‘Noites de Paris’: solidão e melancolia

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Constantemente lembrada por sua beleza e requinte, Paris é uma das cidades mais procuradas por casais apaixonados e em perfeita sintonia. A ideia de romance há décadas vendida pela capital francesa sufoca, de certa maneira, a realidade daqueles que lutam contra as adversidades da vida e, também, contra a solidão. E é exatamente esse cotidiano […]

POR Ana Carolina Garcia18/10/2022|3 min de leitura

‘Noites de Paris’: solidão e melancolia

“Noites de Paris” é protagonizado por Charlotte Gainsbourg (Foto: Divulgação).

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Constantemente lembrada por sua beleza e requinte, Paris é uma das cidades mais procuradas por casais apaixonados e em perfeita sintonia. A ideia de romance há décadas vendida pela capital francesa sufoca, de certa maneira, a realidade daqueles que lutam contra as adversidades da vida e, também, contra a solidão. E é exatamente esse cotidiano solitário repleto de dificuldades que o cineasta Mikhaël Hers leva às telas em “Noites de Paris” (Les passagers de la nuit – 2022, França), uma das estreias desta quinta-feira (20) nos cinemas brasileiros.

 

Exibido na Mostra Panorama do Cinema Mundial do Festival do Rio 2022, “Noites de Paris” é ambientado na década de 1980 e mostra a trajetória de Elisabeth Davies (Charlotte Gainsbourg), dona de casa que se vê numa situação complicada ao ser abandonada pelo marido. Sozinha para sustentar os dois filhos adolescentes, Mathias (Quito Rayon Richter) e Judith (Megan Northam), Elisabeth consegue um emprego na central telefônica de um programa de rádio noturno. E é durante sua jornada de trabalho que conhece a jovem Talulah (Noée Abita), dependente química e sem teto a quem oferece ajuda, mudando a vida de toda a família.

 

Noée Abita e Charlotte Gainsbourg em cena de “Noites de Paris” (Foto: Divulgação).

 

Sem tecer nenhum tipo de julgamento acerca dos personagens e suas respectivas atitudes, Mikhaël Hers conduz este longa com bastante sensibilidade, mostrando como o cansaço, físico e emocional, é capaz de tirar o brilho dos habitantes de Paris. O cansaço, neste caso, oriundo das dores e angústias da família e de sua hóspede, que tentam encontrar meios para superar a realidade na qual estão inseridos, longe dos cartões-postais e do luxo parisienses.

 

Contando com um elenco em total comunhão, “Noites de Paris” tem como destaques as atuações de Charlotte Gainsbourg e Noée Abita. Mais conhecida por seus papeis em filmes como “Melancolia” (Melancholia – 2011, Dinamarca / Suécia / França / Alemanha) e na franquia “Ninfomaníaca” (Nymphomaniac – 2013, Dinamarca / Alemanha / Bélgica / Reino Unido / França / Suécia / EUA), dirigidos por Lars von Trier, Gainsbourg constrói a protagonista como uma mulher introspectiva e sem nenhuma esperança de futuro melhor para ela e seus filhos, sendo consumida diariamente pelo desespero quase silencioso; enquanto Abita, que despontou com “Slalom – Até o Limite” (Slalom – 2020, França / Bélgica), de Charlène Favier, trabalha as diferentes camadas de uma jovem conformada com a vida sem perspectiva de melhora que, assim como Elisabeth, nunca se coloca na posição de vítima.

 

Concorrente do Urso de Ouro na última edição do Festival de Berlim, “Noites de Paris” é um drama sobre superação que se desenvolve com calma, guiado pelo tom melancólico que funciona como um de seus principais ingredientes.

 

Assista ao trailer oficial:

Constantemente lembrada por sua beleza e requinte, Paris é uma das cidades mais procuradas por casais apaixonados e em perfeita sintonia. A ideia de romance há décadas vendida pela capital francesa sufoca, de certa maneira, a realidade daqueles que lutam contra as adversidades da vida e, também, contra a solidão. E é exatamente esse cotidiano solitário repleto de dificuldades que o cineasta Mikhaël Hers leva às telas em “Noites de Paris” (Les passagers de la nuit – 2022, França), uma das estreias desta quinta-feira (20) nos cinemas brasileiros.

 

Exibido na Mostra Panorama do Cinema Mundial do Festival do Rio 2022, “Noites de Paris” é ambientado na década de 1980 e mostra a trajetória de Elisabeth Davies (Charlotte Gainsbourg), dona de casa que se vê numa situação complicada ao ser abandonada pelo marido. Sozinha para sustentar os dois filhos adolescentes, Mathias (Quito Rayon Richter) e Judith (Megan Northam), Elisabeth consegue um emprego na central telefônica de um programa de rádio noturno. E é durante sua jornada de trabalho que conhece a jovem Talulah (Noée Abita), dependente química e sem teto a quem oferece ajuda, mudando a vida de toda a família.

 

Noée Abita e Charlotte Gainsbourg em cena de “Noites de Paris” (Foto: Divulgação).

 

Sem tecer nenhum tipo de julgamento acerca dos personagens e suas respectivas atitudes, Mikhaël Hers conduz este longa com bastante sensibilidade, mostrando como o cansaço, físico e emocional, é capaz de tirar o brilho dos habitantes de Paris. O cansaço, neste caso, oriundo das dores e angústias da família e de sua hóspede, que tentam encontrar meios para superar a realidade na qual estão inseridos, longe dos cartões-postais e do luxo parisienses.

 

Contando com um elenco em total comunhão, “Noites de Paris” tem como destaques as atuações de Charlotte Gainsbourg e Noée Abita. Mais conhecida por seus papeis em filmes como “Melancolia” (Melancholia – 2011, Dinamarca / Suécia / França / Alemanha) e na franquia “Ninfomaníaca” (Nymphomaniac – 2013, Dinamarca / Alemanha / Bélgica / Reino Unido / França / Suécia / EUA), dirigidos por Lars von Trier, Gainsbourg constrói a protagonista como uma mulher introspectiva e sem nenhuma esperança de futuro melhor para ela e seus filhos, sendo consumida diariamente pelo desespero quase silencioso; enquanto Abita, que despontou com “Slalom – Até o Limite” (Slalom – 2020, França / Bélgica), de Charlène Favier, trabalha as diferentes camadas de uma jovem conformada com a vida sem perspectiva de melhora que, assim como Elisabeth, nunca se coloca na posição de vítima.

 

Concorrente do Urso de Ouro na última edição do Festival de Berlim, “Noites de Paris” é um drama sobre superação que se desenvolve com calma, guiado pelo tom melancólico que funciona como um de seus principais ingredientes.

 

Assista ao trailer oficial:

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