‘Top Gun: Maverick’ lançado diretamente no streaming?!
Prestes a lançar sua própria plataforma digital, a Paramount+, que chegará aos mercados americano e latino em 04 de março, a Paramount Pictures recebeu ofertas da Apple TV e da Netflix para lançar “Top Gun: Maverick” (Idem – 2021) diretamente no streaming, mas recusou as propostas de ambas, segundo o Screen Rant. Inicialmente previsto […]
POR Ana Carolina Garcia23/01/2021|8 min de leitura
Prestes a lançar sua própria plataforma digital, a Paramount+, que chegará aos mercados americano e latino em 04 de março, a Paramount Pictures recebeu ofertas da Apple TV e da Netflix para lançar “Top Gun: Maverick” (Idem – 2021) diretamente no streaming, mas recusou as propostas de ambas, segundo o Screen Rant.
Inicialmente previsto para 2020, “Top Gun: Maverick” foi empurrado para 02 de julho deste ano em decorrência do coronavírus. Hoje, após o novo efeito dominó no cronograma de estreias, o longa produzido e estrelado por Tom Cruise é considerado a provável primeira tábua de salvação do circuito exibidor no verão americano caso a pandemia esteja sob controle e a população vacinada em larga escala ao menos nos Estados Unidos, que, de acordo com a Variety, tem cerca de 65% de suas salas de exibição fechadas no momento, enfrentando dificuldades de vender ingressos nas que permanecem em atividade. Ou seja, ainda é cedo para bater o martelo e manter a data que englobará o feriado da Independência naquele que é o país mais afetado pelo vírus, pois a temporada de verão é vista com incerteza, sobretudo devido às análises de autoridades que preveem alguma normalização somente no outono do hemisfério norte.
Aguardado com ansiedade, “Top Gun: Maverick” é continuação direta do clássico dirigido por Tony Scott, “Top Gun – Ases Indomáveis” (Top Gun – 1986), que alçou Tom Cruise ao primeiro time de Hollywood. Com direção de Joseph Kosinski, o longa ainda não teve nenhum detalhe divulgado pela Paramount, mas promete brincar com a memória afetiva do público por mostrar Pete “Maverick” Mitchell (Cruise) como instrutor do filho de seu antigo parceiro, Nick “Goose” Bradshaw (Anthony Edwards), morto durante treinamento.
Os rumores da suposta venda dos direitos de distribuição de “Top Gun: Maverick” remetem imediatamente à proposta das plataformas digitais ao igualmente aguardado “007 – Sem Tempo Para Morrer” (No Time to Die – 2021), adiado para 08 de outubro deste ano. Dirigido por Cary Joji Fukunaga, o 25o filme do agente James Bond foi cobiçado pela Netflix e Apple TV, mas, segundo a Variety, a MGM, que detém os direitos, só aceitaria algum acordo na casa dos US$ 600 milhões, valor alto para o streaming. Porém, os boatos acerca do filme de Tom Cruise foram potencializados também por causa de acordos prévios da Paramount com a Netflix e a Amazon Prime Video para títulos originalmente produzidos para a tela grande. Ganhando cada vez mais espaço junto ao público, a Amazon distribuirá “Um Príncipe em Nova York 2” (Coming 2 America – 2021) e “Without Remorse” (Idem – 2021), enquanto a Netflix assumiu a distribuição de “Os 7 de Chicago” (The Trial of the Chicago 7 – 2020), fruto da parceria da Paramount com a DreamWorks SKG e uma das apostas para o Oscar 2021, inclusive na categoria principal, a de melhor filme.
Neste ponto, vale uma comparação entre os lançamentos de “Top Gun: Maverick” e “Os 7 de Chicago”, já disponível na Netflix. Baseado em fatos reais, “Os 7 de Chicago” estreou em meio ao movimento Black Lives Matter e às vésperas da eleição presidencial americana, que deu a Joe Biden a vitória sobre Donald Trump, que tentava a reeleição após quatro anos conturbados e polêmicos. Ambientado no final dos anos 1960, quando a tensão se potencializava nos Estados Unidos em decorrência dos protestos pelos Direitos Civis e, também, à Guerra do Vietnã, o longa mostra o julgamento de líderes de alguns dos grupos que participaram de manifestações no dia da Convenção Nacional do Partido Democrata, realizada em agosto de 1968, em Chicago (Illinois), para indicar um nome para a corrida à Casa Branca, então ocupada por Lyndon Johnson. Os protestos levaram caos à cidade, deixando centenas de feridos após o confronto com a polícia local.
Correspondendo às novas demandas da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood (Academy of Motion Picture Arts and Sciences – AMPAS), que há anos é criticada pela falta de representatividade, diversidade e inclusão no prêmio mais cobiçado do cinema mundial, “Os 7 de Chicago” desempenha papel político num cenário no qual a intolerância ganha cada vez mais espaço e, por esta razão, tinha de ser lançado naquele momento específico, sem chance de adiamento para este ano. Exibido em algumas salas norte-americanas antes de chegar à gigante do streaming, o longa, dirigido e roteirizado por Aaron Sorkin, não tinha a mesma expectativa de lucro que “Top Gun: Maverick”, que se enquadra no conceito de “arrasa-quarteirão”. Sendo assim, o acordo de distribuição que custou cerca de US$ 56 milhões à Netflix, segundo o Deadline, foi válido para a Paramount e para a DreamWorks, que não tiveram prejuízo num projeto de US$ 35 milhões. Ao contrário do que aconteceria se a Paramount vendesse os direitos de exibição do filme de Cruise, orçado aproximadamente em US$ 150 milhões, de acordo com o Screen Rant.
“Top Gun: Maverick” tem potencial de arrecadar milhões em bilheterias mundo afora, contando, entre outras coisas, com o fator nostalgia, pois seu antecessor é um dos maiores clássicos da década de 1980, responsável não apenas por transformar Tom Cruise em astro do primeiro time de Hollywood, conforme dito acima, mas também por revolucionar o cinema de ação ao apostar em cenas realistas para mostrar o árduo treinamento de um piloto de caça da Marinha Americana. “Top Gun – Ases Indomáveis” tem como fio condutor de sua trama a obstinação de jovens pilotos em conquistar o Troféu Top Gun, concedido ao melhor da turma, tendo como importante alicerce a montagem de Chris Lebenzon e Billy Weber, que inseriram linguagem de videoclipe garantindo o ritmo frenético, principalmente nas sequências de voos – Lebenzon é um dos montadores do novo longa, ao lado de Eddie Hamilton, que tem no currículo filmes da franquia “Missão Impossível” (Mission: Impossible – desde 1996).
Levando o clássico em consideração, “Top Gun: Maverick” é uma produção que necessita da tela de cinema para fazer jus ao espetáculo grandioso que se propôs a conceder ao público, o que engloba imagens espetaculares e efeitos sonoros que precisam do suporte da tecnologia oferecida pelas salas de exibição para que o filme cause o impacto desejado sobre os espectadores, algo impossível nos aparelhos domésticos, por melhor que sejam. Neste ponto, vale citar um título que integra o catálogo da Amazon Prime Video como exemplo: “O Som do Silêncio” (Sound of Metal – 2020), de Darius Marder. Cotado para o Oscar 2021, o longa é impecável tecnicamente, sobretudo ao contrapor elementos sonoros (distorções, ruídos, áudios claros, etc) com momentos de silêncio absoluto, e aumentaria sua potência se exibido nos cinemas.
Também existem outros dois fatores importantes que atuam contra o lançamento de “Top Gun: Maverick” em plataformas digitais: Tom Cruise dificilmente aceitaria tal acordo até por se tratar de uma sequência aguardada há décadas, e tanto ele quanto a Paramount não perderão a oportunidade de celebrar o 35o aniversário de “Top Gun – Ases Indomáveis” em grande estilo.
Obviamente, a possibilidade de mudança de planos não pode ser descartada por nenhum estúdio num cenário de crise econômica oriunda da sanitária e, por que não dizer, humanitária. Afinal, a Covid-19 ainda é uma ameaça global, infelizmente. Mas não há como negar que se a Paramount, no futuro, reconsiderar a proposta, dará um tiro no pé mesmo que receba cifras astronômicas porque “Top Gun: Maverick” merece mais que a telinha da TV ou do computador. Isto é, merece mais que o streaming, que, apesar das tentativas incessantes e de ter se tornado fonte primária de entretenimento seguro em meio ao caos imposto pelo novo coronavírus, não conseguirá derrubar o modelo tradicional de cinema, principalmente quando a pandemia chegar ao fim e o público retomar suas atividades cotidianas ávido pela liberdade e segurança existentes na Era pré-Covid.
Prestes a lançar sua própria plataforma digital, a Paramount+, que chegará aos mercados americano e latino em 04 de março, a Paramount Pictures recebeu ofertas da Apple TV e da Netflix para lançar “Top Gun: Maverick” (Idem – 2021) diretamente no streaming, mas recusou as propostas de ambas, segundo o Screen Rant.
Inicialmente previsto para 2020, “Top Gun: Maverick” foi empurrado para 02 de julho deste ano em decorrência do coronavírus. Hoje, após o novo efeito dominó no cronograma de estreias, o longa produzido e estrelado por Tom Cruise é considerado a provável primeira tábua de salvação do circuito exibidor no verão americano caso a pandemia esteja sob controle e a população vacinada em larga escala ao menos nos Estados Unidos, que, de acordo com a Variety, tem cerca de 65% de suas salas de exibição fechadas no momento, enfrentando dificuldades de vender ingressos nas que permanecem em atividade. Ou seja, ainda é cedo para bater o martelo e manter a data que englobará o feriado da Independência naquele que é o país mais afetado pelo vírus, pois a temporada de verão é vista com incerteza, sobretudo devido às análises de autoridades que preveem alguma normalização somente no outono do hemisfério norte.
Aguardado com ansiedade, “Top Gun: Maverick” é continuação direta do clássico dirigido por Tony Scott, “Top Gun – Ases Indomáveis” (Top Gun – 1986), que alçou Tom Cruise ao primeiro time de Hollywood. Com direção de Joseph Kosinski, o longa ainda não teve nenhum detalhe divulgado pela Paramount, mas promete brincar com a memória afetiva do público por mostrar Pete “Maverick” Mitchell (Cruise) como instrutor do filho de seu antigo parceiro, Nick “Goose” Bradshaw (Anthony Edwards), morto durante treinamento.
Os rumores da suposta venda dos direitos de distribuição de “Top Gun: Maverick” remetem imediatamente à proposta das plataformas digitais ao igualmente aguardado “007 – Sem Tempo Para Morrer” (No Time to Die – 2021), adiado para 08 de outubro deste ano. Dirigido por Cary Joji Fukunaga, o 25o filme do agente James Bond foi cobiçado pela Netflix e Apple TV, mas, segundo a Variety, a MGM, que detém os direitos, só aceitaria algum acordo na casa dos US$ 600 milhões, valor alto para o streaming. Porém, os boatos acerca do filme de Tom Cruise foram potencializados também por causa de acordos prévios da Paramount com a Netflix e a Amazon Prime Video para títulos originalmente produzidos para a tela grande. Ganhando cada vez mais espaço junto ao público, a Amazon distribuirá “Um Príncipe em Nova York 2” (Coming 2 America – 2021) e “Without Remorse” (Idem – 2021), enquanto a Netflix assumiu a distribuição de “Os 7 de Chicago” (The Trial of the Chicago 7 – 2020), fruto da parceria da Paramount com a DreamWorks SKG e uma das apostas para o Oscar 2021, inclusive na categoria principal, a de melhor filme.
Neste ponto, vale uma comparação entre os lançamentos de “Top Gun: Maverick” e “Os 7 de Chicago”, já disponível na Netflix. Baseado em fatos reais, “Os 7 de Chicago” estreou em meio ao movimento Black Lives Matter e às vésperas da eleição presidencial americana, que deu a Joe Biden a vitória sobre Donald Trump, que tentava a reeleição após quatro anos conturbados e polêmicos. Ambientado no final dos anos 1960, quando a tensão se potencializava nos Estados Unidos em decorrência dos protestos pelos Direitos Civis e, também, à Guerra do Vietnã, o longa mostra o julgamento de líderes de alguns dos grupos que participaram de manifestações no dia da Convenção Nacional do Partido Democrata, realizada em agosto de 1968, em Chicago (Illinois), para indicar um nome para a corrida à Casa Branca, então ocupada por Lyndon Johnson. Os protestos levaram caos à cidade, deixando centenas de feridos após o confronto com a polícia local.
Correspondendo às novas demandas da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood (Academy of Motion Picture Arts and Sciences – AMPAS), que há anos é criticada pela falta de representatividade, diversidade e inclusão no prêmio mais cobiçado do cinema mundial, “Os 7 de Chicago” desempenha papel político num cenário no qual a intolerância ganha cada vez mais espaço e, por esta razão, tinha de ser lançado naquele momento específico, sem chance de adiamento para este ano. Exibido em algumas salas norte-americanas antes de chegar à gigante do streaming, o longa, dirigido e roteirizado por Aaron Sorkin, não tinha a mesma expectativa de lucro que “Top Gun: Maverick”, que se enquadra no conceito de “arrasa-quarteirão”. Sendo assim, o acordo de distribuição que custou cerca de US$ 56 milhões à Netflix, segundo o Deadline, foi válido para a Paramount e para a DreamWorks, que não tiveram prejuízo num projeto de US$ 35 milhões. Ao contrário do que aconteceria se a Paramount vendesse os direitos de exibição do filme de Cruise, orçado aproximadamente em US$ 150 milhões, de acordo com o Screen Rant.
“Top Gun: Maverick” tem potencial de arrecadar milhões em bilheterias mundo afora, contando, entre outras coisas, com o fator nostalgia, pois seu antecessor é um dos maiores clássicos da década de 1980, responsável não apenas por transformar Tom Cruise em astro do primeiro time de Hollywood, conforme dito acima, mas também por revolucionar o cinema de ação ao apostar em cenas realistas para mostrar o árduo treinamento de um piloto de caça da Marinha Americana. “Top Gun – Ases Indomáveis” tem como fio condutor de sua trama a obstinação de jovens pilotos em conquistar o Troféu Top Gun, concedido ao melhor da turma, tendo como importante alicerce a montagem de Chris Lebenzon e Billy Weber, que inseriram linguagem de videoclipe garantindo o ritmo frenético, principalmente nas sequências de voos – Lebenzon é um dos montadores do novo longa, ao lado de Eddie Hamilton, que tem no currículo filmes da franquia “Missão Impossível” (Mission: Impossible – desde 1996).
Levando o clássico em consideração, “Top Gun: Maverick” é uma produção que necessita da tela de cinema para fazer jus ao espetáculo grandioso que se propôs a conceder ao público, o que engloba imagens espetaculares e efeitos sonoros que precisam do suporte da tecnologia oferecida pelas salas de exibição para que o filme cause o impacto desejado sobre os espectadores, algo impossível nos aparelhos domésticos, por melhor que sejam. Neste ponto, vale citar um título que integra o catálogo da Amazon Prime Video como exemplo: “O Som do Silêncio” (Sound of Metal – 2020), de Darius Marder. Cotado para o Oscar 2021, o longa é impecável tecnicamente, sobretudo ao contrapor elementos sonoros (distorções, ruídos, áudios claros, etc) com momentos de silêncio absoluto, e aumentaria sua potência se exibido nos cinemas.
Também existem outros dois fatores importantes que atuam contra o lançamento de “Top Gun: Maverick” em plataformas digitais: Tom Cruise dificilmente aceitaria tal acordo até por se tratar de uma sequência aguardada há décadas, e tanto ele quanto a Paramount não perderão a oportunidade de celebrar o 35o aniversário de “Top Gun – Ases Indomáveis” em grande estilo.
Obviamente, a possibilidade de mudança de planos não pode ser descartada por nenhum estúdio num cenário de crise econômica oriunda da sanitária e, por que não dizer, humanitária. Afinal, a Covid-19 ainda é uma ameaça global, infelizmente. Mas não há como negar que se a Paramount, no futuro, reconsiderar a proposta, dará um tiro no pé mesmo que receba cifras astronômicas porque “Top Gun: Maverick” merece mais que a telinha da TV ou do computador. Isto é, merece mais que o streaming, que, apesar das tentativas incessantes e de ter se tornado fonte primária de entretenimento seguro em meio ao caos imposto pelo novo coronavírus, não conseguirá derrubar o modelo tradicional de cinema, principalmente quando a pandemia chegar ao fim e o público retomar suas atividades cotidianas ávido pela liberdade e segurança existentes na Era pré-Covid.