A abertura da segunda noite de desfiles do Grupo Especial de São Paulo, neste sábado (23), ficou sob responsabilidade da maior campeã deste divisão, com 15 títulos: a escola de samba Vai-Vai. + Vídeo: largada do desfile da Vai-Vai Após desfilar pelo primeira vez em sua história no Grupo de Acesso 1 no ano de […]
POR Redação SRzd24/04/2022|14 min de leitura
A abertura da segunda noite de desfiles do Grupo Especial de São Paulo, neste sábado (23), ficou sob responsabilidade da maior campeã deste divisão, com 15 títulos: a escola de samba Vai-Vai.
Após desfilar pelo primeira vez em sua história no Grupo de Acesso 1 no ano de 2020 e sagrar-se campeã, a alvinegra buscou reencontrar os dias de glórias através do enredo “Sankofa”, do carnavalesco Chico Spinosa. “Carregando com seu simbolismo, o ensinamento de que: ‘Nunca é tarde para voltar atrás e buscar o que ficou perdido’, este símbolo se tornou o norte dos grandes pensadores do movimento negro moderno. Então a figura dessa ave negra, que curva sua cabeça para trás em busca do seu bem mais precioso conduzirá a narrativa do Grêmio Recreativo Cultural e Social Escola de Samba Vai-Vai para a próximo Carnaval”, explicou o carnavalesco.
Conduzida pelo intérprete Luiz Felipe, o samba-enredo foi composto por Xande de Pilares, Rodrigo Peu, Claudio Russo, Junior Gigante, Jairo Limozini, Silas Augusto, Zé Paulo Sierra e Bruno Giannelli.
A agremiação terminou seu desfile com 1 hora e 3 minutos.
Assista a análise do desfile da Vai-Vai
Confira as entrevistas na dispersão do Anhembi
Galeria de fotos
Ficha técnica
Presidente
Clarício Gonçalves
Carnavalesco
Chico Spinosa
Direção de Carnaval
Gabriel Mello
Direção de harmonia
Édson Paulino (Buiú)
Intérprete
Luiz Felipe
Coreógrafo de comissão de frente
Irineu Nogueira
1º casal de MSPB
Reginaldo Romualdo Pereira (Pingo) e Paula Fernanda Penteado (Paulinha)
Mestres de bateria
Tadeu e Beto
Rainha de bateria
Verônica Bolani
Enredo
“Sankofa”
No movimento alado do pássaro negro SANKOFA começa o nosso carnaval. Seu olhar para o passado nos leva ao coração da África: o IMPÉRIO AXANTE, seu berço sagrado e um de nossos mais gloriosos ramos ancestrais, lugar onde o pensamento floresceu e o conhecimento se fez imortal.
Segundo contam os antepassados, este legado admirável estaria ligado à influência divina sobre seu povo, dádiva estabelecida num episódio antológico. Diz-se que ANANSE – o heroico tecelão de contos da mitologia AXANTE, teria conquistado o baú do GRANDE CRIADOR NYAME, uma cabaça encantada, onde estariam guardadas todas as histórias e preceitos primordiais. Quando ANANSE quebrou-a no chão, espalhou toda a sabedoria entre os homens, através de símbolos divinos que se formaram a partir de cada pedaço da cabaça, numa imensa profusão de luz.
A estes símbolos – dos quais o SANKOFA faz parte – damos o nome de ADINKRAS. Eles acompanharam o POVO AXANTE durante toda sua trajetória, sendo base para sua construção social e servindo também para registrar seu aprendizado ao longo do tempo. Para cada momento e função havia uma simbologia; para cada passagem, uma forma carregando uma lição a ser aprendida.
E para que se tenha noção da importância destas figuras, o rei – sempre adornado pelo mais áureo metal – só se apresentava ao povo com os braceletes e mantos que estivessem forjados com as imagens que representassem sua grandeza e liderança; e seu trono – um presente intocável que desceu dos céus – era marcado com os escritos mais nobres, os princípios da criação.
Seus pajens, com espadas e escudos dourados, traziam estampadas em lindas vestes as juras de lealdade ao soberano maior, enquanto os filhos dos reinos vassalos, com seus cabelos trançados em puro ouro, ostentavam em seus corpos as pinturas que ilustravam a unidade e a paz. Havia ainda cavalos berberes, zebras do Congo e mabecos do Zambeze (cães selvagens africanos), que também desfilavam pela corte, ornamentados com artefatos que os identificavam como verdadeiras armas reais.
Estas imagens refletiam o esplendor da ÁFRICA NEGRA, que desabrochava retinta entre o mar e o sahel. Pouco a pouco, as adversidades daquela terra bestial eram domadas pela compreensão dos mais sábios, e essa era transmitida por traços inspirados em feras temidas e flores gentis. Seus guerreiros, homens e mulheres cujos punhos eram tão importantes quanto as adagas e facões, traziam na pele as marcas de uma imensa e lendária bravura; e os povos amigos, aqueles que se irmanavam em cooperação, tinham suas amizades e contribuições seladas por expressões especiais.
Os desenhos, agora, inspiravam convivência e prosperidade, afinal, se era preciso levar o ouro, o pano e a noz para os confins do Saara, e trazer a seda que vinha do oriente, havia sempre o olhar fraterno de um viajante tuaregue, que sobre seu camelo corria o continente, recoberto por seu manto azul safira; e se o mercador vinha da costa, prevalecia sempre a harmonia com a força GÁ – tão acostumada com a água de sal – que tratava de escoar o que valia em espécie. A evolução dependia do outro, do respeito e da aceitação.
A arte, expressão mais sublime de uma sociedade em apogeu, também servia como instrumento para perpetuar estes saberes. Apreciadas em todo mundo, as peças em chifre, esculturas em madeira e colares masbaha, além das famosas joias e de seus caríssimos tecidos, eram marcadas com estas mensagens, geralmente de humildade, persistência e perfeição, as matérias-primas de seus artesãos. Até as máscaras, um tanto curiosas e expressivas, aos poucos deixavam a restrição dos ritos espirituais e convenções políticas para adornar as casas e palácios reais da Ásia e Europa, servindo de porta-vozes para estes valores transcendentais.
E nem mesmo o despertar da maldade e da ganância, sob a forma de uma sinistra fortaleza, foi capaz de apagar o que estava escrito. Se a fúria das correntes da diáspora pretendia destruir os pilares de uma civilização, acabou por semear suas virtudes, carregando para o Novo Mundo as traduções de todos estes segredos junto a cada corpo arrancado de sua terra natal. Estabeleceu-se, neste terrível episódio, uma ligação indissolúvel entre o novo e o original, entre o que se passou e o que havia de se passar.
Foi assim, feito um mistério para aqueles que não eram capazes de decifrar seu significado – que a sabedoria AXANTE sobreviveu ao destino, se misturando com outras negritudes e ligando diferentes corações pelo sentimento de irmandade e resistência. Ao redescobrir as ADINKRAS, nos reencontramos com esta civilização em nós, reconhecendo a influência destes ditos do passado em nossa cultura atual.
Somos filhos desta realeza africana, de “meu rei, minha rainha”, da filosofia de vida transmitida por nossos fundadores ancestrais. Os tambores que falam do lado de lá são os mesmos que ecoam em nossa PEQUENA ÁFRICA – O BIXIGA, cuja simbologia maior é a imagem da COROA e dos RAMOS DE CAFÉ, a ADINKRA do sambista, uma marca que resiste ao tempo e que ao longe se identifica há mais de noventa carnavais.
Volte e pegue, comunidade! Seja a glória de seu passado, no presente e para sempre, a SARACURA e o SANKOFA!
Prêmio SRzd Carnaval SP 2022
Pelo décimo ano consecutivo, os destaques dos desfiles das escolas de samba da cidade de São Paulo receberão troféu exclusivo, oferecido pelo portal SRzd.
Voto popular, imprensa especializada e análise da equipe SRzd, que acompanha os bastidores das escolas de samba durante todo o ano; a somatória destes três levantamentos vai determinar o resultado do Prêmio SRzd Carnaval SP 2022, ação que valoriza a cultura do samba na capital paulista e seus protagonistas. Em caso de empate, prevalece sempre o voto dos profissionais do SRzd.
A votação popular, que estará disponível através de enquete na página da editoria do Carnaval de São Paulo no SRzd, será aberta no domingo (24). O resultado será divulgado na terça-feira (26). Clique aqui e conheça todas as categorias.
A abertura da segunda noite de desfiles do Grupo Especial de São Paulo, neste sábado (23), ficou sob responsabilidade da maior campeã deste divisão, com 15 títulos: a escola de samba Vai-Vai.
Após desfilar pelo primeira vez em sua história no Grupo de Acesso 1 no ano de 2020 e sagrar-se campeã, a alvinegra buscou reencontrar os dias de glórias através do enredo “Sankofa”, do carnavalesco Chico Spinosa. “Carregando com seu simbolismo, o ensinamento de que: ‘Nunca é tarde para voltar atrás e buscar o que ficou perdido’, este símbolo se tornou o norte dos grandes pensadores do movimento negro moderno. Então a figura dessa ave negra, que curva sua cabeça para trás em busca do seu bem mais precioso conduzirá a narrativa do Grêmio Recreativo Cultural e Social Escola de Samba Vai-Vai para a próximo Carnaval”, explicou o carnavalesco.
Conduzida pelo intérprete Luiz Felipe, o samba-enredo foi composto por Xande de Pilares, Rodrigo Peu, Claudio Russo, Junior Gigante, Jairo Limozini, Silas Augusto, Zé Paulo Sierra e Bruno Giannelli.
A agremiação terminou seu desfile com 1 hora e 3 minutos.
Assista a análise do desfile da Vai-Vai
Confira as entrevistas na dispersão do Anhembi
Galeria de fotos
Ficha técnica
Presidente
Clarício Gonçalves
Carnavalesco
Chico Spinosa
Direção de Carnaval
Gabriel Mello
Direção de harmonia
Édson Paulino (Buiú)
Intérprete
Luiz Felipe
Coreógrafo de comissão de frente
Irineu Nogueira
1º casal de MSPB
Reginaldo Romualdo Pereira (Pingo) e Paula Fernanda Penteado (Paulinha)
Mestres de bateria
Tadeu e Beto
Rainha de bateria
Verônica Bolani
Enredo
“Sankofa”
No movimento alado do pássaro negro SANKOFA começa o nosso carnaval. Seu olhar para o passado nos leva ao coração da África: o IMPÉRIO AXANTE, seu berço sagrado e um de nossos mais gloriosos ramos ancestrais, lugar onde o pensamento floresceu e o conhecimento se fez imortal.
Segundo contam os antepassados, este legado admirável estaria ligado à influência divina sobre seu povo, dádiva estabelecida num episódio antológico. Diz-se que ANANSE – o heroico tecelão de contos da mitologia AXANTE, teria conquistado o baú do GRANDE CRIADOR NYAME, uma cabaça encantada, onde estariam guardadas todas as histórias e preceitos primordiais. Quando ANANSE quebrou-a no chão, espalhou toda a sabedoria entre os homens, através de símbolos divinos que se formaram a partir de cada pedaço da cabaça, numa imensa profusão de luz.
A estes símbolos – dos quais o SANKOFA faz parte – damos o nome de ADINKRAS. Eles acompanharam o POVO AXANTE durante toda sua trajetória, sendo base para sua construção social e servindo também para registrar seu aprendizado ao longo do tempo. Para cada momento e função havia uma simbologia; para cada passagem, uma forma carregando uma lição a ser aprendida.
E para que se tenha noção da importância destas figuras, o rei – sempre adornado pelo mais áureo metal – só se apresentava ao povo com os braceletes e mantos que estivessem forjados com as imagens que representassem sua grandeza e liderança; e seu trono – um presente intocável que desceu dos céus – era marcado com os escritos mais nobres, os princípios da criação.
Seus pajens, com espadas e escudos dourados, traziam estampadas em lindas vestes as juras de lealdade ao soberano maior, enquanto os filhos dos reinos vassalos, com seus cabelos trançados em puro ouro, ostentavam em seus corpos as pinturas que ilustravam a unidade e a paz. Havia ainda cavalos berberes, zebras do Congo e mabecos do Zambeze (cães selvagens africanos), que também desfilavam pela corte, ornamentados com artefatos que os identificavam como verdadeiras armas reais.
Estas imagens refletiam o esplendor da ÁFRICA NEGRA, que desabrochava retinta entre o mar e o sahel. Pouco a pouco, as adversidades daquela terra bestial eram domadas pela compreensão dos mais sábios, e essa era transmitida por traços inspirados em feras temidas e flores gentis. Seus guerreiros, homens e mulheres cujos punhos eram tão importantes quanto as adagas e facões, traziam na pele as marcas de uma imensa e lendária bravura; e os povos amigos, aqueles que se irmanavam em cooperação, tinham suas amizades e contribuições seladas por expressões especiais.
Os desenhos, agora, inspiravam convivência e prosperidade, afinal, se era preciso levar o ouro, o pano e a noz para os confins do Saara, e trazer a seda que vinha do oriente, havia sempre o olhar fraterno de um viajante tuaregue, que sobre seu camelo corria o continente, recoberto por seu manto azul safira; e se o mercador vinha da costa, prevalecia sempre a harmonia com a força GÁ – tão acostumada com a água de sal – que tratava de escoar o que valia em espécie. A evolução dependia do outro, do respeito e da aceitação.
A arte, expressão mais sublime de uma sociedade em apogeu, também servia como instrumento para perpetuar estes saberes. Apreciadas em todo mundo, as peças em chifre, esculturas em madeira e colares masbaha, além das famosas joias e de seus caríssimos tecidos, eram marcadas com estas mensagens, geralmente de humildade, persistência e perfeição, as matérias-primas de seus artesãos. Até as máscaras, um tanto curiosas e expressivas, aos poucos deixavam a restrição dos ritos espirituais e convenções políticas para adornar as casas e palácios reais da Ásia e Europa, servindo de porta-vozes para estes valores transcendentais.
E nem mesmo o despertar da maldade e da ganância, sob a forma de uma sinistra fortaleza, foi capaz de apagar o que estava escrito. Se a fúria das correntes da diáspora pretendia destruir os pilares de uma civilização, acabou por semear suas virtudes, carregando para o Novo Mundo as traduções de todos estes segredos junto a cada corpo arrancado de sua terra natal. Estabeleceu-se, neste terrível episódio, uma ligação indissolúvel entre o novo e o original, entre o que se passou e o que havia de se passar.
Foi assim, feito um mistério para aqueles que não eram capazes de decifrar seu significado – que a sabedoria AXANTE sobreviveu ao destino, se misturando com outras negritudes e ligando diferentes corações pelo sentimento de irmandade e resistência. Ao redescobrir as ADINKRAS, nos reencontramos com esta civilização em nós, reconhecendo a influência destes ditos do passado em nossa cultura atual.
Somos filhos desta realeza africana, de “meu rei, minha rainha”, da filosofia de vida transmitida por nossos fundadores ancestrais. Os tambores que falam do lado de lá são os mesmos que ecoam em nossa PEQUENA ÁFRICA – O BIXIGA, cuja simbologia maior é a imagem da COROA e dos RAMOS DE CAFÉ, a ADINKRA do sambista, uma marca que resiste ao tempo e que ao longe se identifica há mais de noventa carnavais.
Volte e pegue, comunidade! Seja a glória de seu passado, no presente e para sempre, a SARACURA e o SANKOFA!
Prêmio SRzd Carnaval SP 2022
Pelo décimo ano consecutivo, os destaques dos desfiles das escolas de samba da cidade de São Paulo receberão troféu exclusivo, oferecido pelo portal SRzd.
Voto popular, imprensa especializada e análise da equipe SRzd, que acompanha os bastidores das escolas de samba durante todo o ano; a somatória destes três levantamentos vai determinar o resultado do Prêmio SRzd Carnaval SP 2022, ação que valoriza a cultura do samba na capital paulista e seus protagonistas. Em caso de empate, prevalece sempre o voto dos profissionais do SRzd.
A votação popular, que estará disponível através de enquete na página da editoria do Carnaval de São Paulo no SRzd, será aberta no domingo (24). O resultado será divulgado na terça-feira (26). Clique aqui e conheça todas as categorias.