NA LOCADORA: Cidadão Kane

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O filme genial que não rendeu um dólar.

POR Redação SRzd01/09/2006|4 min de leitura

NA LOCADORA: Cidadão Kane
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Cidadão Kane (Citizen Kane)
EUA, 1941
De Orson Welles
Roteiro de Herman J. Mankiewicz e Orson Welles
Produção de Orson Welles
Edição de Robert Wise
Com Orson Welles, Joseph Cotten e Dorothy Comingore

“Se eu não fosse tão rico, poderia ter sido um grande homem”. Kane

Um repórter busca reconstruir a vida de Charles Foster Kane (Welles), um poderoso homem da imprensa, a partir da última palavra que ele fala antes de morrer: rosebud.

Será que alguém realmente pode reservar os direitos autorais da história da sua própria vida? O. W.

Graças a Deus, o negativo de Cidadão Kane não foi destruído. Quando o chefe da Censura foi assistir ao filme para dar seu ok, Welles enfiou um terço no bolso e, no final da exibição, deixou-o cair em frente ao censor, super católico. O cineasta educadamente pediu licença e pegou o terço de volta. Só por isso o filme ‘ hoje considerado o melhor de todos os tempos ‘ foi salvo. O estúdio implorava ao diretor que o queimasse para evitar mais problemas.

Quando o cineasta, aos 25 anos, recebeu carta branca dos estúdios da RKO para fazer o que bem quisesse no seu primeiro filme, não foi porque os produtores de cinema eram sensíveis à genialidade do rapaz, mas devido ao sucesso estrondoso de seu programa de rádio. Baseadíssimo na vida de William Randolph Hearst ‘ o magnata das comunicações – Cidadão Kane sofreu todos os tipos de boicotes e represálias. Os jornais de Hearst receberam ordens expressas de nunca mais tocar no nome da RKO.

Não que o alvo do diretor fosse o megaempresário do jornalismo; Orson queria apenas se basear em alguém poderoso, tendo pensado inclusive em Howard Hughs, o aviador multibilionário. Optando por Hearst, o cineasta já esperava por isso, mas nunca poderia imaginar que todos à sua volta fossem amarelar. O filme não foi exibido nas cadeias de cinema, nem em lugar nenhum, a não ser em poucas cinematecas. Já que não se falava em outra coisa, Welles propôs que o estúdio colocasse anúncios nos jornais ‘ “Este é o filme que você não pode ver no seu cinema local” ‘ e o exibisse em enormes tendas. Suas jogadas de marketing foram ignoradas, e o filme não rendeu um dólar. A raiva de Hearst, já imaginada por Orson Welles, tinha uma certa razão de ser. Além de Kane ter o mesmo poder que ele, as mesmas manias, um parques de diversões particular, Xanadu, onde os privilégios não tinham limites ‘ Chaplin batia ponto regularmente ‘ e até um zoológico particular, o diretor se atreveu a usar rosebud como palavra-chave do filme, justamente o apelido que o empresário dava à, digamos, parte mais íntima de sua amante. Quá.

Assim como em todos os grandes filmes, aconteceram mil problemas no set. Orson usava lentes de contato para que seus olhos parecessem envelhecer no decorrer da história. Com elas, ele não enxergava um palmo, e chegou a rolar a escadaria do cenário e quebrar ossos, sendo obrigado a continuar rodando o filme em uma cadeira de rodas. O local também pegou fogo, de tantos trenós queimados na lareira. Seu nariz era postiço. Mas nada disso interessa. O maior mérito do filme foi o modo revolucionário usado pelo cineasta, que rodou longas seqüencias sem cortes, flashbacks fora de ordem, tomadas de baixo para cima, e outras coisas impensáveis na época. Tudo que hoje em dia todo mundo faz, mas ninguém fazia antes dele.

Cidadão Kane foi indicado a vários Oscars e só ganhou o de melhor roteiro, mesmo assim com o propósito de derrubá-lo mais ainda, já que havia rumores em relação a sua verdadeira autoria. A platéia vaiou e riu muito, debochando do diretor.

Por coincidência, ele envelheceu com o rosto parecidíssimo com o de seu personagem.

Marina W. é jornalista
www.blowg.pixelzine.com

Cidadão Kane (Citizen Kane)
EUA, 1941
De Orson Welles
Roteiro de Herman J. Mankiewicz e Orson Welles
Produção de Orson Welles
Edição de Robert Wise
Com Orson Welles, Joseph Cotten e Dorothy Comingore

“Se eu não fosse tão rico, poderia ter sido um grande homem”. Kane

Um repórter busca reconstruir a vida de Charles Foster Kane (Welles), um poderoso homem da imprensa, a partir da última palavra que ele fala antes de morrer: rosebud.

Será que alguém realmente pode reservar os direitos autorais da história da sua própria vida? O. W.

Graças a Deus, o negativo de Cidadão Kane não foi destruído. Quando o chefe da Censura foi assistir ao filme para dar seu ok, Welles enfiou um terço no bolso e, no final da exibição, deixou-o cair em frente ao censor, super católico. O cineasta educadamente pediu licença e pegou o terço de volta. Só por isso o filme ‘ hoje considerado o melhor de todos os tempos ‘ foi salvo. O estúdio implorava ao diretor que o queimasse para evitar mais problemas.

Quando o cineasta, aos 25 anos, recebeu carta branca dos estúdios da RKO para fazer o que bem quisesse no seu primeiro filme, não foi porque os produtores de cinema eram sensíveis à genialidade do rapaz, mas devido ao sucesso estrondoso de seu programa de rádio. Baseadíssimo na vida de William Randolph Hearst ‘ o magnata das comunicações – Cidadão Kane sofreu todos os tipos de boicotes e represálias. Os jornais de Hearst receberam ordens expressas de nunca mais tocar no nome da RKO.

Não que o alvo do diretor fosse o megaempresário do jornalismo; Orson queria apenas se basear em alguém poderoso, tendo pensado inclusive em Howard Hughs, o aviador multibilionário. Optando por Hearst, o cineasta já esperava por isso, mas nunca poderia imaginar que todos à sua volta fossem amarelar. O filme não foi exibido nas cadeias de cinema, nem em lugar nenhum, a não ser em poucas cinematecas. Já que não se falava em outra coisa, Welles propôs que o estúdio colocasse anúncios nos jornais ‘ “Este é o filme que você não pode ver no seu cinema local” ‘ e o exibisse em enormes tendas. Suas jogadas de marketing foram ignoradas, e o filme não rendeu um dólar. A raiva de Hearst, já imaginada por Orson Welles, tinha uma certa razão de ser. Além de Kane ter o mesmo poder que ele, as mesmas manias, um parques de diversões particular, Xanadu, onde os privilégios não tinham limites ‘ Chaplin batia ponto regularmente ‘ e até um zoológico particular, o diretor se atreveu a usar rosebud como palavra-chave do filme, justamente o apelido que o empresário dava à, digamos, parte mais íntima de sua amante. Quá.

Assim como em todos os grandes filmes, aconteceram mil problemas no set. Orson usava lentes de contato para que seus olhos parecessem envelhecer no decorrer da história. Com elas, ele não enxergava um palmo, e chegou a rolar a escadaria do cenário e quebrar ossos, sendo obrigado a continuar rodando o filme em uma cadeira de rodas. O local também pegou fogo, de tantos trenós queimados na lareira. Seu nariz era postiço. Mas nada disso interessa. O maior mérito do filme foi o modo revolucionário usado pelo cineasta, que rodou longas seqüencias sem cortes, flashbacks fora de ordem, tomadas de baixo para cima, e outras coisas impensáveis na época. Tudo que hoje em dia todo mundo faz, mas ninguém fazia antes dele.

Cidadão Kane foi indicado a vários Oscars e só ganhou o de melhor roteiro, mesmo assim com o propósito de derrubá-lo mais ainda, já que havia rumores em relação a sua verdadeira autoria. A platéia vaiou e riu muito, debochando do diretor.

Por coincidência, ele envelheceu com o rosto parecidíssimo com o de seu personagem.

Marina W. é jornalista
www.blowg.pixelzine.com

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