Top 10: os melhores filmes das plataformas de streaming em 2022

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Fortalecidas durante o período mais crítico da pandemia de Covid-19, as plataformas digitais sentiram, no decorrer deste ano, o impacto da volta do público às salas de exibição. Mesmo assim, conseguiram se manter como produtoras e/ou distribuidoras de títulos originais, tanto filmes quanto séries. Neste cenário, as gigantes Netflix, Disney+, AppleTV+ e Amazon Prime Video […]

POR Ana Carolina Garcia27/12/2022|25 min de leitura

Top 10: os melhores filmes das plataformas de streaming em 2022

“Nada de Novo no Front” é uma produção Netflix (Foto: Divulgação / Crédito: Netflix).

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Fortalecidas durante o período mais crítico da pandemia de Covid-19, as plataformas digitais sentiram, no decorrer deste ano, o impacto da volta do público às salas de exibição. Mesmo assim, conseguiram se manter como produtoras e/ou distribuidoras de títulos originais, tanto filmes quanto séries. Neste cenário, as gigantes Netflix, Disney+, AppleTV+ e Amazon Prime Video se destacaram em qualidade de lançamentos de longas-metragens dentre as demais, inclusive HBO Max e Star+, a outra plataforma de streaming do grupo Disney.

 

Primeira plataforma de streaming a conquistar o Oscar de melhor filme, por “No Ritmo do Coração” (CODA – 2021, EUA / França / Canadá), a AppleTV+ não possui vasto catálogo, mas conseguiu adicionar a ele longas-metragens relevantes, como por exemplo, “Cha Cha Real Smooth – o Próximo Passo” (Cha Cha Real Smooth – 2022, EUA), “Passagem” (Causeway – 2022, EUA) e “Raymond & Ray” (Raymond & Ray – 2022, EUA).

 

Dirigida por Guillermo del Toro e Mark Gustafson, “Pinóquio” é uma animação em stop-motion (Foto: Divulgação / Crédito: Netflix).

 

Há anos em busca do sonho dourado em forma de estatueta do Oscar de melhor filme, a Netflix condensou os filmes mais relevantes do streaming em 2022, dentre eles, “O Bombardeio” (Skyggen i mit øje – 2021, Dinamarca / Bélgica), “As Nadadoras” (The Swimmers – 2022, Reino Unido / EUA), “RRR: Revolta, Rebelião, Revolução” (RRR Rise Roar Revolt – 2022, Índia), “Árvores da Paz” (Trees of Peace – 2021, EUA), “Arremessando Alto” (Hustle – 2022, EUA), “O Enfermeiro da Noite” (The Good Nurse – 2022, EUA), “Nada de Novo no Front” (Im Westen nichts Neues – 2022, Alemanha / EUA / Reino Unido) e “Pinóquio” (Guillermo del Toro’s Pinocchio – 2022, EUA / México / França).

 

O boneco de madeira que sonha se tornar um menino de verdade também invadiu o catálogo da Disney+ no remake do clássico homônimo de 1940, um dos longas-metragens animados mais aclamados de todos os tempos. Dirigido por Robert Zemeckis, “Pinóquio” (Pinocchio – 2022, EUA) era originalmente previsto para o circuito comercial, mas a Casa do Mickey o colocou como uma produção original de sua plataforma de streaming em virtude da pandemia, que impactou o cronograma de estreias. Contudo, a releitura do clássico, apesar de bela, não proporciona o mesmo impacto sobre o público que o longa de Guillermo del Toro e Mark Gustafson para a Netflix por apostar mais na atmosfera lúdica inerente às produções do estúdio fundado por Walt e Roy Disney há quase 100 anos.

 

“Mickey: A História de um Camundongo” é uma produção original Disney+ (Foto: Divulgação).

 

No entanto, a Disney+ apostou em longas-metragens que se destacaram por proporcionarem ao (tel)espectador uma experiência divertida e, também, por contarem um pouco as curiosidades e dificuldades enfrentadas no decorrer dos anos. Entre eles, “Red: Crescer é uma Fera” (Turning Red – 2022, EUA / Canadá), “Tico e Teco: Defensores da Lei” (Chip ‘n Dale: Rescue Rangers – 2022, EUA) e “Mickey: A História de um Camundongo” (Mickey: The Story of a Mouse – 2022, EUA), que mostra como um personagem criado a partir do medo da falência se tornou algo maior que a marca Disney, ultrapassando os muros do estúdio e, posteriormente, dos parques temáticos devido ao apelo universal, sendo impossível dissociá-lo da imagem de seu criador, Walt Disney, que ascendeu profissionalmente graças ao ratinho desenhado por Ub Iwerks.

 

No caso da Amazon Prime Video, os maiores destaques de 2022 são “Argentina, 1985” (Argentina, 1985 – Argentina / Reino Unido / EUA), “Filho da Mãe” (Filho da Mãe – 2022, Brasil), “Meu Policial” (My Policeman – 2022, Reino Unido / EUA) e “Treze Vidas: O Resgate” (Thirteen Lives – 2022, Reino Unido), que mostra de forma quase sufocante a complexa operação de resgate de 12 meninos e seu técnico de futebol numa caverna tailandesa em 2018. É uma superprodução Amazon Studios com nomes de peso da indústria cinematográfica, dentre eles, Viggo Mortensen e Colin Farrell, que também trabalhou num longa-metragem que integra a lista dos melhores lançamentos em circuito esse ano, “Batman” (The Batman – 2022, EUA) – essa lista será publicada na próxima quarta-feira (28).

 

Tal qual no ano passado, as plataformas digitais se estabeleceram como opções viáveis para estreias de títulos que enfrentariam dificuldades no circuito exibidor, sobretudo neste momento de recuperação financeira depois de lockdowns impostos pela pandemia, responsáveis pela interrupção das atividades nos centros de produção e salas de cinema em todo o mundo em 2020 e 2021. Neste sentido, o streaming conquistou um espaço que permite ao (tel)espectador maior acesso a produções que passariam despercebidas nas salas de exibição dominadas por blockbusters hollywoodianos, hoje, necessários para os exibidores que precisam se reerguer da crise econômica oriunda da sanitária.

 

Confira o Top 10:

1. “Nada de Novo no Front”:

“Nada de Novo no Front” é dirigido por Edward Berger (Foto: Divulgação / Crédito: Netflix).

Título original: “Im Westen nichts Neues”.

País: Alemanha / EUA / Reino Unido.

Plataforma: Netflix.

Direção: Edward Berger.

Roteiro: Edward Berger, Lesley Paterson e Ian Stokell.

Gênero(s): Ação, drama e guerra.

Elenco: Felix Kammerer (Paul Bäumer), Albrecht Schuch (Stanislaus Katczinsky), Aaron Hilmer (Albert Kropp), Moritz Klaus (Franz Müller), Daniel Brühl (Matthias Erzberger), Adrian Grünewald (Ludwig Behm), Edin Hasanovic (Tjaden Stackfleet), Thibault de Montalembert (General Ferdinand Foch), Devid Striesow (General Friedrichs), entre outros.

Sinopse: Ambientado no período da Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918), o filme mostra os horrores do conflito, também conhecido como Guerra das Trincheiras, por meio da trajetória de um jovem soldado, Paul Bäumer, que precisa driblar o medo para tentar sobreviver ao inferno, perdendo amigos e a esperança de dias melhores.

 

Pouco explorada pelo cinema em comparação à Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945), a Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918) invadiu o catálogo da Netflix há poucas semanas com um filme tenso, repleto de cenas de violência gráfica que concedem ao (tel)espectador uma noção do drama das tropas entrincheiradas na Europa: “Nada de Novo no Front”.

 

Representante da Alemanha na corrida por uma vaga entre os finalistas ao Oscar de melhor filme internacional no próximo ano, “Nada de Novo no Front” mostra os horrores do conflito por meio de um jovem, Paul Bäumer, que não fazia a menor ideia do que encontraria nas trincheiras nem no caminho até elas. E é exatamente no front, apresentado por uma fotografia impecável, que o protagonista e seus colegas começam a se questionar em meio à luta pela própria sobrevivência, enfrentando não apenas as tropas inimigas, como também a fome e condições sub-humanas.

 

“Nada de Novo no Front” não é um filme de fácil digestão, mas é imprescindível para levar o (tel)espectador à reflexão, pois é necessário conhecer o passado para não repetir os mesmos erros no presente nem no futuro. Sem dúvida, um dos títulos mais importantes lançados pelas plataformas de streaming em 2022.

 

2. “Treze Vidas – O Resgate”:

“Treze Vidas – O Resgate” é dirigido por Ron Howard (Foto: Divulgação / Crédito: Amazon Studios).

Título original: “Thirteen Lives”.

País: Reino Unido.

Plataforma: Amazon Prime Video.

Direção: Ron Howard.

Roteiro: William Nicholson e Don MacPherson.

Gênero(s): Biografia, drama, ação e aventura.

Elenco: Viggo Mortensen (Rick Stanton), Colin Farrell (John Volanthen), Joel Edgerton (Harry Harris), Tom Bateman (Chris Jewell), Paul Gleeson (Jason Mallinson), Girati Sugiyama (Lek), Teeradon Supapunpinyo (Treinador), Pasakorn Hoyhon (Chai), Nophand Boonyai (Thanet Natisri), entre outros.

Sinopse: Baseado em fatos reais, o filme mostra a complexa operação de resgate de 12 crianças e seu técnico de futebol na Caverna Tham Luang, na Tailândia. O grupo foi até o local para comemorar o aniversário de um deles, mas uma chuva intensa alagou a caverna e os impediu de retornar, sendo encontrados somente nove dias depois, quando autoridades locais e mergulhadores estrangeiros começaram a delinear as estratégias do resgate.

 

Há 27 anos, Ron Howard levou às salas de exibição o drama dos astronautas que ficaram à deriva no espaço em “Apollo 13: Do Desastre ao Triunfo” (Apollo 13 – 1995, EUA / Reino Unido / Canadá / Japão). Inspirado numa história real que parou o mundo, o longa protagonizado por Tom Hanks, Kevin Bacon e Bill Paxton foi conduzido de maneira a focar na complexidade da operação da NASA para que a tripulação pudesse retornar viva apesar das inúmeras condições adversas do módulo espacial. Este ano, o pai de Bryce Dallas-Howard utilizou a mesma fórmula para realizar outro longa baseado numa história verídica, “Treze Vidas – O Resgate”.

 

Contando com um elenco de peso e em total sintonia, “Treze Vidas – O Resgate” condensa toda a tensão da operação de resgate que contou com mergulhadores estrangeiros para ser concluída. E a tensão se potencializa tanto pela fotografia, que transmite ao (tel)espectador a sensação de sufocamento dentro da caverna, quanto pelo som, que causa medo principalmente no trecho mais estreito e repleto de estalactites. É um trabalho de som impecável que, considerando as devidas proporções, lembra o dos minutos iniciais de “O Impossível” (Lo imposible – 2012, Espanha / Tailândia / EUA), também ambientado na Tailândia e baseado em fatos reais.

 

Rodado na Tailândia e na Austrália, citando a derrota do Brasil na Copa do Mundo de 2018, “Treze Vidas – O Resgate” é uma superprodução Amazon Studios que merecia a tela grande da sala de exibição. É um filme estruturado e desenvolvido com o esmero que, muitas vezes, falta a títulos produzidos por estúdios tradicionais para o circuito comercial.

 

3. “Pinóquio”:

“Pinóquio” é dirigido por Guillermo del Toro e Mark Gustafson (Foto: Divulgação / Crédito: Netflix).

Título original: “Guillermo del Toro’s Pinocchio”.

País: EUA / México / França.

Plataforma: Netflix.

Direção: Guillermo del Toro e Mark Gustafson.

Roteiro: Guillermo del Toro e Patrick McHale.

Gênero(s): Animação, drama e família.

Elenco: Ewan McGregor (voz de Sebastian, o Grilo), Gregory Mann (voz de Pinóquio e Carlo), David Bradley (voz de Gepeto), Cate Blanchett (voz de Spazzatura), Burn Gorman (voz do Padre), Christoph Waltz (voz de Conde Volpe), Tilda Swinton (voz de Wood Sprite), Tom Kenny (voz de Mussolini), entre outros.

Sinopse: Inspirado em “Pinóquio”, de Carlo Collodi, o filme começa mostrando a relação de Gepeto com seu filho, Carlo. Consumido pelo luto, o solitário Gepeto decide criar um boneco de madeira, que ganha vida e sonha se tornar um menino de verdade. A trajetória dos dois é acompanhada de perto pelo grilo Sebastian, que se torna guia de Pinóquio, tentando mostrar a ele o caminho certo a seguir. Tudo isso em meio às duas Grandes Guerras.

 

Quando se pensa em “Pinóquio”, a primeira imagem que surge é a do clássico homônimo produzido pela Disney, que venceu o teste do tempo e segue encantando gerações, inclusive ganhando remake este ano, lançado diretamente na Disney+. Mas a versão de Guillermo del Toro e Mark Gustafson para a história de autoria de Carlo Collodi surpreende tanto em termos técnicos quanto narrativos.

 

A versão em stop-motion de “Pinóquio”, produzida pela Netflix, se aproxima mais do mundo real, pois a trama foi transportada para dois períodos muito difíceis da História da humanidade: as duas Grandes Guerras. Dessa forma, o cineasta mexicano pôde explorar a história pregressa de Gepeto, mostrando como a dor da perda o consumiu de forma avassaladora. Isso é conduzido com muita sensibilidade pelos diretores, permitindo ao (tel)espectador rápida identificação com o que é mostrado na telinha.

 

Primoroso tecnicamente, “Pinóquio” é uma produção sobre amor, amizade e superação, que trabalha com muita desenvoltura questões políticas sem relegar ao segundo plano a atmosfera lúdica da obra que o originou. É um longa-metragem digno da tela grande da sala de exibição que, com certeza, causará muito burburinho na temporada de premiações americana.

 

4. “Cha Cha Real Smooth – o Próximo Passo”:

“Cha Cha Real Smooth – o Próximo Passo” é dirigido por Cooper Raiff (Foto: Divulgação / Crédito: AppleTV+).

Título original: “Cha Cha Real Smooth”.

País: EUA.

Plataforma: AppleTV+.

Direção: Cooper Raiff.

Roteiro: Cooper Raiff.

Gênero(s): Comédia e drama.

Elenco: Cooper Raiff (Andrew), Dakota Johnson (Domino), Vanessa Burghardt (Lola), Evan Assante (David), Leslie Mann (mãe de Andrew), Brad Garrett (Greg), Raúl Castillo (Joseph), Colton Osorio (Rodrigo), entre outros.

Sinopse: O filme conta a história de Andrew, jovem que volta para a casa da mãe e do padrasto após a graduação na faculdade. Sem emprego em sua área de formação, Andrew trabalha numa lanchonete e como animador de festas, principalmente de Bar Mitzvá, onde conhece Domino e se torna amigo de Lola. Trabalhando como cuidador de Lola para Domino poder sair de vez em quando, Andrew começa a se apaixonar, mesmo sabendo que a mãe de sua amiga está prestes a casar com outro homem, disposto a cuidar dela e de Lola.

 

Vencedor do Prêmio da Audiência em Sundance e do Directors to Watch, concedido pelo Palm Springs International Film Festival, “Cha Cha Real Smooth – o Próximo Passo” é uma comédia dramática de fácil assimilação pelo público, emocionando-o a cada cena guiada tanto pela emoção quanto pela mensagem de que todos, sem exceção, são iguais e merecem ser tratados com o mesmo respeito. Neste ponto, chama atenção a maneira com a qual a história aborda o bullying sofrido por uma adolescente autista, Lola, praticado por alunos da escola que frequenta. O abuso é mostrado em suas variadas formas, bem como a atitude de combatê-lo, inclusive por parte de outros adolescentes. É uma discussão urgente e necessária sob todos os aspectos, conduzida com muita delicadeza por Raiff, que também encontra espaço para falar, mesmo que rapidamente, sobre a angústia do transtorno bipolar que acomete a mãe de seu personagem.

 

Trabalhando diferentes dinâmicas familiares com simplicidade e objetividade, “Cha Cha Real Smooth – o Próximo Passo” é um filme que se desenvolve de maneira a expor gradualmente suas diferentes camadas, do autismo e transtorno bipolar até as dúvidas de um jovem recém-saído da faculdade que tenta encontrar seu lugar no mundo enquanto sofre com a distância de sua namorada, envolvendo-se com uma mulher mais velha e cheia de questões a serem resolvidas, que sempre prioriza o bem-estar de sua filha. E isso funciona graças à comunhão do elenco, completamente entregue à trama proposta por Raiff.

 

Produzido por Cooper Raiff e Dakota Johnson, “Cha Cha Real Smooth – o Próximo Passo” é uma produção sem desafios técnicos que tem o fator humano como grande trunfo. É uma aposta certeira que concede veracidade à sua trama, brindando o (tel)espectador com uma experiência agradável e delicada sobre amor, superação, amadurecimento e respeito.

 

5. “Argentina, 1985”:

“Argentina, 1985” é dirigido por Santiago Mitre (Foto: Divulgação / Crédito: Amazon Studios).

Título original: “Argentina, 1985”.

País: Argentina / Reino Unido / EUA.

Plataforma: Amazon Prime Video.

Direção: Santiago Mitre.

Roteiro: Mariano Llinás e Santiago Mitre.

Gênero(s): Biografia, história e drama.

Elenco: Ricardo Darín (Julio César Strassera), Peter Lanzani (Luis Moreno Ocampo), Gina Mastronicola (Verónica), Santiago Armas Estevarena (Javier), Alejandra Flechner (Silvia), Paula Ransenberg (Susana), Gabriel Fernández (Bruzzo), entre outros.

Sinopse: Baseado em fatos reais, o filme mostra como Julio César Strassera assumiu a promotoria no chamado Julgamento das Juntas, que levou ao tribunal civil, por determinação do então presidente Raul Alfonsín, nove militares que integraram o governo durante a ditadura. Trabalhando com o promotor Luis Moreno Ocampo, Strassera reuniu uma equipe jovem que levantou dados e depoimentos suficientes para montar a acusação, dividindo o país e se tornando alvo de ameaças.

 

Vencedor do prêmio da crítica, o FIPRESCI Prize, na última edição do Festival de Veneza, “Argentina, 1985” começa mostrando como Julio César Strassera nutria dúvidas acerca do julgamento que dividiu a Argentina, que iniciava seu período democrático após anos de ditadura militar.

 

Conduzido com firmeza por Santiago Mitre, “Argentina, 1985” causa imenso impacto sobre o (tel)espectador por reconstituir os depoimentos das vítimas da ditadura com detalhes dos horrores que lhes foram impostos, inclusive de mulheres em busca de seus filhos desaparecidos. À medida que o julgamento avançava, a opinião pública se posicionava contra os militares, dentre eles, o ex-presidente Rafael Videla.

 

Mantendo a atmosfera de tensão da primeira à última cena, “Argentina, 1985” é um dos títulos mais importantes lançados no streaming em 2022 por apresentar às gerações mais novas um capítulo doloroso da História recente da América do Sul. É uma produção que se desenvolve com sobriedade para impedir que o (tel)espectador se distancie da questão principal, o julgamento comparado por muitos ao de Nuremberg.

 

6. “As Nadadoras”:

“As Nadadoras” é dirigido por Sally El Hosaini (Foto: Divulgação / Crédito: Netflix).

Título original: “The Swimmers”.

País: Reino Unido / EUA.

Plataforma: Netflix.

Direção: Sally El Hosaini.

Roteiro: Sally El Hosaini e Jack Thorne.

Gênero(s): Biografia, drama e esportes.

Elenco: Nathalie Issa (Yusra Mardini), Manal Issa (Sara Mardini), Matthias Schweighöfer (Sven), Ali Suliman (Ezzat Mardini), Nahel Tzegai (Shada), Ahmed Malek (Nizar), James Krishna Floyd (Emad), Victoria Valcheva (Kostana), Kinda Alloush (Mervat Mardini), entre outros.

Sinopse: Baseado numa história real, o filme mostra a trajetória das irmãs Yusra e Sara Mardini, que deixaram a Síria, devastada pela guerra, e se arriscaram no oceano em busca de condições de vida melhores em solo europeu. Atletas profissionais, Yusra e Sara assimilaram de formas distintas o drama vivido, mas a primeira optou por não desistir do sonho de competir nas Olimpíadas do Rio em 2016, mesmo sem defender a bandeira de seu país. Para isso, teve enfrentar muitos outros desafios, inclusive emocionais.

 

Iniciada em 2011, a Guerra da Síria impôs muita dor e sofrimento à população, separando famílias de maneira impensável para muitos. Neste contexto, a família Mardini enfrentou o dilema de deixar suas filhas mais velhas, Yusra e Sara, se aventurarem na perigosa travessia pelo oceano até a Europa. Conseguindo a aprovação paterna, as irmãs deixaram o país acompanhadas por um primo, buscando meios de levar os pais e a irmã caçula no futuro próximo.

 

Abordando os perigos da travessia propriamente dita e, posteriormente, de “coiotes” em solo europeu, “As Nadadoras” mostra a determinação de Yusra em vencer cada adversidade que cruzou seu caminho, contando com o apoio da irmã e do técnico que a acolheu na Alemanha, incentivando-a a não desistir como Sara. Não apenas isso, o filme reforça a necessidade de perdoar os próprios erros para seguir em frente, algo trabalhado com muita sensibilidade pelas irmãs Nathalie e Manal Issa.

 

Mais que um drama biográfico, “As Nadadoras” é um doloroso retrato da crise migratória, que não esconde os desafios nem os perigos enfrentados por aqueles que, movidos pelo desespero e pela esperança, decidem se arriscar em busca de um recomeço em outro país. É um título que chama a atenção pela densidade de seu conteúdo, conduzido com destreza por Sally El Hosaini.

 

7. “Passagem”:

“Passagem” é dirigido por Lila Neugebauer (Foto: Divulgação / Crédito: AppleTV+).

Título original: “Causeway”.

País: EUA.

Plataforma: AppleTV+.

Direção: Lila Neugebauer.

Roteiro: Ottessa Moshfegh, Luke Goebel e Elizabeth Sanders.

Gênero(s): Drama.

Elenco: Jennifer Lawrence (Lynsey), Brian Tyree Henry (James), Linda Emond (Gloria), Danny Wolohan (Jim), Jayne Houdyshell (Sharon), Stephen McKinley Henderson (Dr. Lucas), entre outros.

Sinopse: O filme conta a história de Lynsey, militar que volta ao país depois de se ferir gravemente no Afeganistão, sendo obrigada a lidar com as dores físicas e emocionais. Uma vez em casa, Lynsey conhece o mecânico James, com quem estabelece forte laço de amizade, compartilhando traumas e planos para o futuro.

 

Estreia de Lila Neugebauer na direção de longas-metragens, “Passagem” é um drama que aposta em momentos de silêncio para expor a dor de seus personagens centrais, Lynsey e James, defendidos com propriedade por Jennifer Lawrence e Brian Tyree Henry, que brindam o (tel)espectador com duas grandes atuações.

 

Explorando o fator humano a cada cena, “Passagem” proporciona uma experiência calcada na emoção, mas totalmente desprovida de pieguice, para explorar traumas de origens distintas, bem como os meios para superá-los. Não sem antes levar os personagens num mergulho doloroso em seus respectivos passados, mostrando como têm a urgência em serem compreendidos e amparados emocionalmente por alguém.

 

Título pouco badalado no streaming, “Passagem” é uma pequena pérola sobre superação e redenção após jornada por caminhos tortuosos, tendo laços afetivos como porto seguro num cenário que beira à desolação.

 

8. “Red: Crescer é Uma Fera”:

“Red: Crescer é Uma Fera” é dirigido por Domee Shi (Foto: Divulgação / Crédito: Domee Shi).

Título original: “Turning Red”.

País: EUA / Canadá.

Plataforma: Disney+.

Direção: Domee Shi.

Roteiro: Domee Shi, Julia Cho e Sarah Streicher.

Gênero(s): Animação, aventura e comédia.

Elenco: Rosalie Chiang (voz de Meilin), Sandra Oh (voz de Ming), Ava Morse (voz de Miriam), Hyein Park (voz de Abby), Maitreyi Ramakrishnan (voz de Priya), Orion Lee (voz de Jin), Tristan Allerick Chen (voz de Tyler), entre outros.

Sinopse: Ambientado no início dos anos 2000, o filme conta a história de Meilin, adolescente canadense de origem chinesa que se transforma num panda vermelho quando fica ansiosa ou nervosa por algum motivo. Carinhosamente chamada de Mei, a garota não consegue esconder o segredo de seus amigos e logo vira atração no colégio onde estuda, despertando a ira de sua mãe, Ming, principalmente quando resolve quebrar as regras para assistir ao show de uma boyband.

 

Inicialmente pensado para a tela grande da sala de exibição, “Red: Crescer é Uma Fera” foi lançado diretamente na Disney+ em decorrência do efeito dominó que atingiu o cronograma de estreias da indústria cinematográfica nos primeiros anos da pandemia de Covid-19. Mas não demorou para que esta animação se destacasse no catálogo do streaming do Mickey, sobretudo por abordar um tema pouco explorado: a menstruação.

 

Primeiro longa-metragem da Pixar dirigido por uma mulher, “Red: Crescer é Uma Fera” apresenta uma história desenvolvida com esmero, equilibrando a cultura chinesa e a importância da ancestralidade com temas femininos, trabalhando com destreza a relação entre a mãe excessivamente protetora e a filha que, ao entrar na puberdade, sonha com a liberdade que nunca conheceu, bem como em ser tratada como uma pessoa que precisa ter a intimidade e individualidade respeitadas.

 

Mantendo o padrão de qualidade Pixar, “Red: Crescer é Uma Fera” também encontra espaço para discutir temas como bullying no ambiente escolar e a descoberta da sexualidade, tornando-se uma produção que se afasta um pouco do público infantil para dialogar com uma plateia que vive a mesma fase de descobertas de sua protagonista. É um filme interessante que permite ao (tel)espectador momentos de identificação por meio da mensagem de respeito às diferenças na qual sentimentos como raiva precisam ser controlados pelo bem comum.

 

9. “RRR: Revolta, Rebelião, Revolução”:

“RRR: Revolta, Rebelião, Revolução” é dirigido por S.S. Rajamouli (Foto: Divulgação / Crédito: Netflix).

Título original: “RRR (Rise Roar Revolt)”.

País: Índia.

Plataforma: Netflix.

Direção: S.S. Rajamouli.

Roteiro: Vijayendra Prasad, S.S. Rajamouli e Sai Madhav Burra.

Gênero(s): Ação e drama.

Elenco: N.T. Rama Rao Jr. (Komaram Bheem), Ram Charan Teja (Alluri Sitarama Raju), Ajay Devgn (Venkata Rama Raju), Alia Bhatt (Sita), Olivia Morris (Jennifer), Shriya Saran (Sarojini), Ray Stevenson (Scott Buxton), Alison Doody (Catherine Buxton), entre outros.

Sinopse: Ambientado nos anos 1920, quando a Índia era colônia do Império Britânico, o filme mostra a trajetória de dois guerreiros cujos caminhos se cruzam após o rapto de uma menina pelo governador apenas para satisfazer a vontade de sua esposa.

 

Fenômeno de bilheteria no exterior, principalmente na Índia, “RRR: Revolta, Rebelião, Revolução” chegou ao Brasil diretamente na Netflix com a promessa de se tornar campeão de audiência. De fato, o longa atraiu a atenção de milhões de (tel)espectadores, oferecendo a eles uma experiência que em muito remete às produções de Bollywood, calcada no exagero, passeando com desenvoltura por elementos inerentes aos gêneros da fantasia e do musical numa trama classificada como drama e ação.

 

Produção de Tollywood, outro grande centro cinematográfico indiano, “RRR: Revolta, Rebelião, Revolução” apresenta as deficiências técnicas oriundas do orçamento limitado, mas a trama desenvolvida com esmero não permite que isso a enfraqueça. Dessa forma, o longa leva o público a embarcar na jornada de amizade entre dois revolucionários, inspirados em pessoas reais, que precisam se unir contra o Império Britânico em prol de seu país.

 

Explorando a força sobre-humana de seus protagonistas, “RRR: Revolta, Rebelião, Revolução” aborda a questão racial com veemência por meio do preconceito dos oficiais britânicos, que, durante as mais de três horas de duração, salvo algumas poucas exceções, tratam o povo indiano como lixo. É uma produção que estabelece vilões e heróis logo em seus primeiros minutos, mantendo o ritmo narrativo do início ao fim.

 

10. “Meu Policial”:

“Meu Policial” é dirigido por Michael Grandage (Foto: Divulgação / Crédito: Amazon Studios).

Título original: “My Policeman”.

País: Reino Unido / EUA.

Plataforma: Amazon Prime Video.

Direção: Michael Grandage.

Roteiro: Ron Nyswaner.

Gênero(s): Drama e romance.

Elenco: Harry Styles (Tom, jovem), Emma Corrin (Marion, jovem), David Dawson (Patrick, jovem), Gina McKee (Marion), Linus Roache (Tom), Rupert Everett (Patrick), entre outros.

Sinopse: Baseado no romance homônimo de Bethan Roberts, lançado em 2012, o filme mostra a trajetória do casal Marion e Tom, bem como a íntima relação com Patrick, iniciada na década de 1950, quando a homossexualidade era considerada crime na Inglaterra. Neste cenário, muitas relações foram moldadas de acordo com as leis vigentes e em prol da sociedade conservadora.

 

Selecionado para a competição oficial do Festival de Toronto (Toronto International Film Festival – TIFF) deste ano, “Meu Policial” chegou ao catálogo da Amazon Prime Video prometendo emocionar o (tel)espectador com uma trama de amores, proibidos e verdadeiros, recheada da mágoa, perdão e superação. Isso é apresentado ao (tel)espectador por meio da decisão de Marion em cuidar de um antigo amigo, Patrick, contrariando a vontade de seu marido, Tom.

 

Sem economizar em flashbacks e cenas de sexo, “Meu Policial” se desenvolve de maneira a explorar as camadas de sua trama gradualmente para que o público tenha melhor compreensão dos fatos, principalmente da dor imposta ao trio protagonista, diretamente afetado pela criminalização da homossexualidade na Inglaterra, algo que vigorou até o final dos anos 1960. Neste contexto, “Meu Policial” aborda não apenas o preconceito e o medo, como também a redescoberta do amor-próprio, no caso, de Marion, que há anos mantém um casamento fadado ao fracasso pelo fato de nunca ter sido amada nem desejada da forma como gostaria. Em paralelo, com a mesma importância, a relação entre Tom e Patrick é explorada de maneira a expor o tormento de dois homens que tiveram de sufocar o amor que sempre sentiram um pelo outro em prol da sobrevivência, criando um cenário cada vez mais doloroso para eles e Marion.

 

Conduzido com sensibilidade por Michael Grandage, “Meu Policial” funciona graças à comunhão total de seu elenco, que entrega atuações convincentes, tendo como principais destaques Harry Styles e Gina McKee. Sem dúvida, um título importante no catálogo da Amazon Prime Video por abordar os efeitos colaterais do preconceito enraizado na sociedade.

 

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Dirigida por Guillermo del Toro e Mark Gustafson, “Pinóquio” é uma animação em stop-motion (Foto: Divulgação / Crédito: Netflix).

 

Há anos em busca do sonho dourado em forma de estatueta do Oscar de melhor filme, a Netflix condensou os filmes mais relevantes do streaming em 2022, dentre eles, “O Bombardeio” (Skyggen i mit øje – 2021, Dinamarca / Bélgica), “As Nadadoras” (The Swimmers – 2022, Reino Unido / EUA), “RRR: Revolta, Rebelião, Revolução” (RRR Rise Roar Revolt – 2022, Índia), “Árvores da Paz” (Trees of Peace – 2021, EUA), “Arremessando Alto” (Hustle – 2022, EUA), “O Enfermeiro da Noite” (The Good Nurse – 2022, EUA), “Nada de Novo no Front” (Im Westen nichts Neues – 2022, Alemanha / EUA / Reino Unido) e “Pinóquio” (Guillermo del Toro’s Pinocchio – 2022, EUA / México / França).

 

O boneco de madeira que sonha se tornar um menino de verdade também invadiu o catálogo da Disney+ no remake do clássico homônimo de 1940, um dos longas-metragens animados mais aclamados de todos os tempos. Dirigido por Robert Zemeckis, “Pinóquio” (Pinocchio – 2022, EUA) era originalmente previsto para o circuito comercial, mas a Casa do Mickey o colocou como uma produção original de sua plataforma de streaming em virtude da pandemia, que impactou o cronograma de estreias. Contudo, a releitura do clássico, apesar de bela, não proporciona o mesmo impacto sobre o público que o longa de Guillermo del Toro e Mark Gustafson para a Netflix por apostar mais na atmosfera lúdica inerente às produções do estúdio fundado por Walt e Roy Disney há quase 100 anos.

 

“Mickey: A História de um Camundongo” é uma produção original Disney+ (Foto: Divulgação).

 

No entanto, a Disney+ apostou em longas-metragens que se destacaram por proporcionarem ao (tel)espectador uma experiência divertida e, também, por contarem um pouco as curiosidades e dificuldades enfrentadas no decorrer dos anos. Entre eles, “Red: Crescer é uma Fera” (Turning Red – 2022, EUA / Canadá), “Tico e Teco: Defensores da Lei” (Chip ‘n Dale: Rescue Rangers – 2022, EUA) e “Mickey: A História de um Camundongo” (Mickey: The Story of a Mouse – 2022, EUA), que mostra como um personagem criado a partir do medo da falência se tornou algo maior que a marca Disney, ultrapassando os muros do estúdio e, posteriormente, dos parques temáticos devido ao apelo universal, sendo impossível dissociá-lo da imagem de seu criador, Walt Disney, que ascendeu profissionalmente graças ao ratinho desenhado por Ub Iwerks.

 

No caso da Amazon Prime Video, os maiores destaques de 2022 são “Argentina, 1985” (Argentina, 1985 – Argentina / Reino Unido / EUA), “Filho da Mãe” (Filho da Mãe – 2022, Brasil), “Meu Policial” (My Policeman – 2022, Reino Unido / EUA) e “Treze Vidas: O Resgate” (Thirteen Lives – 2022, Reino Unido), que mostra de forma quase sufocante a complexa operação de resgate de 12 meninos e seu técnico de futebol numa caverna tailandesa em 2018. É uma superprodução Amazon Studios com nomes de peso da indústria cinematográfica, dentre eles, Viggo Mortensen e Colin Farrell, que também trabalhou num longa-metragem que integra a lista dos melhores lançamentos em circuito esse ano, “Batman” (The Batman – 2022, EUA) – essa lista será publicada na próxima quarta-feira (28).

 

Tal qual no ano passado, as plataformas digitais se estabeleceram como opções viáveis para estreias de títulos que enfrentariam dificuldades no circuito exibidor, sobretudo neste momento de recuperação financeira depois de lockdowns impostos pela pandemia, responsáveis pela interrupção das atividades nos centros de produção e salas de cinema em todo o mundo em 2020 e 2021. Neste sentido, o streaming conquistou um espaço que permite ao (tel)espectador maior acesso a produções que passariam despercebidas nas salas de exibição dominadas por blockbusters hollywoodianos, hoje, necessários para os exibidores que precisam se reerguer da crise econômica oriunda da sanitária.

 

Confira o Top 10:

1. “Nada de Novo no Front”:

“Nada de Novo no Front” é dirigido por Edward Berger (Foto: Divulgação / Crédito: Netflix).

Título original: “Im Westen nichts Neues”.

País: Alemanha / EUA / Reino Unido.

Plataforma: Netflix.

Direção: Edward Berger.

Roteiro: Edward Berger, Lesley Paterson e Ian Stokell.

Gênero(s): Ação, drama e guerra.

Elenco: Felix Kammerer (Paul Bäumer), Albrecht Schuch (Stanislaus Katczinsky), Aaron Hilmer (Albert Kropp), Moritz Klaus (Franz Müller), Daniel Brühl (Matthias Erzberger), Adrian Grünewald (Ludwig Behm), Edin Hasanovic (Tjaden Stackfleet), Thibault de Montalembert (General Ferdinand Foch), Devid Striesow (General Friedrichs), entre outros.

Sinopse: Ambientado no período da Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918), o filme mostra os horrores do conflito, também conhecido como Guerra das Trincheiras, por meio da trajetória de um jovem soldado, Paul Bäumer, que precisa driblar o medo para tentar sobreviver ao inferno, perdendo amigos e a esperança de dias melhores.

 

Pouco explorada pelo cinema em comparação à Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945), a Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918) invadiu o catálogo da Netflix há poucas semanas com um filme tenso, repleto de cenas de violência gráfica que concedem ao (tel)espectador uma noção do drama das tropas entrincheiradas na Europa: “Nada de Novo no Front”.

 

Representante da Alemanha na corrida por uma vaga entre os finalistas ao Oscar de melhor filme internacional no próximo ano, “Nada de Novo no Front” mostra os horrores do conflito por meio de um jovem, Paul Bäumer, que não fazia a menor ideia do que encontraria nas trincheiras nem no caminho até elas. E é exatamente no front, apresentado por uma fotografia impecável, que o protagonista e seus colegas começam a se questionar em meio à luta pela própria sobrevivência, enfrentando não apenas as tropas inimigas, como também a fome e condições sub-humanas.

 

“Nada de Novo no Front” não é um filme de fácil digestão, mas é imprescindível para levar o (tel)espectador à reflexão, pois é necessário conhecer o passado para não repetir os mesmos erros no presente nem no futuro. Sem dúvida, um dos títulos mais importantes lançados pelas plataformas de streaming em 2022.

 

2. “Treze Vidas – O Resgate”:

“Treze Vidas – O Resgate” é dirigido por Ron Howard (Foto: Divulgação / Crédito: Amazon Studios).

Título original: “Thirteen Lives”.

País: Reino Unido.

Plataforma: Amazon Prime Video.

Direção: Ron Howard.

Roteiro: William Nicholson e Don MacPherson.

Gênero(s): Biografia, drama, ação e aventura.

Elenco: Viggo Mortensen (Rick Stanton), Colin Farrell (John Volanthen), Joel Edgerton (Harry Harris), Tom Bateman (Chris Jewell), Paul Gleeson (Jason Mallinson), Girati Sugiyama (Lek), Teeradon Supapunpinyo (Treinador), Pasakorn Hoyhon (Chai), Nophand Boonyai (Thanet Natisri), entre outros.

Sinopse: Baseado em fatos reais, o filme mostra a complexa operação de resgate de 12 crianças e seu técnico de futebol na Caverna Tham Luang, na Tailândia. O grupo foi até o local para comemorar o aniversário de um deles, mas uma chuva intensa alagou a caverna e os impediu de retornar, sendo encontrados somente nove dias depois, quando autoridades locais e mergulhadores estrangeiros começaram a delinear as estratégias do resgate.

 

Há 27 anos, Ron Howard levou às salas de exibição o drama dos astronautas que ficaram à deriva no espaço em “Apollo 13: Do Desastre ao Triunfo” (Apollo 13 – 1995, EUA / Reino Unido / Canadá / Japão). Inspirado numa história real que parou o mundo, o longa protagonizado por Tom Hanks, Kevin Bacon e Bill Paxton foi conduzido de maneira a focar na complexidade da operação da NASA para que a tripulação pudesse retornar viva apesar das inúmeras condições adversas do módulo espacial. Este ano, o pai de Bryce Dallas-Howard utilizou a mesma fórmula para realizar outro longa baseado numa história verídica, “Treze Vidas – O Resgate”.

 

Contando com um elenco de peso e em total sintonia, “Treze Vidas – O Resgate” condensa toda a tensão da operação de resgate que contou com mergulhadores estrangeiros para ser concluída. E a tensão se potencializa tanto pela fotografia, que transmite ao (tel)espectador a sensação de sufocamento dentro da caverna, quanto pelo som, que causa medo principalmente no trecho mais estreito e repleto de estalactites. É um trabalho de som impecável que, considerando as devidas proporções, lembra o dos minutos iniciais de “O Impossível” (Lo imposible – 2012, Espanha / Tailândia / EUA), também ambientado na Tailândia e baseado em fatos reais.

 

Rodado na Tailândia e na Austrália, citando a derrota do Brasil na Copa do Mundo de 2018, “Treze Vidas – O Resgate” é uma superprodução Amazon Studios que merecia a tela grande da sala de exibição. É um filme estruturado e desenvolvido com o esmero que, muitas vezes, falta a títulos produzidos por estúdios tradicionais para o circuito comercial.

 

3. “Pinóquio”:

“Pinóquio” é dirigido por Guillermo del Toro e Mark Gustafson (Foto: Divulgação / Crédito: Netflix).

Título original: “Guillermo del Toro’s Pinocchio”.

País: EUA / México / França.

Plataforma: Netflix.

Direção: Guillermo del Toro e Mark Gustafson.

Roteiro: Guillermo del Toro e Patrick McHale.

Gênero(s): Animação, drama e família.

Elenco: Ewan McGregor (voz de Sebastian, o Grilo), Gregory Mann (voz de Pinóquio e Carlo), David Bradley (voz de Gepeto), Cate Blanchett (voz de Spazzatura), Burn Gorman (voz do Padre), Christoph Waltz (voz de Conde Volpe), Tilda Swinton (voz de Wood Sprite), Tom Kenny (voz de Mussolini), entre outros.

Sinopse: Inspirado em “Pinóquio”, de Carlo Collodi, o filme começa mostrando a relação de Gepeto com seu filho, Carlo. Consumido pelo luto, o solitário Gepeto decide criar um boneco de madeira, que ganha vida e sonha se tornar um menino de verdade. A trajetória dos dois é acompanhada de perto pelo grilo Sebastian, que se torna guia de Pinóquio, tentando mostrar a ele o caminho certo a seguir. Tudo isso em meio às duas Grandes Guerras.

 

Quando se pensa em “Pinóquio”, a primeira imagem que surge é a do clássico homônimo produzido pela Disney, que venceu o teste do tempo e segue encantando gerações, inclusive ganhando remake este ano, lançado diretamente na Disney+. Mas a versão de Guillermo del Toro e Mark Gustafson para a história de autoria de Carlo Collodi surpreende tanto em termos técnicos quanto narrativos.

 

A versão em stop-motion de “Pinóquio”, produzida pela Netflix, se aproxima mais do mundo real, pois a trama foi transportada para dois períodos muito difíceis da História da humanidade: as duas Grandes Guerras. Dessa forma, o cineasta mexicano pôde explorar a história pregressa de Gepeto, mostrando como a dor da perda o consumiu de forma avassaladora. Isso é conduzido com muita sensibilidade pelos diretores, permitindo ao (tel)espectador rápida identificação com o que é mostrado na telinha.

 

Primoroso tecnicamente, “Pinóquio” é uma produção sobre amor, amizade e superação, que trabalha com muita desenvoltura questões políticas sem relegar ao segundo plano a atmosfera lúdica da obra que o originou. É um longa-metragem digno da tela grande da sala de exibição que, com certeza, causará muito burburinho na temporada de premiações americana.

 

4. “Cha Cha Real Smooth – o Próximo Passo”:

“Cha Cha Real Smooth – o Próximo Passo” é dirigido por Cooper Raiff (Foto: Divulgação / Crédito: AppleTV+).

Título original: “Cha Cha Real Smooth”.

País: EUA.

Plataforma: AppleTV+.

Direção: Cooper Raiff.

Roteiro: Cooper Raiff.

Gênero(s): Comédia e drama.

Elenco: Cooper Raiff (Andrew), Dakota Johnson (Domino), Vanessa Burghardt (Lola), Evan Assante (David), Leslie Mann (mãe de Andrew), Brad Garrett (Greg), Raúl Castillo (Joseph), Colton Osorio (Rodrigo), entre outros.

Sinopse: O filme conta a história de Andrew, jovem que volta para a casa da mãe e do padrasto após a graduação na faculdade. Sem emprego em sua área de formação, Andrew trabalha numa lanchonete e como animador de festas, principalmente de Bar Mitzvá, onde conhece Domino e se torna amigo de Lola. Trabalhando como cuidador de Lola para Domino poder sair de vez em quando, Andrew começa a se apaixonar, mesmo sabendo que a mãe de sua amiga está prestes a casar com outro homem, disposto a cuidar dela e de Lola.

 

Vencedor do Prêmio da Audiência em Sundance e do Directors to Watch, concedido pelo Palm Springs International Film Festival, “Cha Cha Real Smooth – o Próximo Passo” é uma comédia dramática de fácil assimilação pelo público, emocionando-o a cada cena guiada tanto pela emoção quanto pela mensagem de que todos, sem exceção, são iguais e merecem ser tratados com o mesmo respeito. Neste ponto, chama atenção a maneira com a qual a história aborda o bullying sofrido por uma adolescente autista, Lola, praticado por alunos da escola que frequenta. O abuso é mostrado em suas variadas formas, bem como a atitude de combatê-lo, inclusive por parte de outros adolescentes. É uma discussão urgente e necessária sob todos os aspectos, conduzida com muita delicadeza por Raiff, que também encontra espaço para falar, mesmo que rapidamente, sobre a angústia do transtorno bipolar que acomete a mãe de seu personagem.

 

Trabalhando diferentes dinâmicas familiares com simplicidade e objetividade, “Cha Cha Real Smooth – o Próximo Passo” é um filme que se desenvolve de maneira a expor gradualmente suas diferentes camadas, do autismo e transtorno bipolar até as dúvidas de um jovem recém-saído da faculdade que tenta encontrar seu lugar no mundo enquanto sofre com a distância de sua namorada, envolvendo-se com uma mulher mais velha e cheia de questões a serem resolvidas, que sempre prioriza o bem-estar de sua filha. E isso funciona graças à comunhão do elenco, completamente entregue à trama proposta por Raiff.

 

Produzido por Cooper Raiff e Dakota Johnson, “Cha Cha Real Smooth – o Próximo Passo” é uma produção sem desafios técnicos que tem o fator humano como grande trunfo. É uma aposta certeira que concede veracidade à sua trama, brindando o (tel)espectador com uma experiência agradável e delicada sobre amor, superação, amadurecimento e respeito.

 

5. “Argentina, 1985”:

“Argentina, 1985” é dirigido por Santiago Mitre (Foto: Divulgação / Crédito: Amazon Studios).

Título original: “Argentina, 1985”.

País: Argentina / Reino Unido / EUA.

Plataforma: Amazon Prime Video.

Direção: Santiago Mitre.

Roteiro: Mariano Llinás e Santiago Mitre.

Gênero(s): Biografia, história e drama.

Elenco: Ricardo Darín (Julio César Strassera), Peter Lanzani (Luis Moreno Ocampo), Gina Mastronicola (Verónica), Santiago Armas Estevarena (Javier), Alejandra Flechner (Silvia), Paula Ransenberg (Susana), Gabriel Fernández (Bruzzo), entre outros.

Sinopse: Baseado em fatos reais, o filme mostra como Julio César Strassera assumiu a promotoria no chamado Julgamento das Juntas, que levou ao tribunal civil, por determinação do então presidente Raul Alfonsín, nove militares que integraram o governo durante a ditadura. Trabalhando com o promotor Luis Moreno Ocampo, Strassera reuniu uma equipe jovem que levantou dados e depoimentos suficientes para montar a acusação, dividindo o país e se tornando alvo de ameaças.

 

Vencedor do prêmio da crítica, o FIPRESCI Prize, na última edição do Festival de Veneza, “Argentina, 1985” começa mostrando como Julio César Strassera nutria dúvidas acerca do julgamento que dividiu a Argentina, que iniciava seu período democrático após anos de ditadura militar.

 

Conduzido com firmeza por Santiago Mitre, “Argentina, 1985” causa imenso impacto sobre o (tel)espectador por reconstituir os depoimentos das vítimas da ditadura com detalhes dos horrores que lhes foram impostos, inclusive de mulheres em busca de seus filhos desaparecidos. À medida que o julgamento avançava, a opinião pública se posicionava contra os militares, dentre eles, o ex-presidente Rafael Videla.

 

Mantendo a atmosfera de tensão da primeira à última cena, “Argentina, 1985” é um dos títulos mais importantes lançados no streaming em 2022 por apresentar às gerações mais novas um capítulo doloroso da História recente da América do Sul. É uma produção que se desenvolve com sobriedade para impedir que o (tel)espectador se distancie da questão principal, o julgamento comparado por muitos ao de Nuremberg.

 

6. “As Nadadoras”:

“As Nadadoras” é dirigido por Sally El Hosaini (Foto: Divulgação / Crédito: Netflix).

Título original: “The Swimmers”.

País: Reino Unido / EUA.

Plataforma: Netflix.

Direção: Sally El Hosaini.

Roteiro: Sally El Hosaini e Jack Thorne.

Gênero(s): Biografia, drama e esportes.

Elenco: Nathalie Issa (Yusra Mardini), Manal Issa (Sara Mardini), Matthias Schweighöfer (Sven), Ali Suliman (Ezzat Mardini), Nahel Tzegai (Shada), Ahmed Malek (Nizar), James Krishna Floyd (Emad), Victoria Valcheva (Kostana), Kinda Alloush (Mervat Mardini), entre outros.

Sinopse: Baseado numa história real, o filme mostra a trajetória das irmãs Yusra e Sara Mardini, que deixaram a Síria, devastada pela guerra, e se arriscaram no oceano em busca de condições de vida melhores em solo europeu. Atletas profissionais, Yusra e Sara assimilaram de formas distintas o drama vivido, mas a primeira optou por não desistir do sonho de competir nas Olimpíadas do Rio em 2016, mesmo sem defender a bandeira de seu país. Para isso, teve enfrentar muitos outros desafios, inclusive emocionais.

 

Iniciada em 2011, a Guerra da Síria impôs muita dor e sofrimento à população, separando famílias de maneira impensável para muitos. Neste contexto, a família Mardini enfrentou o dilema de deixar suas filhas mais velhas, Yusra e Sara, se aventurarem na perigosa travessia pelo oceano até a Europa. Conseguindo a aprovação paterna, as irmãs deixaram o país acompanhadas por um primo, buscando meios de levar os pais e a irmã caçula no futuro próximo.

 

Abordando os perigos da travessia propriamente dita e, posteriormente, de “coiotes” em solo europeu, “As Nadadoras” mostra a determinação de Yusra em vencer cada adversidade que cruzou seu caminho, contando com o apoio da irmã e do técnico que a acolheu na Alemanha, incentivando-a a não desistir como Sara. Não apenas isso, o filme reforça a necessidade de perdoar os próprios erros para seguir em frente, algo trabalhado com muita sensibilidade pelas irmãs Nathalie e Manal Issa.

 

Mais que um drama biográfico, “As Nadadoras” é um doloroso retrato da crise migratória, que não esconde os desafios nem os perigos enfrentados por aqueles que, movidos pelo desespero e pela esperança, decidem se arriscar em busca de um recomeço em outro país. É um título que chama a atenção pela densidade de seu conteúdo, conduzido com destreza por Sally El Hosaini.

 

7. “Passagem”:

“Passagem” é dirigido por Lila Neugebauer (Foto: Divulgação / Crédito: AppleTV+).

Título original: “Causeway”.

País: EUA.

Plataforma: AppleTV+.

Direção: Lila Neugebauer.

Roteiro: Ottessa Moshfegh, Luke Goebel e Elizabeth Sanders.

Gênero(s): Drama.

Elenco: Jennifer Lawrence (Lynsey), Brian Tyree Henry (James), Linda Emond (Gloria), Danny Wolohan (Jim), Jayne Houdyshell (Sharon), Stephen McKinley Henderson (Dr. Lucas), entre outros.

Sinopse: O filme conta a história de Lynsey, militar que volta ao país depois de se ferir gravemente no Afeganistão, sendo obrigada a lidar com as dores físicas e emocionais. Uma vez em casa, Lynsey conhece o mecânico James, com quem estabelece forte laço de amizade, compartilhando traumas e planos para o futuro.

 

Estreia de Lila Neugebauer na direção de longas-metragens, “Passagem” é um drama que aposta em momentos de silêncio para expor a dor de seus personagens centrais, Lynsey e James, defendidos com propriedade por Jennifer Lawrence e Brian Tyree Henry, que brindam o (tel)espectador com duas grandes atuações.

 

Explorando o fator humano a cada cena, “Passagem” proporciona uma experiência calcada na emoção, mas totalmente desprovida de pieguice, para explorar traumas de origens distintas, bem como os meios para superá-los. Não sem antes levar os personagens num mergulho doloroso em seus respectivos passados, mostrando como têm a urgência em serem compreendidos e amparados emocionalmente por alguém.

 

Título pouco badalado no streaming, “Passagem” é uma pequena pérola sobre superação e redenção após jornada por caminhos tortuosos, tendo laços afetivos como porto seguro num cenário que beira à desolação.

 

8. “Red: Crescer é Uma Fera”:

“Red: Crescer é Uma Fera” é dirigido por Domee Shi (Foto: Divulgação / Crédito: Domee Shi).

Título original: “Turning Red”.

País: EUA / Canadá.

Plataforma: Disney+.

Direção: Domee Shi.

Roteiro: Domee Shi, Julia Cho e Sarah Streicher.

Gênero(s): Animação, aventura e comédia.

Elenco: Rosalie Chiang (voz de Meilin), Sandra Oh (voz de Ming), Ava Morse (voz de Miriam), Hyein Park (voz de Abby), Maitreyi Ramakrishnan (voz de Priya), Orion Lee (voz de Jin), Tristan Allerick Chen (voz de Tyler), entre outros.

Sinopse: Ambientado no início dos anos 2000, o filme conta a história de Meilin, adolescente canadense de origem chinesa que se transforma num panda vermelho quando fica ansiosa ou nervosa por algum motivo. Carinhosamente chamada de Mei, a garota não consegue esconder o segredo de seus amigos e logo vira atração no colégio onde estuda, despertando a ira de sua mãe, Ming, principalmente quando resolve quebrar as regras para assistir ao show de uma boyband.

 

Inicialmente pensado para a tela grande da sala de exibição, “Red: Crescer é Uma Fera” foi lançado diretamente na Disney+ em decorrência do efeito dominó que atingiu o cronograma de estreias da indústria cinematográfica nos primeiros anos da pandemia de Covid-19. Mas não demorou para que esta animação se destacasse no catálogo do streaming do Mickey, sobretudo por abordar um tema pouco explorado: a menstruação.

 

Primeiro longa-metragem da Pixar dirigido por uma mulher, “Red: Crescer é Uma Fera” apresenta uma história desenvolvida com esmero, equilibrando a cultura chinesa e a importância da ancestralidade com temas femininos, trabalhando com destreza a relação entre a mãe excessivamente protetora e a filha que, ao entrar na puberdade, sonha com a liberdade que nunca conheceu, bem como em ser tratada como uma pessoa que precisa ter a intimidade e individualidade respeitadas.

 

Mantendo o padrão de qualidade Pixar, “Red: Crescer é Uma Fera” também encontra espaço para discutir temas como bullying no ambiente escolar e a descoberta da sexualidade, tornando-se uma produção que se afasta um pouco do público infantil para dialogar com uma plateia que vive a mesma fase de descobertas de sua protagonista. É um filme interessante que permite ao (tel)espectador momentos de identificação por meio da mensagem de respeito às diferenças na qual sentimentos como raiva precisam ser controlados pelo bem comum.

 

9. “RRR: Revolta, Rebelião, Revolução”:

“RRR: Revolta, Rebelião, Revolução” é dirigido por S.S. Rajamouli (Foto: Divulgação / Crédito: Netflix).

Título original: “RRR (Rise Roar Revolt)”.

País: Índia.

Plataforma: Netflix.

Direção: S.S. Rajamouli.

Roteiro: Vijayendra Prasad, S.S. Rajamouli e Sai Madhav Burra.

Gênero(s): Ação e drama.

Elenco: N.T. Rama Rao Jr. (Komaram Bheem), Ram Charan Teja (Alluri Sitarama Raju), Ajay Devgn (Venkata Rama Raju), Alia Bhatt (Sita), Olivia Morris (Jennifer), Shriya Saran (Sarojini), Ray Stevenson (Scott Buxton), Alison Doody (Catherine Buxton), entre outros.

Sinopse: Ambientado nos anos 1920, quando a Índia era colônia do Império Britânico, o filme mostra a trajetória de dois guerreiros cujos caminhos se cruzam após o rapto de uma menina pelo governador apenas para satisfazer a vontade de sua esposa.

 

Fenômeno de bilheteria no exterior, principalmente na Índia, “RRR: Revolta, Rebelião, Revolução” chegou ao Brasil diretamente na Netflix com a promessa de se tornar campeão de audiência. De fato, o longa atraiu a atenção de milhões de (tel)espectadores, oferecendo a eles uma experiência que em muito remete às produções de Bollywood, calcada no exagero, passeando com desenvoltura por elementos inerentes aos gêneros da fantasia e do musical numa trama classificada como drama e ação.

 

Produção de Tollywood, outro grande centro cinematográfico indiano, “RRR: Revolta, Rebelião, Revolução” apresenta as deficiências técnicas oriundas do orçamento limitado, mas a trama desenvolvida com esmero não permite que isso a enfraqueça. Dessa forma, o longa leva o público a embarcar na jornada de amizade entre dois revolucionários, inspirados em pessoas reais, que precisam se unir contra o Império Britânico em prol de seu país.

 

Explorando a força sobre-humana de seus protagonistas, “RRR: Revolta, Rebelião, Revolução” aborda a questão racial com veemência por meio do preconceito dos oficiais britânicos, que, durante as mais de três horas de duração, salvo algumas poucas exceções, tratam o povo indiano como lixo. É uma produção que estabelece vilões e heróis logo em seus primeiros minutos, mantendo o ritmo narrativo do início ao fim.

 

10. “Meu Policial”:

“Meu Policial” é dirigido por Michael Grandage (Foto: Divulgação / Crédito: Amazon Studios).

Título original: “My Policeman”.

País: Reino Unido / EUA.

Plataforma: Amazon Prime Video.

Direção: Michael Grandage.

Roteiro: Ron Nyswaner.

Gênero(s): Drama e romance.

Elenco: Harry Styles (Tom, jovem), Emma Corrin (Marion, jovem), David Dawson (Patrick, jovem), Gina McKee (Marion), Linus Roache (Tom), Rupert Everett (Patrick), entre outros.

Sinopse: Baseado no romance homônimo de Bethan Roberts, lançado em 2012, o filme mostra a trajetória do casal Marion e Tom, bem como a íntima relação com Patrick, iniciada na década de 1950, quando a homossexualidade era considerada crime na Inglaterra. Neste cenário, muitas relações foram moldadas de acordo com as leis vigentes e em prol da sociedade conservadora.

 

Selecionado para a competição oficial do Festival de Toronto (Toronto International Film Festival – TIFF) deste ano, “Meu Policial” chegou ao catálogo da Amazon Prime Video prometendo emocionar o (tel)espectador com uma trama de amores, proibidos e verdadeiros, recheada da mágoa, perdão e superação. Isso é apresentado ao (tel)espectador por meio da decisão de Marion em cuidar de um antigo amigo, Patrick, contrariando a vontade de seu marido, Tom.

 

Sem economizar em flashbacks e cenas de sexo, “Meu Policial” se desenvolve de maneira a explorar as camadas de sua trama gradualmente para que o público tenha melhor compreensão dos fatos, principalmente da dor imposta ao trio protagonista, diretamente afetado pela criminalização da homossexualidade na Inglaterra, algo que vigorou até o final dos anos 1960. Neste contexto, “Meu Policial” aborda não apenas o preconceito e o medo, como também a redescoberta do amor-próprio, no caso, de Marion, que há anos mantém um casamento fadado ao fracasso pelo fato de nunca ter sido amada nem desejada da forma como gostaria. Em paralelo, com a mesma importância, a relação entre Tom e Patrick é explorada de maneira a expor o tormento de dois homens que tiveram de sufocar o amor que sempre sentiram um pelo outro em prol da sobrevivência, criando um cenário cada vez mais doloroso para eles e Marion.

 

Conduzido com sensibilidade por Michael Grandage, “Meu Policial” funciona graças à comunhão total de seu elenco, que entrega atuações convincentes, tendo como principais destaques Harry Styles e Gina McKee. Sem dúvida, um título importante no catálogo da Amazon Prime Video por abordar os efeitos colaterais do preconceito enraizado na sociedade.

 

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