Vencedor de dois prêmios no Festival de Cannes 2021, Grand Prix e François Chalais Award, “Um Herói” (Ghahreman – 2021, Irã / França) chega ao circuito brasileiro nesta quinta-feira (28) envolto numa polêmica judicial devido à acusação de plágio feita por uma ex-aluna do diretor e roteirista Asghar Farhadi.

Ambientado no Irã, o longa conta a história de Rahim Soltani (Amir Jadidi), preso pelo não pagamento de uma dívida. Com licença de dois dias, Rahim tenta conseguir parte do dinheiro para pagar o credor e não voltar à prisão, mas os eventos dos dias seguintes, parcialmente baseados numa mentira, o coloca numa situação ainda mais complicada.

“Um Herói” se desenvolve sem pressa para que o espectador possa ter melhor compreensão da situação de Rahim e, principalmente, do sistema que o cerceia de todas as maneiras. Com elementos que brincam com o gênero do suspense para deixar a plateia na dúvida sobre a idoneidade e reais intenções do protagonista, o longa aborda questionamentos morais, até mesmo no que tange aos coadjuvantes, por meio do circo midiático formado em torno de Rahim e da história criada nos bastidores do presídio.

Alicerçado na comunhão de todo o elenco, no qual se destacam Jadidi e Mohsen Tanabandeh (Bahram), o credor que sacrificou o dote da filha para, no passado, ajudar Rahim, “Um Herói” trabalha com perspicácia a dúvida acerca da atitude do protagonista de devolver uma bolsa contendo 17 moedas de ouro ao invés de usá-la como solução para seus problemas, conforme o planejamento inicial, mas o faz de forma demasiadamente arrastada, o que diminui a potência da trama, impactando seu resultado.