‘Sergio’: romance e reverência

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Também chamada de Segunda Guerra do Golfo, a Guerra do Iraque (2003 – 2011) teve início em março de 2003 quando tropas da coalizão liderada pelos Estados Unidos invadiram o país alegando que o ditador Saddam Hussein possuía armas de destruição em massa e, portanto, representava uma ameaça ao ocidente. Em maio do mesmo ano, […]

POR Ana Carolina Garcia17/04/2020|3 min de leitura

‘Sergio’: romance e reverência

Protagonizado por Wagner Moura e Ana de Armas, “Sergio” está disponível no catálogo da Netflix (Foto: Divulgação / Crédito: Netflix).

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Também chamada de Segunda Guerra do Golfo, a Guerra do Iraque (2003 – 2011) teve início em março de 2003 quando tropas da coalizão liderada pelos Estados Unidos invadiram o país alegando que o ditador Saddam Hussein possuía armas de destruição em massa e, portanto, representava uma ameaça ao ocidente. Em maio do mesmo ano, o brasileiro Sergio Vieira de Mello foi designado pelo então Secretário Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Kofi Annan, a representá-lo na missão de apoio ao governo de transição até a realização de eleições democráticas após a queda do ditador. O plano inicial do diplomata era trabalhar na missão por quatro meses e retornar ao Rio de Janeiro, mas um atentado à sede da ONU em Bagdá o vitimou em 19 de agosto. Isto é mostrado em “Sergio” (Idem – 2020), que estreia nesta sexta-feira, dia 17, na Netflix.

 

Primeiro longa-metragem ficcional de Greg Barker, que também dirigiu o documentário homônimo sobre o diplomata, lançado em 2009, “Sergio” tenta mostrar o homem por trás do Alto Comissário para Direitos Humanos da ONU. Para tanto, apresenta a sua história pregressa em flashbacks, focando no relacionamento entre ele e a argentina Carolina Larriera (Ana de Armas), iniciado durante a missão no Timor Leste.

 

Ana de Armas e Wagner Moura esbanjam química em “Sergio” (Foto: Divulgação / Crédito: Netflix).

 

Calcado no melodrama inerente a muitas cinebiografias, “Sergio” desanda ao apostar todas as suas fichas no romance e na reverência ao retratado, que ganha contornos de homem perfeito, quase santificado. Com isso, não explora os conflitos internos oriundos da necessidade de tomar decisões de cunho sócio-político que poderiam abalar estruturas internas de governos, entre elas, a de fazer um relatório detalhado sobre como a ocupação violava os direitos humanos dos iraquianos, que seria enviado ao Conselho de Segurança da ONU no dia seguinte ao atentado ordenado pelo líder da Al-Qaeda no Iraque, Abu Musab Al-Zarqawi, o fundador do Estado Islâmico.

 

Contando com a montagem da brasileira Claudia Castello, que costura com habilidade flashbacks e imagens de arquivo, “Sergio” chama a atenção pela química entre Wagner Moura (Sergio) e Ana de Armas. Eternizado como o Capitão Nascimento da franquia “Tropa de Elite” (iniciada em 2007), Moura opta pela sensibilidade, deixando claro ao espectador o lado humano do diplomata que tratava cidadãos e líderes com o mesmo respeito. Com a carreira em franca ascensão, a cubana Armas passeia com naturalidade tanto pelo romance quanto pelo drama, exprimindo sentimentos distintos muitas vezes apenas pelo olhar.

 

Produzido por Wagner Moura, “Sergio” funciona mais como romance do que cinebiografia de um homem que estava cotado para substituir Kofi Annan no momento no qual foi assassinado. E é neste ponto que o filme desperdiça seu potencial, permanecendo na zona de conforto do relacionamento amoroso em detrimento da trajetória profissional de Sergio Vieira de Mello e da importância de seu legado, bem como as consequências de sua morte para a própria ONU.

 

Assista ao trailer oficial:

Também chamada de Segunda Guerra do Golfo, a Guerra do Iraque (2003 – 2011) teve início em março de 2003 quando tropas da coalizão liderada pelos Estados Unidos invadiram o país alegando que o ditador Saddam Hussein possuía armas de destruição em massa e, portanto, representava uma ameaça ao ocidente. Em maio do mesmo ano, o brasileiro Sergio Vieira de Mello foi designado pelo então Secretário Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Kofi Annan, a representá-lo na missão de apoio ao governo de transição até a realização de eleições democráticas após a queda do ditador. O plano inicial do diplomata era trabalhar na missão por quatro meses e retornar ao Rio de Janeiro, mas um atentado à sede da ONU em Bagdá o vitimou em 19 de agosto. Isto é mostrado em “Sergio” (Idem – 2020), que estreia nesta sexta-feira, dia 17, na Netflix.

 

Primeiro longa-metragem ficcional de Greg Barker, que também dirigiu o documentário homônimo sobre o diplomata, lançado em 2009, “Sergio” tenta mostrar o homem por trás do Alto Comissário para Direitos Humanos da ONU. Para tanto, apresenta a sua história pregressa em flashbacks, focando no relacionamento entre ele e a argentina Carolina Larriera (Ana de Armas), iniciado durante a missão no Timor Leste.

 

Ana de Armas e Wagner Moura esbanjam química em “Sergio” (Foto: Divulgação / Crédito: Netflix).

 

Calcado no melodrama inerente a muitas cinebiografias, “Sergio” desanda ao apostar todas as suas fichas no romance e na reverência ao retratado, que ganha contornos de homem perfeito, quase santificado. Com isso, não explora os conflitos internos oriundos da necessidade de tomar decisões de cunho sócio-político que poderiam abalar estruturas internas de governos, entre elas, a de fazer um relatório detalhado sobre como a ocupação violava os direitos humanos dos iraquianos, que seria enviado ao Conselho de Segurança da ONU no dia seguinte ao atentado ordenado pelo líder da Al-Qaeda no Iraque, Abu Musab Al-Zarqawi, o fundador do Estado Islâmico.

 

Contando com a montagem da brasileira Claudia Castello, que costura com habilidade flashbacks e imagens de arquivo, “Sergio” chama a atenção pela química entre Wagner Moura (Sergio) e Ana de Armas. Eternizado como o Capitão Nascimento da franquia “Tropa de Elite” (iniciada em 2007), Moura opta pela sensibilidade, deixando claro ao espectador o lado humano do diplomata que tratava cidadãos e líderes com o mesmo respeito. Com a carreira em franca ascensão, a cubana Armas passeia com naturalidade tanto pelo romance quanto pelo drama, exprimindo sentimentos distintos muitas vezes apenas pelo olhar.

 

Produzido por Wagner Moura, “Sergio” funciona mais como romance do que cinebiografia de um homem que estava cotado para substituir Kofi Annan no momento no qual foi assassinado. E é neste ponto que o filme desperdiça seu potencial, permanecendo na zona de conforto do relacionamento amoroso em detrimento da trajetória profissional de Sergio Vieira de Mello e da importância de seu legado, bem como as consequências de sua morte para a própria ONU.

 

Assista ao trailer oficial:

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