeles Film Critics Association Awards – empate com Luca Guadagnino por “Me Chame Pelo Seu Nome” (Call Me By Your Name – 2017); o PFCS Award, da Phoenix Film Critics Society Awards; e o SFFCC Award, da San Francisco Film Critics Circle.
– Christopher Nolan:
Nascido em 30 de julho de 1970 em Londres, Inglaterra, Christopher Nolan começou a fazer curtas-metragens ainda na infância, ao lado do pai, com uma câmera Super-8. No entanto, seu primeiro trabalho profissional foi o curta “Tarantella” (Idem – 1989), co-dirigido por Roko Belic. Pouco tempo depois, realizou seu primeiro longa-metragem, o thriller “Following” (Idem – 1998), assumindo as funções de produtor, diretor, roteirista, diretor de fotografia e editor (ao lado de Gareth Heal). Indicado ao BAFTA Film Award, o filme lhe deu notoriedade e possibilitou a escalada rumo ao sucesso por meio de títulos como “Amnésia” (Memento – 2000) e “Insônia” (Insomnia – 2002). A consagração junto ao público chegou com a trilogia “Batman”, composta por “Batman Begins” (Idem – 2005), “Batman: O Cavaleiro das Trevas” (The Dark Knight – 2008) e “Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge” (The Dark Knight Rises – 2012). Concorrendo às estatuetas de melhor filme e direção, Nolan foi indicado ao prêmio da AMPAS outras três vezes: filme e roteiro original por “A Origem” (Inception – 2010) e roteiro original por “Amnésia”.
* Entre os 13 prêmios já recebidos por seu trabalho na direção de “Dunkirk”, estão: o AACTA International Award, do AACTA International Awards; o Capri Director Award, do Capri, Hollywood; o CFCA Award, da Chicago Film Critics Association Awards; o FFCC Award, da Florida Film Critics Circle Awards; o OFCS Award, da Online Film Critics Society Awards; o Seattle Film Critics Award, da Seattle Film Critics Awards; e o WAFCA Award, da Washington DC Area Film Critics Association Awards.
– Greta Gerwig:
Nascida em 04 de agosto de 1983 em Sacramento, Califórnia (Estados Unidos), Greta Gerwig manifestou seu interesse por artes ainda na infância. Iniciou a carreira como atriz em 2006, no seriado “Young American Bodies” (Idem – 2006 – 2009). Estreou no cinema no mesmo ano com o curta “Thanks for the Add!” (Idem – 2006) e o longa “LOL” (Idem – 2006), ambos dirigidos por Joe Swanberg. Priorizando o trabalho de atriz, Gerwig começou a se interessar por outras funções atrás das câmeras. Assim, em 2007, roteirizou seu primeiro longa, “Hannah Sobe as Escadas” (Hannah Takes the Stairs – 2007), de Swanberg, com quem estrelou e co-digiriu “Nights and Weekends” (Idem – 2008). Contudo, foi com o projeto quase biográfico “Lady Bird – A Hora de Voar” que Gerwig fez sua estreia como diretora de fato, assumindo sozinha a função e suas atribuições. Sem nenhuma indicação anterior ao Oscar, Gerwig concorre às estatuetas de melhor direção e roteiro original.
* Entre os 16 prêmios já recebidos por seu trabalho na direção de “Lady Bird – A Hora de Voar”, estão: o COFCA Award, da Central Ohio Film Critics Association; o HFCS Award, da Houston Film Critics Society Awards; o IFJA Award, da Indiana Film Journalists Association, US; o IFC Award, do Iowa Film Critics Awards; o NBR Award, da National Board of Review, USA; e o NSFC Award, da National Society of Film Critics Awards, USA.
– Jordan Peele:
Nascido em 21 de fevereiro de 1979 em Nova York, Nova York (EUA), Jordan Peele começou a carreira como ator em 2006, participando do segmento “White & Nerdy” do especial de TV “Al TV” (Idem – 2006). No ano seguinte, estreou no cinema com a comédia “Twisted Fortune” (Idem – 2007), de Victor Varnado. Trabalhou em diversos seriados e telefilmes, inclusive como roteirista e produtor, até decidir se arriscar novamente no cinema com “Entrando Numa Fria Maior Ainda com a Família” (Little Fockers – 2010), de Paul Weitz. No entanto, a estreia como diretor aconteceu por meio de um projeto idealizado por ele, “Corra!”, que lhe rendeu suas primeiras indicações ao Oscar. São elas: melhor filme, direção e roteiro original.
* Entre os 20 prêmios já recebidos por seu trabalho na direção de “Corra!”, estão: o AAFCA Award, da African-American Film Critics Association (AAFCA); o BFCC Award, da Black Film Critics Circle Awards; o DGA Award de diretor estreante; o Bingham Ray Breakthrough Director Award, do Gotham Awards; o NCFCA Award, da North Carolina Film Critics Association; o OFCC Award, da Oklahoma Film Critics Circle Awards; e o PFCC Award, da Philadelphia Film Critics Circle Awards.
– Paul Thomas Anderson:
Nascido em 26 de junho de 1970 em Studio City, Califórnia (EUA), Paul Thomas Anderson, assim como outros cineastas, manifestou seu interesse pelo cinema na infância por influência de seu pai, realizando diversos curtas-metragens até chamar a atenção com “The Dirk Diggler Story” (Idem – 1988), em que assumiu as funções de diretor, roteirista e diretor de fotografia. Nos anos seguintes, trabalhou em diversos videoclipes e comerciais de TV, estreando como diretor e roteirista de longas-metragens com o drama “Jogada de Risco” (Sydney – 1996), estrelado por Philip Baker Hall, John C. Reilly, Gwyneth Paltrow, Samuel L. Jackson e Philip Seymour Hoffman, que participou de todos os seus projetos até 2014, exceto “Sangue Negro” (There Will Be Blood – 2007), quando o ator foi encontrado morto, vítima de overdose. Títulos como “Boogie Nights: Prazer Sem Limites” (Boogie Nights – 1997) e “Magnólia” (Magnolia – 1999) ajudaram o cineasta a se estabelecer em Hollywood como um dos principais nomes de sua geração. Concorrendo ao Golden Boy de melhor filme e direção, Anderson foi indicado ao prêmio outras seis vezes: melhor roteiro adaptado por “Vício Inerente” (Inherent Vice – 2014); filme, direção e roteiro adaptado por “Sangue Negro”; roteiro original por “Magnólia”; e roteiro original por “Boogie Nights: Prazer Sem Limites”.
* Os seis prêmios já recebidos por seu trabalho na direção de “Trama Fantasma” são: o BOFCA Award, da Boston Online Film Critics Association; o BSFC Award, da Boston Society of Film Critics Awards; o ICP Award, da Indiewire Critics’ Poll; o ICS Award, da International Cinephile Society Awards; o VFCC Award, do Vancouver Film Critics Circle; e o VVFP Award, da Village Voice Film Poll.
Considerando resultados de outras premiações, pode-se dizer que Guillermo del Toro ocupa uma posição confortável na corrida pelo Oscar de melhor direção por seu trabalho em “A Forma da Água” (The Shape of Water – 2017). Isto se deve às suas vitórias nos dois principais termômetros da categoria, o Globo de Ouro e o DGA Award, concedidos respectivamente pela Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood (Hollywood Foreign Press Association – HFPA) e pelo Sindicato dos Diretores dos Estados Unidos (Directors Guild of America – DGA).
Os cinco indicados ao prêmio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood (Academy of Motion Picture Arts and Sciences – AMPAS) são: Guillermo del Toro por “A Forma da Água”, Christopher Nolan por “Dunkirk” (Idem – 2017), Greta Gerwig por “Lady Bird – A Hora de Voar” (Lady Bird – 2017), Jordan Peele por “Corra!” e Paul Thomas Anderson por “Trama Fantasma” (Phantom Thread – 2017).
No entanto, apesar de ser o segundo maior prêmio da indústria hollywoodiana, o Globo de Ouro influencia na campanha rumo à estatueta, mas não no resultado propriamente dito, ao contrário do DGA Awards. O prêmio do Sindicato é considerado o maior indicativo da categoria porque parte de seus membros também integra a AMPAS e com direito a voto.
É importante ressaltar que todos os diretores indicados também assinaram os roteiros de seus respectivos filmes, sendo Guillermo del Toro o único a dividir a função de roteirista, pois contou com a parceria de Vanessa Taylor. E neste quesito, Jordan Peele venceu o WGA Award, concedido pelo Sindicato de Roteiristas (Writers Guild of America – WGA), de melhor roteiro original. O WGA de roteiro adaptado foi entregue a James Ivory por “Me Chame pelo Seu Nome” (Call Me By Your Name – 2017). Considerando que o roteiro é a espinha dorsal de qualquer projeto cinematográfico, pode-se dizer que o fato dos cineastas assumirem as duas funções influenciou diretamente nos resultados dos longas.
Conduzindo “A Forma da Água” com muita competência, Guillermo del Toro brinda o público com um trabalho que tem a delicadeza como elemento imprescindível para o desenvolvimento de sua trama. Abordando temas universais como preconceito, solidão, compaixão, amizade e respeito às diferenças em tom fabular, o cineasta faturou 21 prêmios até agora, somente como diretor deste filme.
Estreando como diretor, Jordan Peele é o adversário direto de Guillermo del Toro. O cineasta chamou a atenção de Hollywood por realizar um filme original que aborda o perigo de mentes perturbadas usando a hipocrisia de uma sociedade racista como fio condutor de sua trama. “Corra!” é um filme ousado e dirigido com segurança e eficiência por Peele, que já faturou 20 prêmios referentes ao seu trabalho de direção neste longa, entre eles, o DGA Award de diretor estreante.
Concorrente de peso, Christopher Nolan conquistou 13 prêmios até o momento pela direção de “Dunkirk”. Em seu projeto mais audacioso, o diretor domina plenamente a técnica cinematográfica, utilizando uma narrativa não linear para apresentar a Batalha de Dunquerque, uma das mais sangrentas da Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945), sob a ótica de quatro personagens, porém sem conceder a nenhum deles o status de protagonista. É um trabalho de direção seguro e habilidoso, sem dúvida alguma, o melhor de sua carreira.
Em seu primeiro trabalho de direção solo, Greta Gerwig tem a seu favor os diversos movimentos em prol das mulheres em Hollywood, uma vez que muitos deles misturam as temáticas, como o “Time’s Up”, que luta não apenas contra os casos de assédio sexual, mas também a favor de igualdade salarial e mais espaço para mulheres na indústria controlada prioritariamente por homens. Neste ponto, e somente neste, é uma concorrente cujas chances não podem ser subestimadas e que já ganhou 16 prêmios como diretora de “Lady Bird – A Hora de Voar”. Porém, em termos de direção é o desempenho mais fraco dentre os cinco indicados, pois o resultado do longa é inconsistente e desprovido de emoção.
Considerado a zebra da categoria, Paul Thomas Anderson tem poucas chances, mas não pode ser subestimado, sobretudo por não ter sido “testado” no DGA e no Globo de Ouro. Com seis prêmios recebidos até o momento pela direção de “Trama Fantasma”, Anderson realizou um trabalho preciso e requintado que em muito remete ao cinema clássico, explorando com competência cada detalhe de uma complexa trama sobre relações de poder, dependência emocional, sentimentos reprimidos e hipocrisia.
Neste cenário, pode-se dizer que quem tem mais chances de vencer o Oscar de melhor direção é Guillermo del Toro, tendo Jordan Peele no seu encalço. Os dois são seguidos de perto por Christopher Nolan e Greta Gerwig, principalmente devido à campanha de inclusão e representatividade, enquanto Paul Thomas Anderson corre por fora como a zebra desta edição.
A 90ª cerimônia de entrega do Oscar será realizada no próximo domingo, dia 26, no Dolby Theatre em Los Angeles. Apresentada por Jimmy Kimmel, a maior festa do cinema mundial será transmitida ao vivo pelo canal por assinatura TNT.
Confira um pequeno perfil dos indicados:
– Guillermo del Toro:
Nascido em 09 de outubro de 1964 em Guadalajara, Jalisco (México), Guillermo del Toro começou a se interessar por cinema ainda na infância, inclusive por departamentos técnicos como efeitos especiais e maquiagem. Começou sua carreira aos 20 anos de idade num trabalho não creditado como assistente de produção do longa “El corazón de la noche” (Idem – 1984), de Jaime Humberto Hermosillo. Estreou como diretor e roteirista em meados da década de 1980 com o curta-metragem “Doña Lupe” (Idem – 1986). Nesta época, já havia fundado sua primeira companhia, a Necropia. O sucesso chegou com seu primeiro longa-metragem, o horror “Cronos” (Idem – 1993), que marca ainda o início da parceria do cineasta com o ator Ron Perlman, o protagonista dos filmes da série “Hellboy” (Idem – iniciada em 2004). Premiado em Cannes, “Cronos” chamou a atenção de Hollywood e, anos mais tarde, del Toro estreou na capital do cinema com “Mutação” (Mimic – 1997), estrelado por Mira Sorvino. De volta ao México, fundou a produtora Tequila Gang e começou a alternar trabalhos em seu país natal e nos Estados Unidos, atuando principalmente como diretor, produtor e roteirista. Dentre eles, “A Espinha do Diabo” (El espinazo del diablo – 2001), “Blade II – O Caçador de Vampiros” (Blade II – 2002), “O Labirinto do Fauno” (El laberinto del fauno – 2006) e “A Colina Escarlate” (Crimson Peak – 2015). Concorrendo ao Oscar nas categorias de melhor filme, direção e roteiro original, del Toro foi indicado anteriormente à estatueta dourada de roteiro original pelo já citado “O Labirinto do Fauno”.
* Entre os 21 prêmios já recebidos por seu trabalho na direção de “A Forma da Água”, estão: os já citados Globo de Ouro e DGA Award; o David Lean Award, do BAFTA Awards; o Austin Film Critics Award, da Austin Film Critics Association; o Critics Choice Award, da Broadcast Film Critics Association Awards; o KCFCC Award, da Kansas City Film Critics Circle Awards; o Sierra Award, da Las Vegas Film Critics Society Awards; o LAFCA Award, da Los Angeles Film Critics Association Awards – empate com Luca Guadagnino por “Me Chame Pelo Seu Nome” (Call Me By Your Name – 2017); o PFCS Award, da Phoenix Film Critics Society Awards; e o SFFCC Award, da San Francisco Film Critics Circle.
– Christopher Nolan:
Nascido em 30 de julho de 1970 em Londres, Inglaterra, Christopher Nolan começou a fazer curtas-metragens ainda na infância, ao lado do pai, com uma câmera Super-8. No entanto, seu primeiro trabalho profissional foi o curta “Tarantella” (Idem – 1989), co-dirigido por Roko Belic. Pouco tempo depois, realizou seu primeiro longa-metragem, o thriller “Following” (Idem – 1998), assumindo as funções de produtor, diretor, roteirista, diretor de fotografia e editor (ao lado de Gareth Heal). Indicado ao BAFTA Film Award, o filme lhe deu notoriedade e possibilitou a escalada rumo ao sucesso por meio de títulos como “Amnésia” (Memento – 2000) e “Insônia” (Insomnia – 2002). A consagração junto ao público chegou com a trilogia “Batman”, composta por “Batman Begins” (Idem – 2005), “Batman: O Cavaleiro das Trevas” (The Dark Knight – 2008) e “Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge” (The Dark Knight Rises – 2012). Concorrendo às estatuetas de melhor filme e direção, Nolan foi indicado ao prêmio da AMPAS outras três vezes: filme e roteiro original por “A Origem” (Inception – 2010) e roteiro original por “Amnésia”.
* Entre os 13 prêmios já recebidos por seu trabalho na direção de “Dunkirk”, estão: o AACTA International Award, do AACTA International Awards; o Capri Director Award, do Capri, Hollywood; o CFCA Award, da Chicago Film Critics Association Awards; o FFCC Award, da Florida Film Critics Circle Awards; o OFCS Award, da Online Film Critics Society Awards; o Seattle Film Critics Award, da Seattle Film Critics Awards; e o WAFCA Award, da Washington DC Area Film Critics Association Awards.
– Greta Gerwig:
Nascida em 04 de agosto de 1983 em Sacramento, Califórnia (Estados Unidos), Greta Gerwig manifestou seu interesse por artes ainda na infância. Iniciou a carreira como atriz em 2006, no seriado “Young American Bodies” (Idem – 2006 – 2009). Estreou no cinema no mesmo ano com o curta “Thanks for the Add!” (Idem – 2006) e o longa “LOL” (Idem – 2006), ambos dirigidos por Joe Swanberg. Priorizando o trabalho de atriz, Gerwig começou a se interessar por outras funções atrás das câmeras. Assim, em 2007, roteirizou seu primeiro longa, “Hannah Sobe as Escadas” (Hannah Takes the Stairs – 2007), de Swanberg, com quem estrelou e co-digiriu “Nights and Weekends” (Idem – 2008). Contudo, foi com o projeto quase biográfico “Lady Bird – A Hora de Voar” que Gerwig fez sua estreia como diretora de fato, assumindo sozinha a função e suas atribuições. Sem nenhuma indicação anterior ao Oscar, Gerwig concorre às estatuetas de melhor direção e roteiro original.
* Entre os 16 prêmios já recebidos por seu trabalho na direção de “Lady Bird – A Hora de Voar”, estão: o COFCA Award, da Central Ohio Film Critics Association; o HFCS Award, da Houston Film Critics Society Awards; o IFJA Award, da Indiana Film Journalists Association, US; o IFC Award, do Iowa Film Critics Awards; o NBR Award, da National Board of Review, USA; e o NSFC Award, da National Society of Film Critics Awards, USA.
– Jordan Peele:
Nascido em 21 de fevereiro de 1979 em Nova York, Nova York (EUA), Jordan Peele começou a carreira como ator em 2006, participando do segmento “White & Nerdy” do especial de TV “Al TV” (Idem – 2006). No ano seguinte, estreou no cinema com a comédia “Twisted Fortune” (Idem – 2007), de Victor Varnado. Trabalhou em diversos seriados e telefilmes, inclusive como roteirista e produtor, até decidir se arriscar novamente no cinema com “Entrando Numa Fria Maior Ainda com a Família” (Little Fockers – 2010), de Paul Weitz. No entanto, a estreia como diretor aconteceu por meio de um projeto idealizado por ele, “Corra!”, que lhe rendeu suas primeiras indicações ao Oscar. São elas: melhor filme, direção e roteiro original.
* Entre os 20 prêmios já recebidos por seu trabalho na direção de “Corra!”, estão: o AAFCA Award, da African-American Film Critics Association (AAFCA); o BFCC Award, da Black Film Critics Circle Awards; o DGA Award de diretor estreante; o Bingham Ray Breakthrough Director Award, do Gotham Awards; o NCFCA Award, da North Carolina Film Critics Association; o OFCC Award, da Oklahoma Film Critics Circle Awards; e o PFCC Award, da Philadelphia Film Critics Circle Awards.
– Paul Thomas Anderson:
Nascido em 26 de junho de 1970 em Studio City, Califórnia (EUA), Paul Thomas Anderson, assim como outros cineastas, manifestou seu interesse pelo cinema na infância por influência de seu pai, realizando diversos curtas-metragens até chamar a atenção com “The Dirk Diggler Story” (Idem – 1988), em que assumiu as funções de diretor, roteirista e diretor de fotografia. Nos anos seguintes, trabalhou em diversos videoclipes e comerciais de TV, estreando como diretor e roteirista de longas-metragens com o drama “Jogada de Risco” (Sydney – 1996), estrelado por Philip Baker Hall, John C. Reilly, Gwyneth Paltrow, Samuel L. Jackson e Philip Seymour Hoffman, que participou de todos os seus projetos até 2014, exceto “Sangue Negro” (There Will Be Blood – 2007), quando o ator foi encontrado morto, vítima de overdose. Títulos como “Boogie Nights: Prazer Sem Limites” (Boogie Nights – 1997) e “Magnólia” (Magnolia – 1999) ajudaram o cineasta a se estabelecer em Hollywood como um dos principais nomes de sua geração. Concorrendo ao Golden Boy de melhor filme e direção, Anderson foi indicado ao prêmio outras seis vezes: melhor roteiro adaptado por “Vício Inerente” (Inherent Vice – 2014); filme, direção e roteiro adaptado por “Sangue Negro”; roteiro original por “Magnólia”; e roteiro original por “Boogie Nights: Prazer Sem Limites”.
* Os seis prêmios já recebidos por seu trabalho na direção de “Trama Fantasma” são: o BOFCA Award, da Boston Online Film Critics Association; o BSFC Award, da Boston Society of Film Critics Awards; o ICP Award, da Indiewire Critics’ Poll; o ICS Award, da International Cinephile Society Awards; o VFCC Award, do Vancouver Film Critics Circle; e o VVFP Award, da Village Voice Film Poll.