Vencedor do CinEuphoria Awards de melhor dupla (competição internacional) para Félix Lefebvre e Benjamin Voisin, “Verão de 85” (Été 85 – 2020, França) chega às salas de exibição brasileiras nesta quinta-feira, dia 03. Dirigido e roteirizado por François Ozon, o longa é baseado no livro “Dance on my Grave”, de Aidan Chambers. “Verão de […]
POR Ana Carolina Garcia02/06/2021|3 min de leitura
Vencedor do CinEuphoria Awards de melhor dupla (competição internacional) para Félix Lefebvre e Benjamin Voisin, “Verão de 85” (Été 85 – 2020, França) chega às salas de exibição brasileiras nesta quinta-feira, dia 03. Dirigido e roteirizado por François Ozon, o longa é baseado no livro “Dance on my Grave”, de Aidan Chambers.
“Verão de 85” começa mostrando Alexis (Lefebvre) encrencado, para, então, contar em flashbacks sua trajetória e a relação com David (Voisin), rapaz com situação financeira superior que lhe apresenta uma nova realidade. Aprovada pela mãe de David, a amizade entre os dois cresce à medida que toma outros rumos no momento no qual Alexis precisa decidir se continua na escola ou a abandona para trabalhar e ajudar em casa.
Recriando com detalhes a década de 1980, Ozon entrega um filme cuja trama se desenvolve de maneira a trabalhar todas as questões propostas com sobriedade, mas sem perder o vigor da juventude dos protagonistas nem sua impulsividade e imediatismo. Com isso, o espectador é apresentado a um relacionamento à época proibido pela sociedade, marcado pela promessa de que um dançaria no túmulo do outro caso algo de ruim acontecesse com um deles.
Alicerçado no roteiro consistente e sensível de Ozon, “Verão de 85” tem como principal atrativo o jogo cênico de Félix Lefebvre e Benjamin Voisin. Em total sintonia, a dupla consegue explorar a transformação da amizade em amor com naturalidade, trabalhando as distintas personalidades, deixando nítido que a construção do relacionamento nunca teve bases sólidas tanto pelo imediatismo de ambos quanto por objetivos diferentes. Enquanto Voisin aposta no entusiasmo e impetuosidade inerentes a um jovem que deseja apenas se divertir, ignorando os sentimentos de seu parceiro, Lefebvre mergulha no lado mais obscuro de Alexis, lidando com questões como incômodo com a origem humilde, descoberta da sexualidade e do amor e ciúmes que refletem a obsessão que torna o personagem dependente de David. São atuações em total sintonia e que se complementam.
É exatamente a dependência de Alexis que se torna o fio condutor da trama para mostrar ao espectador como um relacionamento acarreta mudanças comportamentais impostas não pelo amor em si, mas pela expectativa depositada por um dos envolvidos no outro, impedindo que enxergue a realidade dos fatos em prol da idealização de uma imagem perfeita, o que, cedo ou tarde, acaba por cobrar um preço alto. Isto é apresentado com perspicácia por Ozon, que cria um clima de mistério acerca da tragédia previamente anunciada, transmitindo a mensagem de que é possível se reerguer e abraçar novas oportunidades.
“Verão de 85” é um coming-of-age movie que subverte o conceito de final feliz calcado no ideal de perfeição instituído por produções de cunho romântico para contar uma história comum, repleta de erros e acertos, momentos felizes e tantos outros bastante dolorosos. Tudo isso embalado por uma trilha sonora escolhida com cuidado e que contém clássicos como “In Between Days” e “Sailing”, do The Cure e Rod Stewart, respectivamente.
Assista ao trailer oficial legendado:
Vencedor do CinEuphoria Awards de melhor dupla (competição internacional) para Félix Lefebvre e Benjamin Voisin, “Verão de 85” (Été 85 – 2020, França) chega às salas de exibição brasileiras nesta quinta-feira, dia 03. Dirigido e roteirizado por François Ozon, o longa é baseado no livro “Dance on my Grave”, de Aidan Chambers.
“Verão de 85” começa mostrando Alexis (Lefebvre) encrencado, para, então, contar em flashbacks sua trajetória e a relação com David (Voisin), rapaz com situação financeira superior que lhe apresenta uma nova realidade. Aprovada pela mãe de David, a amizade entre os dois cresce à medida que toma outros rumos no momento no qual Alexis precisa decidir se continua na escola ou a abandona para trabalhar e ajudar em casa.
Recriando com detalhes a década de 1980, Ozon entrega um filme cuja trama se desenvolve de maneira a trabalhar todas as questões propostas com sobriedade, mas sem perder o vigor da juventude dos protagonistas nem sua impulsividade e imediatismo. Com isso, o espectador é apresentado a um relacionamento à época proibido pela sociedade, marcado pela promessa de que um dançaria no túmulo do outro caso algo de ruim acontecesse com um deles.
Alicerçado no roteiro consistente e sensível de Ozon, “Verão de 85” tem como principal atrativo o jogo cênico de Félix Lefebvre e Benjamin Voisin. Em total sintonia, a dupla consegue explorar a transformação da amizade em amor com naturalidade, trabalhando as distintas personalidades, deixando nítido que a construção do relacionamento nunca teve bases sólidas tanto pelo imediatismo de ambos quanto por objetivos diferentes. Enquanto Voisin aposta no entusiasmo e impetuosidade inerentes a um jovem que deseja apenas se divertir, ignorando os sentimentos de seu parceiro, Lefebvre mergulha no lado mais obscuro de Alexis, lidando com questões como incômodo com a origem humilde, descoberta da sexualidade e do amor e ciúmes que refletem a obsessão que torna o personagem dependente de David. São atuações em total sintonia e que se complementam.
É exatamente a dependência de Alexis que se torna o fio condutor da trama para mostrar ao espectador como um relacionamento acarreta mudanças comportamentais impostas não pelo amor em si, mas pela expectativa depositada por um dos envolvidos no outro, impedindo que enxergue a realidade dos fatos em prol da idealização de uma imagem perfeita, o que, cedo ou tarde, acaba por cobrar um preço alto. Isto é apresentado com perspicácia por Ozon, que cria um clima de mistério acerca da tragédia previamente anunciada, transmitindo a mensagem de que é possível se reerguer e abraçar novas oportunidades.
“Verão de 85” é um coming-of-age movie que subverte o conceito de final feliz calcado no ideal de perfeição instituído por produções de cunho romântico para contar uma história comum, repleta de erros e acertos, momentos felizes e tantos outros bastante dolorosos. Tudo isso embalado por uma trilha sonora escolhida com cuidado e que contém clássicos como “In Between Days” e “Sailing”, do The Cure e Rod Stewart, respectivamente.