‘Tropa Zero’: diversidade, representatividade e inclusão
No cenário pós-corrida espacial, a NASA decidiu enviar duas sondas que tinham como objetivo viajar eternamente pelo espaço interestelar. Lançadas de Cabo Canaveral (Flórida), em 1977, a Voyager 1 e 2 têm a bordo um disco de ouro, cada, com registros da Terra, como músicas, sons, imagens e saudações em 55 idiomas, dentre eles, o […]
POR Ana Carolina Garcia16/04/2020|4 min de leitura
No cenário pós-corrida espacial, a NASA decidiu enviar duas sondas que tinham como objetivo viajar eternamente pelo espaço interestelar. Lançadas de Cabo Canaveral (Flórida), em 1977, a Voyager 1 e 2 têm a bordo um disco de ouro, cada, com registros da Terra, como músicas, sons, imagens e saudações em 55 idiomas, dentre eles, o português falado no Brasil, que também foi lembrado em uma imagem do Cristo Redentor, principal cartão-postal do Rio de Janeiro. Funcionando como cápsula do tempo, o “The Sounds of Earth” (“Os Sons da Terra”) seria uma forma de comunicação com alienígenas caso as sondas sejam encontradas em algum momento.
Partindo desta premissa, a Amazon Studios resgatou a essência do cinema infanto-juvenil produzido nos Estados Unidos nos anos 1980 em “Tropa Zero” (Troop Zero – 2020). Estrelado por Viola Davis, Allison Janney e McKenna Grace, o longa está disponível no catálogo da Amazon Prime.
Com direção de Bert & Bertie, “Tropa Zero” conta a história de uma menina apaixonada pelo espaço que deseja enviar uma mensagem para alienígenas, gravada no disco de ouro da NASA. Para isso, Christmas Flint (McKenna Grace) precisa formar um grupo para ingressar no Escotismo Birdie e disputar o Jamboree, concurso no qual um membro da agência espacial ajudará a escolher a criança responsável por emprestar sua voz ao disco.
Ambientado na fictícia cidade de Wiggly, no estado americano da Georgia, “Tropa Zero” assume o tom crítico, mesmo que leve, à sociedade americana da época ao apresentar o preconceito enraizado ainda na infância. Isto pode ser observado na postura de algumas integrantes da Tropa 5 do Escotismo Birdie, sobretudo em relação à Tropa Zero, composta por um menino homossexual e quatro meninas – nerd, negra, deficiente visual e fora dos padrões de magreza instituídos pela sociedade. E é neste ponto que o longa chama a atenção, pois aposta em temas atuais como diversidade, representatividade e inclusão.
“Tropa Zero” também encontra espaço para mostrar à nova geração o modo tradicional de se educar meninas à época, preparando-as desde cedo para os papeis de esposas e mães zelosas, o que inclui aulas de culinária e troca de fraldas, por exemplo. Assim, o filme contrasta conservadorismo e liberdade por meio das personagens de Allison Janey (Massey) e Viola Davis (Rayleen), que já haviam trabalhado juntas no drama “Histórias Cruzadas” (The Help – 2011). É um jogo cênico interessante das duas veteranas que, apesar de se destacarem, deixam o caminho livre para as crianças buscarem seus respectivos lugares ao sol.
Dentre os atores que integram o elenco infantil, os destaques são McKenna Grace, Milan Ray (Hell-No Price) e Charlie Shotwell (Joseph). Enquanto Grace compõe Christmas com elementos que remetem à Mary Adler, sua personagem em “Um Laço de Amor” (Gifted – 2017), Ray assume a responsabilidade de expor as consequências do preconceito racial e Shotwell das dificuldades para um menino se assumir gay numa cidade conservadora. São personagens defendidos com carinho por um elenco em total sintonia, o que agrega valor ao longa.
Vencedor do Directors to Watch, concedido pelo Palm Springs International Film Festival, “Tropa Zero” está longe de ser uma obra-prima. No entanto, cumpre seu propósito de entreter com uma trama que passeia com leveza pelo drama, humor e aventura, funcionando satisfatoriamente para a fatia infantil do público, transmitindo a ela a importante mensagem de respeito às diferenças.
*O crédito contém imagens de arquivo da NASA e áudios do “The Sounds of Earth”.
Assista ao trailer oficial (sem legendas):
No cenário pós-corrida espacial, a NASA decidiu enviar duas sondas que tinham como objetivo viajar eternamente pelo espaço interestelar. Lançadas de Cabo Canaveral (Flórida), em 1977, a Voyager 1 e 2 têm a bordo um disco de ouro, cada, com registros da Terra, como músicas, sons, imagens e saudações em 55 idiomas, dentre eles, o português falado no Brasil, que também foi lembrado em uma imagem do Cristo Redentor, principal cartão-postal do Rio de Janeiro. Funcionando como cápsula do tempo, o “The Sounds of Earth” (“Os Sons da Terra”) seria uma forma de comunicação com alienígenas caso as sondas sejam encontradas em algum momento.
Partindo desta premissa, a Amazon Studios resgatou a essência do cinema infanto-juvenil produzido nos Estados Unidos nos anos 1980 em “Tropa Zero” (Troop Zero – 2020). Estrelado por Viola Davis, Allison Janney e McKenna Grace, o longa está disponível no catálogo da Amazon Prime.
Com direção de Bert & Bertie, “Tropa Zero” conta a história de uma menina apaixonada pelo espaço que deseja enviar uma mensagem para alienígenas, gravada no disco de ouro da NASA. Para isso, Christmas Flint (McKenna Grace) precisa formar um grupo para ingressar no Escotismo Birdie e disputar o Jamboree, concurso no qual um membro da agência espacial ajudará a escolher a criança responsável por emprestar sua voz ao disco.
Ambientado na fictícia cidade de Wiggly, no estado americano da Georgia, “Tropa Zero” assume o tom crítico, mesmo que leve, à sociedade americana da época ao apresentar o preconceito enraizado ainda na infância. Isto pode ser observado na postura de algumas integrantes da Tropa 5 do Escotismo Birdie, sobretudo em relação à Tropa Zero, composta por um menino homossexual e quatro meninas – nerd, negra, deficiente visual e fora dos padrões de magreza instituídos pela sociedade. E é neste ponto que o longa chama a atenção, pois aposta em temas atuais como diversidade, representatividade e inclusão.
“Tropa Zero” também encontra espaço para mostrar à nova geração o modo tradicional de se educar meninas à época, preparando-as desde cedo para os papeis de esposas e mães zelosas, o que inclui aulas de culinária e troca de fraldas, por exemplo. Assim, o filme contrasta conservadorismo e liberdade por meio das personagens de Allison Janey (Massey) e Viola Davis (Rayleen), que já haviam trabalhado juntas no drama “Histórias Cruzadas” (The Help – 2011). É um jogo cênico interessante das duas veteranas que, apesar de se destacarem, deixam o caminho livre para as crianças buscarem seus respectivos lugares ao sol.
Dentre os atores que integram o elenco infantil, os destaques são McKenna Grace, Milan Ray (Hell-No Price) e Charlie Shotwell (Joseph). Enquanto Grace compõe Christmas com elementos que remetem à Mary Adler, sua personagem em “Um Laço de Amor” (Gifted – 2017), Ray assume a responsabilidade de expor as consequências do preconceito racial e Shotwell das dificuldades para um menino se assumir gay numa cidade conservadora. São personagens defendidos com carinho por um elenco em total sintonia, o que agrega valor ao longa.
Vencedor do Directors to Watch, concedido pelo Palm Springs International Film Festival, “Tropa Zero” está longe de ser uma obra-prima. No entanto, cumpre seu propósito de entreter com uma trama que passeia com leveza pelo drama, humor e aventura, funcionando satisfatoriamente para a fatia infantil do público, transmitindo a ela a importante mensagem de respeito às diferenças.
*O crédito contém imagens de arquivo da NASA e áudios do “The Sounds of Earth”.