O desembargador Ney Bello, do TRF -1, Tribunal Regional Federal, concedeu, na última quinta-feira (23), liberdade ao ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, preso na operação Acesso Pago, da Polícia Federal, suspeito de chefiar um esquema ilegal de liberação de verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, o FNDE, vinculado ao MEC.
Logo depois da decisão, a Polícia Federal divulgou nota informando a abertura de um procedimento interno para apurar “boatos de possível interferência” na operação.
Nesta sexta, a rede Globo divulgou uma conversa de Ribeiro, de 9 de junho, com uma filha. Ele relata que recebeu uma ligação de Jair Bolsonaro(PL) em que o presidente da República dizia temer ser atingido pela investigação da Polícia Federal contra o ex-ministro.
“A única coisa meio… hoje o presidente me ligou… ele tá com um pressentimento, novamente, que eles podem querer atingi-lo através de mim, sabe? É que eu tenho mandado versículos pra ele, né?”, disse Ribeiro para a filha. O trecho consta da investigação da PF.
Outra frente da investigação contra Milton, veio do MPF, o Ministério Público Federal. O órgão pediu para a Justiça que a investigação sobre o ex-ministro da Educação seja enviada para o Supremo Tribunal Federal, “porque há indício de que o presidente Jair Bolsonaro pode ter interferido na investigação”. O MPF justifica o pedido com base em interceptações telefônicas de Milton. Segundo os procuradores, há indícios de que houve vazamento da operação policial e possível interferência ilícita por parte de Bolsonaro.
“Observando o áudio citado na decisão, causa espécie que se esteja fazendo menção a gravações/mensagens envolvendo autoridade com foro privilegiado, ocorridas antes da deflagração da operação. Se assim o era, não haveria competência do juiz de primeiro grau para analisar o pedido feito pela autoridade policial e, consequentemente, decretar a prisão preventiva”, informou em nota a defesa de Milton Ribeiro.
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