Festival do Rio 2021: ‘O Mauritano’

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Há quase 20 anos, a barbárie dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 chocou o mundo, que acompanhou estarrecido tanto o ataque em si quanto a posterior caçada aos membros da Al-Qaeda e de seu líder, Osama Bin Laden, morto em 02 de maio de 2011, no Paquistão, durante a Operação Lança de […]

POR Ana Carolina Garcia22/07/2021|4 min de leitura

Festival do Rio 2021: ‘O Mauritano’

“O Mauritano” é baseado em fatos reais (Foto: Divulgação).

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Há quase 20 anos, a barbárie dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 chocou o mundo, que acompanhou estarrecido tanto o ataque em si quanto a posterior caçada aos membros da Al-Qaeda e de seu líder, Osama Bin Laden, morto em 02 de maio de 2011, no Paquistão, durante a Operação Lança de Neptuno, já no governo de Barack Obama. Clamando pela necessária punição dos envolvidos no planejamento dos atentados, a sociedade americana precisou lidar com o trauma e o medo de novos episódios de terror enquanto o então presidente George W. Bush e o Secretário de Defesa, Donald Rumsfeld, fortaleciam a presença de tropas no Afeganistão e realizavam prisões de terroristas e inúmeras outras pessoas com conexão com o grupo. Entre os presos, Mohamedou Ould Slahi, cujo primo era próximo de Bin Laden. Sua história virou livro em 2015, “O Diário de Guantánamo”, e filme, “O Mauritano” (The Mauritanian – 2020), um dos selecionados da edição especial do Festival do Rio 2021, que acontece em parceria com a Rede Telecine, responsável por exibir os longas tanto em sua grade quanto em sua plataforma de streaming até o próximo dia 31.

 

“O Mauritano” é dirigido por Kevin Macdonald (Foto: Divulgação).

“O Mauritano” começa em novembro de 2001, mostrando a prisão de Slahi (Tahar Rahim) em sua casa, na Mauritânia. Levado de um complexo a outro sob a acusação de orquestrar o maior atentado terrorista da História, Slahi ficou 14 anos em Guantánamo, onde passou por interrogatórios quase que diários e sofreu todo o tipo de violência, inclusive tortura, até ser defendido por Nancy Hollander (Jodie Foster), advogada que, inicialmente, não acreditou em sua inocência, mas partia do princípio de que todos têm direito à defesa.

 

Com direção de Kevin Macdonald, de “O Último Rei da Escócia” (The Last King of Scotland – 2006) e “Intrigas de Estado” (State of Play – 2009), este drama de tribunal explora com propriedade os conflitos éticos e morais dos personagens, mas sem enveredar por suas questões e relações pessoais para não perder o foco da trama crítica à existência e manutenção da prisão de Guantánamo, em Cuba. Com isso, o espectador é apresentado aos poucos ao modus operandi do local, paralelamente à luta para desvendar a verdade de um caso classificado como confidencial pelo governo americano, que desejava condenar Slahi à morte.

 

Contando com a engenhosa montagem de Justine Wright, que costura acontecimentos com precisão, bem como flashbacks, mantendo o ritmo narrativo, “O Mauritano” se desenvolve sem pressa, permitindo que todos os atores brilhem na mesma intensidade, oferecendo à plateia atuações complexas e instigantes, principalmente a do trio composto por Jodie Foster, Benedict Cumberbatch (Coronel Stuart Couch) e Tahar Rahim, que se destaca até pela entrega física nas cenas de tortura.

 

Mostrando que Slahi entrou para a Al-Qaeda à época em que a organização era aliada dos Estados Unidos na luta contra os soviéticos, mas sem aprofundar suas ações enquanto membro do grupo, “O Mauritano” é uma produção de conteúdo denso que se posiciona contra as ações do governo Bush e, também, de Barack Obama, que fez o possível para manter Slahi na prisão mesmo após sua absolvição. Mais do que isso, o longa assume abertamente o tom crítico à intervenção americana em outros territórios desde os atentados de 11 de setembro de 2001 e a todos que submeteram prisioneiros a sessões de tortura em Guantánamo, mesmo os que seguiam ordens de seus superiores, algo abordado pelo cinema em inúmeros filmes, entre eles, “Questão de Honra” (A Few Good Men – 1992), de Rob Reiner, que mostra a violência praticada por oficiais contra um cabo que não correspondia ao treinamento.

 

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Há quase 20 anos, a barbárie dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 chocou o mundo, que acompanhou estarrecido tanto o ataque em si quanto a posterior caçada aos membros da Al-Qaeda e de seu líder, Osama Bin Laden, morto em 02 de maio de 2011, no Paquistão, durante a Operação Lança de Neptuno, já no governo de Barack Obama. Clamando pela necessária punição dos envolvidos no planejamento dos atentados, a sociedade americana precisou lidar com o trauma e o medo de novos episódios de terror enquanto o então presidente George W. Bush e o Secretário de Defesa, Donald Rumsfeld, fortaleciam a presença de tropas no Afeganistão e realizavam prisões de terroristas e inúmeras outras pessoas com conexão com o grupo. Entre os presos, Mohamedou Ould Slahi, cujo primo era próximo de Bin Laden. Sua história virou livro em 2015, “O Diário de Guantánamo”, e filme, “O Mauritano” (The Mauritanian – 2020), um dos selecionados da edição especial do Festival do Rio 2021, que acontece em parceria com a Rede Telecine, responsável por exibir os longas tanto em sua grade quanto em sua plataforma de streaming até o próximo dia 31.

 

“O Mauritano” é dirigido por Kevin Macdonald (Foto: Divulgação).

“O Mauritano” começa em novembro de 2001, mostrando a prisão de Slahi (Tahar Rahim) em sua casa, na Mauritânia. Levado de um complexo a outro sob a acusação de orquestrar o maior atentado terrorista da História, Slahi ficou 14 anos em Guantánamo, onde passou por interrogatórios quase que diários e sofreu todo o tipo de violência, inclusive tortura, até ser defendido por Nancy Hollander (Jodie Foster), advogada que, inicialmente, não acreditou em sua inocência, mas partia do princípio de que todos têm direito à defesa.

 

Com direção de Kevin Macdonald, de “O Último Rei da Escócia” (The Last King of Scotland – 2006) e “Intrigas de Estado” (State of Play – 2009), este drama de tribunal explora com propriedade os conflitos éticos e morais dos personagens, mas sem enveredar por suas questões e relações pessoais para não perder o foco da trama crítica à existência e manutenção da prisão de Guantánamo, em Cuba. Com isso, o espectador é apresentado aos poucos ao modus operandi do local, paralelamente à luta para desvendar a verdade de um caso classificado como confidencial pelo governo americano, que desejava condenar Slahi à morte.

 

Contando com a engenhosa montagem de Justine Wright, que costura acontecimentos com precisão, bem como flashbacks, mantendo o ritmo narrativo, “O Mauritano” se desenvolve sem pressa, permitindo que todos os atores brilhem na mesma intensidade, oferecendo à plateia atuações complexas e instigantes, principalmente a do trio composto por Jodie Foster, Benedict Cumberbatch (Coronel Stuart Couch) e Tahar Rahim, que se destaca até pela entrega física nas cenas de tortura.

 

Mostrando que Slahi entrou para a Al-Qaeda à época em que a organização era aliada dos Estados Unidos na luta contra os soviéticos, mas sem aprofundar suas ações enquanto membro do grupo, “O Mauritano” é uma produção de conteúdo denso que se posiciona contra as ações do governo Bush e, também, de Barack Obama, que fez o possível para manter Slahi na prisão mesmo após sua absolvição. Mais do que isso, o longa assume abertamente o tom crítico à intervenção americana em outros territórios desde os atentados de 11 de setembro de 2001 e a todos que submeteram prisioneiros a sessões de tortura em Guantánamo, mesmo os que seguiam ordens de seus superiores, algo abordado pelo cinema em inúmeros filmes, entre eles, “Questão de Honra” (A Few Good Men – 1992), de Rob Reiner, que mostra a violência praticada por oficiais contra um cabo que não correspondia ao treinamento.

 

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