COMPORTAMENTO: PCC começa a ser idolatrado, diz sociólogo

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Facção aproveita vazios do Estado e estende base de apoio a não-criminosos na periferia, explica diretor do instituto da ONU para violência.

POR Redação SRzd23/08/2006|3 min de leitura

COMPORTAMENTO: PCC começa a ser idolatrado, diz sociólogo
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A facção criminosa paulista Primeiro Comando da Capital, que se tornou nacionalmente conhecida sob a sigla PCC após as ondas de ataques em São Paulo, está estendendo sua base de apoio para além dos criminosos. A organização criminosa tem conquistado a simpatia de cidadãos desligados de qualquer atividade ilegal e seu líder, Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, tem sido até mesmo idolatrado por adolescentes da periferia.

A avaliação é do sociólogo Guaracy Mingardi, diretor-científico do ILANUD (Instituto Latino-Americano das Nações Unidas para a Prevenção de Delitos e o Tratamento de Delinqüentes).

“A má gestão do Estado no combate às ações do PCC permitiu que a facção ganhasse apoio fora da prisão”, afirma Mingardi. “Os erros acabaram por tornar um criminoso um ídolo da molecada. Conheço professoras que dão aula na periferia que dizem que em toda turma de adolescentes tem pelo menos um ou dois que acham o Marcola o máximo”, conta. “E são estudantes que chegaram ao ensino médio, não são os que se perderam no caminho”.

O sociólogo diz não saber se o PCC tem uma política deliberada para angariar apoio entre a população. “Eles [o PCC] podem até ter essa idéia, podem distribuir remédios e ajudar as pessoas na favela, mas isso só acontece por ingerência do Estado”, critica.

Mingardi participou na última sexta-feira do seminário “Segurança Pública, Direitos Humanos e Justiça”, realizado pela Comissão Municipal de Direitos Humanos de São Paulo, pela Secretaria Especial de Direitos Humanos (ligada à Presidência da República), pelo Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo e pelo Programa das Nações Unidas pelo Desenvolvimento (PNUD), com o apoio da Associação dos Advogados de São Paulo.

O diretor do ILANUD foi um dos palestrantes do painel “Crime organizado e crise no sistema de Justiça Criminal”, que ainda contou com a participação da antropóloga Alba Zaluar, do sociólogo Michel Misse, do promotor Roberto Antonio Costa e da psicóloga Nancy Cardia.

Apesar de adotar uma tática típica de guerrilhas revolucionárias, como as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), as investidas da facção paulista não têm ambições políticas, segundo o diretor do ILANUD. “O PCC não tem nada a ver com as FARC. O PCC tem um inimigo, que é administração penitenciária de São Paulo. Não há um caráter político, é só disfarce”, afirma.

Mesmo o seqüestro de um repórter e de um técnico da TV Globo não foi uma ação política, avalia. Esse crime, diz Mingardi, foi um recado às forças de segurança e um protesto pelo fim do regime disciplinar diferenciado (que limita a capacidade de comunicação dos presos).

O PCC (Primeiro Comando da Capital) surgiu em 1993 a partir de uma associação de detentos nos presídios paulistas. Embora tenha a mesma origem que as organizações criminosas do Rio de Janeiro, a facção tem um quadro composto na maior parte por “bandidos”, ao contrário das cariocas, formadas principalmente por traficantes, segundo Guaracy Mingardi. “Os líderes estão investindo bastante no tráfico, mas 80% dos integrantes são bandidos”, conta.

Fonte: Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

A facção criminosa paulista Primeiro Comando da Capital, que se tornou nacionalmente conhecida sob a sigla PCC após as ondas de ataques em São Paulo, está estendendo sua base de apoio para além dos criminosos. A organização criminosa tem conquistado a simpatia de cidadãos desligados de qualquer atividade ilegal e seu líder, Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, tem sido até mesmo idolatrado por adolescentes da periferia.

A avaliação é do sociólogo Guaracy Mingardi, diretor-científico do ILANUD (Instituto Latino-Americano das Nações Unidas para a Prevenção de Delitos e o Tratamento de Delinqüentes).

“A má gestão do Estado no combate às ações do PCC permitiu que a facção ganhasse apoio fora da prisão”, afirma Mingardi. “Os erros acabaram por tornar um criminoso um ídolo da molecada. Conheço professoras que dão aula na periferia que dizem que em toda turma de adolescentes tem pelo menos um ou dois que acham o Marcola o máximo”, conta. “E são estudantes que chegaram ao ensino médio, não são os que se perderam no caminho”.

O sociólogo diz não saber se o PCC tem uma política deliberada para angariar apoio entre a população. “Eles [o PCC] podem até ter essa idéia, podem distribuir remédios e ajudar as pessoas na favela, mas isso só acontece por ingerência do Estado”, critica.

Mingardi participou na última sexta-feira do seminário “Segurança Pública, Direitos Humanos e Justiça”, realizado pela Comissão Municipal de Direitos Humanos de São Paulo, pela Secretaria Especial de Direitos Humanos (ligada à Presidência da República), pelo Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo e pelo Programa das Nações Unidas pelo Desenvolvimento (PNUD), com o apoio da Associação dos Advogados de São Paulo.

O diretor do ILANUD foi um dos palestrantes do painel “Crime organizado e crise no sistema de Justiça Criminal”, que ainda contou com a participação da antropóloga Alba Zaluar, do sociólogo Michel Misse, do promotor Roberto Antonio Costa e da psicóloga Nancy Cardia.

Apesar de adotar uma tática típica de guerrilhas revolucionárias, como as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), as investidas da facção paulista não têm ambições políticas, segundo o diretor do ILANUD. “O PCC não tem nada a ver com as FARC. O PCC tem um inimigo, que é administração penitenciária de São Paulo. Não há um caráter político, é só disfarce”, afirma.

Mesmo o seqüestro de um repórter e de um técnico da TV Globo não foi uma ação política, avalia. Esse crime, diz Mingardi, foi um recado às forças de segurança e um protesto pelo fim do regime disciplinar diferenciado (que limita a capacidade de comunicação dos presos).

O PCC (Primeiro Comando da Capital) surgiu em 1993 a partir de uma associação de detentos nos presídios paulistas. Embora tenha a mesma origem que as organizações criminosas do Rio de Janeiro, a facção tem um quadro composto na maior parte por “bandidos”, ao contrário das cariocas, formadas principalmente por traficantes, segundo Guaracy Mingardi. “Os líderes estão investindo bastante no tráfico, mas 80% dos integrantes são bandidos”, conta.

Fonte: Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

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