Somos tolerantes com a corrupção

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O título deste post é avassalador. Reconheço. Sempre haverá alguém revoltado: “Pode parar. Eu não sou!”. Longe de mim querer brigar com quem quer que seja, muito menos com os exaltados. A forma como lidamos com a corrupção é cultural, ora direis. Pode ser… Um dos presidentes de Uganda exigiu que sua comitiva estacionasse na […]

POR Sidney Rezende19/11/2016|4 min de leitura

Somos tolerantes com a corrupção
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O título deste post é avassalador. Reconheço. Sempre haverá alguém revoltado: “Pode parar. Eu não sou!”.
Longe de mim querer brigar com quem quer que seja, muito menos com os exaltados.

A forma como lidamos com a corrupção é cultural, ora direis. Pode ser…

Um dos presidentes de Uganda exigiu que sua comitiva estacionasse na principal avenida da capital, Kampala. Ele determinou que o trânsito fosse interrompido, e pediu uma cadeira. Saiu do carro, sentou-se nela e postou-se no meio da pista e… atendeu ao celular. A conversa transcorreu sem pressa, enquanto os pedestres e motoristas aguardavam a liberação da via. Mais tarde, ele disse: “Fiz isso para que todos soubessem quem manda aqui”.

Donald Trump resolveu pagar o que deve a estudantes lesados pela universidade que tem o seu nome e pertence à sua família, mas somente depois que tornou-se presidente eleito dos Estados Unidos. Antes, ele ia empurrando com a barriga sua obrigação legal. Descumprindo-a, diga-se com todas as letras.

Três histórias reais ocorridas na Alemanha. Na primeira, um italiano estava circulando de bicicleta em via pública falando ao celular. O policial o parou e lavrou multa. O italiano, gesticulando, tentou se explicar. O policial o interrompeu: “Aqui, só eu falo. É proibido pilotar e falar ao celular ao mesmo tempo”. Papo encerrado.

A segunda, um motorista estacionou o carro em local não autorizado. O guarda de trânsito viu a irregularidade e o multou. O proprietário tentou explicar o motivo para sua parada extemporânea. O militar, em silêncio, nem levantou a cabeça – como se não tivesse ouvido – e saiu. Se houvesse insistência, o prejuízo para o infrator seria muito maior. Ele sabe disso. E se calou.

Ora, se é proibido, é proibido. Não importa se havia uma emergência em curso.

A terceira é que na Alemanha não existe a hipótese de uma criança faltar à aula sem explicação convincente dos pais. Faltou uma vez: advertência. Faltou novamente, em sequência, só se aceita explicação com a presença dos pais na secretaria da inspetoria. E, se houver uma terceira falta, alguém da escola irá pessoalmente até a casa do “gazeteiro” para saber o que está havendo.

Não existe corrupção – ou tentativas de burlas às leis, só no Brasil -, mas que somos “mansos” no quesito ordem pública, somos.

Vamos listar alguns exemplos nativos. Dos 24 ministros de Temer, 15 são investigados ou citados na Lava Jato. Um dos seus líderes teve que responder a um caso de homicídio.

Para não passar batido, o próprio presidente da República diante da Justiça não é mais primário e ainda precisa explicar o cheque nominal de R$ 1 milhão de empreiteira para sua campanha política.

Neste sábado(19), o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero contou que um colega, também ministro, Geddel Vieira Lima, queria um favor dele. Geddel é dono de um imóvel num empreendimento embargado, em Salvador, Bahia. Calero não aceitou praticar a irregularidade “solicitada”. Sem entender a recusa de Calero e a demora em fazer o que ele gostaria, saiu-se com uma pérola: “E eu, que comprei um andar alto, como é que eu fico?”, cobrava o ministro Geddel.

Quem saiu? O que emparedou o colega em benefício próprio, ou o ministro que neste episódio se mostrou íntegro?

Nesta semana, dois ex-governadores do Rio de Janeiro sentiram como é quente o inferno. Sérgio Cabral e Anthony Garotinho foram presos por razões diferentes. As acusações e as suspeitas contra ambos são vergonhosas.

A Operação Lava Jato vomita constantemente exemplos de má conduta, mentiras que se pretende passar por verdades, traições e crimes variados. Muitos crimes. O andar de cima está podre. E está podre porque todos somos tolerantes com o que dizem e o que fazem. Nós deixamos.

Uma banana para tudo isso. Como a da senhora da foto acima deste texto.

Vamos dar um basta ao comportamento de “levar vantagem”, dar jeitinho ao nosso favor, a moleza, a falta de profissionalismo, a burla, ao achaque para não cumprir a lei e outros tantos pequenos delitos, como se tudo isso não tivesse “liga” com o que os caras em Brasília e nos palácios andam fazendo.

Não podemos agir como eles. Só assim poderemos cobrar deles condenação pelos crimes que praticaram e devolução aos cofres de tudo o que subtraíram.

Só está faltando a nossa parte para tudo ficar lindo.

O título deste post é avassalador. Reconheço. Sempre haverá alguém revoltado: “Pode parar. Eu não sou!”.
Longe de mim querer brigar com quem quer que seja, muito menos com os exaltados.

A forma como lidamos com a corrupção é cultural, ora direis. Pode ser…

Um dos presidentes de Uganda exigiu que sua comitiva estacionasse na principal avenida da capital, Kampala. Ele determinou que o trânsito fosse interrompido, e pediu uma cadeira. Saiu do carro, sentou-se nela e postou-se no meio da pista e… atendeu ao celular. A conversa transcorreu sem pressa, enquanto os pedestres e motoristas aguardavam a liberação da via. Mais tarde, ele disse: “Fiz isso para que todos soubessem quem manda aqui”.

Donald Trump resolveu pagar o que deve a estudantes lesados pela universidade que tem o seu nome e pertence à sua família, mas somente depois que tornou-se presidente eleito dos Estados Unidos. Antes, ele ia empurrando com a barriga sua obrigação legal. Descumprindo-a, diga-se com todas as letras.

Três histórias reais ocorridas na Alemanha. Na primeira, um italiano estava circulando de bicicleta em via pública falando ao celular. O policial o parou e lavrou multa. O italiano, gesticulando, tentou se explicar. O policial o interrompeu: “Aqui, só eu falo. É proibido pilotar e falar ao celular ao mesmo tempo”. Papo encerrado.

A segunda, um motorista estacionou o carro em local não autorizado. O guarda de trânsito viu a irregularidade e o multou. O proprietário tentou explicar o motivo para sua parada extemporânea. O militar, em silêncio, nem levantou a cabeça – como se não tivesse ouvido – e saiu. Se houvesse insistência, o prejuízo para o infrator seria muito maior. Ele sabe disso. E se calou.

Ora, se é proibido, é proibido. Não importa se havia uma emergência em curso.

A terceira é que na Alemanha não existe a hipótese de uma criança faltar à aula sem explicação convincente dos pais. Faltou uma vez: advertência. Faltou novamente, em sequência, só se aceita explicação com a presença dos pais na secretaria da inspetoria. E, se houver uma terceira falta, alguém da escola irá pessoalmente até a casa do “gazeteiro” para saber o que está havendo.

Não existe corrupção – ou tentativas de burlas às leis, só no Brasil -, mas que somos “mansos” no quesito ordem pública, somos.

Vamos listar alguns exemplos nativos. Dos 24 ministros de Temer, 15 são investigados ou citados na Lava Jato. Um dos seus líderes teve que responder a um caso de homicídio.

Para não passar batido, o próprio presidente da República diante da Justiça não é mais primário e ainda precisa explicar o cheque nominal de R$ 1 milhão de empreiteira para sua campanha política.

Neste sábado(19), o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero contou que um colega, também ministro, Geddel Vieira Lima, queria um favor dele. Geddel é dono de um imóvel num empreendimento embargado, em Salvador, Bahia. Calero não aceitou praticar a irregularidade “solicitada”. Sem entender a recusa de Calero e a demora em fazer o que ele gostaria, saiu-se com uma pérola: “E eu, que comprei um andar alto, como é que eu fico?”, cobrava o ministro Geddel.

Quem saiu? O que emparedou o colega em benefício próprio, ou o ministro que neste episódio se mostrou íntegro?

Nesta semana, dois ex-governadores do Rio de Janeiro sentiram como é quente o inferno. Sérgio Cabral e Anthony Garotinho foram presos por razões diferentes. As acusações e as suspeitas contra ambos são vergonhosas.

A Operação Lava Jato vomita constantemente exemplos de má conduta, mentiras que se pretende passar por verdades, traições e crimes variados. Muitos crimes. O andar de cima está podre. E está podre porque todos somos tolerantes com o que dizem e o que fazem. Nós deixamos.

Uma banana para tudo isso. Como a da senhora da foto acima deste texto.

Vamos dar um basta ao comportamento de “levar vantagem”, dar jeitinho ao nosso favor, a moleza, a falta de profissionalismo, a burla, ao achaque para não cumprir a lei e outros tantos pequenos delitos, como se tudo isso não tivesse “liga” com o que os caras em Brasília e nos palácios andam fazendo.

Não podemos agir como eles. Só assim poderemos cobrar deles condenação pelos crimes que praticaram e devolução aos cofres de tudo o que subtraíram.

Só está faltando a nossa parte para tudo ficar lindo.

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