‘O Irlandês’: ‘Netflix está enfrentando um desafio’, diz John Fithian, presidente da NATO
Principal aposta da Netflix na atual temporada de premiações, que termina com a cerimônia do Oscar em 09 de fevereiro de 2020, “O Irlandês” (The Irishman – 2019) já está em cartaz em oito cinemas de Nova York e Los Angeles, como o The Egyptian Theatre, sala tradicional no coração da Hollywood Boulevard cuja aquisição […]
POR Ana Carolina Garcia02/11/2019|5 min de leitura
Principal aposta da Netflix na atual temporada de premiações, que termina com a cerimônia do Oscar em 09 de fevereiro de 2020, “O Irlandês” (The Irishman – 2019) já está em cartaz em oito cinemas de Nova York e Los Angeles, como o The Egyptian Theatre, sala tradicional no coração da Hollywood Boulevard cuja aquisição está sendo negociada pela gigante do streaming. Mas a estratégia da companhia para o lançamento do novo longa-metragem de Martin Scorsese está sendo criticada pela National Association of Theater Owners (NATO), composta por proprietários de cinemas.
“A Netflix enfrenta um desafio em seu modelo de negócios pela primeira vez e perdeu uma oportunidade estratégica. Agora eles estão competindo por assinantes e cineastas com empresas com bolsos profundos, bibliotecas profundas e várias maneiras de alcançar os consumidores. Eles enviaram um sinal aos cineastas de que mesmo que você seja Martin Scorsese, você não receberá o amplo lançamento teatral que deseja através da Netflix”, disse John Fithian, presidente da NATO, ao The Hollywood Reporter na última sexta-feira, dia 1o.
A crítica à estratégia de lançamento de “O Irlandês” se deve ao fato de que o filme ocupará salas de exibição de forma limitada, inclusive no que tange ao tempo, subvertendo o acordo entre estúdios e grandes redes de cinema de que a produção fique em cartaz por 90 dias antes de ser disponibilizada em outras plataformas – o intervalo mínimo de 72 dias é aceito por ambos os lados. No caso do longa de Scorsese, o intervalo entre os lançamentos no cinema e na plataforma será de 21 dias, pois será disponibilizado aos assinantes da Netflix em 27 de novembro. Com isso, a companhia repete o planejamento de “Roma” (Idem – 2018), que rendeu três estatuetas do Oscar ao mexicano Alfonso Cuarón (direção, direção de fotografia e filme estrangeiro).
“É uma decepção muito grande. Este é um grande diretor, um cinéfilo, que fez todos os tipos de filmes importantes para a nossa indústria. E ‘O Irlandês’ será exibido em um décimo das salas em que deveria ser exibido, se a Netflix estivesse disposta a chegar a um acordo com nossos membros. A Netflix ainda tem tempo para corrigir e acomodar cineastas que desejam um lançamento teatral real. Se não o fizerem, seus concorrentes certamente o farão”, disse Fithian ao The New York Times, também na última sexta-feira, completando que a estratégia “é uma desgraça”.
Membro da Motion Picture Association of America (MPAA) desde janeiro deste ano, a Netflix também é criticada por não divulgar dados referentes à audiência de suas produções, principalmente bilheterias daquelas que passaram por salas de exibições dentro e fora dos Estados Unidos. Isto já foi criticado inclusive por alguns integrantes da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood (Academy of Motion Picture Arts and Sciences – AMPAS), que no primeiro semestre discutiram a questão de títulos produzidos por e para plataformas de streaming concorrendo em pé de igualdade com os de estúdios tradicionais no Oscar.
Mesmo que limitado, o lançamento de “O Irlandês” em salas de exibição se deve à necessidade da Netflix em cumprir as exigências de elegibilidade impostas pela AMPAS para o Oscar, tentando evitar a polêmica criada em torno de “Roma”. Dentre elas, a de que títulos produzidos diretamente para o streaming precisam seguir as mesmas regras que as produções de estúdios tradicionais, ficando em cartaz por pelo menos sete dias em Los Angeles, com três sessões diárias cujos ingressos têm de ser comercializados. No entanto, apesar das exigências, tais filmes podem estrear simultaneamente em plataformas digitais.
“Nós apoiamos a experiência da sala de exibição como parte integrante da arte do cinema, e isso pesou muito em nossas discussões. Nossas regras atualmente exigem a exibição no cinema e também permitem que uma ampla seleção de filmes seja submetida à consideração do Oscar. Nós planejamos estudar as mudanças profundas que ocorrem em nossa indústria e continuar as discussões com nossos membros sobre essas questões”, afirmou John Bailey, então presidente da AMPAS, em comunicado oficial em abril deste ano.
Baseado no livro “I Heard You Paint Houses”, de Charles Brandt, “O Irlandês” será lançado pela Netflix em outras oito salas, ainda não divulgadas, na próxima sexta-feira, dia 08, de acordo com a Variety. A estreia do longa nas salas de exibição brasileiras está marcada para o dia 14 deste mês.
Principal aposta da Netflix na atual temporada de premiações, que termina com a cerimônia do Oscar em 09 de fevereiro de 2020, “O Irlandês” (The Irishman – 2019) já está em cartaz em oito cinemas de Nova York e Los Angeles, como o The Egyptian Theatre, sala tradicional no coração da Hollywood Boulevard cuja aquisição está sendo negociada pela gigante do streaming. Mas a estratégia da companhia para o lançamento do novo longa-metragem de Martin Scorsese está sendo criticada pela National Association of Theater Owners (NATO), composta por proprietários de cinemas.
“A Netflix enfrenta um desafio em seu modelo de negócios pela primeira vez e perdeu uma oportunidade estratégica. Agora eles estão competindo por assinantes e cineastas com empresas com bolsos profundos, bibliotecas profundas e várias maneiras de alcançar os consumidores. Eles enviaram um sinal aos cineastas de que mesmo que você seja Martin Scorsese, você não receberá o amplo lançamento teatral que deseja através da Netflix”, disse John Fithian, presidente da NATO, ao The Hollywood Reporter na última sexta-feira, dia 1o.
A crítica à estratégia de lançamento de “O Irlandês” se deve ao fato de que o filme ocupará salas de exibição de forma limitada, inclusive no que tange ao tempo, subvertendo o acordo entre estúdios e grandes redes de cinema de que a produção fique em cartaz por 90 dias antes de ser disponibilizada em outras plataformas – o intervalo mínimo de 72 dias é aceito por ambos os lados. No caso do longa de Scorsese, o intervalo entre os lançamentos no cinema e na plataforma será de 21 dias, pois será disponibilizado aos assinantes da Netflix em 27 de novembro. Com isso, a companhia repete o planejamento de “Roma” (Idem – 2018), que rendeu três estatuetas do Oscar ao mexicano Alfonso Cuarón (direção, direção de fotografia e filme estrangeiro).
“É uma decepção muito grande. Este é um grande diretor, um cinéfilo, que fez todos os tipos de filmes importantes para a nossa indústria. E ‘O Irlandês’ será exibido em um décimo das salas em que deveria ser exibido, se a Netflix estivesse disposta a chegar a um acordo com nossos membros. A Netflix ainda tem tempo para corrigir e acomodar cineastas que desejam um lançamento teatral real. Se não o fizerem, seus concorrentes certamente o farão”, disse Fithian ao The New York Times, também na última sexta-feira, completando que a estratégia “é uma desgraça”.
Membro da Motion Picture Association of America (MPAA) desde janeiro deste ano, a Netflix também é criticada por não divulgar dados referentes à audiência de suas produções, principalmente bilheterias daquelas que passaram por salas de exibições dentro e fora dos Estados Unidos. Isto já foi criticado inclusive por alguns integrantes da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood (Academy of Motion Picture Arts and Sciences – AMPAS), que no primeiro semestre discutiram a questão de títulos produzidos por e para plataformas de streaming concorrendo em pé de igualdade com os de estúdios tradicionais no Oscar.
Mesmo que limitado, o lançamento de “O Irlandês” em salas de exibição se deve à necessidade da Netflix em cumprir as exigências de elegibilidade impostas pela AMPAS para o Oscar, tentando evitar a polêmica criada em torno de “Roma”. Dentre elas, a de que títulos produzidos diretamente para o streaming precisam seguir as mesmas regras que as produções de estúdios tradicionais, ficando em cartaz por pelo menos sete dias em Los Angeles, com três sessões diárias cujos ingressos têm de ser comercializados. No entanto, apesar das exigências, tais filmes podem estrear simultaneamente em plataformas digitais.
“Nós apoiamos a experiência da sala de exibição como parte integrante da arte do cinema, e isso pesou muito em nossas discussões. Nossas regras atualmente exigem a exibição no cinema e também permitem que uma ampla seleção de filmes seja submetida à consideração do Oscar. Nós planejamos estudar as mudanças profundas que ocorrem em nossa indústria e continuar as discussões com nossos membros sobre essas questões”, afirmou John Bailey, então presidente da AMPAS, em comunicado oficial em abril deste ano.
Baseado no livro “I Heard You Paint Houses”, de Charles Brandt, “O Irlandês” será lançado pela Netflix em outras oito salas, ainda não divulgadas, na próxima sexta-feira, dia 08, de acordo com a Variety. A estreia do longa nas salas de exibição brasileiras está marcada para o dia 14 deste mês.