Execrado na época, o belo e contundente ‘O Portal do Paraíso’ ganha nova chance em DVD

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A bancada ruralista se reúne para colocar em prática um plano de emergência contra os imigrantes. Para os senhores do gado e da terra, os trabalhadores de baixa renda vindos de outros países e que atuam na região são anarquistas dispostos a desestabilizar o governo. O plano dos ruralistas é eliminar 125 nomes-chave entre os […]

POR Celso Sabadin08/11/2016|3 min de leitura

Execrado na época, o belo e contundente ‘O Portal do Paraíso’ ganha nova chance em DVD
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A bancada ruralista se reúne para colocar em prática um plano de emergência contra os imigrantes. Para os senhores do gado e da terra, os trabalhadores de baixa renda vindos de outros países e que atuam na região são anarquistas dispostos a desestabilizar o governo. O plano dos ruralistas é eliminar 125 nomes-chave entre os imigrantes assentados. Quando questionado sobre a legalidade desta matança, o líder dos ruralistas informa a todos que eles têm o apoio total do governador. O plano será colocado em prática imediatamente.

O caso, embora real, não está publicado em nenhum jornal brasileiro da atualidade (o que provavelmente não estranharia muita gente). Ele é o ponto de partida do filme “O Portal do Paraíso”, de 1980, lançado agora em DVD pelo selo Obras Primas. E por mais cruel que possa parecer, a trama foi inspirada nos episódios históricos da chamada Guerra do Condado Johnson, acontecida em 1890 no estado norte-americano de Wyoming.

“O Portal do Paraíso” entrou para a história do cinema por uma porta pouco lisonjeira: custou caro (US$ 40 milhões na época, o que equivaleria a mais de 120 nos dias de hoje) e foi um retumbante fracasso de crítica e de público. Quase faliu com a United Artists, que mais tarde foi vendida para a MGM, e ficou conhecido como o Portal do Prejuízo. O motivo? Simples: seu roteirista e diretor Michael Cimino (consagrado dois anos antes com “O Franco Atirador”) simplesmente subestimou o fato do conservador público norte-americano não admitir o horror de suas raízes históricas.

As plateias não suportaram ver a tão incensada cavalaria norte-americana, por exemplo, agindo de forma unilateral, injusta e covarde a favor dos poderosos. Também rejeitaram admitir que os ruralistas assassinavam imigrantes europeus indiscriminadamente, e tampouco puderam aceitar o fato de que o próprio presidente dos EUA, na época, proporcionou todas as condições necessárias para o massacre. Sempre dominado pela mídia massificante, o norte-americano médio rejeitou o contexto histórico de “O Portal do Paraíso”, que destrói inapelavelmente a imagem romântica dos aventureiros e pioneiros do oeste. Foi demais para eles.

O que é uma pena, pois com a visão embaçada por um patriotismo ignorante, o público deixou de ver um belíssimo épico recheado de cenas de rara plasticidade. O baile dos imigrantes ao som do violinista patinador, as assembleias envoltas por uma tensão quase palpável, as cenas do conflito propriamente dito, o caso de amor entre o xerife e a prostituta, todos são momentos de grande força cinematográfica que podem – e devem – ser agora revistos através deste lançamento em DVD.

O fracasso interrompeu a carreira de Cimino, que só conseguiu fazer outro filme após cinco anos (“O Ano do Dragão”, também ótimo), mas nunca mais se reergueu aos patamares que havia obtido com “O Franco Atirador”.

Está aí agora o DVD para lhe fazer justiça, trazendo a versão de três horas e meia de duração, e não a original com mais de cinco horas.

Selecionado para o Festival de Cannes, “O Portal do Paraíso” tem ainda uma jovem Isabelle Huppert no papel feminino principal, e marca a estreia no cinema de Willem Dafoe, não creditado, que pode ser rapidamente visto numa cena de briga de galos.

A bancada ruralista se reúne para colocar em prática um plano de emergência contra os imigrantes. Para os senhores do gado e da terra, os trabalhadores de baixa renda vindos de outros países e que atuam na região são anarquistas dispostos a desestabilizar o governo. O plano dos ruralistas é eliminar 125 nomes-chave entre os imigrantes assentados. Quando questionado sobre a legalidade desta matança, o líder dos ruralistas informa a todos que eles têm o apoio total do governador. O plano será colocado em prática imediatamente.

O caso, embora real, não está publicado em nenhum jornal brasileiro da atualidade (o que provavelmente não estranharia muita gente). Ele é o ponto de partida do filme “O Portal do Paraíso”, de 1980, lançado agora em DVD pelo selo Obras Primas. E por mais cruel que possa parecer, a trama foi inspirada nos episódios históricos da chamada Guerra do Condado Johnson, acontecida em 1890 no estado norte-americano de Wyoming.

“O Portal do Paraíso” entrou para a história do cinema por uma porta pouco lisonjeira: custou caro (US$ 40 milhões na época, o que equivaleria a mais de 120 nos dias de hoje) e foi um retumbante fracasso de crítica e de público. Quase faliu com a United Artists, que mais tarde foi vendida para a MGM, e ficou conhecido como o Portal do Prejuízo. O motivo? Simples: seu roteirista e diretor Michael Cimino (consagrado dois anos antes com “O Franco Atirador”) simplesmente subestimou o fato do conservador público norte-americano não admitir o horror de suas raízes históricas.

As plateias não suportaram ver a tão incensada cavalaria norte-americana, por exemplo, agindo de forma unilateral, injusta e covarde a favor dos poderosos. Também rejeitaram admitir que os ruralistas assassinavam imigrantes europeus indiscriminadamente, e tampouco puderam aceitar o fato de que o próprio presidente dos EUA, na época, proporcionou todas as condições necessárias para o massacre. Sempre dominado pela mídia massificante, o norte-americano médio rejeitou o contexto histórico de “O Portal do Paraíso”, que destrói inapelavelmente a imagem romântica dos aventureiros e pioneiros do oeste. Foi demais para eles.

O que é uma pena, pois com a visão embaçada por um patriotismo ignorante, o público deixou de ver um belíssimo épico recheado de cenas de rara plasticidade. O baile dos imigrantes ao som do violinista patinador, as assembleias envoltas por uma tensão quase palpável, as cenas do conflito propriamente dito, o caso de amor entre o xerife e a prostituta, todos são momentos de grande força cinematográfica que podem – e devem – ser agora revistos através deste lançamento em DVD.

O fracasso interrompeu a carreira de Cimino, que só conseguiu fazer outro filme após cinco anos (“O Ano do Dragão”, também ótimo), mas nunca mais se reergueu aos patamares que havia obtido com “O Franco Atirador”.

Está aí agora o DVD para lhe fazer justiça, trazendo a versão de três horas e meia de duração, e não a original com mais de cinco horas.

Selecionado para o Festival de Cannes, “O Portal do Paraíso” tem ainda uma jovem Isabelle Huppert no papel feminino principal, e marca a estreia no cinema de Willem Dafoe, não creditado, que pode ser rapidamente visto numa cena de briga de galos.

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