Barbara Gancia é bárbara

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Barbara Gancia é bárbara. Seu suave veneno faz a alegria do pessoal que frequenta o Twitter. Suas intervenções na plataforma são sempre oportunas e inteligentes. Sabe ser durona, quando identifica o fascismo se infiltrando na rede. Mas também sabe oferecer doçura e delicadeza quando discute assuntos nobres como arte e cultura. Bárbara Gancia é uma […]

POR Waldir Leite20/07/2023|4 min de leitura

Barbara Gancia é bárbara

Barbara Gancia. Reprodução de vídeo

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Barbara Gancia é bárbara. Seu suave veneno faz a alegria do pessoal que frequenta o Twitter. Suas intervenções na plataforma são sempre oportunas e inteligentes. Sabe ser durona, quando identifica o fascismo se infiltrando na rede. Mas também sabe oferecer doçura e delicadeza quando discute assuntos nobres como arte e cultura.

Bárbara Gancia é uma grande dama da imprensa paulista, uma sobrevivente dos bons tempos do jornalismo impresso que soube se reinventar na internet depois que jornais e revistas se transformaram em coisas do passado.

Não podemos jamais esquecer: a internet, com seus sites, blogs e redes sociais, acabou com o jornalismo impresso. Aquele prazer de ler um belo texto jornalístico escrito numa folha de papel bem diagramada é algo que ficou para trás.

Ao texto jornalístico só restou a tela de plasma. Mas enquanto reinou absoluto no mundo da informação, e aqui no Brasil tendo São Paulo como seu epicentro, o jornalismo impresso sempre teve em dona Bárbara um de seus ícones. Quando a imprensa paulista precisava de um texto moderno, descolado, e com um sotaque verdadeiramente local, recorria a ela. Foi assim que fez história escrevendo para publicações como Status, Senhor, Gallery, Elle, Interview e tantas outras. Além disso, durante três décadas escreveu uma coluna para o jornal Folha de São Paulo.

Os leitores que acompanharam sua trajetória e admiravam seus textos sempre divertidos, maliciosos e inteligentes jamais poderiam imaginar que ela tinha um segredo, que só foi revelado em 2018, por ocasião do lançamento de “Saideira”, seu livro de memórias. Com o mesmo texto saboroso dos seus artigos e colunas, ela revelou ao público o drama de ser alcoólatra.

E alguém que parecia tão sóbria no ato de escrever se revelou uma desequilibrada na sua relação com o álcool. Durante boa parte da sua vida ela teve o lance daquele personagem da marchinha de carnaval que dizia “você pensa que cachaça é água”. Era assim que ela lidava com a bebida: como se fosse água. E, obviamente, perdia o controle, aprontava todas, sofria e fazia o sofrimento de todos que estavam à sua volta. Dirigia embriagada, caía de bêbada nas calçadas, fazia escândalo, dormia na sarjeta, desaparecia deixando a família desesperada sem notícias. Uma verdadeira Heleninha Roitmann na sua relação com a bebida.

O livro fez sucesso desde o lançamento e acabou atraindo o interesse da atriz Marisa Orth, que viu ali elementos para um espetáculo teatral. Identificou o que seria um verdadeiro presente para uma atriz: viver no palco o drama de uma personagem que luta para se livrar da dependência alcoólica. Com todas as possibilidades cênicas de drama, humor e expressão corporal que um papel desses pode representar. Oportunidade perfeita para uma atriz que estava em busca de um espetáculo marcante para comemorar seus quarenta anos de carreira. Assim nasceu a peça “Bárbara”, monólogo que trás para o teatro o drama real vivido por Barbara Gancia.

A interação entre atriz e personagem foi tão forte que Marisa Orth recebeu o Prêmio Bibi Ferreira de melhor atriz por conta da bem sucedida temporada em São Paulo. Depois de viajar pelo Brasil e se apresentar em palcos de Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre e Salvador, a peça finalmente chega ao Rio dia 5 de agosto, no Teatro XP, que fica no Jockey Clube.

A adaptação do texto para o palco ficou a cargo de Michelle Ferreira. E a direção é do craque Bruno Guida. Quanto à autora do livro, conseguiu com muita dor e sacrifício se livrar do vício. E seus fãs e admiradores estão muito felizes por tudo ter acabado em teatro.

Waldir Leite é jornalista e filósofo existencialista graduado pela UFRJ. Gosta da vida e dos filmes de Woody Allen. Escreve contos e romances. Vai a praia sempre que pode. E sofre muito por não poder acabar com a guerra, a fome e a miséria.

*As opiniões contidas neste texto não refletem, necessariamente, as do portal SRzd

Barbara Gancia é bárbara. Seu suave veneno faz a alegria do pessoal que frequenta o Twitter. Suas intervenções na plataforma são sempre oportunas e inteligentes. Sabe ser durona, quando identifica o fascismo se infiltrando na rede. Mas também sabe oferecer doçura e delicadeza quando discute assuntos nobres como arte e cultura.

Bárbara Gancia é uma grande dama da imprensa paulista, uma sobrevivente dos bons tempos do jornalismo impresso que soube se reinventar na internet depois que jornais e revistas se transformaram em coisas do passado.

Não podemos jamais esquecer: a internet, com seus sites, blogs e redes sociais, acabou com o jornalismo impresso. Aquele prazer de ler um belo texto jornalístico escrito numa folha de papel bem diagramada é algo que ficou para trás.

Ao texto jornalístico só restou a tela de plasma. Mas enquanto reinou absoluto no mundo da informação, e aqui no Brasil tendo São Paulo como seu epicentro, o jornalismo impresso sempre teve em dona Bárbara um de seus ícones. Quando a imprensa paulista precisava de um texto moderno, descolado, e com um sotaque verdadeiramente local, recorria a ela. Foi assim que fez história escrevendo para publicações como Status, Senhor, Gallery, Elle, Interview e tantas outras. Além disso, durante três décadas escreveu uma coluna para o jornal Folha de São Paulo.

Os leitores que acompanharam sua trajetória e admiravam seus textos sempre divertidos, maliciosos e inteligentes jamais poderiam imaginar que ela tinha um segredo, que só foi revelado em 2018, por ocasião do lançamento de “Saideira”, seu livro de memórias. Com o mesmo texto saboroso dos seus artigos e colunas, ela revelou ao público o drama de ser alcoólatra.

E alguém que parecia tão sóbria no ato de escrever se revelou uma desequilibrada na sua relação com o álcool. Durante boa parte da sua vida ela teve o lance daquele personagem da marchinha de carnaval que dizia “você pensa que cachaça é água”. Era assim que ela lidava com a bebida: como se fosse água. E, obviamente, perdia o controle, aprontava todas, sofria e fazia o sofrimento de todos que estavam à sua volta. Dirigia embriagada, caía de bêbada nas calçadas, fazia escândalo, dormia na sarjeta, desaparecia deixando a família desesperada sem notícias. Uma verdadeira Heleninha Roitmann na sua relação com a bebida.

O livro fez sucesso desde o lançamento e acabou atraindo o interesse da atriz Marisa Orth, que viu ali elementos para um espetáculo teatral. Identificou o que seria um verdadeiro presente para uma atriz: viver no palco o drama de uma personagem que luta para se livrar da dependência alcoólica. Com todas as possibilidades cênicas de drama, humor e expressão corporal que um papel desses pode representar. Oportunidade perfeita para uma atriz que estava em busca de um espetáculo marcante para comemorar seus quarenta anos de carreira. Assim nasceu a peça “Bárbara”, monólogo que trás para o teatro o drama real vivido por Barbara Gancia.

A interação entre atriz e personagem foi tão forte que Marisa Orth recebeu o Prêmio Bibi Ferreira de melhor atriz por conta da bem sucedida temporada em São Paulo. Depois de viajar pelo Brasil e se apresentar em palcos de Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre e Salvador, a peça finalmente chega ao Rio dia 5 de agosto, no Teatro XP, que fica no Jockey Clube.

A adaptação do texto para o palco ficou a cargo de Michelle Ferreira. E a direção é do craque Bruno Guida. Quanto à autora do livro, conseguiu com muita dor e sacrifício se livrar do vício. E seus fãs e admiradores estão muito felizes por tudo ter acabado em teatro.

Waldir Leite é jornalista e filósofo existencialista graduado pela UFRJ. Gosta da vida e dos filmes de Woody Allen. Escreve contos e romances. Vai a praia sempre que pode. E sofre muito por não poder acabar com a guerra, a fome e a miséria.

*As opiniões contidas neste texto não refletem, necessariamente, as do portal SRzd

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