Globo cai no ridículo ao promover suas novelas durante jogos da Copa, por Celso Sabadin
Bola rolando, e o narrador pergunta ao comentarista sobre personagens de novela, suas expectativas, e tudo o mais. E o comentarista respondendo. Num primeiro momento, acreditei ser apenas o desvario de um narrador mais entusiasmado, mas logo percebo que não: trata-se de uma política da emissora, de uma (patética) estratégia de marketing, pois o tal […]
POR Celso Sabadin18/06/2018|3 min de leitura
Bola rolando, e o narrador pergunta ao comentarista sobre personagens de novela, suas expectativas, e tudo o mais. E o comentarista respondendo. Num primeiro momento, acreditei ser apenas o desvario de um narrador mais entusiasmado, mas logo percebo que não: trata-se de uma política da emissora, de uma (patética) estratégia de marketing, pois o tal papo se repete em todos os jogos, visando alavancar a audiência. Ideia ruim, texto idem, timing sofrível, e um visível (no caso, audível) constrangimento dos profissionais envolvidos. Principalmente dos comentaristas que, afinal, são profissionais contratados para emprestar sua expertise de jornalistas e/ou ex-jogadores para falar de futebol, não deste triste arremedo dramatúrgico nacional chamado novela.
Em nome do marketing, do filho e do espírito santo, ex-ídolos do nosso futebol são transformados em garotos propaganda dos produtos audiovisuais da emissora. Um desrespeito completo. Triste.
Num jogo da seleção francesa, o texto do “bate-papo informal descontraído” chega a tentar traçar algum paralelo bizarro, relacionando a Rainha Catarina, que governou a França no século 16, a uma determinada personagem da novela “que também se chama Catarina”, diz o narrador do jogo, fingindo entusiasmo.
Por mais que se esforcem, narradores e comentaristas proporcionam grotescos momentos de interpretações pra lá de forçadas e amadoras. Nas redes sociais, a chiadeira contra este tipo de ação é total.
Felizmente existe um Cléber Machado, que faz o que o patrão manda (afinal, ele precisa manter o emprego), mas logo na sequência desmonta a farsa. Num dos primeiros jogos da Copa que transmite, logo após fazer o textozinho (mal) ensaiado com o comentarista Júnior, Cléber arremata: “Júnior, com este seu poder de interpretação, logo logo quem vai para a novela é você”. E ambos caem na risada. Ou seja, numa única frase, Cléber entrega que o teatrozinho é falso (e consequentemente se exime de mico), sugere que a novela é tão ruim que até o Júnior poderia interpretá-la, e safa-se do ridículo da melhor maneira possível: dando risada.
Só mesmo rindo de mais esta bola fora do marketing da emissora, que cada vez mais parece entregue aos estagiários. Com todo respeito aos estagiários, claro…
Bola rolando, e o narrador pergunta ao comentarista sobre personagens de novela, suas expectativas, e tudo o mais. E o comentarista respondendo. Num primeiro momento, acreditei ser apenas o desvario de um narrador mais entusiasmado, mas logo percebo que não: trata-se de uma política da emissora, de uma (patética) estratégia de marketing, pois o tal papo se repete em todos os jogos, visando alavancar a audiência. Ideia ruim, texto idem, timing sofrível, e um visível (no caso, audível) constrangimento dos profissionais envolvidos. Principalmente dos comentaristas que, afinal, são profissionais contratados para emprestar sua expertise de jornalistas e/ou ex-jogadores para falar de futebol, não deste triste arremedo dramatúrgico nacional chamado novela.
Em nome do marketing, do filho e do espírito santo, ex-ídolos do nosso futebol são transformados em garotos propaganda dos produtos audiovisuais da emissora. Um desrespeito completo. Triste.
Num jogo da seleção francesa, o texto do “bate-papo informal descontraído” chega a tentar traçar algum paralelo bizarro, relacionando a Rainha Catarina, que governou a França no século 16, a uma determinada personagem da novela “que também se chama Catarina”, diz o narrador do jogo, fingindo entusiasmo.