O relator da CPI da Covid-19, Renan Calheiros, ameaçou, nesta quarta-feira (12), o ex-secretário de Comunicação do governo Fabio Wajngarten de prisão. Segundo Calheiros, Wajngarten teria mentido sem seu depoimento ao dizer que não tinha conhecimento da existência de um “ministério paralelo”.
Renan Calheiros disse ainda que Wajngarten é o primeiro a incriminar o presidente Jair Bolsonaro, “porque iniciou uma negociação em nome do ministério da Saúde como secretário de Comunicação e se dizendo em nome do presidente”.
“Vossa senhoria é a prova da existência dessa consultoria [paralela] porque iniciou essa negociação, dizendo-se em nome do presidente. É a prova. Vossa excelência é a primeira pessoa que incrimina o presidente da República”, declarou Renan, acrescentando que vai requisitar os áudios à revista Veja, que entrevistou o ex-secretário.
“Vou cobrar da revista, que se ele mentiu, que se retrate. Se mentiu, vou querer a prisão do depoente”, afirmou o emedebista que fez referência às negociações do governo com representantes da Pfizer para a aquisição de vacinas.
O presidente da CPI, Omar Aziz também enviou um recado objetivo ao ex-secretário: “Com todo o respeito que o senhor merece aqui na comissão, se vossa excelência não for objetivo nas suas respostas, nós iremos dispensá-lo desta comissão, pediremos à revista Veja que mande a gravação e o convocaremos de novo, mas já não mais como testemunha e sim como investigado”.
O senador governista Marcos Rogério reagiu. “Isso é abuso de autoridade. Não cabe prisão que não seja em flagrante”, disse.
Fabio foi convocado após revelar, em entrevista à revista Veja, que o governo federal, em especial o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, falhou na aquisição de vacinas contra a Covid-19, sobretudo na compra de doses da Pfizer, que havia contatado o governo brasileiro em agosto de 2020.
Segundo o ex-secretário, houve “mau assessoramento” de Bolsonaro na condução da pandemia do novo Coronavírus no Brasil.
O ex-secretário relatou ter se reunido com diretores da Pfizer para discutir cláusulas e, assim, conseguiu reduzir preços e obter compromissos de antecipação da entrega de lotes do imunizante, mas o acordo não prosperou. Os detalhes das tratativas serão parte importante da oitiva de Wajngarten na CPI.
O que for falado por Fabio Wajngarten aos senadores nesta quarta poderá ser usado para pressionar, ainda mais, Pazuello em seu depoimento ao colegiado, marcado para 19 de maio.
Wajngarten é o quinto a depor. Antes dele, os senadores ouviram o presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, e os ex-ministros Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, além do atual chefe da Saúde, Marcelo Queiroga.
O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello só será ouvido em 19 de maio, pois alegou ter tido contato com duas pessoas infectadas pelo novo Coronavírus e cumpre quarentena.
A CPI da Covid-19 tem o objetivo de investigar as ações e omissões do governo federal no enfrentamento à pandemia e, em especial, no agravamento da crise sanitária no Amazonas com a ausência de oxigênio, além de apurar possíveis irregularidades em repasses federais a estados e municípios.