Mostra de Cinema de São Paulo: ‘Cracolândia’

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Selecionado para a seção Mostra Brasil da 44a edição da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, “Cracolândia” (2020) faz uma análise importante sobre o consumo de drogas ilícitas a céu aberto a partir da região do Campos Elíseos, na Grande São Paulo, comparando-a com a área chamada de Skid Row, em Los Angeles (Califórnia, […]

POR Ana Carolina Garcia28/10/2020|3 min de leitura

Mostra de Cinema de São Paulo: ‘Cracolândia’

“Cracolândia” é um dos selecionados da seção Mostra Brasil da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo (Foto: Divulgação).

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Selecionado para a seção Mostra Brasil da 44a edição da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, “Cracolândia” (2020) faz uma análise importante sobre o consumo de drogas ilícitas a céu aberto a partir da região do Campos Elíseos, na Grande São Paulo, comparando-a com a área chamada de Skid Row, em Los Angeles (Califórnia, EUA), e programas em países como Canadá, Suíça e Noruega.

 

Com direção de Edu Felistoque e roteiro do cientista político, eleito deputado estadual por São Paulo em 2018, Heni Ozi Cukier, o documentário mostra a degradação do indivíduo causada pelo uso do crack, tirando-lhe a dignidade e, por vezes, a vida. Sobrevivendo em meio do caos, abaixo da linha da miséria, os usuários sofrem com o preconceito de uma sociedade amedrontada e com 20 anos de descaso de autoridades que deixaram a região se tornar um reduto da dependência química, controlado por traficantes de drogas que impedem a entrada da polícia e de profissionais de saúde outrora respeitados.

 

Num cenário no qual os usuários se aglomeram agitados ou vagam pelas ruas como zumbis, muitas vezes cometendo crimes para conseguir o dinheiro necessário para comprar a droga, vendida em barracas no meio da rua. Neste contexto, a questão social é escancarada pelas lentes de Felistoque, que conduz o longa com segurança e imparcialidade, dando espaço tanto para os defensores da manutenção da cracolândia quanto de profissionais das mais variadas esferas que defendem a implementação de um programa baseado em prevenção, tratamento, ressocialização e combate ao crime organizado, entre eles, Cukier.

 

Discutindo a posição do policial que, mesmo armado, está em menor número e a falta de assistência à fatia da população que reside no entorno da cracolândia, exposta ao crime e à violência e, portanto, cerceada em diversos quesitos, sobretudo no que tange à sua liberdade e direito de ir e vir, uma vez que a assistência social é direcionada aos dependentes químicos, “Cracolândia” mostra como o crack não escolhe idade nem classe social, degradando o indivíduo de todas as maneiras. Desta forma, o documentário surte o efeito de um soco no estômago do espectador, apresentando a ele as diferentes realidades da Suíça e da Noruega, que criaram salas de consumo controlado de drogas, com assistência médica, para evitar o cenário caótico encontrado nas ruas de São Paulo, cidade na qual a aplicação de tal programa é praticamente inviável.

 

“Cracolândia” chama a atenção pela montagem de Felistoque, Raffy Dias, Sarah Trevisan e Marina Franzolim, que costura depoimentos e imagens com habilidade, prendendo a atenção da plateia. No entanto, o maior mérito deste documentário é o fato de não realizar julgamentos, tendo a imparcialidade como guia ao mostrar causas e consequências de uma situação que há décadas fugiu ao controle, exigindo em diversas ocasiões o uso da força policial. Com isso, o cineasta realiza uma obra rica em conteúdo que leva o espectador à reflexão.

 

*A Mostra de Cinema de São Paulo acontece até o dia 04 de novembro, reunindo 198 títulos de 71 nacionalidades, disponibilizados na plataforma Mostra Play ao custo de R$ 6. Além disso, 30 produções serão oferecidas gratuitamente nas plataformas digitais Spcine Play e Sesc Digital, assim como sessões no Belas Artes Drive-in (Memorial da América Latina) e Cinesesc Drive-in (unidade Sesc Parque Dom Pedro II). Clique aqui para conferir a programação completa dos filmes da Mostra.

Selecionado para a seção Mostra Brasil da 44a edição da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, “Cracolândia” (2020) faz uma análise importante sobre o consumo de drogas ilícitas a céu aberto a partir da região do Campos Elíseos, na Grande São Paulo, comparando-a com a área chamada de Skid Row, em Los Angeles (Califórnia, EUA), e programas em países como Canadá, Suíça e Noruega.

 

Com direção de Edu Felistoque e roteiro do cientista político, eleito deputado estadual por São Paulo em 2018, Heni Ozi Cukier, o documentário mostra a degradação do indivíduo causada pelo uso do crack, tirando-lhe a dignidade e, por vezes, a vida. Sobrevivendo em meio do caos, abaixo da linha da miséria, os usuários sofrem com o preconceito de uma sociedade amedrontada e com 20 anos de descaso de autoridades que deixaram a região se tornar um reduto da dependência química, controlado por traficantes de drogas que impedem a entrada da polícia e de profissionais de saúde outrora respeitados.

 

Num cenário no qual os usuários se aglomeram agitados ou vagam pelas ruas como zumbis, muitas vezes cometendo crimes para conseguir o dinheiro necessário para comprar a droga, vendida em barracas no meio da rua. Neste contexto, a questão social é escancarada pelas lentes de Felistoque, que conduz o longa com segurança e imparcialidade, dando espaço tanto para os defensores da manutenção da cracolândia quanto de profissionais das mais variadas esferas que defendem a implementação de um programa baseado em prevenção, tratamento, ressocialização e combate ao crime organizado, entre eles, Cukier.

 

Discutindo a posição do policial que, mesmo armado, está em menor número e a falta de assistência à fatia da população que reside no entorno da cracolândia, exposta ao crime e à violência e, portanto, cerceada em diversos quesitos, sobretudo no que tange à sua liberdade e direito de ir e vir, uma vez que a assistência social é direcionada aos dependentes químicos, “Cracolândia” mostra como o crack não escolhe idade nem classe social, degradando o indivíduo de todas as maneiras. Desta forma, o documentário surte o efeito de um soco no estômago do espectador, apresentando a ele as diferentes realidades da Suíça e da Noruega, que criaram salas de consumo controlado de drogas, com assistência médica, para evitar o cenário caótico encontrado nas ruas de São Paulo, cidade na qual a aplicação de tal programa é praticamente inviável.

 

“Cracolândia” chama a atenção pela montagem de Felistoque, Raffy Dias, Sarah Trevisan e Marina Franzolim, que costura depoimentos e imagens com habilidade, prendendo a atenção da plateia. No entanto, o maior mérito deste documentário é o fato de não realizar julgamentos, tendo a imparcialidade como guia ao mostrar causas e consequências de uma situação que há décadas fugiu ao controle, exigindo em diversas ocasiões o uso da força policial. Com isso, o cineasta realiza uma obra rica em conteúdo que leva o espectador à reflexão.

 

*A Mostra de Cinema de São Paulo acontece até o dia 04 de novembro, reunindo 198 títulos de 71 nacionalidades, disponibilizados na plataforma Mostra Play ao custo de R$ 6. Além disso, 30 produções serão oferecidas gratuitamente nas plataformas digitais Spcine Play e Sesc Digital, assim como sessões no Belas Artes Drive-in (Memorial da América Latina) e Cinesesc Drive-in (unidade Sesc Parque Dom Pedro II). Clique aqui para conferir a programação completa dos filmes da Mostra.

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