Conhecida como a “Casa dos Monstros”, a Universal Pictures lançou em 1954 um longa-metragem sobre uma criatura que vivia no Rio Amazonas e atacava quem se atrevesse a invadir seu espaço no lado brasileiro da Floresta Amazônica. Dirigido por Jack Arnold, “O Monstro da Lagoa Negra” (Creature from the Black Lagoon – 1954), que em […]
POR Ana Carolina Garcia06/10/2017|4 min de leitura
Conhecida como a “Casa dos Monstros”, a Universal Pictures lançou em 1954 um longa-metragem sobre uma criatura que vivia no Rio Amazonas e atacava quem se atrevesse a invadir seu espaço no lado brasileiro da Floresta Amazônica. Dirigido por Jack Arnold, “O Monstro da Lagoa Negra” (Creature from the Black Lagoon – 1954), que em breve ganhará um remake no Dark Universe, se tornou a principal fonte de inspiração para que Guillermo Del Toro criasse o “monstro” de “A Forma da Água” (The Shape of Water – 2017), tanto na aparência quanto na origem sul-americana.
Roteirizado por Guillermo del Toro e Vanessa Taylor, “A Forma da Água” é uma fábula tecnicamente primorosa produzida pela 20th Century Fox e que foi selecionada para abrir a 19a edição do Festival do Rio na noite da última quinta-feira, dia 05, no tradicional Cine Odeon. Classificado como drama, fantasia e romance, o longa está previsto para estrear nos cinemas brasileiros em 11 de janeiro de 2018.
Vencedor do Leão de Ouro no Festival de Veneza 2017, “A Forma da Água” conta a história de Elisa (Sally Hawkins), uma mulher solitária e muda que tem apenas dois amigos: o vizinho Giles (Richard Jenkins) e Zelda (Octavia Spencer), com quem trabalha na equipe de limpeza de um laboratório do governo americano. Durante um de seus turnos, Eliza e Zelda são escolhidas como responsáveis pela limpeza de uma área restrita, onde uma criatura encontra-se aprisionada. Considerado perigoso pelas autoridades e venerado como Deus na Amazônia, o “monstro” se afeiçoa por Elisa, dando início a uma relação que ultrapassa a barreira do preconceito.
Ambientado nos anos 1960, em plena Guerra Fria e corrida espacial, o longa tem como tema principal o preconceito em suas mais variadas formas, mostrado por meio do tratamento conferido aos personagens que integram minorias: deficientes, negros, homossexuais, imigrantes (no caso, o próprio “monstro”) e por aí vai. Subestimados e constantemente desrespeitados, tais personagens são construídos de maneira bastante natural e sem nenhum tipo de estereótipo para que concedam o máximo de veracidade à dinâmica do elenco e, consequentemente, à trama.
E por falar no elenco, é necessário ressaltar que os atores estão excelentes em cena e em total sintonia entre si e seus respectivos personagens. Contudo, dentre todos os desempenhos, os destaques são a sensibilidade de Hawkins, a irascibilidade de Michael Shannon (Strickland), o carisma de Richard Jenkins e a desenvoltura de Octavia Spencer, que surge em cena como alívio cômico. Vencedora do Oscar de melhor atriz coadjuvante por “Histórias Cruzadas” (The Help – 2011), Spencer abusa de frases afiadas na maioria das situações, arrancando gargalhadas genuínas da plateia.
Conduzido com muita competência por Guillermo del Toro, “A Forma da Água” tem a delicadeza como elemento imprescindível para o desenvolvimento de sua trama. Abordando temas universais como preconceito, solidão, compaixão, amizade e respeito às diferenças, o longa usa com propriedade a criatura interpretada por Doug Jones como representante de quaisquer raças, nacionalidades e gêneros.
Assim como “A Bela e a Fera” (The Beauty and the Beast – 1991) e até mesmo “Shrek” (Idem – 2001), uma animação claramente voltada para o público adulto, “A Forma da Água” é um filme sobre o amor que transcende a barreira da aparência para valorizar a essência do indivíduo, sobrepondo o conteúdo à embalagem. Ou seja, apresenta um sentimento nobre como antídoto contra o preconceito que ainda hoje assola a sociedade.
* O Festival do Rio 2017 acontece até o dia 15 de outubro.
Assista ao trailer oficial:
Conhecida como a “Casa dos Monstros”, a Universal Pictures lançou em 1954 um longa-metragem sobre uma criatura que vivia no Rio Amazonas e atacava quem se atrevesse a invadir seu espaço no lado brasileiro da Floresta Amazônica. Dirigido por Jack Arnold, “O Monstro da Lagoa Negra” (Creature from the Black Lagoon – 1954), que em breve ganhará um remake no Dark Universe, se tornou a principal fonte de inspiração para que Guillermo Del Toro criasse o “monstro” de “A Forma da Água” (The Shape of Water – 2017), tanto na aparência quanto na origem sul-americana.
Roteirizado por Guillermo del Toro e Vanessa Taylor, “A Forma da Água” é uma fábula tecnicamente primorosa produzida pela 20th Century Fox e que foi selecionada para abrir a 19a edição do Festival do Rio na noite da última quinta-feira, dia 05, no tradicional Cine Odeon. Classificado como drama, fantasia e romance, o longa está previsto para estrear nos cinemas brasileiros em 11 de janeiro de 2018.
Vencedor do Leão de Ouro no Festival de Veneza 2017, “A Forma da Água” conta a história de Elisa (Sally Hawkins), uma mulher solitária e muda que tem apenas dois amigos: o vizinho Giles (Richard Jenkins) e Zelda (Octavia Spencer), com quem trabalha na equipe de limpeza de um laboratório do governo americano. Durante um de seus turnos, Eliza e Zelda são escolhidas como responsáveis pela limpeza de uma área restrita, onde uma criatura encontra-se aprisionada. Considerado perigoso pelas autoridades e venerado como Deus na Amazônia, o “monstro” se afeiçoa por Elisa, dando início a uma relação que ultrapassa a barreira do preconceito.
Ambientado nos anos 1960, em plena Guerra Fria e corrida espacial, o longa tem como tema principal o preconceito em suas mais variadas formas, mostrado por meio do tratamento conferido aos personagens que integram minorias: deficientes, negros, homossexuais, imigrantes (no caso, o próprio “monstro”) e por aí vai. Subestimados e constantemente desrespeitados, tais personagens são construídos de maneira bastante natural e sem nenhum tipo de estereótipo para que concedam o máximo de veracidade à dinâmica do elenco e, consequentemente, à trama.
E por falar no elenco, é necessário ressaltar que os atores estão excelentes em cena e em total sintonia entre si e seus respectivos personagens. Contudo, dentre todos os desempenhos, os destaques são a sensibilidade de Hawkins, a irascibilidade de Michael Shannon (Strickland), o carisma de Richard Jenkins e a desenvoltura de Octavia Spencer, que surge em cena como alívio cômico. Vencedora do Oscar de melhor atriz coadjuvante por “Histórias Cruzadas” (The Help – 2011), Spencer abusa de frases afiadas na maioria das situações, arrancando gargalhadas genuínas da plateia.
Conduzido com muita competência por Guillermo del Toro, “A Forma da Água” tem a delicadeza como elemento imprescindível para o desenvolvimento de sua trama. Abordando temas universais como preconceito, solidão, compaixão, amizade e respeito às diferenças, o longa usa com propriedade a criatura interpretada por Doug Jones como representante de quaisquer raças, nacionalidades e gêneros.
Assim como “A Bela e a Fera” (The Beauty and the Beast – 1991) e até mesmo “Shrek” (Idem – 2001), uma animação claramente voltada para o público adulto, “A Forma da Água” é um filme sobre o amor que transcende a barreira da aparência para valorizar a essência do indivíduo, sobrepondo o conteúdo à embalagem. Ou seja, apresenta um sentimento nobre como antídoto contra o preconceito que ainda hoje assola a sociedade.
* O Festival do Rio 2017 acontece até o dia 15 de outubro.