O Ministério Público Federal (MPF) apresentou nesta terça-feira (21) à Justiça Federal denúncia contra sete pessoas, incluindo o jornalista norte-americano Glenn Greenwald, responsável pelo site “The Intercept Brasil”, no âmbito da Operação Spoofing, que apura a invasão de celulares de autoridades. São apontados indícios dos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro e interceptação telefônica ilegal.
Segundo a denúncia, assinada pelo procurador da República Wellington Divino de Oliveira, Greenwald teria auxiliado, orientado e incentivado as atividades criminosas do grupo.
O jornalista não chegou a ser investigado pela Polícia Federal (PF). Uma liminar (decisão provisória) concedida em agosto do ano passado pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que Greenwald não fosse investigado ou responsabilizado por receber, obter ou publicar informações de interesse jornalístico. O pedido de liminar havia sido feito pelo partido Rede Sustentabilidade. Desde junho do ano passado, o Intercept tem publicado mensagens trocadas por autoridades da República. Glenn afirma ter obtido o material de uma fonte anônima.
‘Denúncia é tentativa óbvia de atacar a imprensa livre’, diz Glenn
Glen Greenwald afirmou que está é mais uma tentativa de acabar com a imprensa livre no país e que é uma retaliação pelo que já divulgou o Intercept.
“É uma tentativa óbvia de atacar a imprensa livre em retaliação pelas revelações que relatamos sobre o ministro Moro e o governo Bolsonaro”, disse em depoimento para a colunista e Mônica Bergamo.
Ele também disse que não fica intimidado com a denúncia e que continuará fazendo seu trabalho: “Não seremos intimidados por essas tentativas tirânicas de silenciar jornalistas. Estou trabalhando agora com novos relatórios e continuarei a fazer meu trabalho jornalístico. Muitos brasileiros corajosos sacrificaram sua liberdade e até sua vida pela democracia brasileira, e sinto a obrigação de continuar esse nobre trabalho”.
“Não fiz nada além do meu trabalho como jornalista, eticamente e dentro da lei”, completou.