ROB FAUSTINO: “Soup ópera do Malandro”

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Minissérie em três capítulos cheia de safadezas.

POR Redação SRzd31/07/2006|4 min de leitura

ROB FAUSTINO: “Soup ópera do Malandro”
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Entrevistei o ex-craque Zizinho três vezes. A primeira para a série de documentários “Maracanã 50 Anos”; a segunda numa vídeobiografia para o Sportv/Globosat e a última para a série de TV C.O.P.A ( Cultura, Organização, Política e Arte) veiculada na ESPN Brasil. O mestre de futebol (e de vida) morreria cinco dias depois deste nosso último encontro. Foram quase duas horas de conversa na sala do apartamento em Icaraí, Niterói, com as paredes cobertas por fotos e flâmulas do Flamengo e do São Paulo, suas duas paixões.

Boa parte desta entrevista permanece inédita e na última pergunta, sem imaginar que seria a última que o mestre responderia para uma câmera de tv, quis saber o que ele fazia para se manter sempre de bem com a vida; ele fungou, pigarreou (de um jeito muito típico), me olhou, fungou de novo, sorriu e disse: “eu nasci malandro, malandro se poupa do que não presta, o resto é fácil”. Gostei tanto da resposta que pensei em fazer um programa inteiro só com este tema.

Zizinho sofreu as maiores traições como jogador de futebol; traição de cartola, de empresário disfarçado de dirigente, de amigo e de companheiro de profissão, mas nunca guardou mágoa de ninguém. Era um homem firme de olhar doce e que…nascera malandro. Mas, a que tipo de malandro mestre Ziza se referia ?

Certamente o malandro do Zizinho tinha muito do malandro que Chico Buarque descrevia na sua ópera:

O Malandro / Na dureza
Senta à Mesa / Do café
Bebe um gole / De cachaça
Acha graça / E dá no pé

O malandro do Chico escorregava pelo cotidiano, um pouco como Zizinho fazia com a bola entre os adversários ( ao menos é o que me contam, eu nunca o vi jogar). Os malandros do Chico Buarque, no máximo, se ajeitavam no meio do campo tentando distribuir melhor o jogo (entre o consumidor e o produtor):

O Galego acha Estranho
Que o seu ganho / Tá um horror
Pega o lápis / Soma os Canos
Passa os Danos / Pro distribuidor

O Galego tá apertado
Pro seu lado não tá bom
Então Deixa Congelada
A gorjeta do Garçom

O malandro de Zizinho me fez lembrar de um episódio da minha infância: “Seu” Adriano era um leiteiro lá de Vila Isabel, que deixava as garrafinhas na porta de minha avó Abélia. Minhas tias, maldosas, viviam dizendo que “Seu” Adriano fazia xixi no leite para render mais. Um dia, lembro-me de todas elas em fila (eram seis contando minha mãe) cheirando o leite do “Seu” Adriano. Até que minha tia Aida perguntou: por que ele faria xixi no leite, não seria mais fácil colocar água ? E minha tia Nina respondeu: “Porque além de ladrão, esse “Seu” Adriano é um FDP”

Pois é, “Seu” Adriano e o galego da música do Chico seriam o tipo de malandro a que Zizinho se referia. Hoje não seriam nem aprendizes de malandro.

Perto dos malandros de hoje, seriam “os malandros do bem” contra “os malandros do mal”. O que mais espanta é que passaram-se menos de 30 anos entre Seu Adriano e o juiz Nicolau dos Santos Netto, o Juiz Lalau do Tribunal de Contas de São Paulo. Passaram-se menos de trinta anos entre Zizinho e a máfia das sanguessugas. É muito pouco tempo para uma mudança tão brusca de costumes. Hoje não tem mais malandro, é tudo “máfia”. Mas, quem terá sido o último malandro do bem ? Você ainda conhece algum malandro do bem ? E qual a diferença entre malandro do bem e malandro do mal ?

Escreva, mande sua opinião e prepare-se ! Ao final desta série de três artigos, vamos escolher o maior malandro (do bem e do mal) de todos tempos.

Você já pode começar a votar. Na semana que vem, vamos falar de outros tipos de malandragem, mas pra não dizerem que saí à francesa, deixo aqui uma quadrinha de Jorge Aragão, outro júbilo ao malandro da antiga:

Malandro…
Eu Sei que você nem se liga no fato
De ser capoeira, moleque, mulato
Perdido no mundo / Morrendo de amor

Só peço o favor que tenhas cuidado
As coisas não andam bem pro seu lado
Assim você mata a Rosinha de dor….
( QUEMMMMMMMM ?????????????)

Rob Faustino é jornalista, documentarista e diretor de tv

Entrevistei o ex-craque Zizinho três vezes. A primeira para a série de documentários “Maracanã 50 Anos”; a segunda numa vídeobiografia para o Sportv/Globosat e a última para a série de TV C.O.P.A ( Cultura, Organização, Política e Arte) veiculada na ESPN Brasil. O mestre de futebol (e de vida) morreria cinco dias depois deste nosso último encontro. Foram quase duas horas de conversa na sala do apartamento em Icaraí, Niterói, com as paredes cobertas por fotos e flâmulas do Flamengo e do São Paulo, suas duas paixões.

Boa parte desta entrevista permanece inédita e na última pergunta, sem imaginar que seria a última que o mestre responderia para uma câmera de tv, quis saber o que ele fazia para se manter sempre de bem com a vida; ele fungou, pigarreou (de um jeito muito típico), me olhou, fungou de novo, sorriu e disse: “eu nasci malandro, malandro se poupa do que não presta, o resto é fácil”. Gostei tanto da resposta que pensei em fazer um programa inteiro só com este tema.

Zizinho sofreu as maiores traições como jogador de futebol; traição de cartola, de empresário disfarçado de dirigente, de amigo e de companheiro de profissão, mas nunca guardou mágoa de ninguém. Era um homem firme de olhar doce e que…nascera malandro. Mas, a que tipo de malandro mestre Ziza se referia ?

Certamente o malandro do Zizinho tinha muito do malandro que Chico Buarque descrevia na sua ópera:

O Malandro / Na dureza
Senta à Mesa / Do café
Bebe um gole / De cachaça
Acha graça / E dá no pé

O malandro do Chico escorregava pelo cotidiano, um pouco como Zizinho fazia com a bola entre os adversários ( ao menos é o que me contam, eu nunca o vi jogar). Os malandros do Chico Buarque, no máximo, se ajeitavam no meio do campo tentando distribuir melhor o jogo (entre o consumidor e o produtor):

O Galego acha Estranho
Que o seu ganho / Tá um horror
Pega o lápis / Soma os Canos
Passa os Danos / Pro distribuidor

O Galego tá apertado
Pro seu lado não tá bom
Então Deixa Congelada
A gorjeta do Garçom

O malandro de Zizinho me fez lembrar de um episódio da minha infância: “Seu” Adriano era um leiteiro lá de Vila Isabel, que deixava as garrafinhas na porta de minha avó Abélia. Minhas tias, maldosas, viviam dizendo que “Seu” Adriano fazia xixi no leite para render mais. Um dia, lembro-me de todas elas em fila (eram seis contando minha mãe) cheirando o leite do “Seu” Adriano. Até que minha tia Aida perguntou: por que ele faria xixi no leite, não seria mais fácil colocar água ? E minha tia Nina respondeu: “Porque além de ladrão, esse “Seu” Adriano é um FDP”

Pois é, “Seu” Adriano e o galego da música do Chico seriam o tipo de malandro a que Zizinho se referia. Hoje não seriam nem aprendizes de malandro.

Perto dos malandros de hoje, seriam “os malandros do bem” contra “os malandros do mal”. O que mais espanta é que passaram-se menos de 30 anos entre Seu Adriano e o juiz Nicolau dos Santos Netto, o Juiz Lalau do Tribunal de Contas de São Paulo. Passaram-se menos de trinta anos entre Zizinho e a máfia das sanguessugas. É muito pouco tempo para uma mudança tão brusca de costumes. Hoje não tem mais malandro, é tudo “máfia”. Mas, quem terá sido o último malandro do bem ? Você ainda conhece algum malandro do bem ? E qual a diferença entre malandro do bem e malandro do mal ?

Escreva, mande sua opinião e prepare-se ! Ao final desta série de três artigos, vamos escolher o maior malandro (do bem e do mal) de todos tempos.

Você já pode começar a votar. Na semana que vem, vamos falar de outros tipos de malandragem, mas pra não dizerem que saí à francesa, deixo aqui uma quadrinha de Jorge Aragão, outro júbilo ao malandro da antiga:

Malandro…
Eu Sei que você nem se liga no fato
De ser capoeira, moleque, mulato
Perdido no mundo / Morrendo de amor

Só peço o favor que tenhas cuidado
As coisas não andam bem pro seu lado
Assim você mata a Rosinha de dor….
( QUEMMMMMMMM ?????????????)

Rob Faustino é jornalista, documentarista e diretor de tv

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