DVD resgata Norma Shearer

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A canadense Norma Shearer não conseguiu um lugar no panteão das deusas hollywoodianas no mesmo patamar de uma Rita Hayworth ou Marilyn Monroe, por exemplo. Mas bem que merecia. Com cerca de 60 filmes em pouco mais de 20 anos de carreira, Norma foi uma batalhadora do cinema, lutando não apenas contra todas as conhecidas […]

POR Celso Sabadin03/10/2017|4 min de leitura

DVD resgata Norma Shearer

Norma Shearer. Foto: Divulgação

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A canadense Norma Shearer não conseguiu um lugar no panteão das deusas hollywoodianas no mesmo patamar de uma Rita Hayworth ou Marilyn Monroe, por exemplo. Mas bem que merecia. Com cerca de 60 filmes em pouco mais de 20 anos de carreira, Norma foi uma batalhadora do cinema, lutando não apenas contra todas as conhecidas dificuldades do estrelato, como também contra sua estatura não muito propícia para as telas (1,55m) e principalmente contra um estrabismo que a fez consumir um bom dinheiro em oftalmologistas.

Ainda adolescentes, Norma e sua irmã Athole são levadas pela mãe, Edith Shearer, de Montreal até Nova York, na tentativa de uma bem sucedida carreira artística para as três. Edith e Athole até obtêm participações em poucos filmes mudos, nos quais seus nomes não foram creditados, mas é Norma quem de fato se destaca, conseguindo atuar em quatro longas e um curta – todos igualmente não creditados – entre 1919 e 1920. Em 1923, assina contrato com o grande produtor Irving Thalberg, que se associa a Louis B. Mayer (antes mesmo da fundação da Metro-Goldwyn Mayer), e sua carreira decola. Em 27, casa-se com Thalberg. Entre seus grandes filmes deste período destacam-se “O Julgamento de Mary Dugan” (1929), “A Divorciada” (1930), “A Família Barrett” (1934) e a versão 1936 de “Romeu e Julieta”, entre outros.

Neste mesmo 1936, ano em que Norma recebe sua quinta indicação ao Oscar, a morte prematura de Thalberg quase faz com que ela, deprimida, se aposente. Mas a Metro a convence a continuar, acenando-lhe até com a possibilidade do papel mais disputado da época: o de Scarlett O´Hara em “…E o Vento Levou”.

Como se sabe, Norma não ficou com o papel. Faz mais seis filmes entre 36 e 42, e decide se retirar definitivamente da vida artística. Recusa até o importante papel de Norma Desmond, em 1950, no que viria a ser o clássico “Crepúsculo dos Deuses”. Casa-se com um instrutor de ski, nunca mais coloca os pés num set de filmagem, e falece em 1983, aos 80 anos. Na bagagem, seis indicações ao Oscar (venceu por “A Divorciada”) e um prêmio de melhor atriz em Veneza por “Maria Antonieta”.

“A Divorciada” e “Uma Alma Livre”, os dois filmes de Norma Shearer lançados na Coleção Dose Dupla do selo Obras Primas do Cinema, mostram uma atriz extremamente energética, de marcante presença em cena e, disposta a ousar em papéis pouco convencionais.

Em “A Divorciada” (The Divorcee, 1930), Norma vive Jerry, uma mulher apaixonada que descobre que seu marido Ted (Chester Morris) andou, como se dizia, pulando a cerca (ainda se fala assim?). A reação dela não deixa de ser ousada, principalmente para os padrões da época: pagar na mesma moeda. O filme é baseado no romance de Ursulla Parrot e, naqueles tempos de pouco respeito aos direitos autorais, a direção de Robert Z. Leonard nem foi creditada na tela.

Em “Uma Alma Livre” (A Free Soul, 1931), Norma é Jan, uma garota que se apaixona por Ace Wilfong (Clark Gable), cliente de seu pai, advogado (Lionel Barrymore). O problema é que Ace é um mafioso sem escrúpulos… aliás, problema para os outros, porque a libertária Jan está muito mais interessada no charme do Ace que em sua ficha criminal. O roteiro é baseado no livro de Adela Rogers St. John, e a direção é de Clarence Brown, que quatro anos depois seria premiado em Veneza pela sua direção em Anna Karenina.

É interessante notar, através destes dois filmes, que a onda moralizadora reacionária que viria a contaminar o cinema norte-americano ainda não havia se alastrado, neste início de anos 30. O cinema estadunidense vivia apenas os primeiros meses do infame Código Hays de censura que se fortaleceria nas próximas décadas, principalmente após a Segunda Guerra. Assim, ainda é possível vivenciar nestes filmes temas adultos tratados adultamente, com uma liberdade que Hollywood só voltaria a conhecer no final dos anos 1960. Sim, os anos 20 e 30 foram muito mais liberais que os 40 e 50, e este lançamento em DVD ajuda a comprovar isso.

O DVD ainda traz como extras os curtas “Wedding Bills” (9 minutos, 1941) e “How to Hold Your Husband Back”(10 minutos, 1941).

A canadense Norma Shearer não conseguiu um lugar no panteão das deusas hollywoodianas no mesmo patamar de uma Rita Hayworth ou Marilyn Monroe, por exemplo. Mas bem que merecia. Com cerca de 60 filmes em pouco mais de 20 anos de carreira, Norma foi uma batalhadora do cinema, lutando não apenas contra todas as conhecidas dificuldades do estrelato, como também contra sua estatura não muito propícia para as telas (1,55m) e principalmente contra um estrabismo que a fez consumir um bom dinheiro em oftalmologistas.

Ainda adolescentes, Norma e sua irmã Athole são levadas pela mãe, Edith Shearer, de Montreal até Nova York, na tentativa de uma bem sucedida carreira artística para as três. Edith e Athole até obtêm participações em poucos filmes mudos, nos quais seus nomes não foram creditados, mas é Norma quem de fato se destaca, conseguindo atuar em quatro longas e um curta – todos igualmente não creditados – entre 1919 e 1920. Em 1923, assina contrato com o grande produtor Irving Thalberg, que se associa a Louis B. Mayer (antes mesmo da fundação da Metro-Goldwyn Mayer), e sua carreira decola. Em 27, casa-se com Thalberg. Entre seus grandes filmes deste período destacam-se “O Julgamento de Mary Dugan” (1929), “A Divorciada” (1930), “A Família Barrett” (1934) e a versão 1936 de “Romeu e Julieta”, entre outros.

Neste mesmo 1936, ano em que Norma recebe sua quinta indicação ao Oscar, a morte prematura de Thalberg quase faz com que ela, deprimida, se aposente. Mas a Metro a convence a continuar, acenando-lhe até com a possibilidade do papel mais disputado da época: o de Scarlett O´Hara em “…E o Vento Levou”.

Como se sabe, Norma não ficou com o papel. Faz mais seis filmes entre 36 e 42, e decide se retirar definitivamente da vida artística. Recusa até o importante papel de Norma Desmond, em 1950, no que viria a ser o clássico “Crepúsculo dos Deuses”. Casa-se com um instrutor de ski, nunca mais coloca os pés num set de filmagem, e falece em 1983, aos 80 anos. Na bagagem, seis indicações ao Oscar (venceu por “A Divorciada”) e um prêmio de melhor atriz em Veneza por “Maria Antonieta”.

“A Divorciada” e “Uma Alma Livre”, os dois filmes de Norma Shearer lançados na Coleção Dose Dupla do selo Obras Primas do Cinema, mostram uma atriz extremamente energética, de marcante presença em cena e, disposta a ousar em papéis pouco convencionais.

Em “A Divorciada” (The Divorcee, 1930), Norma vive Jerry, uma mulher apaixonada que descobre que seu marido Ted (Chester Morris) andou, como se dizia, pulando a cerca (ainda se fala assim?). A reação dela não deixa de ser ousada, principalmente para os padrões da época: pagar na mesma moeda. O filme é baseado no romance de Ursulla Parrot e, naqueles tempos de pouco respeito aos direitos autorais, a direção de Robert Z. Leonard nem foi creditada na tela.

Em “Uma Alma Livre” (A Free Soul, 1931), Norma é Jan, uma garota que se apaixona por Ace Wilfong (Clark Gable), cliente de seu pai, advogado (Lionel Barrymore). O problema é que Ace é um mafioso sem escrúpulos… aliás, problema para os outros, porque a libertária Jan está muito mais interessada no charme do Ace que em sua ficha criminal. O roteiro é baseado no livro de Adela Rogers St. John, e a direção é de Clarence Brown, que quatro anos depois seria premiado em Veneza pela sua direção em Anna Karenina.

É interessante notar, através destes dois filmes, que a onda moralizadora reacionária que viria a contaminar o cinema norte-americano ainda não havia se alastrado, neste início de anos 30. O cinema estadunidense vivia apenas os primeiros meses do infame Código Hays de censura que se fortaleceria nas próximas décadas, principalmente após a Segunda Guerra. Assim, ainda é possível vivenciar nestes filmes temas adultos tratados adultamente, com uma liberdade que Hollywood só voltaria a conhecer no final dos anos 1960. Sim, os anos 20 e 30 foram muito mais liberais que os 40 e 50, e este lançamento em DVD ajuda a comprovar isso.

O DVD ainda traz como extras os curtas “Wedding Bills” (9 minutos, 1941) e “How to Hold Your Husband Back”(10 minutos, 1941).

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