A cada três pessoas no Brasil uma sofre com bruxismo, um problema que é diretamente relacionado aos distúrbios do sono e causador de malefícios à saúde.
Dois tipos de bruxismo podem afetar o organismo, o do sono e o diurno. O primeiro ocorre durante a noite e pode ser silencioso ou com ruídos, quando existe apertamento associado ao deslize lateral dos dentes, fazendo um som que caracteriza um rangido. Já o diurno é normalmente silencioso e também é caracterizado pelo apertamento em nível vertical, ou seja, a musculatura mastigatória comprime os dentes inferiores contra os superiores.
De acordo com o especialista em cirurgia buco-maxilo-facial do Centro de Deformidades da Face, Bruno Chagas, o bruxismo é um mecanismo fisiológico que acontece naturalmente e muito comum em grande parte da população.
“O bruxismo se torna uma disfunção quando é acompanhado de ranger ou apertamento de dentes e excesso de força empregado na mandíbula. A pressão exercida pelos músculos mastigatórios é destrutiva para a estrutura do rosto, que não possui capacidade para aguentar tanta potência”, explica Chagas.
Segundo um estudo realizado por pesquisadores da PUC – RS, as dificuldades respiratórias durante o sono aumentam o número de episódios de bruxismo, pois o problema ocorre justamente durante os despertares.
“Os distúrbios do sono provocam micro-despertares, prejudicando a qualidade do descanso e estimulando o bruxismo. Quem sofre com a chamada apneia do sono, definida como interrupções da respiração durante a noite, tem sete vezes mais chances de apresentar o problema”, destaca Chagas. O levantamento ainda aponta que as pessoas saudáveis chegam a apertar os dentes 280 vezes por noite, enquanto quem sofre com o bruxismo faz o mesmo movimento durante até 12 mil vezes por noite.
O especialista declara que não existe um tratamento padrão para o bruxismo e os profissionais que tratam pacientes com o problema devem estar atentos a todas as causas. Muitas vezes são necessárias terapias conjuntas, de atuação interdisciplinar.
“O uso de dispositivos intra-bucais, terapias medicamentosas, terapias cognitivo-comportamentais ou a associação de todas estas estratégias podem ser necessárias durante o tratamento. A técnica escolhida depende de cada caso clínico e o objetivo principal é reduzir a tensão da musculatura mastigatória, minimizar os níveis de ansiedade e controlar a intensidade dos episódios alérgicos”, finaliza ele.