SAÚDE: Uso de álcool líquido aumenta número de crianças queimadas

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Associação de produtores de álcool garante que embalagem brasileira é uma das mais seguras do mundo.

POR Redação SRzd15/06/2006|6 min de leitura

SAÚDE: Uso de álcool líquido aumenta número de crianças queimadas
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Festas juninas, férias escolares e, neste ano especificamente, Copa do Mundo. Motivos não faltam para as crianças inventarem o que fazer em casa ou na rua com os amigos. O problema é quando elas decidem brincar com fogo.

Nos meses de junho e julho cresce o número de crianças queimadas ao brincarem com álcool perto de fogueiras, churrasqueiras, balões, bombas de fabricação caseira e fogos de artifício.

Aproveitando o mês propício e o Dia Nacional da Luta Contra Queimaduras (06/06), representantes da sociedade civil lançaram um manifesto contra a continuidade da venda direta ao público do álcool líquido de uso doméstico, acima de 46° INPM (54° GL).

O manifesto foi assinado pelas seguintes entidades: Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Pro-Teste), ONG Criança Segura, Associação Médica Brasileira, Associação Paulista de Medicina, Sociedade Brasileira de Pediatria, Sociedade Brasileira de Queimaduras e Associação Pró-Queimados. O documento foi entregue aos promotores de Justiça e juízes que cuidam do caso sobre a proibição da venda de álcool na forma líquida, assim como a membros do Congresso Nacional. O objetivo é sensibilizá-los para que acelerem a votação dos projetos que tratam do assunto na Câmara Federal e pedir pressa à Justiça no andamento do processo que trata deste polêmico caso.

Um abaixo-assinado deve começar a circular por diversos estados ainda este mês para obter apoio da sociedade civil.

Segundo a Sociedade Brasileira de Queimaduras, cerca de 150 mil pessoas por ano são vítimas de queimaduras provocadas por acidentes com álcool líquido no Brasil – um terço desse total é de crianças. A entidade ressalta que “os acidentes causados por queimaduras provocam graves seqüelas estéticas, psicológicas e, em alguns casos, funcionais, levando 3% dos pacientes internados a óbitosâ?.

Proibição

Em fevereiro de 2002, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) editou uma resolução que proibia a venda do álcool líquido de uso doméstico no país. A partir daí, o produto em gel foi ganhando vez no mercado. No entanto, uma liminar concedida pela Justiça em Brasília permitiu que as indústrias filiadas à Associação Brasileira de Produtores e Envasadores de Álcool (Abraspea) comercializem o produto. As partes recorreram mas até hoje o processo corre na Justiça e o produto líquido é vendido normalmente em supermercados, mercearias, drogarias, farmácias e outros estabelecimentos em todo o país.

Segundo pesquisa da Sociedade Brasileira de Queimadura, o número de acidentes caiu significativamente nos seis meses em que o álcool líquido esteve proibido. O levantamento, realizado nos 56 centros de queimados no Brasil, identificou uma queda de 60% nos acidentes com álcool nos primeiros meses de validade da medida.

Custos

Segundo a ONG Criança Segura, o tratamento de uma pessoa queimada dura em torno de três meses e custa cerca de R$ 1.200 a RS$ 1.500 por dia pelo Sistema Énico de Saúde (SUS), sem levar em conta o valor da reabilitação e os custos indiretos (incapacidade para o trabalho, ausência no período escolar, ausência dos pais no trabalho porque têm que cuidar dos filhos etc.)

‘Culturaâ? do álcool

De fácil acesso e barato, o álcool líquido é o mais lembrado na hora de acender churrasqueiras, lareiras e fogueiras. Além disso, é tido como um eficiente produto de limpeza, usado para desinfetar banheiros, limpar vidros, janelas, metais, fórmicas e dar brilho em utensílios inoxidáveis.

‘O álcool não funciona como produto desinfetante: é preciso desmistificar o uso do álcool na limpeza. O próprio rótulo já diz, mesmo que com letras pequenas, que a ação de limpeza do produto não inclui desinfecção. O álcool realmente eficiente como bactericida é o que tem entre 68 e 72 graus mas ele é destinado apenas ao uso hospitalar; a venda direta ao público é proibida. Aqueles que usamos em casa ou têm água demais ou evaporam rapidamenteâ?, afirma a coordenadora da ONG Criança Segura em São Paulo, Cecília Lotufo, que acompanha diversos estudos sobre o assunto.

Para Cecília, o álcool em gel contribui muito na redução dos acidentes com queimaduras por não se espalhar facilmente e ter menor poder de combustão. Na limpeza, ela sugere que o consumidor use produtos comprovadamente desinfetantes como alternativa. “O álcool líquido funciona como uma bomba: sua embalagem explode rapidamente se for posta perto do calor. O problema é que o produto está enraizado na nossa cultura. Vende como água, está na casa do rico e do pobre”, lembra a coordenadora da ONG.

O outro lado

A Associação Brasileira de Produtores e Envasadores de Álcool diz que o Brasil tem uma das mais seguras embalagens de álcool líquido do mundo, com legislação específica e uma série de exigências de segurança para o transporte do produto. As embalagens atendem, desde 2001, às especificações do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) quanto à resistência, vedação, rigidez e alertas de segurança do produto, entre outras recomendações.

Em seu site, a Abraspea lista uma série de vantagens para se utilizar o álcool líquido, entre elas: é um produto de fabricação genuinamente nacional, há mais de 200 anos no mercado; é reconhecido pela Organização Mundial de Saúde e comprovadamente eficaz na eliminação de germes e bactérias; é o produto de limpeza preferido pelas classes menos favorecidas, presente em mais de 90% dos lares brasileiros; não oferece riscos se for usado de forma correta e cuidadosa; além de ser o único produto de limpeza com embalagem segura certificada pelo Inmetro.

Em relação aos acidentes, a Abraspea vê os dados da pesquisa da Sociedade Brasileira de Queimaduras por um outro ângulo. Diz que, como está provado, as crianças não são as maiores vítimas das queimaduras em geral. Os adultos, por estarem mais expostos aos riscos, registram 60% dos casos, enquanto as crianças representam 30% das ocorrências. Desses 30%, a principal causa de queimaduras em crianças é por líquido superaquecido (como água, sopa, leite e café) que representa 67% dos casos.

A associação reconhece que é necessária a adoção de constantes campanhas de educação e prevenção de acidentes para o uso de álcool líquido. No entanto, afirma que o produto traz mais benefícios que riscos e proporciona plena satisfação ao consumidor como um produto de limpeza barato e de eficácia reconhecida internacionalmente.

Festas juninas, férias escolares e, neste ano especificamente, Copa do Mundo. Motivos não faltam para as crianças inventarem o que fazer em casa ou na rua com os amigos. O problema é quando elas decidem brincar com fogo.

Nos meses de junho e julho cresce o número de crianças queimadas ao brincarem com álcool perto de fogueiras, churrasqueiras, balões, bombas de fabricação caseira e fogos de artifício.

Aproveitando o mês propício e o Dia Nacional da Luta Contra Queimaduras (06/06), representantes da sociedade civil lançaram um manifesto contra a continuidade da venda direta ao público do álcool líquido de uso doméstico, acima de 46° INPM (54° GL).

O manifesto foi assinado pelas seguintes entidades: Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Pro-Teste), ONG Criança Segura, Associação Médica Brasileira, Associação Paulista de Medicina, Sociedade Brasileira de Pediatria, Sociedade Brasileira de Queimaduras e Associação Pró-Queimados. O documento foi entregue aos promotores de Justiça e juízes que cuidam do caso sobre a proibição da venda de álcool na forma líquida, assim como a membros do Congresso Nacional. O objetivo é sensibilizá-los para que acelerem a votação dos projetos que tratam do assunto na Câmara Federal e pedir pressa à Justiça no andamento do processo que trata deste polêmico caso.

Um abaixo-assinado deve começar a circular por diversos estados ainda este mês para obter apoio da sociedade civil.

Segundo a Sociedade Brasileira de Queimaduras, cerca de 150 mil pessoas por ano são vítimas de queimaduras provocadas por acidentes com álcool líquido no Brasil – um terço desse total é de crianças. A entidade ressalta que “os acidentes causados por queimaduras provocam graves seqüelas estéticas, psicológicas e, em alguns casos, funcionais, levando 3% dos pacientes internados a óbitosâ?.

Proibição

Em fevereiro de 2002, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) editou uma resolução que proibia a venda do álcool líquido de uso doméstico no país. A partir daí, o produto em gel foi ganhando vez no mercado. No entanto, uma liminar concedida pela Justiça em Brasília permitiu que as indústrias filiadas à Associação Brasileira de Produtores e Envasadores de Álcool (Abraspea) comercializem o produto. As partes recorreram mas até hoje o processo corre na Justiça e o produto líquido é vendido normalmente em supermercados, mercearias, drogarias, farmácias e outros estabelecimentos em todo o país.

Segundo pesquisa da Sociedade Brasileira de Queimadura, o número de acidentes caiu significativamente nos seis meses em que o álcool líquido esteve proibido. O levantamento, realizado nos 56 centros de queimados no Brasil, identificou uma queda de 60% nos acidentes com álcool nos primeiros meses de validade da medida.

Custos

Segundo a ONG Criança Segura, o tratamento de uma pessoa queimada dura em torno de três meses e custa cerca de R$ 1.200 a RS$ 1.500 por dia pelo Sistema Énico de Saúde (SUS), sem levar em conta o valor da reabilitação e os custos indiretos (incapacidade para o trabalho, ausência no período escolar, ausência dos pais no trabalho porque têm que cuidar dos filhos etc.)

‘Culturaâ? do álcool

De fácil acesso e barato, o álcool líquido é o mais lembrado na hora de acender churrasqueiras, lareiras e fogueiras. Além disso, é tido como um eficiente produto de limpeza, usado para desinfetar banheiros, limpar vidros, janelas, metais, fórmicas e dar brilho em utensílios inoxidáveis.

‘O álcool não funciona como produto desinfetante: é preciso desmistificar o uso do álcool na limpeza. O próprio rótulo já diz, mesmo que com letras pequenas, que a ação de limpeza do produto não inclui desinfecção. O álcool realmente eficiente como bactericida é o que tem entre 68 e 72 graus mas ele é destinado apenas ao uso hospitalar; a venda direta ao público é proibida. Aqueles que usamos em casa ou têm água demais ou evaporam rapidamenteâ?, afirma a coordenadora da ONG Criança Segura em São Paulo, Cecília Lotufo, que acompanha diversos estudos sobre o assunto.

Para Cecília, o álcool em gel contribui muito na redução dos acidentes com queimaduras por não se espalhar facilmente e ter menor poder de combustão. Na limpeza, ela sugere que o consumidor use produtos comprovadamente desinfetantes como alternativa. “O álcool líquido funciona como uma bomba: sua embalagem explode rapidamente se for posta perto do calor. O problema é que o produto está enraizado na nossa cultura. Vende como água, está na casa do rico e do pobre”, lembra a coordenadora da ONG.

O outro lado

A Associação Brasileira de Produtores e Envasadores de Álcool diz que o Brasil tem uma das mais seguras embalagens de álcool líquido do mundo, com legislação específica e uma série de exigências de segurança para o transporte do produto. As embalagens atendem, desde 2001, às especificações do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) quanto à resistência, vedação, rigidez e alertas de segurança do produto, entre outras recomendações.

Em seu site, a Abraspea lista uma série de vantagens para se utilizar o álcool líquido, entre elas: é um produto de fabricação genuinamente nacional, há mais de 200 anos no mercado; é reconhecido pela Organização Mundial de Saúde e comprovadamente eficaz na eliminação de germes e bactérias; é o produto de limpeza preferido pelas classes menos favorecidas, presente em mais de 90% dos lares brasileiros; não oferece riscos se for usado de forma correta e cuidadosa; além de ser o único produto de limpeza com embalagem segura certificada pelo Inmetro.

Em relação aos acidentes, a Abraspea vê os dados da pesquisa da Sociedade Brasileira de Queimaduras por um outro ângulo. Diz que, como está provado, as crianças não são as maiores vítimas das queimaduras em geral. Os adultos, por estarem mais expostos aos riscos, registram 60% dos casos, enquanto as crianças representam 30% das ocorrências. Desses 30%, a principal causa de queimaduras em crianças é por líquido superaquecido (como água, sopa, leite e café) que representa 67% dos casos.

A associação reconhece que é necessária a adoção de constantes campanhas de educação e prevenção de acidentes para o uso de álcool líquido. No entanto, afirma que o produto traz mais benefícios que riscos e proporciona plena satisfação ao consumidor como um produto de limpeza barato e de eficácia reconhecida internacionalmente.

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