Campeão de bilheteria nos Estados Unidos, Tyler Perry invade os cinemas brasileiros nesta quinta-feira, dia 04, com o suposto último filme da personagem Madea, “Um Funeral em Família” (A Madea Family Funeral – 2019), assumindo as funções de diretor, produtor executivo, roteirista e ator.

 

Na trama, Madea (Perry) é convidada para a festa de aniversário de casamento de Vianne (Jen Harper) e Anthony (Derek Morgan), mas o falecimento do segundo obriga a família a revelar seus segredos mais escusos enquanto Madea organiza o funeral, transformando-o em mega evento.

 

 

Forçando a barra da comédia em situações desprovidas de graça e recheadas de grosserias gratuitas, muitas delas preconceituosas, Tyler Perry acaba por evocar Eddie Murphy, que outrora dominou este filão. Há muito de Murphy neste filme, sobretudo no que tange à construção dos personagens, inclusive de Madea, criada nos anos 1990 por Perry, inspirada em sua mãe, tia e no astro do remake de “O Professor Aloprado” (The Nutty Professor – 1990).

 

No entanto, há de se observar que existem duas tramas distintas que não conseguem dialogar entre si em “Um Funeral em Família”. Há, de fato, a trama que gira em torno das loucuras de Madea e sua trupe, composta por Joe (Perry), Bam (Cassi Davis) e Hattie (Patricia Lovely), a pior personagem em disparado – ao menos, uma das mais irritantes; e há o drama da família assolada por segredos em meio ao luto. As duas tramas caminham separadamente quando deveriam ser interligadas, o que expõe a falta de engenhosidade do roteiro de Tyler Perry, que opta por priorizar a verborragia e as situações apelativas em detrimento de uma história consistente, algo necessário em comédias, pois fazer a plateia rir é um dos exercícios mais difíceis da sétima-arte.

 

“Um Funeral em Família” é uma produção descartável e incapaz de proporcionar ao espectador momentos de diversão na sala de exibição. Ou seja, não cumpre o propósito de levar entretenimento às massas. Ao final da sessão, os créditos surgem como um alívio e um fiapo de esperança para que este seja realmente o último filme de tais personagens, que desperdiçam o talento de seu realizador, que precisa se reinventar o quanto antes para não seguir o mesmo caminho de Eddie Murphy, que, agora, tenta voltar ao primeiro time de Hollywood com o drama “Dolemite Is My Name” (Idem – 2019) e com as sequências “Coming 2 America” (Idem – 2020) e “Um Tira da Pesada 4” (Beverly Hills Cop 4), que ainda não tem previsão de lançamento.

 

Assista ao trailer oficial legendado: