O youtuber Júlio Cocielo protagonizou recentemente um debate sobre racismo internalizado e exposição na internet. Durante partida entre França e  Argentina, pelas oitavas de final da Copa do Mundo da Rússia, o influenciador digital afirmou que o jogador negro Mbappé da Seleção Francesa poderia fazer um arrastão na praia por causa de sua velocidade. O comentário foi apontado como racista por diversos internautas.  A repercussão levou Cocielo a apagar postagens antigas. Cientes desta situação, outros youtubers brasileiros também deletaram publicações comprometedoras.

Felipe Neto, um dos principais influenciadores digitais do Brasil, reduziu o número de suas postagens no Twitter para menos de 400. Neto é usuário da rede social desde 2008, onde ele se mostra bastante ativo. Após a atitude despertar diversos comentários online, o youtuber se justificou ao afirmar que tem o hábito de apagar suas postagens. “Só pra avisar: eu apago todos os meus tweets há anos. Eu ativei um robô q deleta tudo depois de um tempo, automaticamente. Não tem nada a ver com a polêmica atual viu bebês?”, declarou. Felipe também revelou que colegas de profissão o procuraram para saber como excluir tweets antigos.

Já Whinderson Nunes, brasileiro com maior número de inscritos em um canal no Youtube, assumiu que fez diversas declarações no passado que, segundo ele, não condizem com sua posição atual. “No passado já disse várias bosta. Eu nem gostava de gay e dizia que quem era gay não entrava no céu. E no meu casamento esse ano uma das madrinhas se chama Rafael, pra ver como as coisas mudam. Então quem quiser procurar tweets antigo fique a vontade”, escreveu. Apesar da justificativa, Whinderson apagou algumas postagens com teor preconceituoso.

As atitudes dos influenciadores têm sido questionadas por internautas nas redes sociais. Um usuário do Twitter debateu sobre a motivação que tem levado youtubers brasileiros a apagarem suas postagens. “O problema não é youtuber/influenciador apagar tuíte antigo preconceituoso pra não queimar seu filme atualmente. O problema é essa gente apagando SÓ por isso, por medo de perder influência, seguidores e grana, sem ter mudado suas posições racistas, machistas, homofóbicas”, destacou.

Pedido de desculpas em vídeo

Após a repercussão negativa de seu comentário, Cocielo escreveu uma nota na qual afirmava que a afirmação sobre o jogador francês era uma brincadeira que foi mal interpretada. O youtuber também pediu desculpas por ter ofendido pessoas por causa de sua atitude. A justificativa não agradou muitos internautas, que recuperaram publicações antigas de Cocielo com teor preconceituoso para apontar que era um comportamento recorrente. O influenciador apagou cerca de 10 mil postagens antigas.

Por causa da polêmica, empresas grandes que patrocinavam o youtuber foram pressionadas a se posicionarem sobre o caso. O Submarino, sem mencionar Cocielo, afirmou que não aceita comentários de injúria racial. Já a Adidas, em nota, comunicou que repudia “todo e qualquer tipo de discriminação” e “decidiu suspender a parceria com o youtuber Júlio Cocielo”. A Coca-Cola informou que não tem mais ligação com o youtuber e que não pretende futuros acordos comerciais de publicidade. Itaú, McDonald’s e Gillette, que já realizaram parcerias com Cocielo, afirmaram não ter mais relação comercial com o rapaz.

Na última quarta-feira (04), Cocielo publicou um vídeo no seu canal no Youtube no qual ele, mais uma vez, pede desculpas. O influenciador tentou explicar o caso e afirmou ter aprendido com seu erro. “Hoje eu leio tudo aquilo que eu postei e me sinto envergonhado. Foram coisas absurdas”, salientou.