Conhecida mundialmente por abrigar o mundo mágico de Walt Disney desde 1971, quando foi inaugurado o primeiro parque do complexo de entretenimento, o Magic Kingdom, Orlando é responsável por boa parte do PIB do estado americano da Flórida. Mas apesar de toda a riqueza, a cidade tem um lado completamente antagônico ao idealizado pelos turistas, […]
POR Ana Carolina Garcia28/02/2018|3 min de leitura
Conhecida mundialmente por abrigar o mundo mágico de Walt Disney desde 1971, quando foi inaugurado o primeiro parque do complexo de entretenimento, o Magic Kingdom, Orlando é responsável por boa parte do PIB do estado americano da Flórida. Mas apesar de toda a riqueza, a cidade tem um lado completamente antagônico ao idealizado pelos turistas, pois há quem sobreviva aos trancos e barrancos na capital mundial dos sonhos. E este lado B é explorado em “Projeto Flórida” (The Florida Project – 2017), uma das estreias desta quinta-feira, dia 1o.
Ambientado num hotel popular, chamado pelos americanos de motel, o longa aborda o contraste entre a magia e a realidade por meio de Moonee (Brooklynn Prince). Aos seis anos de idade, a menina passa as férias de verão ao lado dos amigos e vizinhos, Scooty (Christopher Rivera) e Jancey (Valeria Cotto), atormentando hóspedes, moradores e funcionários do Magic Castle. Mas a vida desregrada que lhe é imposta por sua mãe, Halley (Bria Vinaite), tem um preço alto em termos de educação, segurança e base familiar. Assim, a menina cria um mundo próprio em que aprende a se virar sozinha para garantir sua sobrevivência, mas tendo a mãe como exemplo. E tal mundo pode ruir a qualquer momento.
Com direção, roteiro e edição de Sean Baker, “Projeto Flórida” funciona como uma crítica social ao levar para as telas uma dura realidade que a sociedade prefere ignorar para não manchar, de certa maneira, a imagem de perfeição vendida pelo american way of life. Vítima da própria mãe, mesmo que amada, Moonee é o exemplo de uma criança cujo comportamento é diretamente influenciado pelos atos de sua progenitora pelo simples fato de considerá-los normais e até mesmo divertidos. Afinal, é o único exemplo que ela tem.
Contando com um roteiro objetivo, o longa tem como principais alicerces as atuações de Prince e Willem Dafoe (Bobby), que vive o gerente do hotel que se compadece da situação da família, ajudando-a sempre que possível. Indicado ao Oscar de melhor ator coadjuvante, Dafoe oferece um trabalho delicado que tem o instinto protetor como força motora.
Lembrando a procura de turistas brasileiros aos parques da Disney e seus resorts de luxo, “Projeto Flórida” concede uma atmosfera lúdica capaz de amenizar a realidade de uma menina negligenciada pela mãe e que não tem nenhuma perspectiva de futuro. Tendo como título o nome inicialmente escolhido por Walt Disney para o seu ambicioso projeto, o longa é um interessante contraste entre a parte mais pobre de Orlando e o encantamento do complexo, aproveitado de longe por meio dos fogos de encerramento do Magic Kingdom. Ou seja, no fim das contas, como em qualquer outro lugar, o reino só é mágico para quem pode pagar por ele.
*Indicado ao Oscar de melhor ator coadjuvante para Willem Dafoe.
Conhecida mundialmente por abrigar o mundo mágico de Walt Disney desde 1971, quando foi inaugurado o primeiro parque do complexo de entretenimento, o Magic Kingdom, Orlando é responsável por boa parte do PIB do estado americano da Flórida. Mas apesar de toda a riqueza, a cidade tem um lado completamente antagônico ao idealizado pelos turistas, pois há quem sobreviva aos trancos e barrancos na capital mundial dos sonhos. E este lado B é explorado em “Projeto Flórida” (The Florida Project – 2017), uma das estreias desta quinta-feira, dia 1o.
Ambientado num hotel popular, chamado pelos americanos de motel, o longa aborda o contraste entre a magia e a realidade por meio de Moonee (Brooklynn Prince). Aos seis anos de idade, a menina passa as férias de verão ao lado dos amigos e vizinhos, Scooty (Christopher Rivera) e Jancey (Valeria Cotto), atormentando hóspedes, moradores e funcionários do Magic Castle. Mas a vida desregrada que lhe é imposta por sua mãe, Halley (Bria Vinaite), tem um preço alto em termos de educação, segurança e base familiar. Assim, a menina cria um mundo próprio em que aprende a se virar sozinha para garantir sua sobrevivência, mas tendo a mãe como exemplo. E tal mundo pode ruir a qualquer momento.
Com direção, roteiro e edição de Sean Baker, “Projeto Flórida” funciona como uma crítica social ao levar para as telas uma dura realidade que a sociedade prefere ignorar para não manchar, de certa maneira, a imagem de perfeição vendida pelo american way of life. Vítima da própria mãe, mesmo que amada, Moonee é o exemplo de uma criança cujo comportamento é diretamente influenciado pelos atos de sua progenitora pelo simples fato de considerá-los normais e até mesmo divertidos. Afinal, é o único exemplo que ela tem.
Contando com um roteiro objetivo, o longa tem como principais alicerces as atuações de Prince e Willem Dafoe (Bobby), que vive o gerente do hotel que se compadece da situação da família, ajudando-a sempre que possível. Indicado ao Oscar de melhor ator coadjuvante, Dafoe oferece um trabalho delicado que tem o instinto protetor como força motora.
Lembrando a procura de turistas brasileiros aos parques da Disney e seus resorts de luxo, “Projeto Flórida” concede uma atmosfera lúdica capaz de amenizar a realidade de uma menina negligenciada pela mãe e que não tem nenhuma perspectiva de futuro. Tendo como título o nome inicialmente escolhido por Walt Disney para o seu ambicioso projeto, o longa é um interessante contraste entre a parte mais pobre de Orlando e o encantamento do complexo, aproveitado de longe por meio dos fogos de encerramento do Magic Kingdom. Ou seja, no fim das contas, como em qualquer outro lugar, o reino só é mágico para quem pode pagar por ele.
*Indicado ao Oscar de melhor ator coadjuvante para Willem Dafoe.