Top 10: Os melhores e os piores filmes de 2016

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O ano está chegando ao fim e é hora de fazer um balanço das produções cinematográficas que chegaram às salas brasileiras em 2016, mesmo que produzidas em anos anteriores. O que pôde ser observado ao longo do ano foi que a cinematografia se arriscou em alguns momentos, brindando o público com boas produções, mesmo assim, […]

POR Ana Carolina Garcia30/12/2016|26 min de leitura

Top 10: Os melhores e os piores filmes de 2016
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O ano está chegando ao fim e é hora de fazer um balanço das produções cinematográficas que chegaram às salas brasileiras em 2016, mesmo que produzidas em anos anteriores. O que pôde ser observado ao longo do ano foi que a cinematografia se arriscou em alguns momentos, brindando o público com boas produções, mesmo assim, continua revisitando o seu passado para obter lucro no presente.

 

Esta volta ao passado, cada vez mais comum no cinema americano, que há tempos sofre com uma crise criativa, teve prós e contras, dentre continuações, remakes, reboots e spin-offs. Nos quesitos continuação e spin-off, devem ser destacados dois longas-metragens de grande apelo popular, herdado pelas franquias que os originaram: “Creed: Nascido Para Lutar” (Creed – 2015), sétimo filme da série “Rocky”, que há 40 anos transformou Sylvester Stallone em astro do primeiro time de Hollywood, e “Rogue One – Uma História Star Wars” (Rogue One: A Star Wars Story – 2016), uma bela ponte de ligação entre “Star Wars: Episódio III – A Vingança dos Sith” (Star Wars: Episode III – Revenge of the Sith – 2005) e “Star Wars: Episódio IV – Uma Nova Esperança” (Star Wars: Episode IV – A New Hope – 1977).

 

Em termos de remake, o destaque positivo é “Sete Homens e Um Destino” (The Magnificent Seven – 2016), um resgate perspicaz do faroeste clássico, um gênero há muito negligenciado. Já no que diz respeito aos reboots, o resultado fica por conta de “Caça-Fantasmas” (Ghostbusters – 2016), blockbuster que é a vergonha do ano, pois utilizou em sua campanha de divulgação um assunto bastante em voga dentro e fora de Hollywood, o empoderamento feminino, para camuflar sua mediocridade enquanto obra cinematográfica.

 

“Caça-Fantasmas” é tão fraco que chega a ser um insulto ao original de 1984 (Foto: Divulgação).
“Caça-Fantasmas” é tão fraco que chega a ser um insulto ao original de 1984 (Foto: Divulgação).

 

Mesmo com efeitos visuais e sonoros de qualidade, resultado da evolução tecnológica da indústria nas últimas décadas, “Caça-Fantasmas” assume o topo da lista dos piores por ser vendido como exemplar de representação feminina em Hollywood, mas apresentando suas protagonistas de maneira idiotizada, histérica e estereotipada. Havia inúmeras maneiras de torna-las representantes dentro da indústria, mas os roteiristas e produtores optaram pela forma mais fácil: a da cópia, da caricatura mal feita de personagens originalmente interpretados por homens.

 

O cinema-pipoca voltou a assistir o embate entre os blockbusters protagonizados por personagens da Marvel e da DC Comics, que, mais uma vez, perdeu para a rival. Os icônicos personagens da DC invadiram as telas em dois filmes muito aguardados pelo público, mas que não atingiram o resultado almejado pela Warner Bros.: “Batman Vs Superman: A Origem da Justiça” (Batman v Superman: Dawn Of Justice – 2016), que deixou a sensação de que faltou algo mais, funcionando somente como introdução à “Liga da Justiça” (The Justice League Part One – 2017), e “Esquadrão Suicida” (Suicide Squad – 2016), um circo megalomaníaco decepcionante que serve apenas para aumentar a curiosidade e a expectativa do público em torno do próximo filme solo do Batman.

 

Enquanto a DC se preocupava em ultrapassar a Marvel, a Disney e a Sony voltavam suas atenções não para a rival, mas para as produções propriamente ditas. Com isso, obtiveram mais êxito com “Capitão América: Guerra Civil” (Captain America: Civil War – 2016), “Doutor Estranho” (Doctor Strange – 2016), “X-Men: Apocalipse” (X-Men: Apocalypse – 2016) e “Deadpool” (Idem – 2016), uma grande surpresa na atual temporada de premiações, o que significa um abraço caloroso da indústria ao filão que lhe rende muito dinheiro em bilheterias mundo afora.

 

Numa época em que heróis e vilões oriundos dos quadrinhos detonam a concorrência nas bilheterias, há espaço para dramas consistentes, baseados ou não em fatos reais, como o vencedor do Oscar de melhor filme deste ano, “Spotlight – Segredos Revelados” (Spotlight – 2015), de Tom McCarthy. Também agraciado com a estatueta de roteiro original, o longa é uma verdadeira aula sobre a prática competente e responsável do jornalismo, bem como de seu fundamental papel na sociedade.

 

“Spotlight – Segredos Revelados” venceu as estatuetas do Oscar de melhor filme e roteiro original (Foto: Divulgação).
“Spotlight – Segredos Revelados” venceu as estatuetas do Oscar de melhor filme e roteiro original (Foto: Divulgação).

 

No entanto, a maior pérola a invadir as salas de cinema brasileiras este ano foi “A Chegada” (Arrival – 2016). Dirigido por Denis Villeneuve, trata-se de uma ficção-científica autoral e complexa, onde o elemento humano é o principal ingrediente. Além disso, mostra a versatilidade de Amy Adams, um dos principais nomes da atualidade, num trabalho de composição impressionante, transitando com o mesmo vigor tanto no mistério quanto no drama que assola sua personagem, sem cometer o deslize da pieguice.

 

Num mercado dominado por comédias apelativas e desprovidas de qualidade, mas que geram muito lucro em bilheterias, a cinematografia brasileira tem apresentado mudanças gradativas, mostrando que outros gêneros também podem render bem na tela grande se produzidos com esmero. Isto pode ser exemplificado por títulos aclamados, como “Boi Neon” (2016), “O Silêncio do Céu” (2015) e “Mais Forte que o Mundo – A História de José Aldo” (2016). Contudo, uma obra urgente e necessária por seu conteúdo merece ser destacada dentre as produções nacionais: “Menino 23 – Infâncias Perdidas no Brasil” (2016), documentário emocionante conduzido com muita competência por Belisario Franca.

 

É praticamente impossível assistir a todos os filmes lançados ao longo do ano, pois precisamos priorizar certas produções em detrimento de tantas outras, independente do motivo. Apesar da lista de pendências, não foram poucos os longas-metragens que tive o prazer de assistir, como também não foram poucos os que decepcionaram bastante. Sendo assim, vamos às listas dos melhores e piores filmes de 2016.

 

Top 10 – Os melhores:

  1. “A Chegada”:
(Foto: Divulgação).
Foto: Divulgação.

Conduzido com muita firmeza e competência por Denis Villeneuve, completamente fora de sua zona de conforto, “A Chegada” transcende a barreira da ficção-científica contemporânea ao tornar-se um belo exemplar de cinema autoral numa indústria que há tempos não se arrisca como deveria, optando por fórmulas batidas e reconhecidamente lucrativas. Com isso, não encontramos na tela um “pipocão” ao estilo “Independence Day” (Idem – 1996), mas, sim, uma trama complexa e de narrativa não-linear, onde o elemento humano é o principal ingrediente.

 

Baseado no conto “Story of Your Life”, de Ted Chiang, este longa é tecnicamente primoroso e chama a atenção também pelo desempenho de seu elenco, sobretudo de sua protagonista, Amy Adams. Através de um roteiro muito bem alicerçado e abrangente, capaz de levar o espectador à reflexão mesmo nos mínimos detalhes, esta produção transmite mensagens interessantes sobre se o meio compensa o fim e, principalmente, a de que a língua é “a primeira arma sacada em um conflito”, ao mesmo tempo em que é a maneira mais eficaz de se evitar um.

 

  1. “Spotlight – Segredos Revelados”:

 

Foto: Divulgação.
Foto: Divulgação.

Baseado em fatos reais, “Spotlight – Segredos Revelados” começa em 1976 com uma família acusando um padre, acobertado pelo Bispo e pelo assistente da promotoria da cidade, para então saltar para 2001, ano do início das investigações da Spotlight, editoria investigativa do Boston Globe. Apesar de contar em detalhes como tais abusos aconteceram, o longa não os mostra em nenhum momento, o que funciona a favor da trama, cujo foco é o trabalho dos jornalistas que foram agraciados com o prêmio Pulitzer. Ou seja, é um filme sobre as engrenagens do jornalismo investigativo praticado com seriedade e sua importância.

 

Com direção de Tom McCarthy, o filme conta com um elenco de peso, totalmente entrosado e entregue à história e a seus respectivos personagens, compostos com sensibilidade e seriedade extremadas. São atuações primorosas em que todos brilham em cena. No entanto, Michael Keaton e Mark Ruffalo se destacam, pois representam a razão e a emoção da Spotlight, respectivamente. Trata-se de uma produção envolvente, impactante e de suma importância para mostrar ao público que os abusos sexuais a crianças não foram cometidos somente nas paróquias de Boston, como também nas de outras cidades, dentro e fora dos Estados Unidos – e isto inclui algumas brasileiras, citadas ao final do longa, como Rio de Janeiro e Franca, por exemplo.

 

  1. “Menino 23 – Infâncias Perdidas no Brasil”:
Foto: Divulgação.
Foto: Divulgação.

Baseado na tese de doutorado de Sidney Aguilar Filho, “Educação, autoritarismo e eugenia: exploração do trabalho e violência à infância no Brasil (1930-1945)”, este documentário dirigido por Belisario Franca tem Argemiro dos Santos e Aloísio Silva, falecido em outubro do ano passado, como figuras centrais. Levados em 1933 do orfanato Romão de Mattos Duarte no Flamengo, Zona Sul do Rio de Janeiro, para a Fazenda Cruzeiro do Sul em Campina do Monte Alegre, interior de São Paulo, onde foram escravizados pela família Rocha Miranda, assim como dezenas de meninos negros.

 

Roteirizado por Franca e Bianca Lenti, “Menino 23: Infâncias Perdidas no Brasil” conta com uma montagem precisa e um belo trabalho de fotografia. Produzido com muito esmero, este documentário consegue apresentar a dor de seus protagonistas de forma delicada e ao mesmo tempo crua e impactante, surtindo o mesmo efeito que um soco no estômago.

 

  1. “O Regresso” (The Revenant – 2015):
Foto: Divulgação.
Foto: Divulgação.

Baseado em fatos reais e adaptação cinematográfica da obra de Michael Punke, “O Regresso” se desenvolve com calma para melhor compreensão do espectador, explorando em sua plenitude cada detalhe das belíssimas locações nos Estados Unidos, Canadá, Argentina e México, elevadas à potência máxima devido à fotografia de Emmanuel Lubezki, em um trabalho estonteante que usa e abusa de planos sequência, bem como de luz natural, com maestria. Além disso, tem como um de seus pontos positivos a atuação de Leonardo DiCaprio, numa absoluta entrega física e emocional que lhe rendeu o Oscar de melhor ator este ano.

 

“O Regresso” é uma obra cinematográfica completa que cresce aos poucos através de cenas impactantes e do incrível trabalho de toda a equipe, apresentando a magnitude inerente à direção de Alejandro González Iñárritu, o mexicano que tem dado à indústria o frescor que há tempos lhe faltava, relembrando a todos na capital do cinema como se realizar uma produção memorável e primorosa, como poucos são capazes de fazer.

 

  1. “Elle” (Idem – 2016):
Foto: Divulgação.
Foto: Divulgação.

Baseado na obra de Philippe Djian, “Elle” passeia com muita propriedade entre o drama e o thriller, tendo como principais alicerces a competente direção de Paul Verhoeven e a primorosa atuação de Isabelle Huppert, no papel de uma mulher forte e ambígua, que convive com um grande trauma de infância e é obrigada a lidar com outra situação traumática: o estupro dentro de sua própria casa. Contudo, não se torna uma mulher amedrontada. Pelo contrário, se aproxima do agressor.

 

Com uma trama complexa, recheada de diálogos ácidos e violência gráfica, “Elle” é uma das produções mais sombrias, provocantes, instigantes e impactantes que chegaram ao Brasil este ano. É um filme que levanta questionamentos éticos e morais a todo instante, despertando no espectador uma gama de emoções, como poucos são capazes no cinema contemporâneo.

 

  1. “Carol” (Idem – 2015):
Foto: Divulgação.
Foto: Divulgação.

Baseado na obra “The Price of Salt”, de Patricia Highsmith, “Carol” aborda com muita sensibilidade o preconceito contra homossexuais nos anos de 1950, através da história de amor de sua protagonista, Carol Aird (Cate Blanchett), e a jovem Therese Belivet (Rooney Mara). Esta produção é eficiente ao mostrar que todas as imposições impostas pela sociedade aos homossexuais num período em que manter as aparências era regra básica, sobretudo para pessoas casadas e com filhos, como a protagonista.

 

Conduzido com bastante elegância por Todd Haynes, o longa desenvolve o romance das duas com calma até a explosão do sentimento de ambas numa cena de sexo delicada, mas que exprime a força cênica das duas atrizes, principalmente de Blanchett, numa atuação impressionante e memorável. Elegância também presente nos quesitos técnicos, como direção de arte, fotografia e figurino, transformando “Carol” numa produção de grande apuro visual.

 

  1. “Cinco Graças” (Mustang – 2015):
Foto: Divulgação.
Foto: Divulgação.

Cinco meninas órfãs vivendo com a avó e o tio num vilarejo turco que têm a liberdade cerceada após uma inocente brincadeira na praia com meninos, que gerou um escândalo de grandes proporções e uma drástica mudança em suas vidas. Este é o ponto de partida de “Cinco Graças”, uma pérola da cinematografia.

 

Dirigida com muita segurança por Deniz Gamze Ergüven, o longa faz uma crítica contundente à opressão oriunda da religião, família e sociedade, mas de forma sutil e leve, explorando as características de cada uma das meninas, expostas, ainda, à violência sexual e casamentos arranjados. Mas o grande mérito de “Cinco Graças” é apresentar tudo isso sem cair no sentimentalismo barato, tendo como suporte as atuações das cinco atrizes, muito bem em cena e à vontade entre si e suas respectivas personagens.

 

 

  1. “Animais Noturnos” (Nocturnal Animals – 2016):
Foto: Divulgação.
Foto: Divulgação.

Responsável pela revitalização da Gucci, Tom Ford é um nome forte no universo da moda, marcado pela frieza e superficialidade de passarelas que vendem não apenas uma tendência para a estação, mas um padrão de beleza por vezes esquálido e incoerente com a realidade. Por esta razão, a sequência de abertura de “Animais Noturnos” (Nocturnal Animals – 2016) quebra o paradigma da beleza imposto à (e pela) sociedade e pode ser interpretada como a primeira etapa de uma dura crítica ao culto da aparência, bem como um aviso para que o espectador, nas quase duas horas seguintes, não espere uma trama presa à superfície.

 

“Animais Noturnos” conta com o roteiro coeso e amarrado de Ford, que apresenta com eficiência tanto a história da protagonista Susan (mais uma bela interpretação de Amy Adams) quanto a do livro de seu ex-marido, construindo dois mundos distintos, mas interligados. Contando ainda com a ágil montagem de Joan Sobel, que costura as duas tramas com muita habilidade, inclusive flashbacks, impulsionando o ritmo da narrativa, este é um filme elegante e impactante, que critica a cultura da aparência ao mostrar que o feio pode estar escondido sob uma beleza estonteante, que não resistirá ao duro e amargo acerto de contas com o passado.

 

  1. “A Grande Aposta” (The Big Short – 2015):
Foto: Divulgação.
Foto: Divulgação.

Baseado na obra homônima de Michael Lewis, o roteiro assinado por McKay e Charles Randolph impressiona por desenvolver uma história tão complexa de forma simples, quase que assumindo um tom didático para melhor compreensão do espectador, mas apostando em diálogos inteligentes e recheados de humor ácido, que garantem a diversão e nos remetem quase que imediatamente a “O Lobo de Wall Street” (The Wolf of Wall Street – 2013), de Martin Scorsese. Mais do que isso, o humor ácido funciona como instrumento crítico à instabilidade do mercado financeiro e ao desgaste emocional das pessoas que nele trabalham.

 

Produzido por Brad Pitt, “A Grande Aposta” não é um filme de fácil digestão, mas faz o possível para ser ao utilizar diversas referências do mundo do entretenimento, tanto para explicar tudo o que estava acontecendo naquela época quanto para contextualizar o american way of life. Tudo isso é conduzido de maneira eficiente e objetiva através da direção competente de Adam McKay, da montagem habilidosa de Hank Corwin e da trilha sonora escolhida cuidadosamente. Sem dúvida alguma, uma produção mais instigante e perturbadora, que utiliza humor nas doses exatas.

 

  1. “Creed: Nascido Para Lutar”:
Foto: Divulgação.
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Produzido por Sylvester Stallone e dirigido por Ryan Cooler, “Creed: Nascido Para Lutar” é o sétimo longa da franquia “Rocky”, mas, pela primeira vez, coloca o Garanhão Italiano na posição de coadjuvante – protagonista aqui é o filho de Apollo, interpretado com muita garra e determinação por Michael B. Jordan, que esbanja química com Stallone, agraciado com o Globo de Ouro de melhor ator coadjuvante. Responsável também pelo roteiro, ao lado de Aaron Covington, Cooler acerta em cheio ao criar uma trama bem alicerçada e desenvolvida com bastante competência, capaz de manter o ritmo ágil e a fluidez da narrativa.

 

No entanto, o maior mérito de “Creed: Nascido Para Lutar” é a capacidade de reunir em Donnie as figuras de Rocky e Apollo, mantendo o espírito da franquia e, acima de tudo, dando um novo gás a ela, apresentando todos os elementos necessários para agradar aos fãs do passado e conquistar uma nova geração, inclusive a parcela do público que nunca assistiu aos longas anteriores. Sem dúvida alguma, um bom filme que equilibra com muita perspicácia drama e nostalgia, com uma pequena dose de comicidade, garantindo a diversão da plateia.

 

Top 10 – Os piores:

  1. “Caça-Fantasmas”:
Foto: Divulgação.
Foto: Divulgação.

Com direção de Paul Feig, “Caça-Fantasmas” nada mais é do que a versão feminina do clássico homônimo de 1984, uma cópia desprovida de graça e que tem a pretensão de ser um exemplar de representação feminina numa indústria dominada por homens. Mas que representação é essa em que todas as protagonistas são retratadas de forma idiotizada, histérica e estereotipada?! Não, “Caça-Fantasmas” não é símbolo de coisa alguma e não deve ser assistido como uma vitória feminina em Hollywood.

 

Na verdade, “Caça-Fantasmas” é uma produção que explora clichês e estereótipos durante todo o tempo, não apenas no que diz respeito ao quarteto principal, que tem como ajudante um homem tão bonito quanto burro (interpretado por Chris Hemsworth), preocupado somente com a aparência e futilidades – uma vingança a anos de má representação da mulher no cinema, podem afirmar alguns, abstraindo tantos outros personagens criados no mesmo molde de Kevin.

 

Considerando o fato de que comparações são inevitáveis, este longa não funciona nem como homenagem a “Os Caça-Fantasmas”, pois chega a ser um insulto ao clássico. Entretanto, uma ressalva se faz necessária: o roteiro é tão ruim que o reboot seria igualmente fraco, desnecessário e equivocado se fosse protagonizado por homens – tente substituir este elenco pelo da franquia “Gente Grande” (Grown Ups) e terá uma noção do reboot com personagens masculinos.

 

  1. “Bruxa de Blair” (Blair Witch – 2016):
Foto: Divulgação.
Foto: Divulgação.

Com direção de Adam Wingard, “Bruxa de Blair” ignora completamente o segundo longa da franquia e é uma continuação direta do original, “A Bruxa de Blair” (The Blair Witch Project – 1999). Sem conteúdo minimamente interessante, o longa opta por copiar situações do original e injetar uma alta dose de clichês, concedendo à plateia uma experiência cinematográfica risível e constrangedora.

 

Para piorar a situação, o elenco alia-se ao roteiro fraco e falho, apostando em expressões faciais forçadas para exprimir o horror ao qual os personagens estão expostos no meio da Floresta Black Hills, próxima à cidade de Burkittsville. Por esta razão, “Bruxa de Blair” é uma tentativa frustrada de repetir o sucesso de outrora.

 

 

  1. “A Série Divergente: Convergente” (The Divergent Series: Allegiant – 2016):
Foto: Divulgação.
Foto: Divulgação.

Baseado no livro “Convergente – Uma Escolha Pode Te Definir”, de Veronica Roth, “A Série Divergente: Convergente” apresenta diversos problemas em sua concepção, principalmente no que diz respeito ao roteiro de Noah Oppenheim, Adam Cooper e Bill Collage, confuso, mal estruturado e totalmente desprovido de emoção, tanto no romance do casal protagonista quanto no drama a que se propõe a contar.

 

Dirigido por Robert Schwentke, “A Série Divergente: Convergente” é um filme que empaca logo no início e não consegue desenvolver sua narrativa adequadamente, mesmo com o nítido esforço do elenco. Carente de emoção e de ação interessante, o longa não cumpre o seu propósito de envolver e entreter a plateia, tornando-se o mais fraco desta franquia cinematográfica. Para piorar, a produção desagrada também nos quesitos técnicos, sendo um verdadeiro fiasco em termos de efeitos visuais, completamente toscos e beirando à cafonice comum a muitos filmes amadores, pois não há uma sequência satisfatória com tais recursos, algo inaceitável para uma produção também classificada como ficção-científica e que pertence a uma franquia que arrasta multidões aos cinemas.

 

  1. “Martyrs” (Idem – 2015):
Foto: Divulgação.
Foto: Divulgação.

Refilmagem da produção franco-canadense “Mártires” (Martyrs – 2008), de Pascal Laugier, “Martyrs” parte de uma premissa interessante, mas seu roteiro é tão raso e previsível que o horror não consegue dominar a narrativa, pois a todo instante expõe a plateia a uma enxurrada de clichês. Com isso, os diretores Kevin e Michael Goetz tiveram de apostar suas fichas em cenas extremamente violentas e indigestas, porém, todas mal conduzidas, o que fica bastante explícito à medida que a história se desenrola e novos personagens e situações são apresentados ao espectador.

 

Classificado como drama, suspense e horror, “Martyrs” não é bem sucedido em nenhum dos gêneros e não passa de uma produção tosca que desperdiçou todo o potencial de sua ideia original. Além disso, o longa também é prejudicado pela falta de entrosamento de todo o elenco.

 

  1. “Ben-Hur” (Idem – 2016):
Foto: Divulgação.
Foto: Divulgação.

“Ben-Hur” é originalmente uma história sobre um homem de família abastada que utiliza o desejo de vingança como motivação para sobreviver após ser escravizado por ordens de seu amigo de infância, Messala, que integra o Império Romano e segue ordens de Pôncio Pilatos em Jerusalém. Era isso o que todos esperavam encontrar neste novo remake, mas a realidade é bem diferente, pois a essência da história, bem como de seu protagonista, foi totalmente ignorada pelos roteiristas, Keith R. Clarke e John Ridley. Sob a direção de Timur Bekmambetov, o longa assume o tom melodramático para apresentar uma trajetória de perseverança da fé e perdão, sem explorar com afinco o desejo de vingança de seu protagonista.

 

Sem a imponência inerente a épicos bíblicos, “Ben-Hur” é um filme mal dirigido e totalmente desprovido de vigor, decepcionando em absolutamente todos os aspectos, inclusive na sequência da corrida de bigas, que tem a pretensão de se tornar o seu ponto alto. Ou seja, é um remake desnecessário cujo resultado deve servir como lição aos executivos de Hollywood no futuro, quando novas refilmagens de clássicos forem cogitadas. Se for para produzir um remake que seja com o mínimo de cuidado e, acima de tudo, respeito para com o seu antecessor.

 

  1. “Orgulho e Preconceito e Zumbis” (Pride and Prejudice and Zombies – 2016):
Foto: Divulgação.
Foto: Divulgação.

Um dos grandes clássicos da literatura, “Orgulho e Preconceito”, de Jane Austen, ganhou diversas adaptações, inclusive uma literária que introduz zumbis ao seu universo, “Orgulho e Preconceito e Zumbis”, de Seth Grahame-Smith, que, por sua vez, originou o longa homônimo dirigido e roteirizado por Burr Steers. Com um elenco fora de sintonia e com atuações pífias, sem nenhuma exceção, o longa também desaponta em seu roteiro fraco, mal estruturado e ineficiente tanto no terror quanto na ação, transformando este longa numa constrangedora comédia de erros, conduzida de forma desastrosa por seu diretor.

 

Além disso, a produção também desagrada em todos os quesitos técnicos, principalmente no que diz respeito à maquiagem tosca, digna de uma festa de Halloween realizada num playground, e à sua estética que nos remete imediatamente a um telefilme inglês, pois sua fotografia e design de produção nem de longe fazem jus à tela grande. Ou seja, numa tentativa frustrada de conceder seriedade à trama e mostrar o apocalipse zumbi na Inglaterra do século XIX, “Orgulho e Preconceito e Zumbis” se tornou um bom exemplar do apocalipse… cinematográfico!

 

  1. “A Era do Gelo: O Big Bang” (Ice Age: Collisium Course – 2016):
Foto: Divulgação.
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Quando o primeiro longa da franquia “A Era do Gelo” (Ice Age) foi lançado em 2002, sua trama original e divertida conquistou plateias de todas as idades, sobretudo pelo carisma de Scrat e sua obsessão pela noz, possibilitando novas aventuras nos anos seguintes. Mas, agora, em seu quinto filme, a série dá sinais claros de esgotamento, pois não há mais nenhum elemento original nem atraente a ser explorado em “A Era do Gelo: O Big Bang”.

 

Com direção de Mike Thurmeier, o longa não mantém a característica principal da franquia: o humor, uma vez que não oferece momentos genuinamente divertidos, capazes de entreter o espectador com o mínimo de qualidade. Não bastasse isso, o roteiro é raso e não explora nenhuma possibilidade da história que se propõe a contar. E, devido à sua trama vazia e previsível até mesmo para uma criança, o resultado final é de uma monotonia surpreendente. Sem dúvida alguma, o mais fraco de toda a franquia.

 

  1. “Esquadrão Suicida”:
Foto: Divulgação.
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Dirigido e roteirizado por David Ayer, “Esquadrão Suicida” é um exemplo da obsessão da DC em equiparar suas produções cinematográficas às da Marvel, sem poupar esforços nem dinheiro, independente de ter uma trama construída em bases sólidas e desenvolvida com o mínimo de cuidado. O resultado é um longa sem conteúdo suficiente para sustenta-lo ao longo de pouco mais de duas horas de duração, pois seu roteiro é capenga, preguiçoso e não explora as subtramas dos personagens de maneira equilibrada. Com isso, há uma grande aposta em torno de Arlequina e Pistoleiro em detrimento de todos os outros, principalmente de Coringa (Jared Leto), Magia (Cara Delevingne), Crocodilo e Capitão Bumerangue, totalmente desperdiçados.

 

Contando com efeitos especiais toscos, algo indesculpável para um filme que custou cerca de US$ 175 milhões e que, portanto, tinha à sua disposição o que de melhor a indústria cinematográfica pode oferecer em termos de tecnologia, “Esquadrão Suicida” apresenta sequências de ação confusas e bagunçadas ao pior estilo “Transformers” (Idem). Não bastasse isso, é uma verdadeira aula sobre desperdício de trilha sonora porque a seleção de canções é excepcional, mas a maneira como são inseridas é totalmente descuidada.

 

  1. “Warcraft – O Primeiro Encontro Entre Dois Mundos” (Warcraft – 2016):
Foto: Divulgação.
Foto: Divulgação.

Numa tentativa de agradar ao público em geral, “Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos” se tornou uma produção grandiosa em termos visuais, mas carente de conteúdo suficiente para sustenta-la enquanto obra cinematográfica. O roteiro assinado por Duncan Jones e Charles Leavitt, baseado também nos livros “Rise of the Horde” e “The Last Guardian”, é mal elaborado e incapaz de apresentar com o mínimo de qualidade o mundo de Warcraft à fatia da plateia que não o conhece. A trama é desinteressante, previsível, repleta de diálogos primários, clichês e pontas soltas, algo que prejudica bastante o resultado final do longa.

 

Dirigido por Duncan Jones, filho de David Bowie, o longa apresenta personagens vazios e desprovidos de emoção e carisma, algo que se agrava ainda mais devido às péssimas atuações de todo o elenco e à tentativa de inserir de forma insossa e mal conduzida uma atmosfera de romance entre Gamora e Lothar. É uma produção que faz jus a toda desconfiança proveniente do histórico de adaptações cinematográficas de jogos de sucesso e, definitivamente, não funciona.

 

  1. “Independence Day: O Ressurgimento” (Independence Day: Resurgence – 2016):
Foto: Divulgação.
Foto: Divulgação.

Dirigido e produzido por Roland Emmerich, “Independence Day: O Ressurgimento” é desprovido de conteúdo e ineficiente tanto na ficção-científica quanto na ação, na comédia e no romance. Isto se deve à preocupação exacerbada dos roteiristas de resgatar elementos de seu antecessor, “Independence Day” (Idem – 1996), e de fazer claras referências a algumas produções de sucesso, como por exemplo, “Armageddon” (Idem – 1998) e “Top Gun – Ases Indomáveis” (Top Gun – 1986) – este último, na dinâmica entre os pilotos, pois não são poucas as sequências que nos remetem à Maverick, Goose, Ice-Man e companhia, especialmente na que Jake (Liam Hemsworth) e Dylan (Jessie T. Usher) conversam no vestiário.

 

Mesmo com efeitos visuais e sonoros são impressionantes, “Independence Day: O Ressurgimento” não funciona por ser basicamente um filme de repetição e que não diverte em nenhum momento. Ou seja, a ideia de transformar “Independence Day” em franquia apenas reflete a ganância de uma indústria que há anos vive uma crise criativa. Sim, “sabíamos que eles voltariam”, como diz o pôster, porque é o que acontece em Hollywood com campeões de bilheteria – o original arrecadou cerca de US$ 817 milhões em todo o mundo. E eles voltaram, só que ainda piores em termos de história.

O ano está chegando ao fim e é hora de fazer um balanço das produções cinematográficas que chegaram às salas brasileiras em 2016, mesmo que produzidas em anos anteriores. O que pôde ser observado ao longo do ano foi que a cinematografia se arriscou em alguns momentos, brindando o público com boas produções, mesmo assim, continua revisitando o seu passado para obter lucro no presente.

 

Esta volta ao passado, cada vez mais comum no cinema americano, que há tempos sofre com uma crise criativa, teve prós e contras, dentre continuações, remakes, reboots e spin-offs. Nos quesitos continuação e spin-off, devem ser destacados dois longas-metragens de grande apelo popular, herdado pelas franquias que os originaram: “Creed: Nascido Para Lutar” (Creed – 2015), sétimo filme da série “Rocky”, que há 40 anos transformou Sylvester Stallone em astro do primeiro time de Hollywood, e “Rogue One – Uma História Star Wars” (Rogue One: A Star Wars Story – 2016), uma bela ponte de ligação entre “Star Wars: Episódio III – A Vingança dos Sith” (Star Wars: Episode III – Revenge of the Sith – 2005) e “Star Wars: Episódio IV – Uma Nova Esperança” (Star Wars: Episode IV – A New Hope – 1977).

 

Em termos de remake, o destaque positivo é “Sete Homens e Um Destino” (The Magnificent Seven – 2016), um resgate perspicaz do faroeste clássico, um gênero há muito negligenciado. Já no que diz respeito aos reboots, o resultado fica por conta de “Caça-Fantasmas” (Ghostbusters – 2016), blockbuster que é a vergonha do ano, pois utilizou em sua campanha de divulgação um assunto bastante em voga dentro e fora de Hollywood, o empoderamento feminino, para camuflar sua mediocridade enquanto obra cinematográfica.

 

“Caça-Fantasmas” é tão fraco que chega a ser um insulto ao original de 1984 (Foto: Divulgação).
“Caça-Fantasmas” é tão fraco que chega a ser um insulto ao original de 1984 (Foto: Divulgação).

 

Mesmo com efeitos visuais e sonoros de qualidade, resultado da evolução tecnológica da indústria nas últimas décadas, “Caça-Fantasmas” assume o topo da lista dos piores por ser vendido como exemplar de representação feminina em Hollywood, mas apresentando suas protagonistas de maneira idiotizada, histérica e estereotipada. Havia inúmeras maneiras de torna-las representantes dentro da indústria, mas os roteiristas e produtores optaram pela forma mais fácil: a da cópia, da caricatura mal feita de personagens originalmente interpretados por homens.

 

O cinema-pipoca voltou a assistir o embate entre os blockbusters protagonizados por personagens da Marvel e da DC Comics, que, mais uma vez, perdeu para a rival. Os icônicos personagens da DC invadiram as telas em dois filmes muito aguardados pelo público, mas que não atingiram o resultado almejado pela Warner Bros.: “Batman Vs Superman: A Origem da Justiça” (Batman v Superman: Dawn Of Justice – 2016), que deixou a sensação de que faltou algo mais, funcionando somente como introdução à “Liga da Justiça” (The Justice League Part One – 2017), e “Esquadrão Suicida” (Suicide Squad – 2016), um circo megalomaníaco decepcionante que serve apenas para aumentar a curiosidade e a expectativa do público em torno do próximo filme solo do Batman.

 

Enquanto a DC se preocupava em ultrapassar a Marvel, a Disney e a Sony voltavam suas atenções não para a rival, mas para as produções propriamente ditas. Com isso, obtiveram mais êxito com “Capitão América: Guerra Civil” (Captain America: Civil War – 2016), “Doutor Estranho” (Doctor Strange – 2016), “X-Men: Apocalipse” (X-Men: Apocalypse – 2016) e “Deadpool” (Idem – 2016), uma grande surpresa na atual temporada de premiações, o que significa um abraço caloroso da indústria ao filão que lhe rende muito dinheiro em bilheterias mundo afora.

 

Numa época em que heróis e vilões oriundos dos quadrinhos detonam a concorrência nas bilheterias, há espaço para dramas consistentes, baseados ou não em fatos reais, como o vencedor do Oscar de melhor filme deste ano, “Spotlight – Segredos Revelados” (Spotlight – 2015), de Tom McCarthy. Também agraciado com a estatueta de roteiro original, o longa é uma verdadeira aula sobre a prática competente e responsável do jornalismo, bem como de seu fundamental papel na sociedade.

 

“Spotlight – Segredos Revelados” venceu as estatuetas do Oscar de melhor filme e roteiro original (Foto: Divulgação).
“Spotlight – Segredos Revelados” venceu as estatuetas do Oscar de melhor filme e roteiro original (Foto: Divulgação).

 

No entanto, a maior pérola a invadir as salas de cinema brasileiras este ano foi “A Chegada” (Arrival – 2016). Dirigido por Denis Villeneuve, trata-se de uma ficção-científica autoral e complexa, onde o elemento humano é o principal ingrediente. Além disso, mostra a versatilidade de Amy Adams, um dos principais nomes da atualidade, num trabalho de composição impressionante, transitando com o mesmo vigor tanto no mistério quanto no drama que assola sua personagem, sem cometer o deslize da pieguice.

 

Num mercado dominado por comédias apelativas e desprovidas de qualidade, mas que geram muito lucro em bilheterias, a cinematografia brasileira tem apresentado mudanças gradativas, mostrando que outros gêneros também podem render bem na tela grande se produzidos com esmero. Isto pode ser exemplificado por títulos aclamados, como “Boi Neon” (2016), “O Silêncio do Céu” (2015) e “Mais Forte que o Mundo – A História de José Aldo” (2016). Contudo, uma obra urgente e necessária por seu conteúdo merece ser destacada dentre as produções nacionais: “Menino 23 – Infâncias Perdidas no Brasil” (2016), documentário emocionante conduzido com muita competência por Belisario Franca.

 

É praticamente impossível assistir a todos os filmes lançados ao longo do ano, pois precisamos priorizar certas produções em detrimento de tantas outras, independente do motivo. Apesar da lista de pendências, não foram poucos os longas-metragens que tive o prazer de assistir, como também não foram poucos os que decepcionaram bastante. Sendo assim, vamos às listas dos melhores e piores filmes de 2016.

 

Top 10 – Os melhores:

  1. “A Chegada”:
(Foto: Divulgação).
Foto: Divulgação.

Conduzido com muita firmeza e competência por Denis Villeneuve, completamente fora de sua zona de conforto, “A Chegada” transcende a barreira da ficção-científica contemporânea ao tornar-se um belo exemplar de cinema autoral numa indústria que há tempos não se arrisca como deveria, optando por fórmulas batidas e reconhecidamente lucrativas. Com isso, não encontramos na tela um “pipocão” ao estilo “Independence Day” (Idem – 1996), mas, sim, uma trama complexa e de narrativa não-linear, onde o elemento humano é o principal ingrediente.

 

Baseado no conto “Story of Your Life”, de Ted Chiang, este longa é tecnicamente primoroso e chama a atenção também pelo desempenho de seu elenco, sobretudo de sua protagonista, Amy Adams. Através de um roteiro muito bem alicerçado e abrangente, capaz de levar o espectador à reflexão mesmo nos mínimos detalhes, esta produção transmite mensagens interessantes sobre se o meio compensa o fim e, principalmente, a de que a língua é “a primeira arma sacada em um conflito”, ao mesmo tempo em que é a maneira mais eficaz de se evitar um.

 

  1. “Spotlight – Segredos Revelados”:

 

Foto: Divulgação.
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Baseado em fatos reais, “Spotlight – Segredos Revelados” começa em 1976 com uma família acusando um padre, acobertado pelo Bispo e pelo assistente da promotoria da cidade, para então saltar para 2001, ano do início das investigações da Spotlight, editoria investigativa do Boston Globe. Apesar de contar em detalhes como tais abusos aconteceram, o longa não os mostra em nenhum momento, o que funciona a favor da trama, cujo foco é o trabalho dos jornalistas que foram agraciados com o prêmio Pulitzer. Ou seja, é um filme sobre as engrenagens do jornalismo investigativo praticado com seriedade e sua importância.

 

Com direção de Tom McCarthy, o filme conta com um elenco de peso, totalmente entrosado e entregue à história e a seus respectivos personagens, compostos com sensibilidade e seriedade extremadas. São atuações primorosas em que todos brilham em cena. No entanto, Michael Keaton e Mark Ruffalo se destacam, pois representam a razão e a emoção da Spotlight, respectivamente. Trata-se de uma produção envolvente, impactante e de suma importância para mostrar ao público que os abusos sexuais a crianças não foram cometidos somente nas paróquias de Boston, como também nas de outras cidades, dentro e fora dos Estados Unidos – e isto inclui algumas brasileiras, citadas ao final do longa, como Rio de Janeiro e Franca, por exemplo.

 

  1. “Menino 23 – Infâncias Perdidas no Brasil”:
Foto: Divulgação.
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Baseado na tese de doutorado de Sidney Aguilar Filho, “Educação, autoritarismo e eugenia: exploração do trabalho e violência à infância no Brasil (1930-1945)”, este documentário dirigido por Belisario Franca tem Argemiro dos Santos e Aloísio Silva, falecido em outubro do ano passado, como figuras centrais. Levados em 1933 do orfanato Romão de Mattos Duarte no Flamengo, Zona Sul do Rio de Janeiro, para a Fazenda Cruzeiro do Sul em Campina do Monte Alegre, interior de São Paulo, onde foram escravizados pela família Rocha Miranda, assim como dezenas de meninos negros.

 

Roteirizado por Franca e Bianca Lenti, “Menino 23: Infâncias Perdidas no Brasil” conta com uma montagem precisa e um belo trabalho de fotografia. Produzido com muito esmero, este documentário consegue apresentar a dor de seus protagonistas de forma delicada e ao mesmo tempo crua e impactante, surtindo o mesmo efeito que um soco no estômago.

 

  1. “O Regresso” (The Revenant – 2015):
Foto: Divulgação.
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Baseado em fatos reais e adaptação cinematográfica da obra de Michael Punke, “O Regresso” se desenvolve com calma para melhor compreensão do espectador, explorando em sua plenitude cada detalhe das belíssimas locações nos Estados Unidos, Canadá, Argentina e México, elevadas à potência máxima devido à fotografia de Emmanuel Lubezki, em um trabalho estonteante que usa e abusa de planos sequência, bem como de luz natural, com maestria. Além disso, tem como um de seus pontos positivos a atuação de Leonardo DiCaprio, numa absoluta entrega física e emocional que lhe rendeu o Oscar de melhor ator este ano.

 

“O Regresso” é uma obra cinematográfica completa que cresce aos poucos através de cenas impactantes e do incrível trabalho de toda a equipe, apresentando a magnitude inerente à direção de Alejandro González Iñárritu, o mexicano que tem dado à indústria o frescor que há tempos lhe faltava, relembrando a todos na capital do cinema como se realizar uma produção memorável e primorosa, como poucos são capazes de fazer.

 

  1. “Elle” (Idem – 2016):
Foto: Divulgação.
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Baseado na obra de Philippe Djian, “Elle” passeia com muita propriedade entre o drama e o thriller, tendo como principais alicerces a competente direção de Paul Verhoeven e a primorosa atuação de Isabelle Huppert, no papel de uma mulher forte e ambígua, que convive com um grande trauma de infância e é obrigada a lidar com outra situação traumática: o estupro dentro de sua própria casa. Contudo, não se torna uma mulher amedrontada. Pelo contrário, se aproxima do agressor.

 

Com uma trama complexa, recheada de diálogos ácidos e violência gráfica, “Elle” é uma das produções mais sombrias, provocantes, instigantes e impactantes que chegaram ao Brasil este ano. É um filme que levanta questionamentos éticos e morais a todo instante, despertando no espectador uma gama de emoções, como poucos são capazes no cinema contemporâneo.

 

  1. “Carol” (Idem – 2015):
Foto: Divulgação.
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Baseado na obra “The Price of Salt”, de Patricia Highsmith, “Carol” aborda com muita sensibilidade o preconceito contra homossexuais nos anos de 1950, através da história de amor de sua protagonista, Carol Aird (Cate Blanchett), e a jovem Therese Belivet (Rooney Mara). Esta produção é eficiente ao mostrar que todas as imposições impostas pela sociedade aos homossexuais num período em que manter as aparências era regra básica, sobretudo para pessoas casadas e com filhos, como a protagonista.

 

Conduzido com bastante elegância por Todd Haynes, o longa desenvolve o romance das duas com calma até a explosão do sentimento de ambas numa cena de sexo delicada, mas que exprime a força cênica das duas atrizes, principalmente de Blanchett, numa atuação impressionante e memorável. Elegância também presente nos quesitos técnicos, como direção de arte, fotografia e figurino, transformando “Carol” numa produção de grande apuro visual.

 

  1. “Cinco Graças” (Mustang – 2015):
Foto: Divulgação.
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Cinco meninas órfãs vivendo com a avó e o tio num vilarejo turco que têm a liberdade cerceada após uma inocente brincadeira na praia com meninos, que gerou um escândalo de grandes proporções e uma drástica mudança em suas vidas. Este é o ponto de partida de “Cinco Graças”, uma pérola da cinematografia.

 

Dirigida com muita segurança por Deniz Gamze Ergüven, o longa faz uma crítica contundente à opressão oriunda da religião, família e sociedade, mas de forma sutil e leve, explorando as características de cada uma das meninas, expostas, ainda, à violência sexual e casamentos arranjados. Mas o grande mérito de “Cinco Graças” é apresentar tudo isso sem cair no sentimentalismo barato, tendo como suporte as atuações das cinco atrizes, muito bem em cena e à vontade entre si e suas respectivas personagens.

 

 

  1. “Animais Noturnos” (Nocturnal Animals – 2016):
Foto: Divulgação.
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Responsável pela revitalização da Gucci, Tom Ford é um nome forte no universo da moda, marcado pela frieza e superficialidade de passarelas que vendem não apenas uma tendência para a estação, mas um padrão de beleza por vezes esquálido e incoerente com a realidade. Por esta razão, a sequência de abertura de “Animais Noturnos” (Nocturnal Animals – 2016) quebra o paradigma da beleza imposto à (e pela) sociedade e pode ser interpretada como a primeira etapa de uma dura crítica ao culto da aparência, bem como um aviso para que o espectador, nas quase duas horas seguintes, não espere uma trama presa à superfície.

 

“Animais Noturnos” conta com o roteiro coeso e amarrado de Ford, que apresenta com eficiência tanto a história da protagonista Susan (mais uma bela interpretação de Amy Adams) quanto a do livro de seu ex-marido, construindo dois mundos distintos, mas interligados. Contando ainda com a ágil montagem de Joan Sobel, que costura as duas tramas com muita habilidade, inclusive flashbacks, impulsionando o ritmo da narrativa, este é um filme elegante e impactante, que critica a cultura da aparência ao mostrar que o feio pode estar escondido sob uma beleza estonteante, que não resistirá ao duro e amargo acerto de contas com o passado.

 

  1. “A Grande Aposta” (The Big Short – 2015):
Foto: Divulgação.
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Baseado na obra homônima de Michael Lewis, o roteiro assinado por McKay e Charles Randolph impressiona por desenvolver uma história tão complexa de forma simples, quase que assumindo um tom didático para melhor compreensão do espectador, mas apostando em diálogos inteligentes e recheados de humor ácido, que garantem a diversão e nos remetem quase que imediatamente a “O Lobo de Wall Street” (The Wolf of Wall Street – 2013), de Martin Scorsese. Mais do que isso, o humor ácido funciona como instrumento crítico à instabilidade do mercado financeiro e ao desgaste emocional das pessoas que nele trabalham.

 

Produzido por Brad Pitt, “A Grande Aposta” não é um filme de fácil digestão, mas faz o possível para ser ao utilizar diversas referências do mundo do entretenimento, tanto para explicar tudo o que estava acontecendo naquela época quanto para contextualizar o american way of life. Tudo isso é conduzido de maneira eficiente e objetiva através da direção competente de Adam McKay, da montagem habilidosa de Hank Corwin e da trilha sonora escolhida cuidadosamente. Sem dúvida alguma, uma produção mais instigante e perturbadora, que utiliza humor nas doses exatas.

 

  1. “Creed: Nascido Para Lutar”:
Foto: Divulgação.
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Produzido por Sylvester Stallone e dirigido por Ryan Cooler, “Creed: Nascido Para Lutar” é o sétimo longa da franquia “Rocky”, mas, pela primeira vez, coloca o Garanhão Italiano na posição de coadjuvante – protagonista aqui é o filho de Apollo, interpretado com muita garra e determinação por Michael B. Jordan, que esbanja química com Stallone, agraciado com o Globo de Ouro de melhor ator coadjuvante. Responsável também pelo roteiro, ao lado de Aaron Covington, Cooler acerta em cheio ao criar uma trama bem alicerçada e desenvolvida com bastante competência, capaz de manter o ritmo ágil e a fluidez da narrativa.

 

No entanto, o maior mérito de “Creed: Nascido Para Lutar” é a capacidade de reunir em Donnie as figuras de Rocky e Apollo, mantendo o espírito da franquia e, acima de tudo, dando um novo gás a ela, apresentando todos os elementos necessários para agradar aos fãs do passado e conquistar uma nova geração, inclusive a parcela do público que nunca assistiu aos longas anteriores. Sem dúvida alguma, um bom filme que equilibra com muita perspicácia drama e nostalgia, com uma pequena dose de comicidade, garantindo a diversão da plateia.

 

Top 10 – Os piores:

  1. “Caça-Fantasmas”:
Foto: Divulgação.
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Com direção de Paul Feig, “Caça-Fantasmas” nada mais é do que a versão feminina do clássico homônimo de 1984, uma cópia desprovida de graça e que tem a pretensão de ser um exemplar de representação feminina numa indústria dominada por homens. Mas que representação é essa em que todas as protagonistas são retratadas de forma idiotizada, histérica e estereotipada?! Não, “Caça-Fantasmas” não é símbolo de coisa alguma e não deve ser assistido como uma vitória feminina em Hollywood.

 

Na verdade, “Caça-Fantasmas” é uma produção que explora clichês e estereótipos durante todo o tempo, não apenas no que diz respeito ao quarteto principal, que tem como ajudante um homem tão bonito quanto burro (interpretado por Chris Hemsworth), preocupado somente com a aparência e futilidades – uma vingança a anos de má representação da mulher no cinema, podem afirmar alguns, abstraindo tantos outros personagens criados no mesmo molde de Kevin.

 

Considerando o fato de que comparações são inevitáveis, este longa não funciona nem como homenagem a “Os Caça-Fantasmas”, pois chega a ser um insulto ao clássico. Entretanto, uma ressalva se faz necessária: o roteiro é tão ruim que o reboot seria igualmente fraco, desnecessário e equivocado se fosse protagonizado por homens – tente substituir este elenco pelo da franquia “Gente Grande” (Grown Ups) e terá uma noção do reboot com personagens masculinos.

 

  1. “Bruxa de Blair” (Blair Witch – 2016):
Foto: Divulgação.
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Com direção de Adam Wingard, “Bruxa de Blair” ignora completamente o segundo longa da franquia e é uma continuação direta do original, “A Bruxa de Blair” (The Blair Witch Project – 1999). Sem conteúdo minimamente interessante, o longa opta por copiar situações do original e injetar uma alta dose de clichês, concedendo à plateia uma experiência cinematográfica risível e constrangedora.

 

Para piorar a situação, o elenco alia-se ao roteiro fraco e falho, apostando em expressões faciais forçadas para exprimir o horror ao qual os personagens estão expostos no meio da Floresta Black Hills, próxima à cidade de Burkittsville. Por esta razão, “Bruxa de Blair” é uma tentativa frustrada de repetir o sucesso de outrora.

 

 

  1. “A Série Divergente: Convergente” (The Divergent Series: Allegiant – 2016):
Foto: Divulgação.
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Baseado no livro “Convergente – Uma Escolha Pode Te Definir”, de Veronica Roth, “A Série Divergente: Convergente” apresenta diversos problemas em sua concepção, principalmente no que diz respeito ao roteiro de Noah Oppenheim, Adam Cooper e Bill Collage, confuso, mal estruturado e totalmente desprovido de emoção, tanto no romance do casal protagonista quanto no drama a que se propõe a contar.

 

Dirigido por Robert Schwentke, “A Série Divergente: Convergente” é um filme que empaca logo no início e não consegue desenvolver sua narrativa adequadamente, mesmo com o nítido esforço do elenco. Carente de emoção e de ação interessante, o longa não cumpre o seu propósito de envolver e entreter a plateia, tornando-se o mais fraco desta franquia cinematográfica. Para piorar, a produção desagrada também nos quesitos técnicos, sendo um verdadeiro fiasco em termos de efeitos visuais, completamente toscos e beirando à cafonice comum a muitos filmes amadores, pois não há uma sequência satisfatória com tais recursos, algo inaceitável para uma produção também classificada como ficção-científica e que pertence a uma franquia que arrasta multidões aos cinemas.

 

  1. “Martyrs” (Idem – 2015):
Foto: Divulgação.
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Refilmagem da produção franco-canadense “Mártires” (Martyrs – 2008), de Pascal Laugier, “Martyrs” parte de uma premissa interessante, mas seu roteiro é tão raso e previsível que o horror não consegue dominar a narrativa, pois a todo instante expõe a plateia a uma enxurrada de clichês. Com isso, os diretores Kevin e Michael Goetz tiveram de apostar suas fichas em cenas extremamente violentas e indigestas, porém, todas mal conduzidas, o que fica bastante explícito à medida que a história se desenrola e novos personagens e situações são apresentados ao espectador.

 

Classificado como drama, suspense e horror, “Martyrs” não é bem sucedido em nenhum dos gêneros e não passa de uma produção tosca que desperdiçou todo o potencial de sua ideia original. Além disso, o longa também é prejudicado pela falta de entrosamento de todo o elenco.

 

  1. “Ben-Hur” (Idem – 2016):
Foto: Divulgação.
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“Ben-Hur” é originalmente uma história sobre um homem de família abastada que utiliza o desejo de vingança como motivação para sobreviver após ser escravizado por ordens de seu amigo de infância, Messala, que integra o Império Romano e segue ordens de Pôncio Pilatos em Jerusalém. Era isso o que todos esperavam encontrar neste novo remake, mas a realidade é bem diferente, pois a essência da história, bem como de seu protagonista, foi totalmente ignorada pelos roteiristas, Keith R. Clarke e John Ridley. Sob a direção de Timur Bekmambetov, o longa assume o tom melodramático para apresentar uma trajetória de perseverança da fé e perdão, sem explorar com afinco o desejo de vingança de seu protagonista.

 

Sem a imponência inerente a épicos bíblicos, “Ben-Hur” é um filme mal dirigido e totalmente desprovido de vigor, decepcionando em absolutamente todos os aspectos, inclusive na sequência da corrida de bigas, que tem a pretensão de se tornar o seu ponto alto. Ou seja, é um remake desnecessário cujo resultado deve servir como lição aos executivos de Hollywood no futuro, quando novas refilmagens de clássicos forem cogitadas. Se for para produzir um remake que seja com o mínimo de cuidado e, acima de tudo, respeito para com o seu antecessor.

 

  1. “Orgulho e Preconceito e Zumbis” (Pride and Prejudice and Zombies – 2016):
Foto: Divulgação.
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Um dos grandes clássicos da literatura, “Orgulho e Preconceito”, de Jane Austen, ganhou diversas adaptações, inclusive uma literária que introduz zumbis ao seu universo, “Orgulho e Preconceito e Zumbis”, de Seth Grahame-Smith, que, por sua vez, originou o longa homônimo dirigido e roteirizado por Burr Steers. Com um elenco fora de sintonia e com atuações pífias, sem nenhuma exceção, o longa também desaponta em seu roteiro fraco, mal estruturado e ineficiente tanto no terror quanto na ação, transformando este longa numa constrangedora comédia de erros, conduzida de forma desastrosa por seu diretor.

 

Além disso, a produção também desagrada em todos os quesitos técnicos, principalmente no que diz respeito à maquiagem tosca, digna de uma festa de Halloween realizada num playground, e à sua estética que nos remete imediatamente a um telefilme inglês, pois sua fotografia e design de produção nem de longe fazem jus à tela grande. Ou seja, numa tentativa frustrada de conceder seriedade à trama e mostrar o apocalipse zumbi na Inglaterra do século XIX, “Orgulho e Preconceito e Zumbis” se tornou um bom exemplar do apocalipse… cinematográfico!

 

  1. “A Era do Gelo: O Big Bang” (Ice Age: Collisium Course – 2016):
Foto: Divulgação.
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Quando o primeiro longa da franquia “A Era do Gelo” (Ice Age) foi lançado em 2002, sua trama original e divertida conquistou plateias de todas as idades, sobretudo pelo carisma de Scrat e sua obsessão pela noz, possibilitando novas aventuras nos anos seguintes. Mas, agora, em seu quinto filme, a série dá sinais claros de esgotamento, pois não há mais nenhum elemento original nem atraente a ser explorado em “A Era do Gelo: O Big Bang”.

 

Com direção de Mike Thurmeier, o longa não mantém a característica principal da franquia: o humor, uma vez que não oferece momentos genuinamente divertidos, capazes de entreter o espectador com o mínimo de qualidade. Não bastasse isso, o roteiro é raso e não explora nenhuma possibilidade da história que se propõe a contar. E, devido à sua trama vazia e previsível até mesmo para uma criança, o resultado final é de uma monotonia surpreendente. Sem dúvida alguma, o mais fraco de toda a franquia.

 

  1. “Esquadrão Suicida”:
Foto: Divulgação.
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Dirigido e roteirizado por David Ayer, “Esquadrão Suicida” é um exemplo da obsessão da DC em equiparar suas produções cinematográficas às da Marvel, sem poupar esforços nem dinheiro, independente de ter uma trama construída em bases sólidas e desenvolvida com o mínimo de cuidado. O resultado é um longa sem conteúdo suficiente para sustenta-lo ao longo de pouco mais de duas horas de duração, pois seu roteiro é capenga, preguiçoso e não explora as subtramas dos personagens de maneira equilibrada. Com isso, há uma grande aposta em torno de Arlequina e Pistoleiro em detrimento de todos os outros, principalmente de Coringa (Jared Leto), Magia (Cara Delevingne), Crocodilo e Capitão Bumerangue, totalmente desperdiçados.

 

Contando com efeitos especiais toscos, algo indesculpável para um filme que custou cerca de US$ 175 milhões e que, portanto, tinha à sua disposição o que de melhor a indústria cinematográfica pode oferecer em termos de tecnologia, “Esquadrão Suicida” apresenta sequências de ação confusas e bagunçadas ao pior estilo “Transformers” (Idem). Não bastasse isso, é uma verdadeira aula sobre desperdício de trilha sonora porque a seleção de canções é excepcional, mas a maneira como são inseridas é totalmente descuidada.

 

  1. “Warcraft – O Primeiro Encontro Entre Dois Mundos” (Warcraft – 2016):
Foto: Divulgação.
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Numa tentativa de agradar ao público em geral, “Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos” se tornou uma produção grandiosa em termos visuais, mas carente de conteúdo suficiente para sustenta-la enquanto obra cinematográfica. O roteiro assinado por Duncan Jones e Charles Leavitt, baseado também nos livros “Rise of the Horde” e “The Last Guardian”, é mal elaborado e incapaz de apresentar com o mínimo de qualidade o mundo de Warcraft à fatia da plateia que não o conhece. A trama é desinteressante, previsível, repleta de diálogos primários, clichês e pontas soltas, algo que prejudica bastante o resultado final do longa.

 

Dirigido por Duncan Jones, filho de David Bowie, o longa apresenta personagens vazios e desprovidos de emoção e carisma, algo que se agrava ainda mais devido às péssimas atuações de todo o elenco e à tentativa de inserir de forma insossa e mal conduzida uma atmosfera de romance entre Gamora e Lothar. É uma produção que faz jus a toda desconfiança proveniente do histórico de adaptações cinematográficas de jogos de sucesso e, definitivamente, não funciona.

 

  1. “Independence Day: O Ressurgimento” (Independence Day: Resurgence – 2016):
Foto: Divulgação.
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Dirigido e produzido por Roland Emmerich, “Independence Day: O Ressurgimento” é desprovido de conteúdo e ineficiente tanto na ficção-científica quanto na ação, na comédia e no romance. Isto se deve à preocupação exacerbada dos roteiristas de resgatar elementos de seu antecessor, “Independence Day” (Idem – 1996), e de fazer claras referências a algumas produções de sucesso, como por exemplo, “Armageddon” (Idem – 1998) e “Top Gun – Ases Indomáveis” (Top Gun – 1986) – este último, na dinâmica entre os pilotos, pois não são poucas as sequências que nos remetem à Maverick, Goose, Ice-Man e companhia, especialmente na que Jake (Liam Hemsworth) e Dylan (Jessie T. Usher) conversam no vestiário.

 

Mesmo com efeitos visuais e sonoros são impressionantes, “Independence Day: O Ressurgimento” não funciona por ser basicamente um filme de repetição e que não diverte em nenhum momento. Ou seja, a ideia de transformar “Independence Day” em franquia apenas reflete a ganância de uma indústria que há anos vive uma crise criativa. Sim, “sabíamos que eles voltariam”, como diz o pôster, porque é o que acontece em Hollywood com campeões de bilheteria – o original arrecadou cerca de US$ 817 milhões em todo o mundo. E eles voltaram, só que ainda piores em termos de história.

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