Oscar 2020: ‘Parasita’ vence e faz História na AMPAS

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A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood (Academy of Motion Picture Arts and Sciences – AMPAS) realizou na noite do último domingo, dia 09, no Dolby Theatre, em Los Angeles, a 92a cerimônia de entrega do Oscar. E o grande vencedor foi “Parasita” (Gisaengchung – 2019, Coreia do Sul), que entrou para a […]

POR Ana Carolina Garcia10/02/2020|19 min de leitura

Oscar 2020: ‘Parasita’ vence e faz História na AMPAS

“Parasita” venceu quatro estatuetas do Oscar (Foto: Divulgação – Crédito: Nick Agro / ©A.M.P.A.S.).

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A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood (Academy of Motion Picture Arts and Sciences – AMPAS) realizou na noite do último domingo, dia 09, no Dolby Theatre, em Los Angeles, a 92a cerimônia de entrega do Oscar. E o grande vencedor foi “Parasita” (Gisaengchung – 2019, Coreia do Sul), que entrou para a História da instituição por se tornar a primeira produção em língua estrangeira a conquistar a estatueta dourada de melhor filme.

 

Bong Joon-ho ao lado da tradutora (Foto: Divulgação – Crédito: Blaine Ohigashi / ©A.M.P.A.S.).

Sucesso absoluto mundo afora, “Parasita” venceu quatro das seis categorias às quais concorria: melhor filme, direção para Bong Joon-ho, roteiro original e filme internacional – nesta última, tinha como concorrentes “Dor e Glória” (Dolor y gloria – 2019, Espanha), de Pedro Almodóvar, “Corpus Christi” (Boze Cialo- 2019, Polônia), de Jan Komasa, “Os Miseráveis” (Les misérables – 2019, França), de Ladj Ly, e “Honeyland” (Idem – 2019, Macedônia), de Tamara Kotevska e Ljubomir Stefanov. O longa sul-coreano era uma das grandes apostas desta edição, mas surpreendeu ao derrotar o favoritismo tanto de Quentin Tarantino em roteiro original quanto o de “1917” (Idem – 2019) em filme e direção. A vitória de “Parasita” é também um reflexo da preocupação da AMPAS com questões como representatividade, diversidade e inclusão após as inúmeras críticas recebidas nos últimos anos. Ou seja, era o título certo no momento ideal, sobretudo por sua excelência ser um fato inegável e não ter sido produzido por nenhuma plataforma de streaming.

 

“Obrigado. Depois de ganhar o (Oscar de) melhor filme internacional, pensei que tinha terminado o dia e estava pronto para relaxar. Muito obrigado. Quando eu era jovem e estudava cinema, havia um ditado que eu esculpia profundamente em meu coração, que é “o mais pessoal é o mais criativo”. Essa citação foi do nosso grande Martin Scorsese. Quando eu estava na escola, estudei os filmes de Martin Scorsese. Ser indicado foi uma grande honra; Eu nunca pensei que iria ganhar. Quando as pessoas nos Estados Unidos não estavam familiarizadas com os meus filmes, Quentin (Tarantino) sempre os colocava em sua lista. Ele está aqui, muito obrigado. Quentin, eu amo você. E Todd (Phillips) e Sam (Mendes), grandes diretores que eu admiro. Se a Academia permitir, eu gostaria de pegar uma serra elétrica do Texas, dividir o troféu do Oscar em cinco e compartilhá-lo com todos vocês”, disse, emocionado, Bong Joon-ho ao receber o Golden Boy de melhor direção.

 

Seguindo a mesma fórmula da edição anterior, a cerimônia deste ano começou com uma apresentação musical, mas, desta vez, comandada por Janelle Monáe, que arrancau aplausos efusivos da plateia. Em seguida, Steve Martin e Chris Rock, mestres de cerimônia de edições anteriores, subiram ao palco e criticaram, em tom de brincadeira, a falta de representatividade dentre os indicados deste ano, chamando, em seguida, Regina King para entregar o primeiro prêmio da noite, o de melhor ator coadjuvante, cujo vencedor foi Brad Pitt por “Era Uma Vez em… Hollywood”, filme que disputou 10 estatuetas.

 

Brad Pitt venceu a estatueta de melhor ator coadjuvante por “Era Uma Vez em… Hollywood” (Foto: Divulgação – Crédito: Blaine Ohigashi / ©A.M.P.A.S.).

 

Brad Pitt agradeceu aos colegas, inclusive ao ator Leonardo DiCaprio, à categoria pouco lembrada em Hollywood, a dos dublês, e ao diretor Quentin Tarantino. “Isso (a estatueta) realmente é sobre Quentin Jerome Tarantino. “Você é original, você é único”, disse o ator, completando que a indústria cinematográfica seria um lugar mais “seco” sem o diretor.

 

Laura Dern com a estatueta de melhor atriz coadjuvante por “História de um Casamento” (Foto: Divulgação – Crédito: Blaine Ohigashi / ©A.M.P.A.S.).

Na véspera de seu aniversário, Laura Dern recebeu a estatueta dourada de melhor atriz coadjuvante por “História de um Casamento” (Marriage Story – 2019). Em seu discurso de agradecimento, Dern falou sobre o longa e seu realizador, que, segundo ela, “escreveu um filme sobre amor”. Membro do Conselho Diretor da AMPAS, a atriz se emocionou ao agradecer à família, levando a mãe, a também atriz Diane Ladd, às lágrimas na plateia: “E vocês sabem, alguns dizem que nunca conhecem seus heróis, mas eu digo, se você é realmente abençoado, você os entende como seus pais. Eu compartilho isso com meus heróis, minhas lendas, Diane Ladd e Bruce Dern”.

 

Líder de indicações este ano, 11 ao todo, “Coringa” (Joker – 2019) venceu apenas as estatuetas de melhor trilha sonora para Hildur Guðnadóttir e ator para Joaquin Phoenix. Muito emocionado, Phoenix subiu ao palco para receber sua estatueta sendo ovacionado pela plateia, entregando um discurso politizado. “Não me sinto elevado acima de nenhum dos meus colegas indicados ou de qualquer pessoa nesta sala, porque compartilhamos o mesmo amor – esse é o amor pelo cinema. E essa forma de expressão me deu a vida mais extraordinária. Eu não sei onde eu estaria sem ele”, disse o ator, que completou: “Eu acho que, se estamos falando de desigualdade de gênero, racismo ou direitos queer, direitos indígenas ou direitos dos animais, estamos falando sobre a luta contra a injustiça. Estamos falando da luta contra a crença de que uma nação, um povo, uma raça, um gênero, uma espécie têm o direito de dominar, usar e controlar outro com impunidade”.

 

Durante seu discurso, Joaquin Phoenix lembrou sua fama de difícil e o irmão, River Phoenix, que morreu vítima de uma overdose na sua frente em 1993. “Tememos a ideia de mudança pessoal, porque pensamos que precisamos sacrificar algo; desistir de algo… Eu fui um canalha a vida toda, fui egoísta. Fui cruel às vezes, difícil de trabalhar e sou grato por muitos de vocês nesta sala terem me dado uma segunda chance. Eu acho que é quando estamos no nosso melhor: quando nos apoiamos. Não quando nos cancelamos por nossos erros passados, mas quando nos ajudamos a crescer. Quando nos educamos; quando nos guiarmos à redenção. Quando tinha 17 anos, meu irmão (River) escreveu essa letra. Ele disse: ‘corra para o resgate com amor e paz se seguirá’”.

 

Joaquin Phoenix agradece a estatueta de melhor ator por “Coringa” (Foto: Divulgação – Crédito? Troy Harvey / ©A.M.P.A.S.).

 

A vitória de Phoenix demonstra não apenas a já citada questão da representatividade, uma vez que ele é porto-riquenho, como também a quebra de uma barreira preconceituosa para com personagens oriundos dos quadrinhos, mas o caminho para filmes deste filão dentro da Academia ainda é longo. No entanto, é importante lembrar que este é o segundo Oscar para um intérprete do Coringa. O primeiro, entregue postumamente, foi para Heath Ledger como ator coadjuvante por “Batman: O Cavaleiro das Trevas” (The Dark Knight – 2008), de Christopher Nolan.

 

Renée Zellweger com a estatueta de melhor atriz por “Judy: Muito Além do Arco-Íris” (Foto: Divulgação – Crédito: Matt Petit / ©A.M.P.A.S.).

 

Também aplaudida de pé pelos presentes, Renée Zellweger agradeceu seu Golden Boy de melhor atriz por “Judy: Muito Além do Arco-Íris” (Judy – 2019) homenageando Judy Garland, um dos grandes ícones da indústria hollywoodiana, e seu legado de “excepcionalidade”. “E embora Judy Garland não tenha recebido essa honra, tenho certeza de que esse momento é uma extensão da celebração de seu legado que começou em nosso set de filmagens”, afirmou Zellweger, completando em seguida: “Senhorita Garland, você está, definitivamente, entre os heróis que nos unem e nos definem. Este prêmio é para você”, disse Zellweger.

 

Dentre os nove títulos indicados à categoria de melhor filme, “O Irlandês” (The Irishman – 2019) foi o único que saiu do Dolby Theatre sem nenhuma estatueta. Dirigido por Martin Scorsese, o longa disputou 10 categorias, mas tinha como principal obstáculo a questão de ser uma produção original Netflix, algo que divide não apenas a comunidade hollywoodiana, como também a AMPAS, pois as plataformas de streaming são consideradas uma ameaça ao modelo tradicional de cinema, isto é, a experiência das salas de exibição responsáveis pelo lucro que mantém as engrenagens da indústria funcionando. Nesta edição, a Netflix totalizou 24 indicações em diversas categorias, mas recebeu somente duas estatuetas: a de atriz coadjuvante para Laura Dern, citada anteriormente, e a de documentário para “Indústria Americana” (American Factory – 2019), de Steven Bognar e Julia Reichert. Apoiado pelo casal Obama, o documentário derrotou outro título da companhia, o brasileiro “Democracia em Vertigem” (2019), de Petra Costa, que aborda o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

 

Nas categorias de animação, venceram os favoritos: o longa “Toy Story 4” (Idem – 2019) e o curta “Hair Love” (Idem – 2019). O segundo, especialmente, teve um peso importante no quesito representatividade e foi dedicado por Matthew A. Cherry a Kobe Bryant, homenageado por Spike Lee, que vestiu uma roupa com as cores do Los Angeles Lakers e o número do atleta, e no segmento “In Memoriam”. Apresentado por Steven Spielberg e ao som de “Yesterday”, cantada por Billie Eilish, a homenagem da AMPAS deixou de fora Luke Perry, cujo último filme foi “Era Uma Vez em… Hollywood”.

 

A apresentação de Eminem foi uma das surpresas da noite (Foto: Divulgação – Crédito: Blaine Ohigashi / ©A.M.P.A.S.).

 

Buscando conquistar a fatia mais jovem dos telespectadores, a AMPAS realizou uma cerimônia mais pop, principalmente em suas atrações musicais. Além de Billie Eilish, aposta da música pop que estará na trilha sonora do próximo filme de James Bond, “Sem Tempo Para Morrer” (No Time to Die – 2020), a Academia convidou Eminem. Ovacionado, o rapper, em participação surpresa, fez uma potente apresentação de “Lose Yourself”, de “8 Mile: Rua das Ilusões” (8 Mile – 2002), que lhe rendeu o Oscar de melhor canção original em 2003. Outro ponto que merece destaque é a busca pelo humor, que pode ser sintetizada na brincadeira com “Cats” (Idem – 2019), filme duramente criticado por seus efeitos visuais.

 

Marcada pelo ritmo ágil, a 92a cerimônia de entrega do Oscar seguiu a tendência da temporada americana, surpreendendo somente ao conceder sua principal estatueta a uma produção de língua estrangeira num ano equilibrado no que tange à qualidade dos indicados.

 

Confira a lista completa de vencedores:

Melhor filme:

– “Parasita”.

Melhor direção:

– Bong Joon-ho – “Parasita”.

Melhor ator:

– Joaquin Phoenix – “Coringa”.

Melhor atriz:

– Renée Zellweger – “Judy: Muito Além do Arco-Íris”.

Melhor ator coadjuvante:

– Brad Pitt – “Era Uma Vez em… Hollywood”.

Melhor atriz coadjuvante:

– Laura Dern – “História de um Casamento”.

Melhor roteiro original:

– “Parasita” – Bong Joon-ho e Jin Won Han.

Melhor roteiro adaptado:

– “Jojo Rabbit” (Idem – 2019) – Taika Waititi.

Melhor animação:

– “Toy Story 4”.

Melhor filme internacional:

– “Parasita”.

Melhor fotografia:

– “1917” – Roger Deakins.

Melhor edição (montagem):

– “Ford vs Ferrari” (Ford v Ferrari – 2019) – Andrew Buckland e Michael McCusker.

Melhor design de produção:

– “Era Uma Vez em… Hollywood” – Barbara Ling.

Melhor figurino:

– “Adoráveis Mulheres” (Little Women – 2019) – Jacqueline Durran.

Melhor maquiagem e cabelo:

– “O Escândalo” (Bombshell – 2019) – Cristina Waltz e Jaime Leigh McIntosh.

Melhor trilha sonora:

– “Coringa” – Hildur Guðnadóttir.

Melhor canção original:

– “(I’m Gonna) Love Me Again” – “Rocketman” (Idem – 2019).

Melhor mixagem de som:

– “1917” – Mark Taylor e Stuart Wilson.

Melhor edição de som:

– “Ford vs Ferrari” – Donald Sylvester.

Melhores efeitos visuais:

– “1917” – Guillaume Rocheron, Greg Butler e Dominic Tuohy.

Melhor documentário:

– “Indústria Americana”.

Melhor documentário (curta):

– “Learning to Skateboard in a Warzone (If You’re a Girl)” (Idem – 2019).

Melhor animação (curta):

– “Hair Love” (Idem – 2019).

Melhor curta:

– “The Neighbors’ Window” (Idem – 2019).

 

Confira a galeria de fotos oficiais do Oscar 2020:

 

Leia também:

Especial Oscar 2020: categoria de melhor filme

Especial Oscar 2020: categoria de melhor direção

Especial Oscar 2020: categoria de melhor ator

Especial Oscar 2020: categoria de melhor atriz

Especial Oscar 2020: categoria de melhor ator coadjuvante

Especial Oscar 2020: categoria de melhor atriz coadjuvante

Especial Oscar 2020

Oscar 2020: ‘Coringa’ lidera com 11 indicações

A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood (Academy of Motion Picture Arts and Sciences – AMPAS) realizou na noite do último domingo, dia 09, no Dolby Theatre, em Los Angeles, a 92a cerimônia de entrega do Oscar. E o grande vencedor foi “Parasita” (Gisaengchung – 2019, Coreia do Sul), que entrou para a História da instituição por se tornar a primeira produção em língua estrangeira a conquistar a estatueta dourada de melhor filme.

 

Bong Joon-ho ao lado da tradutora (Foto: Divulgação – Crédito: Blaine Ohigashi / ©A.M.P.A.S.).

Sucesso absoluto mundo afora, “Parasita” venceu quatro das seis categorias às quais concorria: melhor filme, direção para Bong Joon-ho, roteiro original e filme internacional – nesta última, tinha como concorrentes “Dor e Glória” (Dolor y gloria – 2019, Espanha), de Pedro Almodóvar, “Corpus Christi” (Boze Cialo- 2019, Polônia), de Jan Komasa, “Os Miseráveis” (Les misérables – 2019, França), de Ladj Ly, e “Honeyland” (Idem – 2019, Macedônia), de Tamara Kotevska e Ljubomir Stefanov. O longa sul-coreano era uma das grandes apostas desta edição, mas surpreendeu ao derrotar o favoritismo tanto de Quentin Tarantino em roteiro original quanto o de “1917” (Idem – 2019) em filme e direção. A vitória de “Parasita” é também um reflexo da preocupação da AMPAS com questões como representatividade, diversidade e inclusão após as inúmeras críticas recebidas nos últimos anos. Ou seja, era o título certo no momento ideal, sobretudo por sua excelência ser um fato inegável e não ter sido produzido por nenhuma plataforma de streaming.

 

“Obrigado. Depois de ganhar o (Oscar de) melhor filme internacional, pensei que tinha terminado o dia e estava pronto para relaxar. Muito obrigado. Quando eu era jovem e estudava cinema, havia um ditado que eu esculpia profundamente em meu coração, que é “o mais pessoal é o mais criativo”. Essa citação foi do nosso grande Martin Scorsese. Quando eu estava na escola, estudei os filmes de Martin Scorsese. Ser indicado foi uma grande honra; Eu nunca pensei que iria ganhar. Quando as pessoas nos Estados Unidos não estavam familiarizadas com os meus filmes, Quentin (Tarantino) sempre os colocava em sua lista. Ele está aqui, muito obrigado. Quentin, eu amo você. E Todd (Phillips) e Sam (Mendes), grandes diretores que eu admiro. Se a Academia permitir, eu gostaria de pegar uma serra elétrica do Texas, dividir o troféu do Oscar em cinco e compartilhá-lo com todos vocês”, disse, emocionado, Bong Joon-ho ao receber o Golden Boy de melhor direção.

 

Seguindo a mesma fórmula da edição anterior, a cerimônia deste ano começou com uma apresentação musical, mas, desta vez, comandada por Janelle Monáe, que arrancau aplausos efusivos da plateia. Em seguida, Steve Martin e Chris Rock, mestres de cerimônia de edições anteriores, subiram ao palco e criticaram, em tom de brincadeira, a falta de representatividade dentre os indicados deste ano, chamando, em seguida, Regina King para entregar o primeiro prêmio da noite, o de melhor ator coadjuvante, cujo vencedor foi Brad Pitt por “Era Uma Vez em… Hollywood”, filme que disputou 10 estatuetas.

 

Brad Pitt venceu a estatueta de melhor ator coadjuvante por “Era Uma Vez em… Hollywood” (Foto: Divulgação – Crédito: Blaine Ohigashi / ©A.M.P.A.S.).

 

Brad Pitt agradeceu aos colegas, inclusive ao ator Leonardo DiCaprio, à categoria pouco lembrada em Hollywood, a dos dublês, e ao diretor Quentin Tarantino. “Isso (a estatueta) realmente é sobre Quentin Jerome Tarantino. “Você é original, você é único”, disse o ator, completando que a indústria cinematográfica seria um lugar mais “seco” sem o diretor.

 

Laura Dern com a estatueta de melhor atriz coadjuvante por “História de um Casamento” (Foto: Divulgação – Crédito: Blaine Ohigashi / ©A.M.P.A.S.).

Na véspera de seu aniversário, Laura Dern recebeu a estatueta dourada de melhor atriz coadjuvante por “História de um Casamento” (Marriage Story – 2019). Em seu discurso de agradecimento, Dern falou sobre o longa e seu realizador, que, segundo ela, “escreveu um filme sobre amor”. Membro do Conselho Diretor da AMPAS, a atriz se emocionou ao agradecer à família, levando a mãe, a também atriz Diane Ladd, às lágrimas na plateia: “E vocês sabem, alguns dizem que nunca conhecem seus heróis, mas eu digo, se você é realmente abençoado, você os entende como seus pais. Eu compartilho isso com meus heróis, minhas lendas, Diane Ladd e Bruce Dern”.

 

Líder de indicações este ano, 11 ao todo, “Coringa” (Joker – 2019) venceu apenas as estatuetas de melhor trilha sonora para Hildur Guðnadóttir e ator para Joaquin Phoenix. Muito emocionado, Phoenix subiu ao palco para receber sua estatueta sendo ovacionado pela plateia, entregando um discurso politizado. “Não me sinto elevado acima de nenhum dos meus colegas indicados ou de qualquer pessoa nesta sala, porque compartilhamos o mesmo amor – esse é o amor pelo cinema. E essa forma de expressão me deu a vida mais extraordinária. Eu não sei onde eu estaria sem ele”, disse o ator, que completou: “Eu acho que, se estamos falando de desigualdade de gênero, racismo ou direitos queer, direitos indígenas ou direitos dos animais, estamos falando sobre a luta contra a injustiça. Estamos falando da luta contra a crença de que uma nação, um povo, uma raça, um gênero, uma espécie têm o direito de dominar, usar e controlar outro com impunidade”.

 

Durante seu discurso, Joaquin Phoenix lembrou sua fama de difícil e o irmão, River Phoenix, que morreu vítima de uma overdose na sua frente em 1993. “Tememos a ideia de mudança pessoal, porque pensamos que precisamos sacrificar algo; desistir de algo… Eu fui um canalha a vida toda, fui egoísta. Fui cruel às vezes, difícil de trabalhar e sou grato por muitos de vocês nesta sala terem me dado uma segunda chance. Eu acho que é quando estamos no nosso melhor: quando nos apoiamos. Não quando nos cancelamos por nossos erros passados, mas quando nos ajudamos a crescer. Quando nos educamos; quando nos guiarmos à redenção. Quando tinha 17 anos, meu irmão (River) escreveu essa letra. Ele disse: ‘corra para o resgate com amor e paz se seguirá’”.

 

Joaquin Phoenix agradece a estatueta de melhor ator por “Coringa” (Foto: Divulgação – Crédito? Troy Harvey / ©A.M.P.A.S.).

 

A vitória de Phoenix demonstra não apenas a já citada questão da representatividade, uma vez que ele é porto-riquenho, como também a quebra de uma barreira preconceituosa para com personagens oriundos dos quadrinhos, mas o caminho para filmes deste filão dentro da Academia ainda é longo. No entanto, é importante lembrar que este é o segundo Oscar para um intérprete do Coringa. O primeiro, entregue postumamente, foi para Heath Ledger como ator coadjuvante por “Batman: O Cavaleiro das Trevas” (The Dark Knight – 2008), de Christopher Nolan.

 

Renée Zellweger com a estatueta de melhor atriz por “Judy: Muito Além do Arco-Íris” (Foto: Divulgação – Crédito: Matt Petit / ©A.M.P.A.S.).

 

Também aplaudida de pé pelos presentes, Renée Zellweger agradeceu seu Golden Boy de melhor atriz por “Judy: Muito Além do Arco-Íris” (Judy – 2019) homenageando Judy Garland, um dos grandes ícones da indústria hollywoodiana, e seu legado de “excepcionalidade”. “E embora Judy Garland não tenha recebido essa honra, tenho certeza de que esse momento é uma extensão da celebração de seu legado que começou em nosso set de filmagens”, afirmou Zellweger, completando em seguida: “Senhorita Garland, você está, definitivamente, entre os heróis que nos unem e nos definem. Este prêmio é para você”, disse Zellweger.

 

Dentre os nove títulos indicados à categoria de melhor filme, “O Irlandês” (The Irishman – 2019) foi o único que saiu do Dolby Theatre sem nenhuma estatueta. Dirigido por Martin Scorsese, o longa disputou 10 categorias, mas tinha como principal obstáculo a questão de ser uma produção original Netflix, algo que divide não apenas a comunidade hollywoodiana, como também a AMPAS, pois as plataformas de streaming são consideradas uma ameaça ao modelo tradicional de cinema, isto é, a experiência das salas de exibição responsáveis pelo lucro que mantém as engrenagens da indústria funcionando. Nesta edição, a Netflix totalizou 24 indicações em diversas categorias, mas recebeu somente duas estatuetas: a de atriz coadjuvante para Laura Dern, citada anteriormente, e a de documentário para “Indústria Americana” (American Factory – 2019), de Steven Bognar e Julia Reichert. Apoiado pelo casal Obama, o documentário derrotou outro título da companhia, o brasileiro “Democracia em Vertigem” (2019), de Petra Costa, que aborda o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

 

Nas categorias de animação, venceram os favoritos: o longa “Toy Story 4” (Idem – 2019) e o curta “Hair Love” (Idem – 2019). O segundo, especialmente, teve um peso importante no quesito representatividade e foi dedicado por Matthew A. Cherry a Kobe Bryant, homenageado por Spike Lee, que vestiu uma roupa com as cores do Los Angeles Lakers e o número do atleta, e no segmento “In Memoriam”. Apresentado por Steven Spielberg e ao som de “Yesterday”, cantada por Billie Eilish, a homenagem da AMPAS deixou de fora Luke Perry, cujo último filme foi “Era Uma Vez em… Hollywood”.

 

A apresentação de Eminem foi uma das surpresas da noite (Foto: Divulgação – Crédito: Blaine Ohigashi / ©A.M.P.A.S.).

 

Buscando conquistar a fatia mais jovem dos telespectadores, a AMPAS realizou uma cerimônia mais pop, principalmente em suas atrações musicais. Além de Billie Eilish, aposta da música pop que estará na trilha sonora do próximo filme de James Bond, “Sem Tempo Para Morrer” (No Time to Die – 2020), a Academia convidou Eminem. Ovacionado, o rapper, em participação surpresa, fez uma potente apresentação de “Lose Yourself”, de “8 Mile: Rua das Ilusões” (8 Mile – 2002), que lhe rendeu o Oscar de melhor canção original em 2003. Outro ponto que merece destaque é a busca pelo humor, que pode ser sintetizada na brincadeira com “Cats” (Idem – 2019), filme duramente criticado por seus efeitos visuais.

 

Marcada pelo ritmo ágil, a 92a cerimônia de entrega do Oscar seguiu a tendência da temporada americana, surpreendendo somente ao conceder sua principal estatueta a uma produção de língua estrangeira num ano equilibrado no que tange à qualidade dos indicados.

 

Confira a lista completa de vencedores:

Melhor filme:

– “Parasita”.

Melhor direção:

– Bong Joon-ho – “Parasita”.

Melhor ator:

– Joaquin Phoenix – “Coringa”.

Melhor atriz:

– Renée Zellweger – “Judy: Muito Além do Arco-Íris”.

Melhor ator coadjuvante:

– Brad Pitt – “Era Uma Vez em… Hollywood”.

Melhor atriz coadjuvante:

– Laura Dern – “História de um Casamento”.

Melhor roteiro original:

– “Parasita” – Bong Joon-ho e Jin Won Han.

Melhor roteiro adaptado:

– “Jojo Rabbit” (Idem – 2019) – Taika Waititi.

Melhor animação:

– “Toy Story 4”.

Melhor filme internacional:

– “Parasita”.

Melhor fotografia:

– “1917” – Roger Deakins.

Melhor edição (montagem):

– “Ford vs Ferrari” (Ford v Ferrari – 2019) – Andrew Buckland e Michael McCusker.

Melhor design de produção:

– “Era Uma Vez em… Hollywood” – Barbara Ling.

Melhor figurino:

– “Adoráveis Mulheres” (Little Women – 2019) – Jacqueline Durran.

Melhor maquiagem e cabelo:

– “O Escândalo” (Bombshell – 2019) – Cristina Waltz e Jaime Leigh McIntosh.

Melhor trilha sonora:

– “Coringa” – Hildur Guðnadóttir.

Melhor canção original:

– “(I’m Gonna) Love Me Again” – “Rocketman” (Idem – 2019).

Melhor mixagem de som:

– “1917” – Mark Taylor e Stuart Wilson.

Melhor edição de som:

– “Ford vs Ferrari” – Donald Sylvester.

Melhores efeitos visuais:

– “1917” – Guillaume Rocheron, Greg Butler e Dominic Tuohy.

Melhor documentário:

– “Indústria Americana”.

Melhor documentário (curta):

– “Learning to Skateboard in a Warzone (If You’re a Girl)” (Idem – 2019).

Melhor animação (curta):

– “Hair Love” (Idem – 2019).

Melhor curta:

– “The Neighbors’ Window” (Idem – 2019).

 

Confira a galeria de fotos oficiais do Oscar 2020:

 

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